Badbye | namkook

By ArmiaMitzvi

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[concluída] Kim Namjoon é uma criatura cansada e um frio observador da vida humana, insensível ao mundo em ge... More

❦ [amor em mono]
‡ [eclesiástico]
‡ [evanescer]
‡ [etéreo]

‡ [espectral]

762 76 83
By ArmiaMitzvi


Bad badbye, no goodbye

Bad badbye, no goodbye

Bad badbye, don't say goodbye

Bad badbye, cuz it's a lie

Bad badbye kill



† 


~ Não há maior vulnerabilidade do que a incerteza da morte ~ 



Há uma única certeza no mundo: a morte.

Certeza essa que é compartilhada igualmente entre a humanidade.

Mas Kim Namjoon não é humano.

Nunca foi, provavelmente nunca será.

Sua existência, medida em Éons, está repleta de incertezas, entre elas a da morte. Este acontecimento natural e controverso, carregado de misticismo e inclusive evitado, sem sucesso, por alguns. Em algumas culturas ele é a própria personificação dela. Na sua consciência ele é apenas um agente intermediário. Um que está cansado. Um que está repleto de falhas. Alguém que não é nem vítima e nem vilão, que está muito além da salvação.

Os seres imortais, como ele, são vistos como divinos. Namjoon nasceu na forja do fogo celestial, pelas mãos de Deus, mas não se vê como alguém perfeito. Talvez essa seja sua maior contradição. Acreditar na perfeição do divino, ser uma criatura divina e não se enxergar assim.

Parado diante das águas calmas do rio Han, o vento revolto, um contraste natural, agita seus cabelos castanhos e seu sobretudo, a gola de camurça negra chocando-se contra sua nuca. O tempo é frio, o céu nublado que, unido aos arranha-céus da cidade, dão tons desbotados de branco e cinza ao ambiente. As mãos estão dentro do bolso do casaco e seu semblante neutro está encarando o nada, absorto em pensamentos enquanto espera.

— Olá, hyung. — ouviu a voz lírica de sua eterna maldição atrás de si.

Namjoon não se vira, agora olhando para o rio em curso, firme e imbatível, embora lento. O garoto, e é estranho considerá-lo um garoto, mas a criatura faz questão de parecer desse jeito, se aproxima mais, parando ao seu lado.

Agora não é apenas o vento agitado que contrasta com o rio. Os dois seres ali, criados e ordenados por mãos inimigas, são completos opostos. Namjoon decide encará-lo, o garoto está usando um terno branco, uma blusa gola de tartaruga da mesma cor, os cabelos num tom arenoso, curto, que parecem combinar com o tom levemente dourado de sua pele. Uma charmosa cicatriz em sua bochecha é a única falha aparente da criatura perfeita que ele é. O garoto também é um ser divino, só não como Namjoon.

— Olá, Jungkook.

O mais novo sorri e lhe dá um esbarrão com o ombro, escrutinando o ambiente até achar o local exato onde está a próxima alma que os aguarda.

Respirando fundo, porque agora as duas partes necessárias estão ali para fazer a coleta, ambos se aproximam do corpo, inchado e com tons azulados, ainda encharcado pelo tempo que ficou submerso nas águas geladas do rio.

— Será se foi suicídio? — indaga Jungkook, chutando de leve no braço com o seu sapato social.

O chute é descontraído, sem qualquer intenção, não era como se fosse arrancar alguma reação do corpo. A alma estava ali, meio metro acima dele, apenas esperando ser coletada.

— Isso não importa. — responde Namjoon, a voz soando entediada.

— Claro que importa, hyung. É vantagem para mim.

Irrita Namjoon que mesmo após tantos séculos o garoto ainda se alegre toda vez. Até mesmo quando perdia para ele, Jungkook simplesmente dava de ombros e com um sorriso no rosto dizia: eu posso ter mais sorte na próxima coleta.

Se Namjoon algum dia se excitava com o seu trabalho, foi há tanto tempo que já se tornara poeira em suas lembranças inacessíveis.

— Nós ainda a disputaremos, garoto.

— É claro, senão não tem graça. Qual o jogo dessa vez?

— Algo rápido. Par ou ímpar.

O mais novo faz uma careta, revirando os olhos.

Seu hyung sempre foi alguém mais frio e carregado de seriedade, mas nos últimos tempos ele parecia completamente desinteressado para tudo. Só disputava consigo pelas almas porque era uma obrigação, mas certamente o fazia de má vontade.

