{PT} Brianna and John's Thing...

De skeltonberry

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{OUTLANDER MODERN AU} • Brianna Fraser é a garota perfeita em todos os sentidos: filha exemplar, aluna refere... Mais

PRÓLOGO
1. W 86TH STREET STATION
2. DIAS DE LUTA, DIAS DE DERROTA
3. ILUSÕES E DESILUSÕES
4. AMIGOS
5. BURN, BABY, BURN
6. FLERTE INOFENSIVO
7. RETRATO DE FAMÍLIA
8. SOBRE HOMENS E TERNOS
9. JUÍZO FINAL
10. UMA BENÇÃO DISFARÇADA
11. ISSO NÃO É UM ENCONTRO
12. PROPOSTAS INDECENTES
14. DE JOELHOS
15. TERMOS E CONDIÇÕES
16. MUDANÇAS NECESSÁRIAS
17. DESAMPARADA
18. MEDIDAS DESESPERADAS
19. DECISÕES, DECISÕES
20. ALGO VELHO, ALGO NOVO, ALGO EMPRESTADO, ALGO AZUL
21. CONSEQUÊNCIAS EMOCIONAIS E REVELAÇÕES
22. BRINCANDO COM FOGO
23. SURPRESA
24. ESTE SOU EU TENTANDO
25. COMO O GRINCH ROUBOU O NATAL
26. A QUEDA DE ÍCARO
27. FINS E COMEÇOS
28. MINTA PARA MIM
29. TARDE DEMAIS
30. EXORCISMO
31. O MEU ERRO
32. VIENNA
EPÍLOGO 1
EPÍLOGO 2

13. LINHA TÊNUE

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De skeltonberry

BRIANNA


A verdade era simples: Brianna estava esperando por aquilo. Estava pedindo, até.

Para alguém que tentava ser racional na maior parte do tempo, ela havia chutado o balde completamente se tratando de seus sentimentos por John, apenas porque não havia uma explicação lógica para aquilo. O que quer que já existisse antes entre eles havia sido completamente intensificado depois daquele beijo. Ela simplesmente não conseguia parar de pensar nele e duvidava que pudesse manter o autocontrole quando o visse novamente.

Foi por isso que ela escolheu aquele vestido, especificamente. Foi por isso que ela decidiu não usar um sutiã – que não iria favorecer em nada o decote do vestido – e nem uma calcinha – que seria uma mera inconveniência para que ela finalmente conseguisse o que queria até o fim daquela noite. O mais longe que Brianna havia ido – sexualmente falando – havia sido... a lugar algum. Talvez porque ela não se sentisse tão atraída por seus ex-namorados como ela se sentia por John. Talvez ela fosse louca, mas não era simplesmente o seu desejo por ele... ela confiava nele.

Quem sabe talvez justamente por isso ela fosse louca.

Não importava – pelo menos era isso que ela repetia em sua cabeça enquanto se arrumava, tentando parecer segura de si e, ao mesmo tempo, extremamente gostosa. Não esperava menos da reação de John ao vê-la além de que ele a devorasse com os olhos... e depois com a boca. Provavelmente a conversa com Fergus horas atrás havia sido a cereja do bolo para que ela tivesse certeza de que estava pronta.

"Você nunca bancou o irmão-mais-velho-superprotetor antes", observou ela, depois de Fergus contar algumas partes da conversa que havia tido com John no almoço que fizeram com que ela enrubescesse.

"Bem, talvez porque eu não conseguia olhar diretamente para a cara do Roger sem sentir vontade de vomitar", Fergus disse, e ela riu. "E, honestamente, nem lembro o nome dos seus outros ex-namorados. Mas você não se importava com eles da mesma forma que se importa com John – e nem tente me enganar, eu sou francês. Entendo bem a linguagem do amor."

Ela revirou os olhos para essa última parte, mas o restante era verdade. Fergus a conhecia bem, mas Bree desconfiava que talvez aquilo já estivesse óbvio para todo mundo.

"E não se preocupe", Fergus assegurou. Se havia alguém em quem ela podia confiar, era seu irmão. "John também se importa com você. Muito. Mesmo que nenhum de vocês saiba o que está rolando entre os dois... ele se importa."

Aquela resposta havia sido o suficiente para ela. Era óbvio, já que Brianna estava ali, em cima do balcão de seu apartamento, prestes a se entregar completamente para John como nunca havia feito para outra pessoa antes.

