JUNGKOOK
Dizem que o tempo pode curar qualquer coisa.
Mas eu não acredito sequer um pouco nisso. Ele não cura, ou apaga, ele apenas conforta. Porque no final de tudo, o que nos resta senão o conforto?
E isso é o que busco com Jimin hoje.
Enquanto ajudo Jimin a separar as telas na qual ele levará para a exposição em Madri, eu observo cada nuance presente nele.
Jimin está com as bochechas saltadas e coradas. Ele sorri todas às vezes que escolhe mais uma das telas, e diz com orgulho "Essa com certeza venderá". E o que tem de bonito nisso é que eu sei que, na verdade, ele não está se importando com o dinheiro que ganhará, mas sim com o dinheiro que doará.
A causa de tudo é muito bonita, e isso o motiva mais.
ㅡ Kookie. ㅡ ouço-o me chamar e logo olho-o vendo o bico que tem nos lábios. ㅡ Eu queria iogurte com morangos. Pode fazer pra mim?
ㅡ Claro que posso amor. ㅡ eu digo e logo me ergo, rumando para fora do ateliê e caminhando até a cozinha.
A casa está bastante silenciosa, pois Jiwan dorme e sequer há barulhos de pássaros ou árvores balançando ao lado de fora.
Enquanto eu deixo o iogurte sobre a mesa para buscar os morangos, eu pego meu celular, e novamente olho as mensagens.
O interessante é que eu tenho uma desconfiança, mas ainda não posso falar com Jimin, pois não sei como falar, então a única pessoa que consegui falar e que me jurou segredo foi Min Yoongi, e neste exato momento, estamos trocando o mais precioso segredo.
YOON: Eu já pedi, não precisa me pagar. Chegarão seis!
Eu franzo de imediato meu cenho ao notar a mensagem, e largando também os morangos no balcão, sento sobre o local, dedilhando rápido uma resposta.
ME: Seis? Você tá doido?
YOON: É para não arriscar dúvidas. E olha, assim que sair o resultado dos exames, procure um médico.
Eu nego novamente, mas no mesmo instante ouço a campainha tocar.
Sou rápido em caminhar até a porta antes que Jimin apareça e apenas agradeço ao entregador, buscando a sacola e voltando correndo para a cozinha.
ME: Que rápido. Já chegou.
YOON: Ótimo, agora dê a ele e peça para ele fazer todos.
ME: Não sei como faço isso, hyung. Não sei se a notícia vai ser boa. Jiminie passou por muita coisa e fazem apenas seis meses. Eu mesmo estou tremendo de medo.
YOON: Não precisa ter medo. Eu sei que estão enfrentando tudo juntos, e se isso estiver mesmo acontecendo, encare como algo bom. É um novo presente para vocês.
Não respondo à mensagem de Yoongi, mas assinto como se estivesse de acordo com tudo.
A verdade é que não sei ainda se fazer isso é bom. Sequer sei se isso está mesmo acontecendo, será bom. Mas encaro a sacola da farmácia, e logo retiro de lá todos os seis testes de gravidez que Yoongi mandou, e suspiro ainda perdido.
O que faço?
Não tendo uma resposta para minha própria pergunta, eu resolvo preparar o iogurte que ele pediu, e sou rápido em apenas colocar um dos testes no bolso, caminhando agora com o potinho recheado de morangos nas mãos, já prevendo o sorriso que ele dará quando vê-lo.
ㅡ Aqui. ㅡ é o que digo assim que adentro o ateliê e apenas vejo Jimin praticamente correr e tomá-lo de minhas mãos.
A primeira colher entra rapidamente na boca dele, e o deleite em sua feição logo aparece, junto a um suspiro e um gemido de prazer.
ㅡ Estava mesmo com vontade, não é? ㅡ pergunto sorrindo, mas sinto minhas mãos suarem.
Ele apenas assente tomando mais e caminha para a varanda. Eu o sigo e sento no sofá ali assim como ele. Jimin sequer me oferece um pouco de iogurte de tamanha que é a sua vontade por aquilo.
Então apenas espero que termine e isso ele faz mais rápido que o previsto.
Encostando-se com um sorriso no rosto, ele dá leves batidinhas sobre a barriga, demonstrando o quão prazeroso foi à pequena refeição.
