Pov Lauren
Harry estava dirigindo até o seu hotel. Não estávamos bêbados, tínhamos exata consciência do que havia acontecido.
Nós riamos, fazíamos piadas terríveis e sentíamos vergonha por tudo o que havia acontecido.
O cantor foi diminuindo a velocidade e adentrando uma garagem enorme, não havia um carro popular sequer ali dentro. Tentei disfarçar meu olhar impressionado.
Harry rapidamente contornou o carro e abriu a porta para que eu saísse, entrelaçamos nossos braços.
Era lindo. Extremamente chique. Era claro, cheio de luzes, cheio de pessoas de terno. Ele teve que passar na recepção para pegar as chaves primeiro.
-Boa noite, preciso das chaves do quatrocentos e dois, por favor.
-Aqui está, boa noite. -me olhou- O senhor quer outro quarto, precisa de um maior?
-Não, não, tudo bem. Obrigado.
Harry sorriu, voltando-se para o elevador. Eu não saberia dizer o que sentia, mas sentia medo toda vez que outras pessoas estavam em volta.
Medo de tirarem fotos, de postarem fotos, de contarem para o mundo.
-Você quer comer alguma coisa?
-Estou cheia, obrigada.
Nervosa demais para comer. Harry adentrou primeiro e passou as mãos por entre seu cabelo, de frente ao espelho.
Ele sabia? Sabia que ninguém jamais chegaria aos pés deles? Desviei o olhar ligeiramente quando percebi seus olhos sobre os meus.
-Eu tenho produtores por aqui também, um em cada porta dessa.
Ele explicou, mostrando gigantes portas de madeira. Caminhamos um corredor inteiro, até ele parar em frente à última.
-Bem vinda a minha casa temporária!
Ele disse com um sorriso brilhante no rosto, enquanto gesticulava com os braços.
Harry a destrancou e aquele era provavelmente o lugar mais bonito que já havia estado. Eu entrei devagar, já havia desistido até de disfarçar minha ignorância.
O quarto era grande demais apenas para ele, tinha banheiro e mesmo uma mini sala de estar. A cama de casal era grande e alta, aparentemente muito macia.
Na leteral direita a parede era uma janela infinita, apenas vidro, dando à vista mais bonita possível de Nova York. As luzes quase adentravam o quarto. Harry tinha muito bom gosto.
Em cima da cama havia um lustre bonito, cheio de detalhes.
-É bonito, huh?
-Muito!
O olhei, imaginando como estaria o meu rosto naquele momento.
Harry pegou minha bolsa e a deixou na ponta da cama, atraindo meu olhar até o chão. Era carpete bege, no tom da cama. Tinha duas poltronas do lado e uma mesa média também, criados e abajur.
-Se esse quarto fosse meu... Eu provavelmente nunca sairia.
Ele sorriu, balançado a cabeça negativamente.
-É incrível sim, mas as vezes cansa. Tudo.
Harry disse se jogando na cama, eu permaneci em pé. Como uma estátua. Não sabia o que fazer.
-As vezes sinto falta do simples.
Sorri, o que eu deveria fazer?
-Você quer tomar um banho?
Ele apontou, segui com os olhos.
-Não que você precise dormir com essas roupas...
Ele riu, meu coração parava.
-Estou brincando, aqui está.
O vi se levantar.
-Uma toalha, sabonetes, shampoos, roupas só as minhas. Tudo bem?
-Sem problemas, muito obrigada.
Fechei a porta do banheiro e outro toque de satisfação adentrou a minha alma. As paredes eram pretas e o mármore da pia branco. Duas pias, uma ducha e uma banheira enorme no canto.
Caminhei até o vaso de flores brancas que havia ali, cheiravam bem. Era lindo. Posicionei as coisas na pia e me olhei no espelho por um segundo.
Quando minha vida havia mudado tanto? Um quarto de hotel? Uma celebridade? Liguei o chuveiro e deixei que a água quente caísse por toda a minha extensão. Massageando-me.
Eu não resistiria. Peguei um dos frascos de shampoo posicionados ali e o abri, a fim de sentir o seu cheiro.
Fechei meus olhos e senti meu corpo se arrepiar todo ao identificar o mesmo cheiro do cabelo dele. Da pele dele.
A primeira troca de olhares, o primeiro abraço, o primeiro beijo, a primeira relação. Ele me trazia a paz que o mundo havia me tirado. Me fez despertar todo o amor que eu não sabia que era possível sentir. Era clichê, e eu adoraria ser clichê com ele.
Abri camiseta dele, sorrindo. Era grande e branca, e o melhor: tinha o seu cheiro.
Era possível se apaixonar por um perfume?
Escovei os dentes com os materiais lacrados que haviam ali. Mais uma vez: grande demais para um só.
Abri a porta do banheiro, deixando o vapor quente se espalhar pelo quarto bonito.
Ele estava lá, deitado, mexendo em seu celular. No mesmo instante Harry se virou para mim, me fazendo fitar o chão com vergonha.
-Ficou bem melhor em você.
Sorriu.
-Fique a vontade, é minha vez agora.
Harry disse, bloqueando o telefone. Eu não esperava, mas ele me deu um beijinho.
Abaixei a cabeça após o contato.
Surreal.
Pov Harry
-Lauren?
A chamei quase inaudível, tirando o cabelo de seu rosto. Lauren cochilava, tão serena, tão bonita.
Meu coração se enchia, era estranho ter companhia. Puxei a coberta bem devagar e a envolvi. Contornei a cama e me deitei na ponta, quase caindo com um espaço gigantesco entre nós. Eu não saberia se deveria toca-la.
-Pode chegar mais perto...
Ela sorriu, ainda de olhos fechados. Talvez eu devesse.
Cuidadosamente passei meu braço em volta dela, a trazendo para meu peito.
-Está acordada? -cochichei-
Lauren apenas fez que sim com a cabeça, cansada demais para abrir os olhos.
-Que bom, eu gostaria de te dizer algumas coisas.
Eu dizia tão baixo que, mesmo tão próximo tinha medo de ela não me escutar. Fazia movimentos circulares com meu polegar em seu ombro.
-É estranho ter alguém aqui, é sempre tão solitário e frio, mas agora me sinto tão bem com você...
Olhos fechados. Respiração lenta.
-Eu nunca me peguei pensando tanto em alguém...
Pude ver um sorriso pequeno em seu rosto, ela escutava.
-Você chegou do nada e eu... Eu não consegui acompanhar. Quando percebi... -a olhei- Quando percebi, já queria estar você.
Silêncio.
-E é estranho. Diferente, com certeza.
Silêncio.
-Você está deitada comigo agora e meu coração bate acelerado, sequer me importo se estamos indo rápido demais. Ou sem pensar.
Silêncio.
-Eu tenho receios, é claro que sim. Trabalhamos juntos agora, e as coisas nem sempre são fáceis. O mundo lá fora nem sempre é fácil.
A olhei novamente.
-Mas eu queria muito a chance de te conhecer melhor. E agora que estou conhecendo, me pergunto se você também gostaria de entrar nessa comigo um dia.
Fechei meus olhos, sentindo sua respiração tranquia contra meu pescoço.
-Eu acho que... O que eu sinto é que...
Tentei ser honesto.