Ah, as segundas feiras. Como eu amava. Sim, eu amo as segundas feiras pois é nesse dia que minhas energias se renovam. O começo de mais um semana, um novo ciclo. As pessoas costumam dizer que as segundas feiras são péssimas, eu não acho. Geralmente eu acordo mais disposta a fazer minhas coisas e realizar todas as minhas tarefas. Na verdade, eu me obriguei a ser mãe, pai e irmã mais velha responsável por mim e por Jonas, que graças a Deus, cresceu com a cabeça no lugar. Desde que minha mãe morreu, meu pai nos abandonou 3 meses depois, e vejam bem, eu só tinha 14 anos na época quando ele decidiu me deixar sozinha com o Jonas pequeno, sem saber o que estava acontecendo.
Então desde o acontecimento que eu venho carregando um império sozinha nas costas. Com 14 anos onde meninas da minha idade já tinham seu primeiro namoradinho, iam no baile da escola, brigavam pelo cara mais bonito da escola e eram fanáticas pela boyband do momento. Sério, eu queria estar passando tudo isso, mas as coisas não foram bem assim.
Tive que deixar meus estudos de lado por um certo tempo para poder trabalhar, por que o homem que se diz meu pai foi embora levando todas as economias com ele. Não basta ser u covarde, tem que ser um crápula também. Mas eu escondia isso de tudo e de todos. Eu não podia deixar que a diretoria da minha escola ficasse sabendo que dois menores de idade abandonados pelo pai viviam sozinhos em um adulto por perto. Era confusão na hora. Eu também não poderia deixar as pessoas próximas saberem que eu e meu irmão estávamos sozinhos, pois meu maior medo era que nos separássemos, e sabe de lá quando nos encontrarímos de novo. Eu não podia deixar.
Foi aí que desenvolvi a habilidade de esconder os meus problemas e minhas dores de todo mundo. Bem, menos para minha melhor amiga, Rachelle, que se não fosse ela me ajudar algumas vezes, eu estaria ferrada agora. É claro que a ameacei de várias formas a não contar aos seus pais o que estava acontecendo. Quando os pais de Rachelle me perguntavam onde meu pai estava eu sempre respondia que ele trabalhava muito, por causa da morte da minha mãe, ele teria que se virar em dois praticamente. É claro também que eles não engoliam a minha mentira, mas era o único jeito. Eu só precisava fazer 18 anos logo, era meu pensamento na época.
Uma certa noite, com uma xícara de café na mão, as tres horas da manhã, eu tive que fazer um mapa mental e um rascunho na minha cabeça de como eu seria dali pra frente. Pensei como se Jonas fosse meu filho e eu teria que cuidar dele como se ele tivesse meu sangue maternal, então ali eu amadureci mais que depressa. Eu sempre incentivei Jonas a estudar. Incentivei não, eu ameaçava ele se fosse preciso e sempre dava o exemplo do James, o merda do nosso pai, que eu não queria que ele fosse uma pessoa igual a ele. Sim, não demorei muito para dizer ao Jonas o que o nosso pai havia feito conosco. Eu sei que foi uma atitude péssima minha, mas se eu precisava amadurecer depressa, ele teria que me acompanhar.
Hoje, Jonas com seus 17 anos, quase indo para os seus 18 anos, está cursando a faculdade de direito. Meu querido irmão sonha em ser um advogado criminalista e eu apoio demais essa profissão. Eu e Jonas somos como unha e carne. Passamos esses dez anos cuidando um do outro. Não era só eu que cuidava dele, mas sim ele cuidava de mim. E cuida até hoje e as vezes eu acho que o irmão mais velho é ele e não eu. Lembro até hoje quando ele colocou meu ex namorado para correr daqui sem dó e sem piedade. Eu não sabia se eu ria ou se eu dava um soco na cara dele, mas a cena foi muito engraçada.
Jonas apesar de ser o irmão caçula, ele é quase o dobro do meu tamanho e ainda por cima malha, ou seja, meu irmãozinho é o sucesso da mulherada e eu me odeio por isso. Ah, tá que só ele ia foder com a minha vida e ficar por assim mesmo. Para casar com o meu irmão, a mulher tem que ser muito foda, ou ele vai passar o resto da vida dele de advogado criminalista tentando me tirar da cadeia depois de eu ter quebrado o pescoço delas.
Eu costumo levantar uma hora mais cedo, onde eu tomo banho e me visto para ir ao trabalho. Me olhei no espelho e mais uma vez gostei do que vi por que é hoje que eu mato aquelas putas que eu chamo de colegas de trabalho de inveja. Olha, se eu não me achar bonita e gostosa ninguém vai, e a opinião do Jonas não conta, então é assim mesmo que funciona. Sai do meu quarto já arrumada e com o meu scarpin preto fazendo barulho pro meu querido irmão já saber que o diabo levantou cedo. Parei na porta do seu quarto e bati.
-Espero te chamar uma única vez, Jonas! - gritei.
-Bom dia pra você também, inferno! - Jonas gritou de dentro do quarto.
-Vou fazer o café e anda logo que eu não tô boa hoje! - Segurei a gargalhada pois eu amava fazer isso todos os dias pela manhã. Infernizar o caçulinha.
