Terra de gigantes | Sir Flaut...

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As decisões mais difíceis não são aquelas que vão impactar apenas o seu mundo, mas sim aquelas que vão abala... More

Terra de gigantes

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Escrito por Vitor dos Santos

Co-autor:Péricles C. Lopes

Está frio, o céu se encontra em uma coloração azul-marinho e o chefe do batalhão dirige seu coro por campos inóspitos de uma mata amarelada. Ele age com cuidado, como se tivesse sensores na cabeça com o qual pudesse se comunicar com os parceiros. Não podia haver falhas, pois a equipe de busca tinha acabado de conseguir comida para o resto do inverno. Ele faz a vistoria do local e em meio aquele vasto cenário percebe a presença de uma criatura de estatura enorme, coisa que não fazia sentido, pois eles não costumavam perambular àquela hora. Avaliou que um combate em local desconhecido não seria a melhor das táticas para aquela situação, então mandou que cada um de seus soldados procurasse um canto em meio ao campo para se esconder. Mas sua estratégia foi falha, uma vez que não contava que os gigantes tinham um aliado, uma criatura com bico e asas amedrontadoras. De imediato mandou que todos ficassem quietos e não movessem sequer um centímetro, entretanto havia um novato no meio daquela falange. Não sabia, mas seria a ruína do grupo. Não conseguiu se conter: dominado pelo medo largou tudo que carregava e correu sem rumo na direção oposta à do colosso. Entregou posições, já que nesse sentido encontravam-se boa parte dos seus colegas. A fera com seus habituais olhos de caçador notou o movimento. Farejou o desespero daquele pobre infeliz. Estendeu suas enormes asas e investiu na direção do pobre incauto. Deu um rasante. Engoliu o diminuto. Agora, os demais soldados estavam expostos. Haviam sido vistos e aquele momento foi de cada um por si.

Gritos.

O adversário descreveu uma parábola no ar e arqueou suas asas para se premiar com mais uma captura. Arrebatou outro soldado e o esmagou em meio a um delongado – porém inútil – berro de dor.

Sangue.

Um dos soldados ao tentar fugir da grande ave acabou pisoteado pelo gigante e tornou-se algo próximo a uma pintura surrealista naquela mata amarelada.

O capitão, sem ter domínio da situação, anunciou a retirada. Indicou uma fenda a leste e correu na direção dela torcendo que os demais o alcançassem. Após sua chegada naquele ambiente tão escuro quanto frio e úmido, contendo odores bolorentos e capaz de induzir uma sensação claustrofóbica em qualquer humano, olhou para trás e avistou os seus amigos no campo de batalha. Uns tinham perdido membros do corpo, outros foram esmagados e alguns imploravam por misericórdia. Porém, havia uns poucos que conseguiram chegar ao destino informado. O capitão ordenou que descansassem, não antes de exigir que se alinhassem e de verificar os ferimentos da tropa. Fez ainda a contagem de baixas e averiguou a quantidade de víveres que ainda tinham. Não era muito, mas ainda era o suficiente para um período de sitio. O chefe do esquadrão se afastou do grupo para pensar. Friamente, sob o ar denso e com cheiro de morte recente daquele inusitado campo de batalha, refletia em qual seria o próximo passo. Perdido na solidão de sua mente, notou que os soldados estavam desmotivados em prosseguir. Não posso culpa-los, quem os julgaria? Haviam acabado de perder diversos companheiros...

Tomado de coragem, levantou-se, caminhou até eles e os lembrou do motivo de estarem arriscando suas vidas.

Mas o que exigiria tamanho sacrifício? O que poderia justificar tal morticínio? Seria algo nobre? Será mesmo que vale a pena entregar tudo por quem talvez você nem mesmo conheça? Eu não saberia responder, mas essa é a vida que um soldado segue rigidamente. É isso que os move: o desejo de ver seus semelhantes bem e em segurança...

Após a palavra de conforto que, naquelas condições, serviu apenas como um apoio e não realmente como um incentivo, o líder mandou que se preparassem novamente, pois em pouco tempo teriam de voltar a zona de guerra.

Passaram-se algumas horas em extenuante vigília na expectativa de um cessar fogo que lhes fosse favorável. Batedores avançaram em campo aberto. Tudo parecia tranquilo. Mas desta vez não cometeram o mesmo erro. Procuraram um ambiente que os mantivesse em vantagem. Subiram em uma espécie de construção de madeira que os gigantes utilizam para guardar artefatos cuja serventia lhes escapava. Chegando ao topo conseguiam ter um panorama de tudo a sua volta. Conseguiam ver a criatura que dizimou cerca de 75% da tropa. Estava no meio do campo de batalha, remexendo o que sobrou dos mortos. Avistaram ainda, para pavor de alguns, as crias dos gigantes. Eram parecidas com esses, ostentavam, entretanto, menor estatura e como típico de infantes, aparentemente não possuíam o intelecto evoluído de seus progenitores. Por fim, reconheceram o portão que lhes traria a liberdade. Era feito de madeira, grande e com uma proteção transparente que se forçada poderia ser superada. Não sem custo, pois tal ação acionava uma contramedida de segurança, tornando a proteção cortante. Aqueles soldados sabiam muito bem disso, pois já haviam perdido outros combatentes nessa artimanha do inimigo. Suspiros. Não havia outro jeito. Era por lá que eles deveriam passar.