O beijo dele fez com que qualquer pensamento em sua mente se esvaísse como fumaça. Brianna esperava que não parecesse tão fora de si quanto se sentia – ainda era ela, é claro, tudo havia sido consensual e ela havia praticamente tomado as rédeas quando abaixou o decote, expondo o seio descoberto. Ela tentou pensar que aquela era uma versão mais poderosa de si mesma, mais decidida – uma Bree que não precisava pensar exageradamente antes de tomar qualquer decisão –, no entanto, qualquer resquício de pensamento fugiu de sua cabeça quando ela sentiu a boca de John em seu mamilo.

Céus. John Grey podia fazer coisas muito mais interessantes com a língua além de provocá-la e falar cinco idiomas.

Sua mente estava anestesiada pelo prazer e ela não fazia ideia de que tipos de som estava deixando escapar pela sua boca, mas o que quer que fossem pareciam ser um incentivo para John. Bom. Ela queria a boca dele em todas as partes de seu corpo, queria fazer o mesmo com ele em seguida, e queria ele dentro dela depois.

Quando ele se abaixou, a voz de sua consciência que parecia ter sido atropelada pelo caminhão do tesão ressuscitou repentinamente. As pernas dela estavam abertas e ele começou a beijar a parte interna de suas coxas – a barba por fazer roçando na pele dela ali parecia ter o mesmo efeito de fogo no querosene. Ela o queria tanto que estava surpresa consigo mesma – não achava que era possível sentir algo tão forte como aquilo. Como ela havia percebido desde o dia que eles se beijaram, John era um dominador. Ele percebeu que a espera era tortura e decidiu se deliciar com os gemidos que Brianna soltava enquanto a boca dele se aproximava, aos poucos, da parte do corpo dela que estava pulsando com desejo.

Ai meu Deus.

Eu realmente vou fazer isso. Ele realmente vai- nós vamos...

Ela estava prestes a ter um ataque de virgem-em-pânico quando um celular começou a tocar.

Não era o celular dela, é claro. Brianna não se lembrava da última vez em que havia tirado o celular do modo silencioso – talvez nunca desde que o havia comprado, o que era bastante inconveniente quando alguém precisava falar com ela em situações de urgência. O celular era de John.

— John — ela sussurrou, quase sem forças para dizer uma palavra sequer, quanto mais uma frase completa.

— Ignore — ele ordenou, e aquele tom de voz fez com que ela se arrepiasse ainda mais. John mordeu a coxa dela, cada vez mais próximo de onde ela realmente queria que a boca dele estivesse, o mais rápido possível.

Mas o celular não parou de tocar.

— Deve... ser importante — Bree conseguiu colocar para fora, ofegante. A sua visão ainda estava turva, como se seu corpo inteiro estivesse se concentrando no homem que estava diante dela e entre suas pernas.

John deveria saber que ela queria ignorar a ligação tanto quanto ele, mas o ringtone havia rapidamente se tornado a pior trilha sonora para fazer sexo.

— Não se mova — falou ele, se levantando, com aquele mesmo tom de voz autoritário que fez com que ela tivesse a única reação possível: mordeu o lábio para tentar controlar todos os pensamentos impuros na sua mente. Poderiam nem ser mais somente pensamentos – àquela altura, Bree já não sabia mais diferenciar o que era real e o que não era.

Tentou não ficar envergonhada quando ele se afastou para atender o telefone, com a postura tensa de raiva e o tom de voz quase que alterado ao responder a ligação. Era Denny, ela o ouviu dizer enquanto puxava a parte de cima do vestido para cobrir o seio e abaixou a barra dele em seguida. Mesmo que John tivesse soado absurdamente sexy ao mandá-la ficar exatamente do jeito como estava, Brianna sabia que o clima havia sido arruinado por Denzell e o que quer que ele tinha para dizer.

Ela olhou por cima do ombro ao perceber que, depois de soltar alguns palavrões para xingar Denny, John ficou completamente estático, em silêncio. Brianna era boa o suficiente em leitura corporal para perceber que a ligação o havia deixado abalado e, logo em seguida, ela pulou do balcão para ir até ele.

— Ei — disse ela, com a voz suave, colocando uma das mãos nas costas dele — Está tudo bem?

— Willie — disse ele, alguns segundos depois — está doente.

Willie? Ela não conhecia aquele nome, percebeu. John nunca tinha o mencionado.

— Sinto muito — disse ela, verdadeiramente preocupada — É seu amigo?

O rosto dele estava tão pálido e seus olhos pareciam tão tristes que ela se surpreendeu um pouco com a resposta, mesmo que se identificasse com o que quer que ele estava sentindo naquele momento.

— É meu cachorro, na verdade. — John respondeu.


...


