A Noite Secreta de E-Ming e R...

By GegeXianle

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Esse One Shot foi inspirado por fanarts feitas pelo artista no Twitter @Aii_Panda. Quando vi as imagens human... More

Chapter I O Início da noite
Chapter II Meados da noite
Chapter III - Epilogo O fim da noite
Extra 1: A noite de Fang Xin no Distrito Vermelho
Extra 3: A noite de Fang Xin no Distrito Vermelho parte 3
Extra 4: A noite de Fang Xin no Distrito Vermelho (last part)

Extra 2: A noite de Fang Xin no Distrito Vermelho parte 2

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By GegeXianle

                                   Dois estranhos conhecidos colidem como duas estrelas solitárias parte 2

          Em meio a chuva, ouvia-se música.

          Num dos bordéis, uma dama em trajes menores tocava concentrada e apaixonadamente um liuqin¹ enquanto cantava com sua voz aguda e melodiosa uma tragédia de amor em cantonês.

          Fang Xin e Huang Ho passaram perto de algumas barracas que vendiam comidas variadas, se abrigando da chuva caminhando por baixo de suas lonas, havia uma outra locanda que se localizava estrategicamente ao lado de um dos prostíbulos.

       Talvez fosse por conta da chuva, que naquela noite não andava favorecendo os negócios. Havia muitos lugares vazios, mesas solitárias arrumadas para clientes que não viriam.

      Fang Xin tinha predileção em ocupar sempre os cantos mais sombrios e naturalmente que Huang Ho sentou-se bem ao seu lado, não se preocupando muito com o lugar.

      Em verdade, sua atenção estava centrada nas gotículas de chuva acumuladas feito orvalho no longo cabelo em tom terroso de Fang Xin.

      Assim que o atendente da locanda se moveu por trás do balcão para atender os dois, Fang Xin já ia perguntar se Huang Ho queria beber alguma coisa, quando duas damas da noite se chegaram, uma delas fechando o guarda chuva de bambu que tinha usado para proteger as duas do pequeno temporal.

         A outra jovem dama de vermelho, abraçou Huang Ho furtivamente pelos ombros, se encostando às suas costas úmidas.

     O rapaz ergueu a sobrancelha fina, sempre arqueada como se o senso irônico e irritadiço nunca o abandonasse, em repúdio ao toque da estranha.     

— Por que tão sozinho? Não quer se livrar dessas roupas molhadas? Posso tira-las para você...     

— Eu não estou sozinho... — Huang Ho replicou indócil, buscando o olhar da moça excessivamente maquiada. — Estou com Fang Xin e por que eu deixaria que tirasse minhas roupas?

— Ora, não seja assim... Você é tão bonito, que não cobro quase nada se vier comigo... Quanto tem aí nos bolsos, hum?

     Fang Xin que observava a cena com o cotovelo apoiado no balcão, o rosto descansando em sua palma da mão, retrucou antes que Huang Ho respondesse:

— Aposto que ele não tem nada nos bolsos, é um cabeça de vento... Durmo com sua amiga, se perder a aposta.             

      A mulher um pouco mais velha que segurava o guarda-chuva que respingava formando uma pequena poça perto de seus pés calçados com sapatilhas prateadas, sorriu de lado, desconfiada.

    E a dama de vermelho encarou Huang Ho na expectativa, com interrogações no olhar, ainda abraçando-o pelos ombros largos.

— Eu não tenho nada nos bolsos... Nem mesmo tenho bolsos. Do que vocês estão brincando afinal? Escafedam-se.

      Huang Ho soou um pouco invocado, subversivo.

— Ora, mas como você vem para o distrito vermelho sem um mísero yuan que seja? — A dama de vermelho soou injuriada, afrouxando o toque, quase se desfazendo dele. — Ainda mais num mau tempo miserável desses!

— Não perca seu tempo, Mei Niu. Esses dois aí...

     E dama que segurava o guarda-chuva olhou especialmente para Fang Xin, seu olhar como se o acusasse de algo previamente:

— Esse aí principalmente, já colocou os olhos na presa antes mesmo de você.

     E a dama da noite mais velha saiu puxando a mais nova pelo braço que ainda resmungava sem entender completamente.

    Fang Xin deu de ombros levemente e se virou, o atendente ainda esperava pelo pedido.

— Huang Ho toma alguma coisa?

       O rapaz gesticulou sério, meneando com a cabeça. Ainda olhou para trás um momento, ouvindo de forma um pouco mais distante a voz das duas mulheres de antes.

     Por sua vez, Fang Xin pediu uma dose dupla de vinho de arroz e os olhos verdes feito flâmulas de Huang Ho se fixaram em sua direção.