E saí em direção a cozinha. Era assim eu e meu irmão todos os dias. Palavras de amor, carinho e afeto entre irmãos. Enquanto eu fazia o café, peguei minha agenda eletrônica e já comecei a ver o que o meu que meu querido chefe teria de reunião hoje. Caralho, o homem está cheio de coisas pra fazer e então decidi logo mandar a pauta da reunião que ele teria a primeira hora da manhã com os fornecedores.
Eu trabalhava na O'Connor Corporation como secretária/braço direito do demônio chamado Logan O'Connor. É uma empresa de artigos esportivos, moda feminina e masculina. O pai de Logan Faleceu a dois anos, deixando o mesmo na frente dos negócios. Eu já trabalhava com ele a um ano e seis meses e foi o melhor emprego que tive. Ser secretária do Logan me abriu muitas portas, e uma delas poder usar as roupas dos desfiles que a empresa fazia a casa seis meses e eu amava isso. Qual mulher que não sonha em estar bem vestida? Eu mesma, e logo eu aproveitei pois quem tem limite é município e não eu.
Logan era um chefe muito bacana com os funcionários, e logo que ele me contratou já vi que ele não foi logo com a minha cara, mas estou pouco me lixando, eu estava ali para realizar os meus serviços, coisa que eu exercia muito bem e fazia questão de jogar na cara dele, e ele está ali para pagar meu riquíssimo salário todos os meses. Uma coisa ele reconhece, eu sou a melhor secretária que ele já teve, mas falar em voz alta ele não falou ainda, porém ele que me aguarde.
Servi um pouco de café pra mim enquanto eu observava Jonas entrar na cozinha vestindo uma calça Jeans, camiseta de manga comprida e um colete por cima. Numa mão ele segurava sua mochila e no outro o capacete. Outro inferno que ele me fazia passar. Toda vida era isso, ele me infernizava até eu emprestar a minha moto para que ele pudesse ir até a faculdade, mas Jonas ainda era menor e meu medo era ele ser parado em uma blitz, ele ser multado e quem vai tomar no cu vai ser eu, pois quase vendi meus rins para pagar essa minha relíquia.
-Onde você pensa que vai com esse capacete, Jonas? - perguntei já sabendo da resposta.
-Não é óbvio? - respondeu sem olhar pra mim e já servindo café e cortando uma maçã. Quem é que come maçã com café preto sem açúcar? Esse retardado sentado na minha frente!
-Pediu pra quem?
-Preciso?
-O que você acha?
-Belle, eu faço dezoito no mês que vem, eu cuido direitinho. Confie em mim, jamais me meteria em encrenca. - falou sorrindo. Peste dos infernos que me ganha com esse sorriso.
-Eu sei disso, Jonas, mas sabe que me preocupo demais. Sabe o que passamos para ter o que temos hoje, eu confio em você, mas sabe como sou em relação a isso.
-Não se preocupe, mana. Somo eu e você para sempre, lembra?
-Ah sim, e se eu quiser casar um dia? - provoquei sabendo o que ia vim.
-Na sua cabeça louca! Não inventa que arregaço o cara no meio, Isabelle!
-Então posso quebrar a cara das vadias que você come também?
-Mas quando foi que eu disse pra você que quero casar? - falou já olhando seu celular e sorrindo. Sabia que tinha vadia no meio.
Sorri com a cena do Jonas casando. Essa eu pagava pra ver. Terminei meu café e voltei ao meu quarto para terminar de arrumar minha bolsa e chamar meu taxi. Meu celular apita com uma mensagem de Logan:
"Vem mais cedo. Quero você comigo na reunião!"
Mas era só o que me faltava, respondi de volta:
"Já estou indo!"
Peguei minha bolsa e já ouvi a buzina do senhor Joshua, o taxista que quase todos os dias me levava a empresa, exceto os dias que Jonas faltava a faculdade e eu ia de moto. Eu já sabia que hoje o dia seria cheio e eu teria que pedir a Deus paciência de brinde, por que sou tudo, menos de ferro. Dei um beijo em Jonas e avisei as pressas que já estava indo.
-Ah propósito Belle - ele falou enquanto saía comigo e indo em direção a moto - Já que mês que vem é meu aniversário, quero dar uma festa aqui em casa!
-Só quando eu morrer, Jonas! Três dias depois ainda, para ter certeza que eu tô morta!
-Abusada! - Saiu rindo cantando pneu fazendo com que minha raiva se aumentasse mais ainda.
-Olha, senhor Joshua, um dia, terei cabelos brancos cedo demais! - falei já entrando no taxi com meu taxista mais que simpático sorrindo pra mim.
-Pronta para mais um dia, Isa? - ele perguntou já dando partida no carro.
-Como sempre né, seu Joshua!
E seguimos em direção a empresa. As vezes eu só queria entender a que rumo a minha vida chegou. Nascer, estudar, trabalhar, pagar as contas e o resto da parafernália toda. Ah esqueci de mencionar que depois a gente morre. Espero que minha morte seja bonita, e quero todo mundo sentindo falta de mim, se não eu volto e puxo o pé de todo mundo, ora essa. Mas enfim, mais um dia se inicia e tô pronta para o que der e vier, mas vai com calma, tá, Deus!
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Hey gente!
Primeiro capítulo postado e espero que gostem. Uma ótima leitura! <3