Depois de vestir um sobretudo preto (e uma calcinha), longo o suficiente para cobrir o vestido nada comportado que ela estava usando e grosso o bastante para mantê-la aquecida, já que a noite estava fria, Bree avisou a John que só precisava trocar os saltos altos por sapatos mais confortáveis e eles podiam sair. Ele insistiu, é claro, que ela não precisava ir – mas ela era mais teimosa do que ele.

Brianna não sabia que John tinha um cachorro de estimação, e entre a genuína preocupação que estava sentindo pelo pobre animalzinho – o tom de Denzell pareceu bastante alarmante, pelo que ele contou – ela também estava animada para conhecê-lo. Ela ganhou um cachorro de presente de aniversário quando era criança, e Rollo foi um fiel companheiro até o terceiro ano do ensino médio de Bree. Depois que ele faleceu, Jamie deu para Claire um gato de presente, que eles batizaram de Adso, em homenagem ao gato de estimação que vovó Ellen tinha com o mesmo nome quando Pa era pequeno.

Se perguntassem, ela sempre diria que gostava de cachorros e gatos igualmente. O que era uma grande mentira.

Eles pegaram o metrô, que com certeza era mais eficiente para se deslocarem do Upper West Side até o Brooklyn. Sentados no vagão e aguardando a parada de cada uma das estações no caminho, Brianna entrelaçou os dedos aos de John e encostou a cabeça em seu ombro. Ele estava assustado – e com razão, ela sabia a sensação horrível que era ver um bichinho de estimação sofrendo –, então Bree decidiu deixá-lo ficar em silêncio, porque uma conversa apenas para se distrair parecia ser extremamente desnecessária. Em vez disso, ela pensou que seu toque pudesse assegurá-lo de que ela estava com ele e não iria a lugar algum.

Quando atravessaram a ponte do Brooklyn, Brianna percebeu que John prendeu a respiração.

— Olhe — começou ele — Não é... não é exatamente o apartamento mais agradável do mundo, e talvez tenha a metade do tamanho do seu, mas...

Brianna revirou os olhos.

— Você não acha de verdade que eu me importo com isso, acha? — perguntou ela, séria, e levou uma das mãos ao rosto dele em seguida, fazendo com que ele olhasse para ela — John, eu já disse antes. Você não precisa ter vergonha do que você tem, ou do que você faz, ou de onde você mora. Nada disso é importante para mim. Você é.

Ela nem percebeu que havia soltado as últimas palavras até perceber o olhar dele. A princípio, Brianna ficou com medo de que John achasse que ela era uma maluca obcecada – que tipo de pessoa diria algo assim tão pouco tempo depois de se conhecerem? Bree corrigiu a postura, tensa, e pensou que provavelmente deveria afastar-se dele para não parecer tão idiota.

Antes que ela fizesse isso, ele virou o rosto levemente e beijou a mão dela que o tocava.

— A recíproca é verdadeira — disse ele, simplesmente, o que a fez sorrir. Quando o trem parou na estação que, ela supôs, era a dele, John se levantou e estendeu a mão para que ela ficasse de pé também.

Ela se deixou ser guiada por John na direção do prédio em que ele morava, com o braço entrelaçado ao dele. Não havia sido uma caminhada longa, e eles subiram as escadas até que John parou, tenso, no corredor entre as portas.

— Há outra coisa que eu esqueci de contar — disse ele, parecendo estar com vontade de rir daquela situação toda, apesar da preocupação evidente — Willie... pode ser que ele a assuste. Ele não é um cachorro normal. Desconfiamos que, na verdade, ele seja o anticristo.

Bree bufou e deu um empurrãozinho de leve nele, como se estivesse o obrigando a abrir a porta logo.

— Todos os cachorros são anjos — respondeu ela — Vamos!

John destrancou a porta e entrou imediatamente – ela o seguiu, percebendo que Denzell estava sentado no chão, próximo ao sofá, e pareceu chocado ao vê-la ali, como se fosse uma intrusa invadindo um lugar onde não era bem-vinda (ou talvez fosse apenas sua mente melodramática tentando sabotá-la).

— O que aconteceu? — John perguntou. O cachorro marrom, Willie, estava deitado no sofá, encolhido e tremendo.

— Ele não comeu nada o dia todo, mas vomitou bile e sangue — Denny respondeu — Além de estar extremamente quieto.

— Ai, meu Deus — Brianna soltou, aflita. Ela se ajoelhou ao lado do sofá também e levou o dedo indicador ao focinho de Willie, que estava quente e seco — Ele está com febre — disse ela, e em seguida tocou levemente com a ponta dos dedos na barriga do animalzinho, que soltou um choro que partiu seu coração — A barriguinha dele está inchada.

