Eu estava aterrorizado demais para conseguir dizer algo.
-Am.. eu só.. -gaguejei- Eu só estava conversando com ele, nada demais.
Digo passando uma das mãos em minha nuca.
-Qual é o seu nome?
-Bruno. -menti-
-Quer que eu chame alguém, Bruno?
-Não, não, obrigado, já estou indo. Perdão.
Digo apressado sem sequer esperar por uma resposta, já indo em direção a porta que entrei.
- - -
Pov Lauren
Adentramos o aeroporto e Gabriella veio nos receber. Ela tinha um sorriso grande estampado no rosto, todos nós. Ela me guiou e despachamos as malas no mesmo instante.
-Harry?
Ela fez sinal negativo com a cabeça. Estávamos todos em pequenos círculos, cada um distraído com suas famílias. Curtindo cada último segundo.
-Eu quero que você se cuide, tenha modos e se alimente direito.
-Pode deixar, mãe!
Sorri para o telefone.
-Cuidado pra não se perder dos outros e cuidado com os fusos também.
-Pode deixar.
-Lembra do nosso combinado?
-Sim, ligarei todos os dias!
-Pessoal, está tudo certo com as malas?
Reconheci a voz e o tom de preocupação, Mary. Ela sempre estaria ocupada.
-Harry? Sim, onde está?
Meu coração ficou inquieto ao ver Harry já numa das rodas. Eu sabia que estava na hora, elas também.
-Preciso que vocês entrem em cinco minutos, desculpe.
Mary.
-Harry, cuide dela por nós lá.
Harry sorriu tímido e eu também.
-Cuidarei, deixem comigo.
Seus olhos verdes se encontram com os meus. Eu podia sentir minhas bochechas queimando pela forma como ele sorria.
Meu peito doía, despedias... Cada segundo parecia doer mais que o anterior.
Ele se afastou e eu sabia que era a hora. Alguns de nós já até tinham entrado.
-Ei, não chore, estou tentando não chorar!
Alice disse, ambas falhamos. Caí em seus braços como quando uma criança machuca os joelhos. Elas haviam me ajudado muito naquela cidade grande.
-Faça isso por você, pelo seu pai. É o seu sonho, você merece isso.
As palavras me cortavam, me batiam, mas também me acariciavam.
-Obrigada por toda a ajuda aqui, eu amo vocês.
-Eu te amo também, vá com Deus.
Elas me abraçaram pela última vez. Respirei fundo.
Olhei para trás e Harry me esperava pacientemente.
-Não me substituam!
-De jeito nenhum.
-Pare de chorar, vá conquistar o mundo.
-Vamos ver vídeos seus todos os dias, olha que divertido.
Sorri para a Beatriz, ela tinha razão.
-Até logo.
Digo após um abraço. Eu tinha uma foto nossa na mala, assim como uma da minha família. Estariam comigo.
O mundo todo girava em câmera lenta para mim. Minhas pernas apenas seguiam o fluxo, meus olhos continuavam nelas.
-Identidade.
Ele disse, eu mostrei, a tirando rapidamente do meu bolso de trás.
-Visto.
Ele tomou minha atenção de novo. Mexi na bolsa e entreguei. Harry entrelaçou nossas mãos, a apertando.
-Por favor, abra os braços.
Revisão. Soltei a mão dele e fiquei na posição.
-Vire.
Sorri para elas, acenando de volta. Mandei alguns beijinhos ao vê-las se afastando lentamente por conta das câmeras se aproximavam...
-Boa viagem.
As palavras que faltavam para o último passo. Harry novamente pegou em minha mão, me impulsionando a andar.
Minhas mãos frias se apoiaram no corrimão ainda mais frio, encostando meu estômago na roleta logo em seguida. Fiz impulso para frente, ela rodou. Eu passei.
Olhei para trás novamente, elas estavam longe.
A porta se fechou e éramos só nós dois agora. Não só nós dois, nós quinze, se eu quisesse ser bem exata.
Mas, para mim, para o que eu sentia naquele momento e por tudo o que um dia pedi, éramos só nós dois.
Eu e ele, segurando mãos em um lugar repleto de despedidas. Mas, de alguma forma bonita e misteriosa, era apenas o começo de uma boa história.