Iniciaram a árdua e exaustiva marcha, mas que de certa forma facilitaria o alcance de seu objetivo. Ao menos era o que pensavam, pois durante o percurso começaram a sentir como se o chão estivesse tremelicando. Um batalhão rival que dividia aquele local com os gigantes, emergiu do campo de batalha e precipitou irritado uma ofensiva surpresa contra a tropa. Iniciou-se um novo combate. O batalhão inimigo lutava como se a muito houvesse abandoando sua humanidade. Usavam armas pouco convencionais. Pareciam longas baionetas capazes de perfurar o mais pujante dos soldados. O capitão pensando rápido e com seu poder analítico indicou que eles deveriam formar uma roda, assim poderiam, quem sabe, sobreviver. A hoste inimiga atacava não demonstrava piedade. Atacavam de todos os lados. Incessantemente. Seria o fim da tropa, caso suas armas não fossem embebidas com uma poderosa toxina a base de alcaloides. Eles cobriam suas armas com o letal veneno sempre que podiam, entretanto ficavam expostos ao fazê-lo. E isso custou a vida de mais três soldados. Porém, não havia tempo para horar mais mortos: tinham uma batalha para vencer. Baionetas. Sangue. Corpos. Mais sangue. Espasmo e gritos. Enfim, uma vitória a ser comemorada! Conseguiram acabar com o inimigo que os afligia. Retomaram sua marcha rumo ao portão de madeira.

Mais algumas de horas de caminhada, ainda atentos e tomando todas as precauções possíveis depois do último susto que passaram, o grupamento chegou aonde desejava, conhecido nas redondezas como Grande Mar de Pedra Lisa. Era um ambiente muito iluminado, diferente da mata amarelada. Sem obstruções, mas chamava a atenção o contraste de cores verde-claro e azul bebê. Também continha algumas estruturas que os gigantes utilizam durante o dia-a-dia. Sabe-se Deus para que. Entretanto, como também fazia parte do covil dos gigantes, podia-se dizer que era o lugar preferido deles, onde eles costumavam se reunir para realizar suas refeições. Aliás, a chegada da tropa ao ambiente culminou com um desses momentos. Era possível vê-los comendo e conversando em sua língua indecifrável. Uma das crias dos gigantes perambulava pelo ambiente bebericando algum líquido enquanto o outro tomava uma espécie de sopa marrom (tentava, ao menos, pois parecia ser mais jovem que o outro, como se tivesse nascido a pouco tempo).

O capitão procurou entre as vastas possiblidades de abordagem aquela que os levaria de forma eficaz para o destino. Pensou no caminho em que não seriam notados e que apresentasse menores chances de serem esmagados. Depois de muito refletir, o óbvio veio em sua mente. Deveriam utilizar a estrutura em que os gigantes se alimentavam como cobertura para passar incólumes. Portanto, caminhariam sorrateiros por baixo da gigantesca chapa de madeira apoiada em quatro hastes gastas. Tensão. Alívio. Não seriam vistos. Passariam pela área aberta, escalariam pela estrutura que usavam para cozer os alimentos... por fim se aproximariam do grande portão.

Não foi o que aconteceu.

Lembra da cria de gigante que estava bebendo algo? Pois é, ela derramou o líquido alaranjado e espesso do recipiente que portava bem em cima do trecho por onde a tropa passava. Engasgo. Os soldados que não foram levados pela enxurrada ou se afogaram tiveram destino pior...O capitão, embora cansado, mentalmente abalado e encharcado conseguiu reagir e se agarrar com uma das mãos na borda de uma das hastes de madeira. Na outra, segurava sua pesada mochila com os víveres necessários a sobrevivência. Recompondo-se, pensou rápido em qual seria a melhor escolha: salvar os próprios víveres ou aqueles pobres soldados que se afogavam. Fazia parte de sua vida tomar decisões difíceis, mas nunca tivera de enfrentar uma situação que colocasse em xeque todo seu batalhão...ao menos voltaria para reportar aquela campanha a seu superior - Ainda bem! - pois não saberia o que relatar se fosse aos progenitores daqueles pobres soldados...

Falaria que deixou todos morrerem? Que não foi bom o suficiente? Ou o peso que voltava a suas costas agora era maior e mais importante do que qualquer um. Ora, era um soldado afinal! A missão era tudo! Ninguém teria o direito de julgar sua escolha, por mais cruel que pudesse ser, pois nenhum de seus conhecidos havia se deparado com situação semelhante.

Portanto, no meio do caos e da frustração, largou seu posto de capitão, desistiu de dar ordens, deixou os soldados à deus-dará, segurou sua mochila contra o peito, deu um último vislumbre para trás...estarreceu...viu a cria do gigante brincando sadicamente de amassar seus soldados com o dedo indicador. Foi tomado por um misto de emoções: raiva, medo, surpresa, culpa...restabeleceu-se! Havia feito uma escolha e por mais dura que fosse, por mais que doesse, era o certo a se fazer. A missão era tudo!

Endureceu seu semblante e escalou sozinho o portão que o levaria para longe daquela carnificina, rumo a segurança de seu lar. Não hesitou. Não olhou para trás. Seguiu decidido em frente. Avistou o campo verde que o separava de sua casa. Faltava pouco. Ficou feliz. Apressou-se como pode e, por mais que houvesse passado por tantas perdas e desafios...naquele inverno...o formigueiro não passaria fome. 

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