- Vocês viram a Romina? Já era pra ela ter chegado. – Luna pergunta ansiosa pela amiga olhando para Peter.
- Hã... não, Lulu. Mas daqui a pouco o James tá chegando com o Sirius.
- Ela deve ter se atrasado, Lu. – Remus sorriu carinhoso para ela – Depois que o Sirius chegar a gente vai atrás dela, pode ser?
- Provavelmente ela encontrou com alguém no corredor e perdeu a noção do tempo conversando, você sabe o quando aquela tagarela gosta de conversar. – Cris pegou a mão de Luna e sorriu.
Ela respirou fundo. Estava ansiosa, mas provavelmente era só pela festa. James logo entrou pela porta com um Sirius vendado, todos ficaram imóveis e não se ouvia mais do que a respiração uns dos outros.
- Que porra é essa, Prongs? Eu juro que se me deixar cair eu te mato.
Peter não conseguiu segurar uma risada. James tirou a venda de Sirius e todos gritaram animados um “SURPRESA!” e Luna por um momento pensou que Sirius iria chorar.
Todos abraçaram o maroto, e logo uma música altíssima começava a tocar. A sala estava protegida com o feitiço Abaffiato para que a música não ecoasse para fora da sala.
Havia pelo menos trinta jovens ali, mas Luna não encontrara a cabeleira ruiva de Romina até então. Ela estava extremamente nervosa a esse ponto. Esfregava as mãos umas nas outras e olhava o tempo todo em todas as direções. Estava no canto da festa, os marotos estavam todos cumprimentando alguns convidados e fazendo farra uns com os outros. Cristal e Peter estavam conversando sentados em um sofá e rindo de alguma coisa bem engraçada que um dos dois dissera.
- Santiago. Tudo bem? – Luna se virou para Luis. O rapaz tinha os cabelos pálidos, quase brancos, e ousava óculos enormes na cara. – Você viu Romina? Ela disse que me encontraria aqui, mas... até agora não a vi.
Ele sorriu tímido olhando para baixo, Luna estava a ponto de gritar.
- Eu não sei! Ela já devia ter chegado e eu... – ela olhou ao redor. Sentia que poderia começar a chorar a qualquer minuto. A amiga nunca ficava sem dar notícias e a cada dia aumentavam os ataques contra bruxos de sangue não puro e trouxas. O colar da amizade que elas tinham começou a brilhar. Luna o estava segurando com força. Precisava saber onde ela estava. – Eu vou atrás dela.
Estava hiperventilando. Ela saiu em disparada até a porta. Sentiu seu pulso ser segurado por alguém e se virou.
- Ei! Aonde vai? – Era Remus. Ele segurava um copo verde fluorescente e tinha um arquinho com dois frufrus em sua cabeça. Normalmente Romina riria, mas não agora.
- Eu... a Romina ainda não apareceu.
- Eu vou com você.
Ele deu uma golada em seu copo, o esvaziando e puxou o arco em seus cabelos.
- Vamos.
Luna sequer se importava por estar com um vestido andando fora do horário pela escola. Ela se permitiu observar Remus por um instante. Ele usava uma camisa branca com uma pequena mancha encardida próxima da barriga por dentro de um par de calças Capri. Estava com as bochechas rosadas, provavelmente pelo liquido que estava bebendo. Seus cabelos pareciam recém cortados e estavam um pouco úmidos nas pontas. Provavelmente ele tomara banho e fora direto para a festa. Provavelmente estava cheirosíssimo. Luna suspirou. Seus hormônios e o nervosismo a atrapalhavam a raciocinar.
- Não se preocupe, Luna. Nós vamos encontrá-la. – Remus disse baixinho e pegou em sua mão e Luna tinha certeza que soltara um gritinho sem querer - Ela deve estar por perto. Ela estava no quarto, certo? Podemos ir lá primeiro, que tal?
Luna balançou a cabeça. Seus neurônios não estavam funcionando.
- Hã... no nosso quarto. Certo.
- Vamos lá. – Remus sorriu e Luna respondeu um “aham”.
- Tem cabeça, mas não tem olhos. É duro sem ser teimoso e só funciona se levar pancada. – Eles ouviram a grande aldrava dizer.
- Oh, esqueci que vocês têm que responder uma charada...
Luna não respondeu o amigo. Estava concentrada. Precisa responder aquela charada. Estava ofegante e os olhos se moviam rapidamente para vários lados enquanto segurava o colar com a mão boa.
- Pode ser um prego? – Remus disse receoso.
- ISSO! – Luna gritou e colocou as mãos sobre a boca. Fazer barulho uma hora dessas era pedir por detenção, mesmo estando com um monitor. Que sequer era o de sua casa. – Isso, Remus! Um prego!
A passagem foi liberada e os alunos seguiram.
- Às vezes eu acho que você está na casa errada. Você é brilhante!
- O chapéu seletor nunca erra. – Remus sorriu levemente.
Luna chegou escancarando a porta do quarto que dividia com as meninas. Logo arregalou os olhos. A meninas não se importaram em reorganizar o quarto depois de ser arrumarem. Haviam vestidos, sutiãs, meias-calças, sapatos e maquiagens jogados pelo chão e pelas camas. Mas logo ouviu a voz trêmula de Romina e sequer se importou em esconder um sutiã que estava dependurado na cama de Ava.