Percebendo que nenhum dos dois homens havia falado nada, Brianna olhou por cima do ombro para eles. John e Denny estavam se entreolhando com uma cara engraçada que ela não conseguiu entender.

— O que foi? — perguntou ela, irritada.

— Willie gosta de você — Denny respondeu.

— E Willie não gosta de ninguém — John completou.

O comentário teria a deixado feliz e sorridente se ela não estivesse tão preocupada.

— Bem, eu também gosto dele — ela falou suavemente, pegando Willie no colo. Para um cachorro que havia sido descrito pelo dono como o "anticristo", ele parecia extremamente quieto, além dos ganidos de dor baixinhos que soltara. — Um de vocês, procure a clínica veterinária aberta mais próxima. O outro, chame um Uber. E também precisamos de uma toalha, caso ele vomite no carro. — ordenou ela. John e Denny ainda estavam parados como dois patetas — Agora! — ela exclamou, trazendo-os de volta para a órbita.

Felizmente havia uma clínica veterinária 24 horas aberta a alguns quarteirões de distância, e o trânsito naquela região do Dumbo àquela hora já não era mais tão caótico. Quando eles chegaram e perceberam que não tinha ninguém na sala de espera da clínica, Bree soltou um suspiro aliviado. Não demorou muito para que o veterinário examinasse Willie, mas ele ainda precisaria fazer exames para confirmar sua suspeita de que o cachorrinho estava com pancreatite. De qualquer forma, Willie precisaria ficar internado ali por pelo menos um dia, recebendo soro na veia porque estava fraco e desidratado.

— Você deveria levá-la para casa — Denny falou para John enquanto o veterinário preparava Willie.

— Não seja ridículo — Bree interviu — Vamos ficar aqui com você, eu não trabalho amanhã. — disse ela, embora ela tivesse trabalhado bastante naquele dia e apenas depois daquela situação assustadora o cansaço começou a se manifestar.

— Honestamente — disse Denny, parecendo sinceramente preocupado com ela — Apenas um de nós deveria ficar, vocês podem ir. Trocamos de turno pela manhã? — perguntou ele para John.

— Sim — John respondeu, colocando um braço ao redor dos ombros de Brianna como se dissesse "estamos saindo agora".

— Com licença — disse ela, franzindo o cenho — A minha opinião não conta aqui?

— Não — os dois responderam em uníssono. Ela quis argumentar, mas achou que já estava se metendo demais no assunto que não era dela. Afinal, eles eram os donos de Willie.

Quando Denzell falou que John deveria levá-la para casa, ela imaginou que ele estivesse falando do apartamento dela. Brianna evitava ao máximo utilizar o metrô depois das nove da noite por não se sentir segura, e uma corrida de táxi dali até sua casa seria, no mínimo, uns duzentos dólares – ela não tinha esse dinheiro, apenas havia trazido consigo uma carteira com o MetroCard e os cartões de crédito, então estava ponderando o que seria a coisa mais inteligente a se fazer quando John a encarou, como se percebesse que a mente dela estava trabalhando.

— Você não acha que eu vou deixar você voltar agora para casa, acha? — perguntou ele. Ela abriu a boca para responder, mas ele foi mais rápida — De jeito nenhum. Está tarde. Fique.

Brianna pensou em dizer algo para contra-argumentar, mas aparentemente seu cérebro havia derretido. Ela apenas concordou, sentido um frio na barriga... de um jeito bom.

De volta ao apartamento de John e Denny, que estava devidamente aquecido, ela se sentiu ridícula quando ele tirou o sobretudo dela, deixando-a apenas com aquele vestido que provavelmente ela nunca mais iria conseguir usar novamente sem ter uma crise de riso – muito tempo depois, é claro, quando Willie estivesse melhor e aquela situação toda deixasse de ser assustadora e se tornasse apenas constrangedora. Bree sentiu o estômago roncar e se lembrou: ela não havia comido nada desde o almoço.

— Você estava tão empenhado em cozinhar e nós nem tivemos tempo para isso. É uma pena — disse ela, embora o olhar que John havia lançado para ela em seguida dissesse que ele não se arrependia de nada, e muito menos ela. Brianna olhou para a cozinha e se surpreendeu: era realmente pequena, mas surpreendentemente limpa para o apartamento onde moravam dois homens. Se lembrou de quando ela e Mamãe viajaram sozinhas e, quando voltaram para casa, parecia que um furacão havia passado por ali. Ela decidiu imitá-lo e repetiu exatamente o que ele havia dito algumas horas atrás: — Você vem ou não?

John riu, e foi.

