Meu Blues

By lennorebeattrice

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[Concluída ✓/Revisando] Capa feita pela: @knsdesign ❤️ deem uma olhadinha no trabalho dela, pessoal, é simple... More

Dedicatoria
Epigrafe
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Anos atrás
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Anos Atrás
23:22 PM
Anos Atrás
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00h00
LEIAM, por favor
00:00 PM - William
Epilogo
Agradecimentos

22:15 PM

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By lennorebeattrice

22:15 PM

- O que disse?

Eu sei o que ele disse, ouvi bem. "Por que eu goste de você, Angelina. Eu espero por esse beijo desde a época da escola." Mas sinto como se tudo tivesse sido um delírio estranho.

Ele respira fundo. Parece buscar coragem novamente para dizer o que quero escutar outra vez.

- Eu disse que gosto de você. - morde o lábio.

Volto o meu olhar para a sua direção, onde encontro os seus olhos me sondando em busca de alguma reação. E como é a bagunça que me ronda, é tendo ela como base que o respondo.

- E só agora se deu conta disso? - meu tom soa mais afetado do que eu quero - Só agora, depois de anos?

Vejo a tensão empurrar de uma vez só a leveza para bem longe, pegando-a de surpresa.

- Eu... Disse que sempre esperei pelo teu beijo - a sua voz soa fraca, como se a minha acusação tivesse lhe acertado em cheio.

- Eu ouvi essa parte. - pontuo - Por que está me dizendo isso só agora?

- Eu tentei te falar antes, mas...

- Só não quis. - completo para ele.

Ele franze o cenho, só então notando que eu estou na defensiva.

- Não é isso... - dispara - Não era tão fácil assim e tudo era muito confuso para mim.

- Como assim não era tão fácil? - desdenho, levantando-me por que com a quantidade de energia sobrecarregando repentinamente o meu corpo é impossível manter-me sentada - Era bem fácil, só precisava dizer "Eu gosto de você". Só isso. Bem simples.

Então ele se levanta também, enquanto eu o encaro com o nariz levantado, adquirindo a postura superior que sempre tenho involuntariamente quando estou me sentindo afetada por algo. Há alguma coisa diferente dentro de suas órbitas.

- Fácil? - é a sua vez de debochar, adquirindo um tom de voz incisivo - Quantas vezes você deixou algum cara se aproximar o suficiente de ti na escola? Na verdade, não só os caras, como a maioria das pessoas?

Estou começando a sentir o meu coração acelerando novamente, mas, dessa vez, é movido pela raiva.

- Onde quer chegar com isso? - então eu me lembro dos boatos que a Vânia espalhava sobre mim, sobre o quão eu era uma garota estúpida e mimada - Está falando dos boatos que uma colega minha espalhava sobre mim?

Vânia, a mesma garota que eu ajudei e fui como amiga, para apoiá-la naquela maldita festa, vivia espalhando para todo mundo boatos sobre mim. Ela inventava coisas absurdas, fazendo com que as pessoas me vissem com outros olhos naquela época. Eu nunca imaginei que ela fizesse isso. É claro que eu achava estranho a forma com a qual as pessoas me olhavam, como se eu fosse um animal pesonhento e venenoso. Até que, quando ela finalmente saiu do colégio e se mudou para outro lugar, por que a empresa onde o pai dela trabalhava iria abrir outra filial, uma de nossas amigas resolveu me contar tudo o que ela aprontava.

Eu sempre soube que a Vânia era uma pessoa afetada. Ela tinha sempre que estar por cima, e várias vezes me colocava lá embaixo, só para se sentir lá em cima, entretanto, eu nunca me dei conta disso. Eu só achava que ela tinha a necessidade de brilhar mais que o sol, e a nossa amizade, naquela época, era mais importante para mim do que os seus caprichos. Contudo, o que eu não sabia era que ela vivia falando coisas ruins sobre mim, principalmente para o grupo ao qual William fazia parte. Ela dizia que eu detestava eles, dando argumentos sem nexo algum, e ainda inventava muitas coisas, como, por exemplo, que eu os achava bizarros e ridículos, o que não era verdade.

Quando ela foi embora a minha vida se tornou mais leve, e eu pude respirar mais tranquilamente. E nunca me dei o trabalho de desmenti-la sobre nada, por que, se estavam acreditando em boatos sem falar comigo, por que eu deveria tentar conversar com eles quando eram eles que deveriam vir até mim, sem antes me julgarem? Além disso, naquela mesma época, eu estava lidando com problemas familiares ainda piores, o que fez com que eu me isolasse e ficasse à companhia de quem eu já tinha por perto. Eram o suficiente para mim.

- O quê? Não. Eu nunca acreditei naqueles boatos. - William pontua - Não é sobre isso o que eu estou falando.

- E é sobre o quê? - inquiro.

- Você não deixava mais ninguém se aproximar de você. - ele lembra-me.

E eu sei o que ele quer dizer.

- Não é verdade! Lembra do Alexander? A gente se tornou amigos e a gente vivia juntos. - recordo-o.

