Spells | Scorbus

By dracowarys

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Albus e Scorpius tornaram-se melhores amigos desde o primeiro momento em que se encontraram. Partilhando a me... More

1. O retorno à Hogwarts.
2. A preocupação de Minerva
3. O banheiro de Myrtle E. Warren
4. A Carta de Draco Malfoy
5. O Convite
6. A sala de McGonagall
7. Aberração
8. O Lar dos Malfoy
9. O Armário de Vassouras
10. BÔNUS: A Sala Precisa
11. Hogwarts: Uma Celebração
12. A Toca
14. Herança de Sangue
15. O Espelho, As Poções
16. Na Cabana do Hagrid
17. Lago
18. Tudo acaba bem

13. Férias de Natal

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By dracowarys

FINAL DA PARTE I

- Você vai se precipitar ou vai saber me ouvir? - Gina estava séria, o mau humor no rosto de Harry não a afetava, muito menos a intimidava. Harry não falou nada, apenas acenou com a cabeça permitindo que ela continuasse. Hermione parecia encolher-se entre eles, não queria ter que presenciar isso. Gina, mantendo o olhar firme para o marido, continuou:

- Acho que sabe, Harry, desde o ano passado, que Draco Malfoy já não é mais aquele garoto estúpido e implicante com quem convivemos em Hogwarts - ela fez uma pequena pausa, engoliu seco e continuou - Sinto muito que não tenha dado ouvidos à ele durante a festa, mas a relação de Albus e Scorpius precisa ser conversada e foi o que fiz.

- Foi até o Malfoy a essa hora da noite para falar sobre um romancezinho adolescente? - Harry tentava se controlar, mas ainda era possível perceber a irritação em sua voz.

- Harry, coisas terríveis nos aconteceram quando você tentou separá-los! Isso tudo é muito novo para nós, mas precisamos encarar essa situação de forma sensata e tentar entende-los! - Gina suplicava. Hermione tentava parecer invisível. Harry caminhou até a mesa e puxou uma cadeira, Gina voltou a se sentar, os dois se olharam.

- Me desculpem, acho que vou voltar lá para cima - comentou Hermione.

- Não, fique Hermione. Termine seu chá - Harry respondeu tranquilamente - E então? - perguntou ao voltar-se para Gina.

- Draco e eu conversamos. Achamos que seria uma boa ideia se Albus pudesse ficar uns poucos dias com Scorpius após o Natal já que estamos n'A Toca. Eles não estão muito longe daqui.

Harry respirou fundo e pegou a mão de Gina, cujo olhar agora se transformara em uma súplica de paz. Harry por fim concordou.

- Tudo bem, se você acha que parece seguro. Mas antes que ele vá precisarei ter uma conversa com Albus. Há algumas coisas que ainda preciso esclarecer. Pode ser?

- Acho que sim - Dito isso, Harry se aproximou dela e lhe deu um beijo na testa. Gina tomou o chá que agora estava quase frio. Hermione tentou disfarçar seu desconforto, mas Harry estendeu a mão para amiga, como um sinal de dizer que estava tudo bem em ela estar ali.

Poucos minutos se passaram e logo estavam subindo as escadas de volta para o quarto, onde Rony roncava audivelmente.

- Bem, talvez eu não seja tão ruim assim de abaffiato - comentou Gina olhando para o irmão todo torto em uma das camas - O que te despertou, Harry?

- Você ainda pergunta? - disse ele apontando com o queixo para um Rony desgrenhado e barulhento - Como você consegue, Mione?

- Sobrevivo da mesma forma que você sobreviveu a ele durante seis anos em Hogwarts.

Eles soltaram breves risadas enquanto se aconchegavam de volta entre edredons. Harry demorou um pouco para conseguir dormir, seus pensamentos voltados para Albus.