ㅡ Por que está me olhando tanto, Kookie?
Ele pergunta e não consigo desviar o olhar. Eu quero falar com ele sobre o que desconfio, mas a pergunta é: como?
Como eu pergunto se Jimin quer fazer um teste de gravidez, quando ele foi o que mais sofreu com tudo o que passamos?
ㅡ Seu silêncio me assusta. ㅡ ele torna a falar e agora senta de maneira correta no sofá e me encara. ㅡ o que foi?
ㅡ Eu queria falar sobre uma coisa contigo. ㅡ falo baixo, mas minhas mãos se unem, e meus dedos não param quietos sequer por um segundo.
ㅡ Tudo bem, fale. ㅡ ele me olha depositando ainda mais sua atenção e isso com certeza não me ajuda.
Eu mordisco meu lábio, e incapaz de dizer algo, apenas retiro o teste que carrego no bolso e ergo a ele.
Jimin encara o objeto, e parece pensar muito enquanto o faz. Eu percebo quando sua garganta deglute em seco, e tudo o que me vem à mente é o que ele tanto pensa.
ㅡ Taehyung falou algo com você? ㅡ é o que ele pergunta.
Minha confusão então se torna maior quando sutilmente inclino o rosto tentando assimilar algo e nego.
ㅡ O que Taehyung poderia falar comigo? ㅡ pergunto curioso.
ㅡ Eu falei com ele sobre isso. ㅡ ele então busca o teste da minha mão e se ergue, caminhando rápido.
Eu o sigo, com medo do que venha a seguir, mas então Jimin desce as escadas numa velocidade sem igual, e adentra rápido nosso quarto.
ㅡ Jimin-ah, espera.
Digo também correndo até ele.
Quando chego ao quarto, encontro Jimin sentado perto de seu móvel de cabeceira, e apenas nega.
Relutante, eu ainda me aproximo, mas desta vez devagar. Quando paro meu corpo ao lado do seu, sentando em silêncio, eu vejo o que faz meu coração acelerar de um modo nada saudável.
ㅡ Eu não sabia como te contar. ㅡ ele diz. Suas mãos erguem, e junto ao teste no qual lhe entreguei, outro vem. Mas esse está feito, e o que diz nele é a causa do meu coração querer sair pela boca.
Positivo.
ㅡ Quando o fez? ㅡ pergunto num sussurro, sem muitas forças, apenas já sentindo meus olhos queimar.
ㅡ Ontem. ㅡ responde igualmente baixo e me entrega.
Eu busco aquilo, e o analiso. Meu peito dói quando a primeira lágrima vem, mas não sei distinguir o que de fato sinto.
Jimin então fica de pé, e ainda com o novo teste em mãos, adentra o banheiro e se tranca lá.
Eu ainda me encontro absorto com tudo o que tenho nas mãos e apenas tento normalizar meus batimentos.
Demoro, admito, mas sorrio quando novamente volto a chorar.
Seria mesmo possível?
Minha resposta vem quando Jimin destrava o banheiro e caminha devagar de volta.
Seus olhos estão lavados em lágrimas e seu rosto vermelho, porém o sorriso enfeita o rosto, e suas mãos unidas, me entregam a certeza.
Novamente o resultado.
Jimin está mesmo gerando o nosso amor.
ㅡ E-Eu... ㅡ sou incapaz de dizer algo quando seguro os dois testes juntos e vejo que sim, o resultado é o mesmo.
ㅡ Não vamos criar expectativas agora. ㅡ é o que ele diz voltando a sentar. ㅡ Vamos esperar os exames.
ㅡ Os exames mostrarão isso? ㅡ pergunto o olhando e mesmo que minha visão esteja parcialmente embaçada, e o vejo assentir, e então sorrio junto.
ㅡ Semana que vem saberemos, Kook-ah. Semana que vem teremos o nosso resultado definitivo, e então poderemos pensar a respeito.
Ele fala, mas meus ouvidos já não captam mais nada. Apenas o meu pensamento grita, e grita apenas uma coisa.
"Teremos um bebê".