Já que ela tinha bancado a intrometida várias vezes naquela noite, achou que mais uma vez não iria machucar e começou a abrir os armários, procurando ingredientes para cozinhar a única coisa que tinha certeza que ficaria bom.

— Se os seus planos eram comer comida italiana, considere esse o seu dia de sorte. Massa é a única coisa que eu sei cozinhar de verdade — admitiu ela, organizando os ingredientes que iria usar na bancada da pia, ao lado do fogão.

John a abraçou por trás e ela ficou sem reação por um momento. Era apenas... uma sensação gostosa, tê-lo segurando-a contra si com carinho. Não havia nenhuma explicação que fizesse sentido para que ela entendesse o porquê de ela se sentir tão confortável com ele.

— Você foi incrível — disse ele, e ela sentiu o rosto esquentar — Digo, por saber exatamente o que fazer com Willie, enquanto eu e Denny ficamos em estado de choque.

Ela soltou uma risadinha.

— Bem, há uma explicação simples para isso: vocês são homens. Homens não conseguem agir em situações críticas, quase sempre ficam em estado de choque para assimilar — Brianna respondeu, misturando os ingredientes para o molho na panela que já estava no fogão e esforçando-se ao máximo para continuar agindo como um ser humano normal enquanto John beijava seu pescoço.

— Coloque manjericão no molho — disse ele.

— O quê? — ela franziu a testa — Eu nunca...

— Sério, confie em mim — ele riu.

Bree revirou os olhos.

— Esqueci que o chef de cozinha aqui é você — rebateu, sarcástica, mas fez o que ele mandou. Enquanto estavam em silêncio, ela aproveitou para acrescentar: — Você não estava sendo pretensioso, aliás.

— Hm? — ele perguntou.

— Vou riscar o item da minha lista — respondeu ela, em uma forma mais sutil de dizer você é, sim, alguém especial.

John era esperto o suficiente para entender.

Ela precisava admitir que ele tinha razão: o molho do macarrão havia ficado muito mais gostoso do que normalmente ficava depois que ela colocou manjericão. Eles comeram no sofá, rindo e contando sobre o que haviam feito naquele dia nos intervalos entre as mastigadas. Assim que os pratos dos dois ficaram vazios e eles ficaram em silêncio, Brianna percebeu – seria impossível não perceber – o olhar de John em seu decote e pensou que provavelmente sua pele estava da cor do vestido.

— Você quer uma camisa emprestada? — perguntou ele, surpreendendo-a.

— Meu Deus, sim — ela respondeu, rindo de alívio — Eu estava pensando em como seria desconfortável dormir com esse vestido, ainda mais depois de comer.

— Só um minuto — disse John, se levantando do sofá com os pratos vazios deles, que ele deixou na cozinha antes de desaparecer dentro do quarto. Voltou alguns minutos depois, vestido com um moletom cinza com as letras NYU em roxo e uma calça do mesmo material.

— Aw, que fofo! — ela disse, sorrindo — Eu também uso meus moletons de Harvard e do MIT quando estou me sentindo nostálgica.

— Você estudou em Harvard? — perguntou ele, estendendo uma camiseta social branca de botões para ela.

— Ah, só por um semestre. Fiquei entediada — ela deu de ombros — Pensei que já tivesse contado essa história.

John estava com uma expressão engraçada.

— Você saiu de Harvard porque estava entediada — repetiu ele — Se isso não grita Brianna Fraser, não sei o que mais poderia ser.

Ela semicerrou os olhos, lançando um olhar torto para ele.

— Engraçadinho — falou ela, e abriu a camiseta que ele havia entregado — Meu Deus, cabem dois de você aqui!

— Meu ponto, exatamente. Vai servir como uma camisola em você — John cruzou os braços e riu, sentando-se novamente no sofá. Ela percebeu que, além da camiseta, ele também havia trazido um cobertor. — Meu irmão, Hal, me deu de presente. Para alguém tão inteligente, ele não tem a menor noção de tamanho quando vai comprar roupas.

Bree riu. Ela agradeceu e perguntou onde era o banheiro para se trocar. Mesmo que John tivesse visto o suficiente dela apenas horas atrás, ela repentinamente se sentiu muito autoconsciente e envergonhada.

Depois de se trocar, ela dobrou o vestido e encarou-se no espelho. John estava certo: a camisa estava a apenas dois palmos acima dos joelhos dela. Naquele momento, outro pensamento completamente inapropriado para o momento reapareceu em sua mente como um flashback vívido: John caçoando dela em sua sala de estar porque ela havia colocado "vestir camisetas do meu namorado" na lista. Ela ficou com mais vergonha ainda de si mesma.