— Vai tomar dessa coisa de novo? Não era isso que estava bebendo quando te interpelei na outra locanda?

      Fang Xin esperou ser servido e assim que o atendente se afastou, ele replicou discretamente:

— Fazia muito tempo desde a última vez que saí numa noite assim... Como humano. É um prazer raro... Beber vinho também é.

      Ele ergueu a taça próximo a rosto, aspirou o aroma e bebericou um gole pequeno.

— O que você queria falar comigo? Deve ser importante... Já que se deu o trabalho de se transformar em humano pela primeira vez.

     Bastava pensar no que já remoía por algum tempo, para sentir aquela irritação efervescente sobrevir, seus punho se fechou sobre o balcão.

— Eu não quero saber dessa conversinha sobre ser uma espada antiga e experiente, não preciso que jogue sua prepotência na minha cara! Mas, nada me irrita mais, do que os momentos que rouba meu mestre de mim!... Estou com mestre Shui desde que ele era criança, não pode tirar isso de mim.      

       Fang Xin não se abalou ou se exaltou em nada, meramente ouviu, tomando outro gole, sentindo os lábios levemente úmidos pela bebida fermentada.

— Da onde tirou que quero roubar seu mestre? — Fang Xin inquiriu tão calmamente que Huang Ho sentiu-se desconcertar perante a própria raiva que pulsava em si. — Você também já esteve nas mãos do meu senhor... Se os nossos mestres são consortes, não pertencemos a ambos?

— Ah, essa é boa! Conta outra... E no primeiro duelo que tiveram? O que foi aquela tentativa tosca de se recusar a lutar quando meu mestre me empunhava?   

    A mão de Huang Ho deu um tapa forte e certeiro no ombro de Fang Xin, seu olhar afiado exigindo uma boa explicação.

      Fang Xin pouso sua taça sobre o balcão e observou Huang Ho, tornando a apoiar o cotovelo na madeira, seu semblante mais introspectivo.

— Não entenda errado... “Seu fedelho”. Não tem a mais remota ideia do que meu senhor Jun Wu passou, foram incontáveis séculos sozinho, sendo consumido pelo ódio e pelo rancor... Ele nunca amou, nunca pensou amar alguém tanto quanto ama seu mestre.

      Huang Ho absorveu devagar as palavras para si, eram muitas para quem não estava acostumado a conversar. Ele estava inteiramente virado para Fang Xin, seus olhos com um brilho acirrado fixos nele.

— Como eu poderia ser brandido contra o mestre Shui? Eu jamais poderia infringir o menor arranhão a pessoa que é tão preciosa ao meu senhor.

— Mas... Na batalha da ascensão, no Monte Esquecimento²... Eu fiquei esquecido entre os destroços, enquanto você foi magnífico... Quase fiz meu mestre ser derrotado.

     A raiva, a irritação de antes aos poucos desvanecia, Huanh Ho parecia se sentir culpado.

    E nisso, Fang Xin suspirou. Olhando meditativo para aquele rapaz, lentamente sua mão se moveu e tirou a franja escura que ocultava um daqueles olhos de beleza igualmente rara as suas chances de ser humano por uma noite.

      Os dedos de Fang Xin alisaram a franja até ela passar por cima da sobrancelha comprida, fina e acidamente arqueada.

         Prendendo parte da franja negra atrás da orelha de Huang Ho, que engoliu à seco perante a carícia despretensiosa.

— Não... Nada disso. Nós dois derrotamos o inimigo, nossas lâminas atravessaram no mesmo instante suas entranhas. E além disso... Pensa que eu não notei? Mestre Shui converteu você numa arma sagrada. Por que está se sentindo tão mal consigo mesmo?

— Esse tempo todo, sempre fui ignorado por você... Eu já disse. Então, eu via o mestre Shui que parecia tão mais poderoso quando empunhava Fang Xin... Eu estava certo que cedo ou tarde, eu seria posto de lado.

      Seus joelhos praticamente se tocavam ali sentados de fronte ao balcão e enquanto o dedo de Huang Ho de forma inconsciente deslizava sobre a boca da taça, Fang Xin meneou em desaprovação com a cabeça.

— Que idiotice descomunal... Está com mestre Shui desde que ele era criança e não o conhece? Ele é nobre demais para deixar até mesmo suas armas para trás. Além disso... Eu não ignorava Huang Ho. Eu apenas sou assim... Não costumo falar tanto, não falo coisa alguma. Hoje é uma exceção.

— Hoje é uma exceção? Você apostou com aquela meretriz... Disse que dormiria com ela se perdesse a aposta.     

