☆ Summer.
Acordei no dia seguinte com batidas na porta.
- Vá embora, estou dormindo. - Falei sonolenta e ouvi um riso.
- Summer. - A pessoa me chamou mas eu estava com sono demais para distinguir sua voz.
- Vai embora Timothe. - Falei aleatoriamente.
Bateram na porta novamente.
- O que é? - Abri a porta e vi o Timothe.
Ele estava só com um calção de banho e com uma blusa no ombro, talvez para vestir depois. Eu tinha total visão de seu peitoral. Desde quando ele malha? Sacudi a cabeça afastando esse pensamento.
- Bom dia.
- Responde. - Ignorei seu "bom dia", era 7:30, num sábado!
- Que bom humor! - Ele entrou no meu quarto sem permissão e eu dei o dedo do meio pra ele. - Se arruma, você vai me apresentar as paisagens por aqui.
- Eu vou? - Cruzei os braços.
- Vai. - Ele me desafiou com o olhar.
Fui no meu armário procurar algo pra vestir e ele olhava ao redor do quarto.
Peguei essa roupa e fui pro banheiro, me trocar.
- Vamos logo, tenho coisas mais importantes pra fazer. - Falei depois que sai do banheiro, após escovar meu dente.
- Tipo o que? - Ele perguntou debochado.
- Ficar longe de você. - Falei abrindo a porta e saindo.
Ouvi sua risada.
- Já que você está com roupa de banho, e já que está cedo, vamos pra praia primeiro. - Falei descendo as escadas junto com ele.
Ele assentiu, ninguém tinha levantado ainda. Peguei um iogurte na geladeira e fui caminhando pro lado de fora.
Fomos até a praia, que estava vazia, e ele correu pro mar, parecia uma criancinha. Ri disso. No Alasca não temos praias, então é compreensível.
Forrei um pano na areia e me sentei. Como eu peguei minha mochila resolvi procurar pelo meu caderno.
Tinha tempo que eu não desenhava, pela primeira vez me senti bloqueada. O lápis estava em minha mão e eu não fazia ideia do que fazer com ele. Suspirei, isso é frustrante.
Eu estava distraída olhando o papel em branco e ouço a voz do garoto dizer. Ele tinha deitado na canga.
- E ai? Tem certeza que não vai dar um mergulho? - Ele sabe bem a resposta, mas fez de propósito.
- Eu iria, se fosse pra te afogar. - Falei, dando um sorriso debochado e ele riu.
- Tudo bem, tudo bem. - Ele se rendeu. - Seu caderno de desenho. - Ele pegou.
- Não! Timothe, devolve! Você sabe que eu não mostro pra ninguém. - Pedi.
- Com uma condição. - Ele falou segurando o caderno no alto.
- Eu estou ouvindo. - Falei tentando considerar.
Ele apontou pra bochecha dele. Ele queria um beijo.
- Não, nem isso você merece. Me delvove o maldito caderno, antes que você não possa ter filhos. - Ameacei chuta-lo.
Ele suspirou.
- Vejamos o que temos aqui. - Ele começou a folhear o caderno.
- Tudo bem! Se abaixe, por favor. - Pedi, ele não sabia o que o esperava.
Ele se abaixou, cheguei bem perto de seu rosto. E quando ele achou que eu daria o beijo em sua bochecha, chutei seu joelho.
- Ai, pra quê isso? - Ele se sentou na canga e devolveu o caderno com raiva.
- Eu podia ter mirado um pouco mais em cima, fui generosa até. - Falei pegando meu caderno e colocando-o na mochila.
Ficamos em silêncio por um curto período de tempo.
- Estou gostando bastante daqui. - Ele falou de olhos fechados, apreciando o calor do Sol.
- Que bom pra você. - Falei.
- Vamos comer sorvete? - Agora ele realmente soava como uma criança, mas quem consegue dizer não pra sorvete?
Dei um olhar cerrado pra ele e vi seus olhinhos pidões.
- Tudo bem, vamos logo. - Me levantei e esperei ele levantar, para dobrar a canga.
Ele comemorou e se levantou.
Eu tinha ido numa sorveteria pequena com a Violet a um tempo, eu sabia exatamente onde era.
Chegamos lá, e eu pedi pra mim uma bola sorvete azul, que tinha sabor de chiclete e uma bola de sorvete de morango. Peguei uma mesa e esperei o garoto se sentar com seu pedido. Ele tinha comprado um sorvete com uma bola de chocolate e uma bola de pistache.
- Hum, essa sorveteria é boa. - Ele comentou, enquanto eu comia do meu sorvete.
