Anthony estava em sua casa, em Londres. Olhava pela janela, pensando em Anne. O dia estava frio e chuvoso e ele tomava um copo de uísque para esquentar.
Olhou para a caixa que ele havia colocado em cima da mesa. Ninguém nunca soube da existência dela. Assim que encontrou ele guardou para si mesmo, escondendo até dos irmãos.
Ele amava aquele casarão, algo ali mexia com ele. Ficou fascinado pela história de seus antepassados e com a falta de interesse dos irmãos, ele acabou ficando com a casa para si.
Passou a mão pela tampa da caixa lembrando de quando a encontrou no quarto principal da casa. Seus pais mantinham a casa fechada, porém, nunca descuidaram de seu interior. O jardim estava sempre bem cuidado e fachada também.
Os irmãos não entendiam o motivo dos pais nunca venderem a casa, já tiveram propostas altíssimas e mesmo assim preferiram mantê-la. Mas Anthony sabia.
Abriu a caixa e olhou seu interior. Livros antigos, desenhos e um celular. Sorriu ao lembrar da surpresa que ele teve quando abriu aquela tampa pela primeira vez. Parecia uma arca do tesouro.
Passou a mão pela capa de um dos livros, era um couro trabalhado, que ele adorava, era um verdadeiro tesouro. Dentro estava as memórias de um de seus antepassados, Samantha Pusset.
Quando ele achou a caixa, não soube ler o que tinha dentro, mas depois de descobrir em qual língua ele foi escrito, ele aprendeu Português e hoje é fluente.
Havia mais alguns livros de Samantha, mas o que mais o interessava era o livro de Rose Birdwhistle. Na primeira página estava escrito "Para Anne" e ele leu aquele livro muitas vezes, imaginando como ela seria.
Ele quase não acreditou quando a viu tocando o piano em seu casarão. Sabia que colocar o piano ali seria uma boa idéia.
Respirou fundo pensando nela. Ele estava completamente fascinado por Anne. "Como ela está conseguindo se adaptar aqui?" murmurou.
Anthony tinha imaginado milhões de vezes como ele a ajudaria com a adaptação, como ele a ensinaria a usar as novas tecnologias, a faria provar novas refeições.
"Você vai ser minha" ele falou tomando o último gole de uísque de seu copo. Fechou a tampa e guardou a caixa novamente em seu quarto, escondido dentro de seu closet.
Arrumou uma mala pequena e seu passaporte. Iria voltar para Berlim, teria uma semana pra pensar em novas estratégias para conquistar Anne.
……….
"Schatz" ele ouviu quando entrou em sua casa. Era Anelise vindo em sua direção, o chamando de tesouro, como sempre fazia. "Conseguiu voltar mais cedo!" disse se atirando em seus braços.
Ele a beijou ardentemente "Sim, consegui voltar para passar o Ano novo com você, mas janeiro tenho que voltar para Londres" disse passando a mão pelo corpo dela.
"Mmmm quem sabe eu vou com você" ela disse gemendo com o toque dele.
Ele colocou os dedos em seus lábios, fazendo ela parar de falar e tirou sua roupa. Ela já estava pronta para ele, e ali mesmo onde estavam se entregaram ao prazer.
Durante o banho ele pensou em sua situação. Ele gostava de Anelise, a amava de algum modo. Mas Anne era dele, era seu destino. Ele sabia disso e a esperaria. Enquanto isso não acontecia ele ficaria com Anelise.
Sabia que ela sofreria com o rompimento, mas não tinha nada que ele pudesse fazer. Estava escrito nas estrelas.
Mais tarde enviou uma mensagem para Anne.
"Olá senhorita, teve um bom Natal?".
Ele esperou a resposta, como ela sempre fazia rapidamente, mas não recebeu. Ficou irritado e jogou seu celular longe.
………
Anne passou o feriado de Natal com Robert. Passaram a tarde toda no sofá, debaixo da coberta, comendo e assistindo filmes de Natal.
"Anne.." Robert disse "Não comprei nenhum presente para você, me perdoa?".
"Oh, não tem problema. Eu não ligo pra isso" ela disse sentando no sofá.
"Eu pensei em comprar, mas fiquei com medo de você estar namorando com Anthony e o presente dele seria muito melhor do que eu meu" disse dando de ombros.
Anne sorriu e tocou seu rosto. "Eu sei que ficou desconfortável com os presentes que ele me deu, mas não sabia como te falar que o porta retrato que me deu, foi o melhor presente que recebi" disse suspirando.