Certo, John não era seu namorado. Ela nem sabia o que eles eram, exatamente, mas ela iria trapacear e riscaria o item da lista mesmo assim. Afinal, ele mesmo se ofereceu para ajudá-la a cumpri-los.

John havia se deitado no que era, na verdade, um sofá-cama, e estendeu o braço para ela, convidando-a a se juntar a ele. Ela se aconchegou a ele, sentindo o calor que emanava do corpo de John enquanto encaixava o rosto na curva do seu pescoço. Sim, o sofá não era nem de longe grande o suficiente para duas pessoas altas, mas ela não poderia imaginar um lugar melhor para estar naquele momento.

— Sinto muito por ter arruinado a noite — ele falou baixinho.

Brianna se afastou minimamente, apenas o bastante para olhá-lo nos olhos.

— Você não arruinou nada, seu bobo — ela falou, sorrindo — Ok, uma parte da noite foi estressante, mas o restante... — mordeu o lábio, sem saber exatamente o que dizer para completar.

— Bem, acho que posso me redimir — a mão dele passeou pela coxa dela até dois dedos dele deslizarem por sua calcinha — Eu sei como, você sabe. Se você quiser.

Ela sentiu o corpo inteiro se arrepiar e prendeu a respiração.

— Eu adoraria — admitiu em um sussurro — Mas... acho que talvez a gente deva ir mais devagar.

Brianna conseguiu soar ligeiramente calma enquanto uma onda de alarmes pareciam soar dentro da sua cabeça. O que você está fazendo? Você vai afastá-lo completamente! competindo com Vocês não se conhecem há tanto tempo assim, porque acha que isso é uma boa ideia?

John não pareceu decepcionado. Ele apenas sustentou o olhar dela enquanto afastava a mão de suas partes íntimas.

— Ir mais devagar. — repetiu ele — Tudo bem, parece bom o suficiente para mim — ele sorriu de canto, e Bree fez o mesmo. Estava com tanta vontade de beijar ele que chegava a doer — Brianna... o que nós somos?

Ela temia que essa pergunta eventualmente aparecesse, mas achou que seria ela quem questionaria.

— Nós não precisamos colocar um rótulo se não quisermos — respondeu ela, devagar. — Digo... nós somos amigos. E não, eu não faço isso com meus outros amigos — falou, antes de aproximar o rosto do dele e beijá-lo. Não foi um beijo avassalador como os outros, mas um tranquilo, calmo, e ela sentiu que talvez fosse o mais cheio de sentimento até então. Os olhos de John ainda estavam fechados quando ela continuou a falar: — Podemos... deixar acontecer naturalmente e vemos o que acontece.

Ele sorriu e ergueu uma mão para prender a mecha de cabelo que caía por cima do rosto dela atrás de sua orelha, um gesto tão terno que a fez sorrir mais uma vez.

Então, era isso. Ir mais devagar. Deixar as coisas acontecerem naturalmente. Depois daquela conversa, ela se aconchegou novamente a ele e dormiu.

...

— John — Brianna gemeu, e acordou em seguida com um sobressalto que o assustou.

O coração dela estava acelerado e sua respiração, ofegante. Bree podia sentir os fios de cabelo grudados na nuca e no pescoço com o suor e se sentou, tentando se acalmar, mesmo que John também tivesse acordado com os movimentos agitados dela.

Por um momento ela pensou se a memória vívida do sonho não estava mexendo com a sua cabeça e ela estava imaginando a sensação deliciosamente dolorida em suas pernas até perceber que John estava apertando com força suas coxas. E que ele, também, parecia envergonhado.

Minha nossa, depois de dizer que eles eram amigos e que deveriam ir devagar, ela havia gemido o nome dele em seu ouvido? Ela era uma pessoa horrível!

— Desculpe — ela sussurrou — Eu tive... — e interrompeu a si mesma. Havia alguma forma casual de dizer tive um sonho erótico com você?

— Eu também — respondeu ele, parecendo tenso. Antes que pudesse controlar a si mesma, Brianna olhou para as calças dele.

— Ah — disse ela, como uma idiota. Mais do que nunca estava com vontade de sumir. Havia como aquilo se tornar mais constrangedor?

— Bree — John estava se esforçando para soar calmo, ela percebeu, o que só fazia-o parecer mais estranho — Eu preciso... você sabe.

— Ah — repetiu ela — Ah! Claro — e se levantou, dando espaço para que ele saísse do sofá.

Se ela fosse pelo menos um pouco tão maluca e confiante quanto Lizzie, teria se oferecido para fazer aquilo por ele. No entanto, seria extremamente inconveniente se Denzell chegasse e encontrasse ela com a mão dentro das calças de John no sofá.