- Lu? – Luma ouviu e correu para o canto do quarto. – Ah, Lu! Eu pedi tanto para não ficar sozinha. Você é mesmo meu anjo da guarda, sabia?
Romina tinha os olhos vermelhos. Estava com o rosto completamente molhado e tremia. Esticou os braços para a amiga pedindo conforto. Remus se sentou sob a primeira cama que viu, não queria interromper o momento delas, até pensou em sair dali, mas seria duplamente arriscado.
Ele se atreveu a olhar a parede que ficava ao lado da cama. Haviam inúmeras fotos. Ele riu por não ser o único que pendurava fotos na parede. Ele viu fotos das quatro abraçadas e rindo muito. Viu fotos delas deitadas na grama, com os cabelos todos bagunçados. Era impossível não sorrir com a amizade delas. Viu até uma foto dela, Romina e os marotos fazendo careta. Ele sentiu seu peito quentinho. Nunca achou que poderia ter amigos assim e agora que os tinha, era o rapaz mais agradecido do mundo.
Continuou percorrendo as fotos. Viu uma Luna, cerca de dois anos mais nova, abraçada a um homem barbudo. Seu tio, provavelmente. Ele já havia perguntado sobre a família Santiago uma ou duas vezes para Luna. Ela o explicara que os pais morreram em um acidente e o avô faleceu de alguma doença trouxa. Certamente naquela foto era o Tio.
Luna amava o tio, ela deixava isso bem claro. Remus sorriu ao ver uma foto de uma mini Luna no colo dos prováveis pais e ele adorou o bigode que o pai tinha na foto, além disso, ele usava óculos como o de James e Remus achou aquilo um pouco engraçado.
Olhou para as amigas no cantinho do quarto. Elas estavam abraçadas e conversavam algo que Remus não conseguia distinguir. A voz de Romina estava abafada no ombro de Luna e essa fazia carinho nos cabelos da amiga. Ele sorriu sem querer. Amizade era definitivamente o sentimento mais lindo que ele já ouvira falar.
Logo as duas se levantaram e Romina arregalou os olhos verdes para Remus.
- Ah... oi... Remus. – ela acenou com a mão envergonhada.
- O-oi! Me desculpe, Romina. Eu realmente não queria atrap...
- Ele me trouxe aqui para não ter risco de ser pega e levada para a sala do diretor.
- Eu estava lá agora a pouco... Na sala do Dumbledore. – Remus sentiu seu coração se apertar. Ela fora pega? Romina se sentou em uma cama. Luna sentou-se ao seu lado e pegou as mãos do menino. –Eu queria sair daqui, mas eu seria pega. Eu não sabia como te chamar e... eu nem lembrei do colar...
Romina voltou a chorar e Luna a abraçou.
- Ei! Tá tudo bem! Elas pegaram detenção pelo que fizeram. E... sua mãe... ela é forte! Vai passar por isso, você sabe.
Remus queria se aproximar das duas e ajudar a consolar a amiga. Mas algo o travava.
- Na carta de papai... ele não estava esperançoso. Não parece que é como das outras vezes, Lu. Eu tô com tanto medo!
- Nós estaremos aqui contigo, né? – Luna olhou para Remus que assentiu nervoso e se aproximou das meninas.
- Elas... pegaram detenção? – Remus perguntou reticente.
- Quando eu estava indo, encontrei com um grupo de Sonserinos. Eles me azararam, mesmo eu dizendo que não contaria para ninguém que vi o que estavam fazendo. Me chamaram de...
- Eles são uns otários. Estavam estudando magia negra fora do horário e azararam Romina por ser mestiça. – Luna disse. Estava agitada e nervosa. Remus nunca a vira estressada assim. – hijos de una... malparidos desgraciados!
Ele suspeitava que ela não havia dito nada muito gentil em sua língua materna. Mas não pode deixar de lado o tremelique que seu coração dá todas as vezes que a ouve falar em espanhol.
Eles ficaram em silencio até que Romina se acalmasse novamente.
- A gente perdeu a festa, né? – Romina fungou. – Céus, Luis deve estar achando que... – ela se lembrou da presença de Remus – e... é, eu acho que ele queria tirar uma dúvida sobre a aulas de herbologia, sabe...
- Na verdade, eu duvido que a festa acabe antes de meia noite. – Remus sorriu gentil. – Nós podemos voltar se quiserem.
- Você tem que voltar, Remus! Não pode perder a festa do seu melhor amigo por nossa culpa! – Luna se sentia culpada. Sentia que havia tirado um momento de diversão do amigo.
- Que nada! – ele riu – Aqueles meninos fazem festa todos os dias no quarto. Mal me deixam dormir as vezes.
- Por isso você aparece tão abatido as vezes? – Romina cutucou. Ela não perderia uma chance de tentar fazer Remus se abrir pra elas. Luna cutucou a amiga com o cotovelo em reprovação.
- É... é por isso – Remus respondeu coçando a nuca e olhando para baixo.
Romina respirou fundo e se levantou.
- Bem, vamos aproveitar. Amanhã eu vou para a casa de meus pais e eu espero ter uma excelente noite hoje. – Romina se levantou e esticou seu vestido.
- Tem certeza que está bem para ir lá...? – Luna a olhou preocupada. – Além do mais, você parece um urso panda.
Romina correu para frente ao espelho e pediu ajuda desesperada para Luna. E poucos minutos, os três estavam caminhando silenciosamente pelos corredores até chegaram à sala precisa.