"Eu já tive presentes de valor e jóias Robert, não é isso que preciso. Você capturou um momento importante e o emoldurou. Nós não tínhamos fotografias com essa facilidade, foi especial". Disse com os olhos marejados e Robert, emocionado, a puxou para seu colo e a abraçou.
"Eu não sabia" sussurrou "Eu sou um bobo".
Ela sorriu e concordou o beijando "Sim, você é".
"Já volto" ela disse levantando e subindo as escadas. Robert sentou no sofá e ficou esperando.
Fez um agradecimento mental ao Papai Noel, Anne foi o melhor presente que ele poderia ter recebido.
Então ela voltou com a sacola nas mãos. Ele achou melhor não comentar que já tinha visto a sacola saindo debaixo de seu colchão.
"Rob.. Eu tenho um presente pra você" ela disse o entregando a sacola. Agora o porta retrato estava dentro da caixa, com a foto dentro. "Essa foi a maneira que encontrei de te mostrar que seu presente foi especial".
Ele olhava para a fotografia emocionado. "Eu adorei, obrigado meu amor" disse a puxando para um abraço. Deitou ela em seu colo e a beijou apaixonadamente.
……….
No outro dia, decidiram ir até o casarão. Ela estava doida para tocar seu piano e Robert a acompanhou.
"Olá Debbie" ela disse entrando e apresentou Robert para ela.
"Passou bem o Natal?" Debbie perguntou e Anne disse que sim. "Posso tocar o piano hoje?".
"Claro, fique a vontade" ela respondeu sorrindo e os dois foram até a biblioteca.
Estava um pouco vazio e Robert sentou em uma das poltronas para assisti-la. Resolveu fazer um vídeo com seu celular.
Anne passou as mãos pela madeira de seu piano, ela o adorava. E agradecia a oportunidade de poder tocá-lo. Sentou e tocou uma música que ela costumava tocar nas noites de Natal.
Quando terminou, andou pela casa com Robert novamente, agora ela conseguia fazê-lo sem chorar. Aproveitou que não estava chovendo e foram até as tendas do jardim.
"Foi aqui que Samantha fez a viagem" ela sussurrou para Robert. Entraram e viram todos as vestimentas antigas que tinha ali, para fotografarem.
"Vamos tirar uma foto Rob?" ela o convidou sorrindo e ele aceitou. Escolheram suas roupas e foram para a cabine de fotos. Escolheram a melhor opção e imprimiram.
"Isso é incrível não é? Toda essa tecnologia e facilidade!" ela exclamou.
"Sim, não consigo imaginar como era em seu tempo. Você acha que eu me sairia bem?" disse olhando a foto dos dois, em tons de sépia.
"Eu não sei" disse rindo "Você é muito tecnológico, não sei se teria uma boa adaptação".
Eles riram e foram na lojinha que tinha na outra tenda, comprar um porta retrato. Compraram uma moldura de ferro, trabalhado, que parecia um objeto vitoriano.
Saindo da tenda, encontram outra funcionária do casarão. "Hey Anne.. Tudo bem?" disse Amanda, chegando perto deles.
"Oi Amanda, tudo bem, como foi seu Natal?" disse a cumprimentando.
"Foi ótimo! Passei com minha família" disse sorrindo. Ela estava com um lenço na mão e o entregou para Anne ver "Olha que lindo o que eu acabei de encontrar na beirada da calçada!!" exclamou.
Anne abriu o lenço e se deparou com o medalhão. Robert deu um tapa em sua mão fazendo o objeto voar longe.
Anne o olhou assustada e Amanda saiu correndo para o pegar novamente. "O que deu em você?" disse irritada.
"Desculpa, foi mal" Robert disse respirando fundo "Tinha um bicho grudado, fiquei com medo que subisse nela".
Foi uma desculpa horrível, mas ele não pensou muito antes de responder. Esse medalhão o assustava, ele tinha que ser encontrado justo no dia que eles estavam lá?! O destino brincavam com eles e isso o assustava de verdade.
"Ah tinha mesmo um bicho, desculpa Amanda, homens né.. Não são delicados" disse sorrindo disfarçando o nervosismo.
"Okay" ela disse dando de ombros. "Vou mandar arrumar, está quebrado" ela disse o embrulhando novamente no lenço.
"É realmente muito lindo, parece um objeto vitoriano, como essa casa" Anne disse sorrindo, mas tremia por dentro.
"Verdade, vou colocá-lo nos acessórios das fotos, mas vou deixar bem claro que é um empréstimo. Ele é meu" Amanda disse rindo e se despediu entrando na tenda para trabalhar.