Ele balança a cabeça em negação.

- Mas depois você o afastou.

- Por que ele não queria a minha amizade e sim outra coisa! - exclamo. - É depois foi ele quem se afastou. Então a nossa amizade não significava nada para ele.

Eu gostava do Alexander, como amigo. Ele era engraçado, divertido e tinha um ótimo gosto musical, contudo, ele queria outra coisa. Um relacionamento comigo e, naquele momento, eu não estava disposta a ficar com ninguém. Nem naquele momento e nem em muitos outros da minha vida. Ainda tenho medo de me relacionar com algum cara, mas hoje consigo confiar mais nas pessoas. Eu fiquei devastada quando o Alexander escapou para longe de mim, mas eu superei. Com o tempo, tudo fica melhor.

- Eu lembro que vi você no pátio da escola, pela primeira vez, no primeiro dia de aula, e eu só pensei que aquele sorrindo era tão sincero... - ele puxa a memória, rindo para si mesmo - Eu confesso que no começo eu só te via como uma garotinha, por que na época eu já era bem mais velho e você era bem mais nova.

Eu o compreendo. Naquela época eu tinha, aproximadamente, uns doze anos e ele, possivelmente, uns dezessete. Eu era adiantada. Estava no 8° ano do ensino fundamental e ele no 2° ano do ensino médio. É mais que normal ele ter me achado nova demais para ele.

- E o que te fez mudar de ideia? - estou realmente curiosa.

Ele se rencosta na pia.

- Eu não sei, com o tempo essa visão foi mudando e eu só notei isso quando comecei a te observar com outros olhos. De uma outra forma. - confessa. - Isso meio que aconteceu no intervalo de tempo em que eu fiquei pela primeira vez com a Lídia e na mesma época em que você mudou.

- Mudei? - mordo o lábio. Sei do que ele está falando. Queria ser mais como ele, que é direto em tudo o que fala.

- Eu não vi mais aquele sorriso, o que aconteceu? - indaga, o cuidado em sua voz é notório quando ele fala.

- As pessoas mudam, William. - disparo.

Não vou dizer a verdade a ele. Não é por que ele se abre tão facilmente que eu deva fazer o mesmo. Quantas vezes confiei em pessoas que se diziam minhas amigas e em quem confiei tanto e, depois, me deram as costas e só me fizeram sofrer?

- Não estou dizendo que foi algo ruim, necessariamente. Te vi evoluir muito nessa época, mesmo que eu só estivesse te observando de longe... - ele tenta.

E é verdade, eu evolui muito. Antes, eu tinha a necessidade de me encaixar entre as pessoas que não tinham nada haver comigo, e que só me tornavam uma pessoa que eu não queria ser. Depois, quando me afastei deles, tudo ficou bem melhor. Mas é isso o que acontece. Fui aprendendo com o tempo que a gente não precisa se encaixar em um lugar onde não nos cabe, e que ser estranho é algo incrível. Quando se acha pessoas que são como você, mesmo que sejam poucas as pessoas que se acha, tudo fica bem melhor.

Foram essas pessoas que me ajudaram em uma das épocas mais difíceis da minha vida, quando o meu pai reapareceu novamente. Família não é lar e aconchego. Às vezes, conviver com a maioria deles pode ser terrível.

Quando ele reapareceu, tudo voltou. Ele não era o meu pai, e sim só um homem cujo ajudou a minha mãe a me gerar. Meu pai foi o homem que me ensinou, mesmo que involuntariamente, a não acreditar em ninguém, principalmente nos homens. Ele foi o estopim que me impediu de tentar me relacionar com a maioria dos caras por quem tive interesse na adolescência, mostrando o quão as pessoas podiam ser manipuladoras, mentirosas, traiçoeiras e que me fariam sofrer.

E de repente, eu estou chorando. E eu vejo quando William se aproxima de mim. Eu não percebo que estou num cantinho, com o rosto entre os joelhos, chorando baixinho.

"Angelina, por que acha que ninguém seria capaz de te amar?"

A voz da doutora Alicya reverbera em minha mente. Posso quase vê-la à minha frente, sentada em sua cadeira de frente para mim.

Eu respiro fundo. Já faz algum tempo que estou frequentando o seu consultório, e agora me sinto mais calma. Os remédios para a ansiedade estão fazendo efeito. Eu estou progredindo rápido no tratamento. Eu olho para ela, lançando a questão que ainda não consigo resolver.

"Por que, se quem deveria me amar, se quem é geneticamente programado para me amar, não me ama, quem amaria, então?"

- Angelina! - William me chama, eu não o respondo.

Respira, respira e respira.

Estou com o corpo tremendo e as minhas mãos estão mais geladas que o normal. O meu peito está afundando e a minha garganta está fechando. Eu estou tendo uma crise.

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Se gostou, deixa o teu voto e quem sabe um comentário? É muito bom saber a opinião de vocês ❤️ Críticas construtivas são sempre bem-vindas!

bjxs,

Triz

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