Jungkook não entende suas motivações.

— Tá, o melhor de três. Vamos filtrar a alma então.

Os dois materializam nas palmas das mãos a metade de uma balança, as unindo com fogo celestial. Todo par de ceifadores carrega consigo uma metade de uma balança que precisam ser ligadas na hora da filtragem das almas. A parte celestial é feita de ouro, enquanto que a infernal é prateada com cristais incrustados. Ainda que sejam materiais diferentes ela possui o mesmo peso para a pesagem ser perfeitamente equilibrada.

Ao erguer o objeto exatamente entre os dois, ele brilha e atrai para si a alma recém desligada do corpo humano, que se divide em duas para caber nas duas taças da balança. Namjoon observa com pouca atenção, já Jungkook arregala os olhos de animação enquanto vê que o seu lado da balança desce mais.

— Sabia, hyung, foi suicídio! Olha só como tá quase todo pra baixo.

— Que seja, Jungkook, decida logo sua vantagem.

— Eu fico com ímpar, você com par e na primeira vez você descerá um número primo.

Com as mãos que estão livres eles se preparam e jogam.

Na primeira vez Namjoon desce apenas um dedo, enquanto Jungkook desce três.

— Hey, eu disse número primo! — o mais novo fala indignado.

— Um é primo, garoto.

— Não é!

— Qual a regra dos números primos, Jungkook?

Jungkook bufa, as bochechas enchendo-se de ar.

— São números divisíveis apenas por eles mesmos e pelo número um.

— Então. O número um é divisível apenas por ele mesmo e pelo número um.

— Ele é o número um!

— Pois é. Eu segui tuas regras, agora vamos logo com isso, próxima mão.

— Hyung!

— Vamos, garoto.

Contrariado, ele joga de novo. Jungkook ganha nas próximas duas vezes e Namjoon não parece nem um pouco chateado com a sua derrota. O mais velho segura a balança contendo a alma enquanto o mais novo materializa seu cetro. O objeto é feito de platina e cintila, enquanto que no topo está pendurado um receptáculo de cristal, onde ele armazena a alma coletada até levá-la ao inferno.

A alma, fora do corpo, tem um aspecto um pouco mais denso que fumaça e suas cores podem variar do branco ao negro. Ela cabe na palma de uma mão, mas não é facilmente manipulada. Apenas os anjos ceifadores são dotados de poder o suficiente para disputar pelas almas e carregá-las ao seu destino.

Jungkook aponta o cetro para a alma que é sugada para dentro do receptáculo e, presa lá dentro, ganha cores avermelhadas. Ele dá batidinhas animadas no cristal com as pontas do dedo e então faz o cetro desaparecer no ar.

— Pronto, hyung. Quer sair para comer algo agora? Que tal um espetinho de cordeiro?

Namjoon ri debochado e nega com a cabeça, já se preparando para subir o gramado que o leva de volta à calçada, longe daquele corpo sem vida, desprovido de essência.

Curioso como o ser humano significa tão pouco quando alienado de uma substância etérea que quase não tem massa e cabe na palma de uma mão.

Jungkook resolve não insistir, ele quase nunca faz, vendo a figura do anjo trajado de preto da cabeça aos pés, de gorro, sobretudo e tênis converse, desaparecer entre a multidão de pessoas que trafegam por ali, alheias aos dois seres divinos que, muito provavelmente, um dia disputariam pelas suas almas.

Sentindo um comichão de curiosidade, o garoto saca um aparelho celular do bolso e faz uma rápida pesquisa no Naver, constatando que, de fato, ele estava certo e o numeral um não é considerado primo.

Aquilo lhe ocasiona uma gargalhada sonora, ao ponto de lágrimas saírem de seus olhos.

Ele, que é cria do próprio pai da mentira, fora enganado por um anjo celestial.

Jungkook sorri.

Namjoon foi embora sem se despedir, mas está tudo bem, eles são ligados pelas areias do tempo, em sua existência o ato de dar adeus é mera formalidade, que ambos dispensaram há eras.

Mais cedo do que mais tarde eles se encontrariam de novo e aqueles breves momentos juntos fariam o dia do ceifador infernal.

Jungkook acredita que seu Namjoon, embora indiferente e emocionalmente distante, não está oco por dentro e nem pratica o descrédito.

E despedidas, para seres como eles, soam como palavras vazias e mentirosas. 




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