ㅡ Obrigado. ㅡ digo baixo, mas busco o corpo de Jimin o prendo contra o meu num abraço forte. ㅡ obrigado, Chim. Obrigado amor.
ㅡ Obrigado também, Jungkookie. ㅡ ele também agradece. ㅡ obrigado...
Eu busco-o para um beijo, mas apenas o selo calmo, encostando nossas testas em seguida, e dedilhando cada parte de Jimin, para no fim repousar minha mão sobre a barriga dele.
Com o toque, Jimin suspira, e percebo que não quer, mas volta a chorar novamente. Meus olhos ainda ardem, mas me concentro em não derramar mais nenhuma lágrima e apenas amparo às dele, enxugando-as e olhando fundo nos olhos do meu amor.
ㅡ Eu te amo. ㅡ sussurro.
Jimin sorri e volta a me abraçar forte. Seus braços entornam meu pescoço e minhas mãos rodeiam sua cintura.
Nosso momento é único e é diluído por lágrimas de felicidades. Porém, todo o momento se torna maior quando apenas um som adentra nossos ouvidos.
"Papa".
Eu abro meus olhos e vejo Jimin fazer o mesmo.
Corremos juntos até chegar ao quarto do lado, e lá, encontramos o dono do som, com os cabelos bagunçados e o sorriso no rosto, enquanto as mãos erguidas abrem e fecham nos chamando.
ㅡ PAPA!
E é neste mesmo momento que ouço o choro alto de Jimin.
Eu o olho temendo o som, mas vejo-o sorrir em meio a uma caretinha feliz, e então segurar rápido o bebê.
ㅡ Você disse a sua primeira palavrinha?
Jiwan não o responde, mas manhoso, apenas encosta a cabeça no ombro de Jimin, e leva o dedo até a boca.
ㅡ Meu deus. ㅡ digo ainda parado no mesmo lugar. ㅡ Acho que vou desmaiar, Minie.
Jimin sorri e caminha até a mim com Jiwan em seus braços. Me prontifico em recepcioná-los com um abraço gostoso, e apenas deixo com que o momento em família se prolongue.
Sentindo que agora a felicidade estava morando em nós.
[...]
ㅡ Três ovos e duas panquecas quentinhas
Digo colocando o prato de café da manhã sobre a mesa, e vejo Jimin dar pequenos pulinhos por ter seu pedido atendido.
ㅡ Tenho uma surpresa. ㅡ ele diz e me entrega.
Meus olhos capturam mais um teste feito, e esse como os anteriores, está positivado.
ㅡ Não há mais dúvidas, amor. ㅡ digo sentando-me ao seu lado e ainda encarando o objeto. ㅡ estou quase morrendo de ansiedade para terça.
ㅡ É, mas viajaremos no domingo. ㅡ ele diz se empanturrando de ovo. ㅡ Teremos que ver pela internet.
ㅡ Será a nossa surpresa. ㅡ falo rindo e deixo um beijo sobre a testa de Jimin.
Ainda não tínhamos sequer falado a ninguém sobre os testes.
Apenas Yoongi, Taehyung, e Hoseok sabiam. Jimin temia que Jin-hyung ficasse chateado por não ter sido o primeiro a ficar sabendo, mas Jimin não queria que ele criasse expectativas e no fim se frustrasse.
Mas eu sabia que ele mesmo temia aquilo. Jimin sempre diz, todas as manhãs, que nada ainda é de certeza, mas eu o vi alisando a barriga que sequer tem relevo, e uma noite, enquanto dormia, ele chorou. Possivelmente um sonho, mas disse claramente que não queria perder este também.
Isso me dá medo também. Jimin já passou por gestações complicadas, e mesmo que seu útero hoje seja saudável, ele teme.
E eu temo junto.
Não sei se consigo suportar caso tudo venha acontecer novamente, e isso até vem nos acarretando discussões durante os dias.
Ele diz que é besteira, mas Jiwan já é um bebê grande, pesa, e Jimin pegá-lo nos braços me aflige.
Gravidez é algo delicado e complicado no início, e se torna ainda mais quando tem o histórico que ele tem.
Eu também me recusei a fazer amor com ele uma vez, e isso nos colocou ㅡ sem querer ㅡ em greve. Pois Jimin disse em alto e bom som, que enquanto ele não tivesse a certeza, nós não nos tocaríamos sequer com as mãos ou boca.