- É como qualquer outra. - Dei de ombros, não via diferença.
- Para de ser chata. - Ele brincou e foi lamber seu sorvete e sujou o nariz.
Ri, ele não tinha percebido. Se Timothe não fosse tão provocador, eu diria que ele é adorável.
- Que foi? - Ele perguntou desconfiado.
- Nada não. - Tentei disfarçar um riso.
- O que é Sunday? - Ele perguntou um pouco impaciente.
- Seu nariz, bobo. Tá sujo de sorvete de chocolate. - Ri mais uma vez.
- Sujo assim? - Ele esbarrou o sorvete no meu nariz.
- Você não fez isso! - Ri e sujei seu rosto mais ainda.
Ele riu e lambeu o sorvete rosa que estava em seu rosto. Peguei um guardanapo e limpei meu nariz.
Terminamos nossos sorvetes e fomos pra casa, eu estava cansada e ele precisava de um banho pra tirar o sal do corpo.
- Gostei de passar esse tempo com você, Sunday. - Ele falou assim que chegamos em casa.
- Foi... tolerável. - Não entregaria pra ele que foi um tempo divertido.
- Custa você dizer que gostou também? - Ele falou praticamente implorando.
- Custa, minha dignidade. - Brinquei e ele deu um sorriso de canto.
- Eu sei que você gostou, pode até escolher não falar nada, mas seus sorrisos dizem muito. - Ele tinha um lado poético, sempre foi assim. Ele conseguia me ler facilmente, era quase impossível esconder as coisas dele.
- Tudo bem, vai tomar um banho, você está cheirando a sal puro. - Falei, trocando de assunto e ele me puxou.
Ele tinha me abraçado. Ele cheirava a mar, e percebi que seus cabelos estavam cheios de areia.
- Eu realmente senti sua falta. - Ele falou na curva do meu ombro.
Retribui o abraço, por mais que eu detestasse as brincadeiras pervertidas dele, tinha muitas vezes que a companhia dele era boa, como foi nesse dia. Ele não tentou me beijar, o que foi um avanço.
- Eu nunca admitiria pra você que senti saudades também. - Brinquei e ele riu.
- Você acabou de admitir. - Ele falou depois de desvencilhar seus braços de mim.
- Eu acabei? - Me fiz de desintendida e ele deu outra risada. - Vou almoçar no quarto, te vejo no jantar Timothe.
- Até mais tarde Sunday. - Deixei ele no andar de baixo e subi pro meu quarto.
Quando abri a porta vi um presente embrulhado na cama.
Sinto muito por tudo, sei que não quer me ver ou me ouvir. Então pelo ao menos aceite o meu presente, feliz aniversário, baixinha.
- JJ.
Rasguei o papel de presente e vi um caderno de desenhos, tinha uma capa carmim que parecia ser de couro. Passei a mão pela extensão do caderno e o segurei contra o meu peito. Era algo tão simples, mas tinha um grande valor pra mim.
Ainda sinto sua falta, maldito loiro de olhos azuis.
Algumas horas antes...
☆ JJ.
Acordei cedo sem querer e resolvi surfar, daqui a pouco eu iria trabalhar para o pai do Pope. Peguei minha prancha e fui pra praia.
Comecei a surfar e vi um garoto mergulhando no mar e uma garota sentada na areia.
O mar não estava muito agitado e quando eu parei para tentar reconhecer quem era, vi a Summer. Depois de uns mergulhos o garoto, que eu não conhecia, foi ficar ao lado dela.
Eles pareciam bem próximos, mas porque caralhos eu me importava com isso?
O menino ria diversas vezes, talvez ela tivesse me superado, afinal. Dei de ombros, eu não queria me envolver mais a nada relacionado a Summer, porém pensei em dar a ela algo que ela usa muito. Um caderno de desenhos.
Kie tinha me ajudado a escolher e ela embrulhou pra mim.
Depois que os dois sairam da praia, fui na casa das Simpson's e escalei até o quarto de Summer.
Estava do mesmo jeito que eu me lembrava. Deixei o presente e o cartão em cima da cama. Era algo simples, mas espero que ela goste.
Por mais que seja difícil, eu ainda sinto falta dela, Deus sabe que eu sinto.
Sai do quarto e fui pra loja do senhor Heyward, tinha que trabalhar afinal.
🌊🌊🌊
Adivinha quem chorou escrevendo? Eu mesma. Adorei a interação no cap anterior, comentem sim, cada vez mais, adoro ver suas reações e rir com elas. Obrigada por todo apoio meu amores, beijo pra vcs 💙🌊