Depois do episódio pós-sonho, Bree decidiu que deveria ir para casa, e John tinha que ir para a clínica para que Denny pudesse descansar um pouco, de qualquer forma. Eles se despediram de maneira desajeitada e ela pediu um Uber, sentindo que o clima daquela manhã estava agradável o suficiente para que ela não precisasse do sobretudo, mas de jeito nenhum iria sair pela cidade apenas com o vestido vermelho. Não era exatamente a caminhada da vergonha que ela tinha imaginado.

Apesar de não ter encontrado John por toda semana que se sucedeu, eles continuaram se falando todos os dias. Ela nunca havia notado o quanto gostava de conversar por ligação – mesmo que houvessem grandes chances de que se fosse com qualquer outra pessoa ela desligaria após os primeiros cinco minutos, no máximo.

Era sexta à noite, novamente. Uma semana desde a fatídica noite caótica, e ela estava em casa sozinha. John estava trabalhando, é claro, na exposição que faria para a River Run Gallery. Fergus... ela nem queria saber onde – ou mais especificamente, com quem – ele estava. Pelo menos seu irmão tinha a decência de não levar garotas para o apartamento dela, e Brianna havia começado a achar que era realmente uma boa ideia que ele alugasse um lugar só para si, mas depois de usar todos os seus horários de almoço naquela semana para visitar lofts e apartamentos com ele, Bree havia oficialmente desistido. Para alguém que não podia se dar ao luxo de pagar os preços exorbitantes de aluguel em Manhattan, Fergus era muito exigente.

— Adivinhe o que chegou no correio hoje — Bree falou, segurando o telefone junto à orelha com uma mão enquanto a outra clicava no controle para passar os canais na televisão.

— Uma lingerie vermelha que você vai me mandar uma foto usando depois? — John perguntou, presunçoso.

— Bem que você queria — respondeu ela. Nota mental: comprar uma lingerie vermelha — Minha mãe mandou um livro autografado para o Denny! Ela até colocou "beijos" na assinatura!

John soltou uma gargalhada gostosa do outro lado da linha.

— Meu Deus, ele vai ter um orgasmo só de ler.

— Não espero menos que isso — ela riu também. — Eu estava pensando se poderia levar para você amanhã, na galeria. Para você entregar para ele.

Bree deu um high five mentalmente em si mesma. Havia discretamente falado que queria vê-lo e com uma desculpa boa o suficiente que não envolvesse os sentimentos de nenhum dos dois.

— Eu adoraria a companhia — John falou.

É claro que ele estava produzindo na sala circular central da galeria, ela imaginou que tia Jo fosse mesmo querer que a exposição dele – ou de William Armstrong, que seja – ficasse no cômodo principal do edifício e sentiu uma enorme sensação de orgulho. Ainda era injusto que John não pudesse receber o devido crédito por sua arte, mas ele não parecia se importar tanto com isso. Na verdade, ela não o via tão feliz assim desde que havia o conhecido – isso deveria contar alguma coisa. Além do mais, não era como se Brianna já tivesse pensado em uma solução efetiva para o problema dele.

Se o visto dele estivesse vencido há pouco tempo... talvez houvessem chances de que ela pudesse pedir a ajuda de tia Jo; já que a mulher conhecia tantas pessoas importantes, Bree não duvidava que ela tivesse seus contatos no escritório de imigração e no consulado americano. Ela até mesmo pensou em pedir ajuda da tia, afinal, Jocasta havia "fugido" para os Estados Unidos apenas com o visto de turista, e permaneceu no país após o período máximo de seis meses permitido para esse tipo de visto. Quando ela conheceu Hector Cameron e se casou com ele, o problema foi resolvido: ela conseguiu um green card e dupla cidadania.

Brianna não disse nada, é claro. Duvidava que até mesmo sua tia pudesse resolver o problema de um visto expirado há três anos, e ela nem sequer comentou esse pensamento com John, porque tinha certeza que ele não iria concordar em compartilhar o segredo com Jocasta.

— Você está estranhamente quieta — John comentou, sem olhar para ela. Ainda estava concentrado no cavalete à sua frente, e Brianna observava tanto as costas dele quanto a pintura. Céus, até o pescoço dele era atraente.

— Pensei que você se concentrasse melhor no silêncio. Digo, além da música de fundo — ela riu — Além do mais, estou apreciando sua arte.

Dessa vez ele olhou para ela por cima do ombro.

— Apreciando minha arte ou me apreciando?

— Você se acha demais, alguém já disse isso para você?