Pois é, eu me lasquei.
Mas não foi por querer. Eu apenas quero cuidar para que esse bebezinho ㅡ que tenho certeza estar dentro dele ㅡ permaneça lá até que esteja prontinho para nascer, e então todo o medo terá se esvaído.
Então é assim que os dias passam. Jimin torna a fazer testes a cada três dias, e ao fim, tem o resultado de cinco positivos.
Eu ainda tenho testes guardados, então coloco-os dentro de minha mala caso ele acorde qualquer dia com dúvidas e queira saná-las mais uma vez.
Também guardo em minha mala a surpresa na qual Yoongi e Namjoon me ajudaram a preparar.
Sei que Jimin já é praticamente meu marido, e que já fiz diversos pedidos desengonçados de casamento, mas agora quero chamá-lo de marido o mais rápido possível, e quero poder fazer um pedido digno. Então guardo a caixinha pequena de veludo bem no fundo, longe dos olhos dele. E por fim, espero-o separar cada roupa que devo levar, já que esse feito é muito complicado para mim.
Para quê mais de um par de sapatos se só tenho dois pés?
Nunca entendi isso.
ㅡ Nossos smokings serão levados separados para não estragar. ㅡ ele avisa me entregando algumas calças, bermudas e camisas. ㅡ Acho que teremos apenas que comprar sapatos lá.
ㅡ Por que comprar? Temos tantos aqui. ㅡ falo sentado sobre a cama e dobro as peças que me foi entregue. ㅡ esqueceu-se de que agora teremos que comprar mais fraldas? ㅡ sorrio com o sorriso grande que ele dá e é inevitável para ele não olhar para a barriga.
ㅡ Não me faz sorrir tanto assim, Kookie, ainda não é a hora.
Eu o entendo, então apenas sorrio mais sem que nada seja dito. Jimin por fim ainda me entrega casacos, e sapatos diferentes, e eu apenas os guardo sem sequer contestar para quê tudo aquilo.
Com minha mala pronta, eu deixo-a junto da dele e caminho de volta à sala.
Hyung está aqui com Chae e Jiwan. É engraçado ver a barriguinha do maior já aparecer, sei que isso para eles é o mesmo que sinto agora.
Felicidade.
ㅡ E então, por que quer vender a casa? ㅡ Kihyun pergunta assim que me ver descer, e eu nem consigo o mandar ficar em silêncio, pois Jimin vem logo atrás, e sua voz é o que ouço.
ㅡ Que casa?
ㅡ Essa. Kook-ah disse que quer vender porque quer uma maior e sem escadas.
Eu comprimo meu lábio ao olhar para Jimin e sorrio.
ㅡ Para que uma casa maior? ㅡ Kihyun volta a perguntar e eu me praguejo por esse linguarudo ainda falar.
Eu não o contei sobre o bebê. Se Jimin me pediu para não contar a ninguém por enquanto, eu não seria louco de contar. Mas penso que se teremos mais um bebê em nossa vida, uma casa sem muito perigo é a melhor. E uma casa com bastante espaço é o que quero.
ㅡ É só porque enjoamos desta aqui. ㅡ digo olhando para Kihyun forçando um sorriso.
ㅡ Olha, eu fui ao condomínio daqueles seus amigos ontem. Lá tem algumas casas à venda, eu e Chae também estávamos procurando uma para nós, lembra? Por causa do bebê e de Jiwan, e vimos umas muito boas, e que tinham espaços ótimos para Jimin pôr o ateliê. Vocês podem dar uma olhada, e também seria muito bom se vocês achassem uma bem perto da nossa. ㅡ ri.
ㅡ Vocês estão curtindo lá? ㅡ Jimin pergunta sentando-se no sofá e me espanto quando vejo que em suas mãos já há um dos sanduíches de frango que fiz logo de manhã.
ㅡ Estamos. ㅡ Chae diz. ㅡ e realmente, Jimin, tem outras bem grandes por lá. Se não me engano, há uma bem ao lado de onde seus amigos moram, pois, vimos aquele de sorriso bonito hoje lá, e ele estava brincando com três bebês no quintal.