       Fang Xin terminou por rir daquele tom tão sério de Huang Ho. Será que aquele rapaz de olhos verdes não sorria nunca?

— A exceção não era para ela, seu fedelho tapado. Sempre foi para você.

— Como assim? E se eu tivesse dinheiro? Ia mesmo dormir com ela?

     Respirando fundo, Fang Xin tocou a parte debaixo da taça e seus dedos subiram com delicadeza pelo cristal, encontrando os dedos de Huang Ho na beira.

— Sem chance... É como eu disse, um cabeça de vento. É o que você é, nunca ocorreria a você pegar as moedas de seu mestre... Você é uma lástima sem malícia.

— Quê? E você rouba assim o dinheiro do seu mestre?

— Não chega a ser roubo, é mais uma troca de favor... Não me olhe como se eu fosse horrível.

     O que distraiu Huang Ho daquelas palavras foram os dedos de Fang Xin cobrindo ligeiramente os seus, os dois olharam ao mesmo tempo para a taça com a dose dupla de vinho de arroz.

— Tem certeza que você não quer provar do vinho? Já que está aqui e também abriu exceção para estar comigo, devia ao menos experimentar.

      O som suave e fresco do dedos escorregando para dentro da taça durou milésimos de segundo. No entanto, movimento do dedo molhado de vinho sendo levado aos lábios de Huang Ho foi feito sem qualquer indício de pressa.

     Movido pelo impulso, Huang Ho lambeu o lábio absorvendo o sabor etílico. A ponta do dente esbarrou por um momento no lábios que tornou-se quase vermelho, voltando em poucos segundos ao tom róseo anterior... Morno e macio.

      O álcool fazendo arder a ferida no canto do lábios, de quando haviam brigado fora da primeira locanda.

     Huang Ho até gostou do sabor da bebida, da sensação de ardência na ferida e acima de tudo... Adorou esse novo modo de provar algo sem usar a taça fria de cristal.

— Acho que preciso de um pouco mais... Pra ter certeza se gosto.

     Fang Xin vislumbrou uma sombra arteira, uma intenção ardente e sutil de sorriso e também gostou do que viu.

       Que bom... Huang Ho não era tão inocente quanto parecia.

       Ele assentiu sem dizer nada, mergulhando dois dedos na taça e tornando a deslizar naqueles lábios que não sabia quando exatamente tinha começado a desejar.

      Dessa vez, a pontinha da língua de Huan Ho lambeu de leve um de seus dedos.

— E... Então?

— Não é só o vinho... Sua pele... Também gosto do sabor dela.

     Fang Xin estava curioso, instigado.

     O que Huang Ho faria se ele mergulhasse seus dedos no vinho pela terceira vez?

      Esse menino atrevido chuparia seus dedos? O quanto ele podia provoca-lo?

         Já estava claramente esquecendo quem estava seduzindo quem.

      Assim que os dedos estavam prestes a mergulharem na taça, os dedos bruscos de Huang Ho deteram os seus e seus olhares colidiram.

        Quase beirando o mesmo ímpeto enlouquecido do instante que tinham brigado debaixo da chuva.

— Eu quero um gole, mas não na taça... Tem que ser misturado com a saliva de Fang Xin.

      E Huang Ho o disse cheio de um atrevimento lânguido, desafiador e cavo.

      Fang Xin que tinha seus dedos e os dele brigando nitidamente a beira da taça, evocou um meio sorriso.

— Que foi?... — Huang Ho quase soou inocente, o que durou pouco. — Não sou “uma lástima sem malícia” afinal.

     Os silêncios de Fang Xin ainda deixavam Huang Ho doido, ansioso, excitado e irritado no mesmo segundo.

      Sem dizer nem meia palavras, sem exalar nem meio suspiro, Fang Xin segurou a parte debaixo da taça e tomou um bom gole.

     Foi Huang Ho quem tomou a iniciativa do beijo, puxando Fang Xin pelo viés negro das vestes, assim que suas bocas se mesclaram os dois tomaram daquele vinho antes tomado da taça. Um filete escorreu pelo canto de seus lábios e antes que se dessem conta...

        Não havia mais vinho, que descera queimando por suas gargantas.

        Apenas saliva, fundido com um desejo revel.

        Tão somente o ato consumado do beijo.

        Entregue... Demoradamente.

🍃🌸🍃🌸🍃🌸🍃🌸

Nota de rodapé: 1= liuqin é um instrumento, um bandolim chinês.

2= Refere-se a partir do capítulo 70 da Fanfic Jun Wu A Terceira Face do Príncipe. A ocasião da ascensão de Huan Shui.

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