— Pelo menos duas vezes por dia.

Ela prendeu os lábios para não rir, e John deixou a paleta de tintas e o pincel sobre a mesa de apoio ao seu lado antes de se sentar no chão, no centro da sala.

— Vem aqui — disse ele. Ela obedeceu.

Brianna se levantou da cadeira para sentar no chão ao lado de John, mas não satisfeita, engatinhou até que estivesse sentada no colo dele. Movimento arriscado, ela sabia. Havia uma linha tênue entre ir mais devagar e o que o seu corpo realmente queria fazer quando estava perto dele.

— Senti sua falta — John admitiu, encarando-a nos olhos. Mesmo que eles tivessem se falado todos os dias, trocado mensagens e ligações, ele havia sentido a falta dela.

— Eu também — Bree sorriu, e segurou o rosto dele entre as mãos para beijá-lo.

Os dois pareceram querer compensar a distância dos últimos dias. O beijo cheio de avidez fez com que Brianna o segurasse pelos cabelos, puxando-os levemente enquanto as mãos dele memorizavam cada curva do corpo dela. Parecia que John já conhecia todos os seus pontos fracos e se aproveitava do conhecimento para dominá-la, mas ela respondeu remexendo-se sugestivamente no colo dele.

— Eu... — ela começou a dizer, a voz falhando, quando a boca dele já estava mordendo a pele sensível do pescoço dela e ela estava começando a entrar no modo insegurança-barra-pânico novamente — Você quer comer alguma coisa?

John parou o que estava fazendo para rir.

— Eu não acredito que você está me perguntando isso agora.

— Estou falando sério, seu pervertido — ela deu um soquinho no braço dele — Está na hora do almoço e eu estou começando a ficar com fome.

John passou a língua pelos lábios ao olhar para o rosto dela, rindo.

— Brianna, você faria até um anjo chorar, e Deus sabe que eu não sou nenhum anjo — disse ele, dramaticamente — Tudo bem, podemos ir. Você deveria ir na frente, preciso de tempo para... hm, me recompor.

Ela riu baixinho, sentindo-se um pouco culpada por isso, e deu um beijo no rosto dele antes de se levantar e pegar sua bolsa.

No pavimento térreo da galeria, Brianna se surpreendeu ao encontrar uma garota loira ali dentro, parecendo realmente interessada em uma das pinturas. Bree olhou para a porta e percebeu que Josh não estava ali, nem nenhum dos outros caras que trabalhavam na segurança – por Deus, ainda bem que aquela garota era aparentemente inofensiva, mas eles precisavam urgentemente começar a trancar as portas quando não estavam no horário de visita.

— Com licença — Bree falou, fazendo com que a loira levasse a mão ao peito, assustada — Desculpe — pediu, sincera — Posso ajudá-la?

Quando a garota encarou Brianna, ela ficou impressionada. Não se surpreenderia se a loira fosse uma modelo ou atriz, porque pessoas com aquele tipo de beleza jamais poderiam ser apenas normais. O cabelo claro e liso, cortado na altura do queixo, emoldurava um dos rostos mais bonitos que Bree já tinha visto. A beleza da garota parecia ser angelical, ao mesmo tempo em que algo dentro de si dizia que ela reconhecia aqueles traços de algum lugar. No entanto, achava que se lembraria daqueles olhos redondos azuis e da estrutura óssea do rosto marcada.

— Ah, sim! Na verdade, você pode — a garota era inglesa, pelo sotaque, e a voz delicada combinava com a sua aparência. Ela era bem mais baixa do que Brianna e se vestia como a Blair Waldorf em Gossip Girl — Estou procurando John. Ele está aqui?

Brianna não conseguiu controlar a sensação de queimação que surgiu no seu estômago, surpreendendo-a. Ela não era uma pessoa ciumenta – pelo menos era o que achava até então. No entanto, ali estava uma garota linda e inglesa que conhecia John e sabia que poderia procurá-lo na galeria. Se ela sabia disso, também sabia do segredo dele. E se ela sabia do segredo dele... ela deveria ser alguém especial.

Sabia que tinha fechado a cara como uma reação automática do seu ciúme, mas Bree esperava que não estivesse parecendo tão brava assim. Entretanto, antes que ela pudesse responder que John estava ali e perguntasse quem a garota era, a voz dele veio de trás, soando tão confusa quanto Brianna se sentia naquele momento:

— Dorothea? — perguntou ele, e Brianna olhou por cima do ombro. John estava com os olhos arregalados e ela percebeu, com um alívio súbito, de onde ela havia reconhecido a garota. — O que você está fazendo aqui?

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