fase
Aprenda a pronunciar
substantivo feminino
1.
cada um dos estados de algo em evolução ou que passa por sucessivas mudanças.
"as f. de uma doença"
2.
período ou época com características próprias.
"a f. figurativista de um pintor"
3.
cada um dos estágios que podem ser observados nos desenvolvimentos físico e psíquico de uma pessoa.
"a f. da adolescência"
4.
ASTRONOMIA
cada um dos aspectos que a Lua e os planetas apresentam à medida que descrevem suas órbitas em redor da Terra.
5.
ELETRICIDADE
cada uma das tensões elétricas a que está submetida uma corrente trifásica.
6.
ELETRICIDADE
condutor pelo qual circula uma dessas tensões.
7.
FÍSICA
argumento da função senoidal ou cossenoidal que descreve um movimento harmônico simples.
8.
FISIOQUÍMICA
cada um dos estados possíveis de um sistema físico-químico (a saber: sólido, líquido ou gasoso).
FISIOQUÍMICA
em um sistema físico-químico heterogêneo, parte homogênea com limites definidos e que pode ser separada das demais partes constituintes do sistema.
Origem
⊙ ETIM gr. phásis,eōs 'aparição (de uma estrela), fase da lua, aspecto'
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FASES
9 De maio.
A noite de filmes sempre se estendia até um pouco mais tarde, aos fins de semana o ritual se mantinha o mesmo, maratona de filmes de animação infantil que se estendia até a madrugada. Apesar dos filmes serem a parte preferida da noite, eu sempre acabava adormecendo no sofá no meio do terceiro filme, mas por algum motivo, eu amanhecia em minha cama.
Então aos meus 7 anos, depois de muita pesquisa feita na escola com meus amigos, que passavam pela mesma situação, cheguei a conclusão de que eu era uma feiticeira, e que tinha o dom de me teletransportar para minha cama no meio da noite.
Todavia, de repente, ou não tão de repente assim, eu passei a adormecer no sofá e acordar nele. "Talvez eu tenha perdido meus dons.", eu pensava, e então descobri vendo minha tia pegar meu primo adormecido no sofá que o meu poder de teletransporte tinha um nome, simples e bem conhecido por mim, Mãe.
A verdade é que eu tinha conseguido aquilo que tanto almejava, crescer. Afinal, que criança nunca desejou ser adolescente ou adulta? Então eu percebi que deveria dar Adeus aquela fase da minha vida, e adentrar no mundo complexo e confuso dos adolescentes.
E Não foi apenas a possível perda repentina da minha suposta magia que me fez perceber que minha infância havia passado, como também a minha primeira menstruação. E apesar de muitos tabus sociais estarem sendo cada vez mais falados, o primeiro período ainda era um tabu muito grande na minha família, e por isso, tudo o que recebi fora um pacote de módices e um livro explicando o que estava acontecendo com meu corpo naquele momento.
Aquilo foi horrível.
E como adolescente, também me vi presa em um mundo de revoltas, irritação e problemas com auto estima. Passei a me preocupar com aspectos estéticos que jamais havia pensado antes. Passei a observar algumas pessoas e tê-las como referência de beleza, mas o meu maior referencial fora sem dúvida Lana Del Rey, eu a venerava de todas as formas. Meu guarda roupa tinha, em sua maioria, roupas no mesmo estilo que o dela e uma peruca que me fazia sentir um pouco mais parecida com ela.
Pode não parecer nada demais, mas na minha adolescência a coisa para a qual eu mais disse adeus fora para minha auto estima e auto confiança. Eu precisava ser como as referências de beleza da época para me sentir bem; meu corpo nunca fora dentro dos padrões impostos pela sociedade, e por isso, sempre procurei me adaptar aos padrões estéticos. Por mais que isso possa parecer desnecessário, era extremamente ruim para mim não me encaixar, me sentir deslocada.
Depois da minha fase de tentar se encaixar nos padrões de beleza, por volta dos meus 15 anos eu dei adeus a minha saúde mental. Tudo o que eu mais ouvia na época era sobre o que eu iria cursar na faculdade, e particularmente, eu achava e ainda acho que essa é uma pergunta extremamente pesada para se fazer à um jovem de 15, 16 ou até mesmo 17 anos, na verdade, é algo pesado para uma pessoa seja lá qual for a sua idade. Eu simplesmente não sabia responder aquilo que iria fazer para o restante da minha vida, e então com a pressão com vestibulares, escola e cursinhos, eu me vi completamente insegura e infeliz. Naquele momento, eu só queria que tudo aquilo acabasse, e demorei a entender que tudo bem se eu não sentasse para estudar um dia da semana, eu não precisava me culpar por isso. Eu demorei a entender que precisava de ajuda, que minha saúde mental também era importante.
Mas valorizar a saúde mental na adolescência não é fácil, principalmente por que a sociedade tem o pré conceito de que os mais novos não fazem nada além de estudar. "Está cansado por que? Você apenas estuda!", é o que dizem. Todavia, os mais novos também acordam cedo para estudar, pegam ônibus, trens e metrôs lotados, também chegam tarde em casa e são obrigados a lidar com a constante pressão pscicológicas sobre vestibulares, faculdades e como escolher um bom curso. As vezes não dão a devida importância para aquilo que um adolescente passa, por que a verdade é que a maioria das pessoas encaram como drama ou até mesmo palhaçada.
Então na adolescência, mesmo que temporariamente, eu dei adeus à minha credibilidade perante a todos aqueles que não fossem adolescentes como eu, porque por mais que eu falasse dos meus sentimentos, eles sempre eram diminuídos e considerados um grande exagero.
Porque as pessoas têm a mania de diminuir uma fase da vida apenas por que já passaram por ela.
E por diversas vezes na minha adolescência, eu quis voltar a ser criança, aproveitar mais do que já havia aproveitado e desejar não crescer, permanecendo criança para sempre. Não ter que lidar com todos aqueles problemas me parecia algo tão belo. Eu não teria que pensar em vestibulares, faculdade ou até mesmo mercado de trabalho, esses problemas apenas voltariam a não fazer parte do meu cotidiano, e isso era maravilhoso.
Então Peter Pan se tornou meu filme preferido, e a terra do Nunca o lugar onde eu queria morar.
E quando finalmente cheguei à minha fase adulta, me vi ainda desejando voltar a ser criança novamente, mas não eternamente, queria passar por toda minha adolescência novamente e lidar melhor com todas as situações da minha vida. Queria voltar no tempo e falar para meu eu do passado tudo aquilo do que eu era e sou capaz.
Finalmente pude concluir que a verdade é que nunca nos contentamos com a fase pela qual estamos passando em nossa vida. Quando crianças, queremos ser adolescentes, adultos, todavia, quando alcançamos essas fases, queremos retornar à nossa infância, e talvez, passar por tudo novamente.
A vida é um eterno descontentamento.