ㅡ Hoseok. ㅡ Kihyun diz sorrindo ao noivo. ㅡ Até o cumprimentei.
ㅡ O que diz disso, chimmy? ㅡ pergunto-lhe. ㅡ Poderíamos dar uma olhada.
ㅡ Pode ser, mas somente depois da viagem. Tem muita coisa na minha mente já, não quero mais uma. ㅡ diz sorrindo e se agacha para pegar Jiwan que engatinha pelo chão e para em seus pés.
Novamente meu coração se aflige quando vejo-o pegar o bebê pesado e pôr sobre as pernas, mas com Kihyun aqui não haveria nada a ser dito se não causasse desconfiança.
Então apenas vi Jimin brincar com o bebê no colo, enquanto sorria para os barulhos que Jiwan fazia.
Quando Kihyun se foi junto à Chae, eu que resolvo dar o jantar de Jiwan, e banhá-lo, pondo-o no berço e assim fazendo-o dormir.
ㅡ Eu não estou gostando disso, Jungkook.
Assim que adentro o quarto, é o que ouço. Jimin está nu, apenas coberto parcialmente por seu hobby de seda, enquanto passa seu hidratante nas pernas, e me faz fechar os olhos com o cheiro bom.
ㅡ O que fiz? ㅡ pergunto me aproximando.
ㅡ Você está me proibindo de ficar com meu próprio filho. ㅡ diz ainda bravo demais.
ㅡ Estou?
ㅡ Está. Mesmo que não perceba, mas você não me deixa segurá-lo por muito tempo, ou me esforçar um pouco para cuidar dele. Não me deixou nem dar o jantar ou colocá-lo para dormir. Eu sei que tudo te assusta, mas não faça isso, estou chateado de verdade.
Eu o vejo falar tudo com o seu semblante mais chateado que há e ele realmente parece bravo. Eu retiro a camisa de pijama que uso, e apenas deixo a calça. Jimin me olha de soslaio e nega.
ㅡ E não adianta me tentar, eu não vou fazer amor com você. ㅡ ele cruza os braços.
Desta vez eu rio. Sequer pensei em sexo, apenas estou concentrado demais em tudo o que ele diz e no cheiro forte que esse tal creme deixa.
É de morango, eu acho. O cheiro faz-me até salivar de tão doce.
ㅡ Eu não disse nada disso. ㅡ falo dando de ombro e deito-me. ㅡ mas você não quer mesmo?
ㅡ Não, porque quando eu quis você não quis.
ㅡ Jiminie... Não seja tão do mal. ㅡ brinco tocando-lhe no ombro e desço e dedo por seu pescoço até o centro da coluna. ㅡ não quer mesmo?
Jimin suspira e até se perde um pouco, fechando os olhos com o toque. Mas sua carranca logo volta e assim que percebe que está derretendo com um simples toque, se ergue, retirando todo o hobby e deitando completamente nu.
ㅡ Não. Vá dormir Jungkook.
Dito isso, ele puxa a coberta e cobre-se até o pescoço. Eu novamente rio, mas tento não deixar com que ele perceba. Jiminie está com o humor muito instável, e qualquer coisa pode fazê-lo chorar.
ㅡ Então eu posso só te abraçar? ㅡ pergunto entrando debaixo da coberta também e colando meu corpo ao dele. Jimin sutilmente suspira e até empina quando nosso encaixe acontece.
ㅡ Abraçar pode. ㅡ diz ainda tentando soar duro, mas já está completamente entregue.
O cheiro do creme ainda é forte, e se torna ainda mais intenso quando meu nariz percorre pelo ombro dele, e constata que ele também o passou ali.
ㅡ Esse cheiro me dá até fome. ㅡ falo a verdade, sentindo minha barriga ronca. ㅡ é de morango?
ㅡ Melão, Mas que tipo de cantada é essa? ㅡ ele pergunta num sorriso. ㅡ dirá agora que quer me comer por causa do meu cheiro.
Eu inspiro mais um pouco do cheiro bom e quase gemo com o modo que aquilo me deixa tão tonto.
ㅡ Não seria nada mal, mas falo sério, isso tem o cheiro muito gostoso. Estou salivando tentando imaginar o sabor.
