O que eu sentia por ela já ultrapassava qualquer barreira que eu pudesse levantar. Eu não queria negar mais.
Há um mês as coisas eram diferentes, eu mal podia acreditar no que se passava em minha cabeça. Eu pensava no quanto queria apresentá-la para minha mãe. Pela primeira vez.
Olhei para o celular e voltei à realidade. Estiquei o braço com certa dificuldade e peguei um papel dobrado, contendo um número importante.
-Bom dia, meu nome é Harry Edward Styles e eu gostaria de marcar um horário para amanhã.
-Só um minuto, por favor.
Fechei os olhos, esperando uma resposta.
-Certo. Prefere pela manhã ou pela tarde?
-Pela tarde, por favor.
-Só um minuto...
Final de semana, sem ensaios.
-Às quinze horas, posso marcar?
-Uhum, parece bom. Obrigado. Tenha um bom dia.
-Obrigado, bom dia.
Finalizei a ligação e, no mesmo papel, anotei o endereço e o horário rapidamente.
Pov Lauren
-Olá!
Abri a porta e abracei Alice.
-Como você está, amiga?
-Estou bem, melhorando aos poucos. -sorri fraco- E você?
-Tudo certo, como foi com o advogado?
-Sente, por favor. Foi tranquilo, pra falar a verdade. Harry e ele já tinham conversado antes então foi mais fácil. Ele conversou comigo e com Beatriz, como deveríamos agir e essas coisas.
-Sim, ela me contou mais ou menos. Oh, espere, Bia está dizendo alguma coisa.
Observei a garota olhar para a tela de seu celular e sorrir em seguida. Confundindo-me.
-Vamos, Bia teve um imprevisto e precisa de nós.
-Onde? Agora?
-Em uma festa, sabe como é...
Era estranho, tudo parecia-me muito estranho. Confesso que olhava o celular de minuto em minuto. Ansiosa por algum sinal dele. Eu e Harry conversávamos com certa frequência então... Quando desaparecia assim, fazia falta.
Quando deixei isso acontecer?
Minha mente constantemente voltava para o dia em que nos conhecemos, por algum motivo, minha mente sempre voltava para a primeira vez que eu senti a energia dele através da sala.
Ainda me lembro de como meu corpo se arrepiava e de como a minha mente gritava para que eu saísse de lá. Eu sabia que algo grande estava prestes a acontecer. E aconteceu.
Estava sempre em minha mente. Alice e eu conversávamos distraidamente mas minha cabeça estava mais para lá do que para cá.
Estacionei o carro numa vaga bem apertada, já avistando Bia do outro lado. Bernardo estava com ela, estavam juntos à alguns anos agora.
-Oi Bê, quanto tempo! -o abracei-
-E aí L, como vai?
Apenas sorri.
-Oi Bia, o que houve? Pensei que ia passar lá em casa, estávamos te esperando.
-Ah Lauren... Eu me atrasei e... Pensei que seria melhor se viessem direto.
Ela disse meio enrolado, como se quisesse me enrolar também.
-Você vai beber? -Alice perguntou, enquanto caminhávamos para dentro-
-Não, amanhã é um dia importante e a bebida não é minha amiga.
De fato não era, mas o local era aberto e bonito. Haviam luzes penduradas por toda parte, se fundindo com o pôr do sol tímido ao fundo.
Alice tinha um copo em mãos e Bia não parava de olhar para o celular, eu me perguntava como a noite seria.
-Olá moça, prazer.
-Olá, prazer.
Sorri fraco, revirando os olhos. O homem passou as mãos no cabelo.
-Aqui é bem legal, huh? Primeira vez?
Olhei em volta, elas sempre me deixavam sozinha em algum momento.
-Primeira vez sim.
-Ah... Que bom. Você é bonita, qual o seu nome?
Sorri completamente sem graça, agradecendo.
-Ana.
Menti, eu não me importava.
Pov Harry
Estacionei o carro no estabelecimento que havia ido com ela no outro dia e, quase correndo, me dirigi até a lojinha que a chamara atenção.
Era sutil, bonito.
Uma pedrinha brilhante.
-Oh, Harry! Muito prazer, fique à vontade, posso ajudar?
A atendente me chamou pelo nome, sorrindo enorme. Sorri de volta.
-Tudo bem? Eu gostaria de dar uma olhada nesse colar, por favor. -apontei-
-Vou já pegar para o senhor.
Ela fez sinal para que eu entrasse, indo rapidamente até o balcão. Era uma loja de joias, brilhava em todos os cantos. As mãos da moça tremiam sutilmente.
-Temos com a pedra em ouro, e também nas cores rosa e violeta.
-Muito bonitos.
De fato eram, os peguei com cuidado.
-Eu gostaria de levar esse aqui, por favor.
Apontei para o dourado, que ela havia visto.
-Certo, para presente?
-Por favor, na embalagem mais bonita que você tiver.
A moça sorriu, preparando a caixinha. Após pagar e me preparar para sair, tiramos algumas fotos e torci para que Lauren visse só depois.
Dalí eu corri para uma floricultura, saindo com um buquê de rosas vermelhas. Clássico.
B: Harry, ela não está curtindo. Não sei se vai ficar muito tempo. Você vai ligar para ela?
H: Bia, estou indo para a casa dela agora. Em meia hora arrumo tudo. Ligarei assim que terminar. A segure, por favor. H.
...
A ansiedade tomara conta do meu corpo ao abrir a porta do apartamento dela, graças à Alice.
Tranquei a porta de volta e carreguei tudo até o quarto dela, insuportavelmente organizado e cheiroso. Sua cama grande estava coberta por um edredom rosa bebê, sorri sozinho ao ver dois bichinhos de pelúcia por entre os travesseiros.
Peguei as compras e agilizei no que precisava fazer. Arranquei algumas pétalas e distribuí por entre sua cama, apenas o suficiente.
Uma vela de baunilha fora acesa também. Elas me acalmavam, e eu torcia para que ela gostasse também.
B: Harry, ela quer ir embora.
Minhas mãos tremeram. Procurei meu teclado e coloquei meu número preferido nele.
-Oi Lauren, está bem?
-Olá Harry, tudo bem e você? Estou com as meninas.
Sorri.
-Oh não, será que o convite que eu estava prestes a fazer ainda tem chances? -sorri, fechando os olhos-
-Oh, você pode tentar.
-Eu estava pensando... Quer jantar? Apenas eu e você.
Lauren imediatamente concordou, fazendo-me mais do que feliz.
Com certa dificuldade, enchi um balão de gás hélio em forma de coração e o posicionei no teto. Rindo do quanto aquilo parecia bobo. E do quanto eu estava pronto.
A caixinha do colar estava em minhas mãos, e eu a olhava. Talvez aquele fosse o primeiro passo.
O primeiro passo para toda uma vida.