Jimin então vira-se para mim, e me olha completamente estranho, como se eu tivesse dito algo de errado.
ㅡ Diz isso sério? ㅡ franze o cenho.
ㅡ Só estou com fome, bebê. ㅡ digo beijando-lhe a ponta do nariz. ㅡ Meu gravidinho quer algo?
ㅡ Um iogurte? ㅡ sorri contido. Eu assinto e me ergo, caminhando até a cozinha.
Minha barriga realmente me maltrata a cada ronco. Eu abro a geladeira logo capturando o iogurte de Jimin e o separando, para logo em seguida procurar por um mísero pedaço de melão e saciar toda a minha vontade, mas quase chorando quando nada encontro.
Então meus olhos vagam por todas as frutas que há ali.
Morangos, melancia, uvas, e nenhum melão. Na fruteira tudo está do mesmo jeito. Há laranjas, limões, pêssegos, mas nada de melão.
Eu bufo quando não encontro nada, mas meus olhos brilham quando apenas uma papinha esquisita de melão é o que encontro.
Não tem a cara boa, é mole e grudenta. Sequer Jiwan gostou muito dela, mas é minha única opção no momento.
Então sou rápido em buscar duas colheres médias, e voltar para o quarto com o iogurte de Jimin, e uma das papinhas de Jiwan.
ㅡ Você está de brincadeira, não é? ㅡ Jimin pergunta assim que entrego o dele e sento em posição de índio com o meu. ㅡ Você vai comer a comida do nosso filho?
ㅡ Ele nem gosta dessa, amor. ㅡ sou rápido em falar, e assim que retiro a tampinha do pote, o cheiro vem, e eu quase choro com o prazer que aquilo causa.
Sem vergonha, eu retiro toda a papinha que está grudada sobre a tampa, e gemo com o gosto doce.
Não é a mesma coisa que comer um melão de verdade, admito, mas é tão bom quanto.
Eu sou rápido em buscar a colher e começar minha comilança. Sobre o olho estranho de Jimin, que analisa cada vez que como com prazer enquanto ele come o iogurte, eu sou rápido. A papinha não dura mais que trinta segundos, mas é capaz de saciar todo o meu desejo.
ㅡ Posso dormir feliz. ㅡ deito na cama, deixando o pote junto a colher sobre o móvel.
Jimin ainda me olha, e termina enfim de comer o seu. Ele, diferente de mim, se ergue e mesmo que pelado, leva os potes e talheres para a cozinha.
Quando volta, eu capturo o corpo perfeito dele, e não controlo a fisgada que sinto.
ㅡ Jimin-ah... ㅡ chamo manhoso. Sei que Jimin não resiste quando chamo assim.
ㅡ Não. ㅡ Mas ele é firme na resposta.
ㅡ Mas eu tô duro! ㅡ mostro-lhe. A falta de cueca evidencia a ereção marcada na calça.
ㅡ Ali ó. ㅡ ele aponta para o banheiro e eu sequer entendo de imediato. ㅡ lá você pode ser feliz, mas com a sua mão.
Dito isso Jimin deita, e cobra como é, ele desta vez não se enrola, virando a bunda branquinha para mim.
Eu mordo meu lábio quando novamente sinto o fisgar, mas decido virar-me de costas para a tentação e tentar dormir, mesmo que pareça ser a última coisa que eu queira fazer agora.
[...]
ㅡ Jungkook, para de chorar!
É o pedido de Jimin. Na verdade, esse deve ser o décimo.
Desde quando acordamos, eu choro. Hoje é o dia em que iremos viajar, e somente o pensamento de ficar dias longe de Jiwan, me faz chorar como um bebê.
E estar já no aeroporto, sabendo que não tem como desistir mais, só faz tudo piorar.
ㅡ São só alguns dias, saeng. ㅡ Kihyun tenta me acalmar, mas Jiwan está em seus braços e olhar para o rostinho sorridente dele me faz chorar ainda mais. ㅡ Olha, nós podemos ligar para você todos os dias.
ㅡ É, amor. Fica calmo, dengo. ㅡ Jimin agora pede de forma calma. Eu me aninho em seus braços, mas meus olhos não desviam do bebê.
Por que tem que ser tão difícil assim?
ㅡ Tudo bem. ㅡ fungo uma última vez, e busco Jiwan dos braços de Kihyun. ㅡ Só me deixem ter um momentinho a sós com ele.
Todos assentem, então eu e Jiwan vamos até os bancos dispostos no aeroporto para esperar, e sentamos ali.
ㅡ O papai está indo viajar, tudo bem? ㅡ falo olhando para ele. ㅡ Mas eu juro que volto rapidinho. O papai vai cuidar do papai Chim e do seu irmãozinho também, ok?
Jiwan sequer presta atenção, tem sua mão dentro da boca, enquanto apenas sorri.
Meu coração se aperta a cada segundo a mais.
ㅡ Papai volta logo, eu prometo. ㅡ digo por fim.
Ele sorri, o que não é novidade, mas retira a mão babada da boca, e olhando bem nos meus olhos, faz-me chorar de vez.
ㅡ Papa!
E então eu berro. Tenho certeza que pessoas passam e me olham como um estranho, mas tudo o que quero é abraçar meu filho e eu o faço.
Não ligo para a mão babada que escorre pelo meu rosto quanto Jiwan gargalha, mas foco no cheirinho de bebê que ele carrega e tento fazer com que aquilo fique gravado em mim até que volte, ou terei certeza que morrerei de saudade.
ㅡ Amor... calma, bebê... ㅡ é Jimin quem fala. Ele vem e senta a meu lado, me abraçando e afagando meu ombro.
Eu assinto ainda olhando para Jiwan, e ouço o chamado para o nosso embarque.
ㅡ Temos que ir...
Vejo Kihyun vir até nós e me ergo para que entregue Jiwan a ele.
ㅡ Eu prometo cuidar bem dele, saeng, e vamos te ligar todos os dias e todas as horas.
ㅡ Eu confio em você, hyung. ㅡ digo fungando. Jimin me abraça sorrindo e sei que mesmo que não chore, seu coração se aperta em ter de se afastar por dias dele.
ㅡ Cuida dele. ㅡ Jimin pede a Hyun, mas acaricia a bochecha do bebê. ㅡ e qualquer dúvida nos ligue, independente da hora.
ㅡ Ah, e também tem uma listinha de tudo o que ele gosta e não gosta dentro da mala. Vai de brincadeira a comida. ㅡ falo rápido lembrando-me.
ㅡ Gente, vocês vão perder o voo. ㅡ Kihyun ri, e ajeita Jiwan melhor no braço apenas para dar-me uma tapinha no ombro. ㅡ Podem ir tranquilos.
ㅡ A lista de número? ㅡ Jimin pergunta uma última vez apenas para se certificar.
ㅡ No bolso traseiro da mala. Eu sei, Minie, por favor, vão embora. ㅡ ri.
Eu gargalho de sua fala e busco minha mala e de Jimin, o impedindo de puxar peso.
ㅡ Até breve. ㅡ Jimin diz e deixa um beijo sobre o bebê.
Eu me aproximo mais uma vez de Jiwan e encaro-o bem de pertinho.
ㅡ Diz só mais uma vez. Papa... ㅡ Repito a frase por diversas vezes, mas apenas vejo Jiwan gargalhar, fazendo com que todos riam. ㅡ Papa ama você. ㅡ com um beijo, despeço-me dele, e caminho relutante.
Jimin abraça meu braço e olha as placas certificando-se que estamos indo para o lugar certo. Quando subimos o elevador, indo para o portão correto, eu ainda posso ver Jiwan, e isso faz com que me sinta um pouco melhor.
Kihyun o incita a dar tchau, e Chae ri a seu lado.
No topo, ainda paramos para vê-los e Jimin franze o cenho ao ver Kihyun apontar para Jiwan, como se quisesse dizer algo.
ㅡ O que será que ele está falando? ㅡ ele se inclina para tentar ler os lábios de Kihyun, mas a altura e a distância nos impede até de ouvir.
Mas, no fundo, eu sei...
É a resposta.
Jiwan disse. Do jeito dele, ele disse que também sentiria nossa falta e que nos amava.
Do jeito dele, ele disse mais uma vez:
"PAPA".
Continua...