***

O céu estava limpo e azulado na manhã de Natal. Um vento frio tentava invadir a pequena casa dos Weasley, mas Percy e a sra Weasley trataram de enfeitiçar as paredes de forma que os deixassem aquecidos e confortáveis. George sempre os lembrava que com a quantidade de pessoas reunidas na sala de estar seria quase impossível que passassem frio e Albus, aproveitando a morte do vampiro no sótão, encontrou um lugar para se isolar de todo o resto. Seu sumiço, porém, não passou despercebido, e Gina insistiu que Harry podia usar este momento para a tal conversa que dissera na noite anterior. Ele não sabia se estava pronto e mal formulara exatamente o que queria falar, mas subiu as escadas direto ao sótão, dando leves batidinhas antes de entrar.

Albus estava sentado ao lado da janela, seus olhos vasculhavam o campo além dos portões. Tinha os cabelos bagunçados, as bochechas vermelhas pelo frio e minúsculas rachaduras começavam a aparecer eu seus lábios.

- Tentando avistá-los? - Harry entrou sorrateiramente, tentando parecer calmo, a voz mais suave que poderia manter. Albus deu de ombros, olhou rapidamente para o pai e voltou logo seus olhos para os jardins - Albus, sua mãe eu, conversamos. E ela também conversou com Draco. E acho que agora eu preciso conversar com você.

Albus virou de frente para Harry, que puxou um caixote velho do canto e se sentou próximo ao filho. Os dois ficaram em um silêncio constrangedor por alguns instantes, sem saber exatamente sobre o que falar, até que Harry puxou:

- Na verdade, Albus, não sei exatamente o que te dizer. Acho melhor deixar você falar.

- Eu falar? - assustou-se Albus. Não sabia o que falar para o pai sobre aquilo.

- Ahn, sim. Por que não me conta... como isso... aconteceu?

- Você está falando sobre... Scorpius e eu?

- Uhum.

Albus respirou fundo e tentou rever em sua mente o começo daquele ano letivo e como as coisas aconteceram entre ele e Scorpius. Olhou para o rosto do pai, os olhos verdes vidrados nele.

- Acho que simplesmente... aconteceu - engoliu em seco - Não sei explicar, pai. Como foi que descobriu que gostava da mamãe?

- Por favor, não mude o assunto.

- Não estou mudando! Mas não sei como explicar.

- Hum. Você nunca tinha gostado de alguém antes? - indagou Harry, seus olhos esperançosos aguardando por uma boa resposta.

- Ahn, na verdade já. Ano passado. Aquela garota... Delfi - o estômago de Albus se revirava só de lembrar que tivera uma queda pela filha de Voldemort. Harry fez uma careta.

- Então você gostava de meninas? Como de repente você e Scorpius...

- Eu. Não. Sei - suspirou Albus - Apenas aconteceu e eu gosto muito dele.

- E ele já tinha gostado de alguém antes?

- Bem, acho que gostou de Rosa. Mas ela o trata como lixo. Ninguém se encanta por muito tempo quando se é desprezado com tanta frequência.

Harry suspirou e virou o rosto, fingindo observar o sótão. Não sabia como prosseguir a conversa com o filho e definitivamente não queria saber mais detalhes. Alguns minutos em silêncio se passaram, mas Harry ainda não havia tomado coragem para voltar a falar.

- Hum, você quer... saber mais alguma coisa?

- Pra falar a verdade, eu não sei. Você e Scorpius já... você sabe...

- O quê?! Não! Eca! Pai! Eu não quero falar sobre isso! - exclamou Albus, o tom rosado de suas bochechas tornou-se vermelho tomate.

- Está bem! Também não quero partir para esse assunto - explicou Harry, arrependido de ter feito a pergunta - Bem, sua mãe me convenceu e... Draco gostaria de receber você, sabe, depois do Natal, para ficar um ou dois dias com Scorpius. O que me diz?

- Isso é sério? Vai acontecer mesmo? - Albus estava extasiado. Não ter que passar as férias inteiras longe de Scorpius parecia ser apenas uma fantasia de sua mente e agora estava prestes a acontecer. A ansiedade passou a percorrer todo o seu corpo.

- Sim, isso vai acontecer. Dia vinte e seis, está bem? Sua mãe vai leva-lo.

Harry mal terminara de lhe contar e Albus partira para abraçar o pai. Nem um dos dois acreditou realmente que aquilo estivesse acontecendo, e Harry sentiu uma grande satisfação ao ver a felicidade do filho. Ele pediu para que Albus, por favor, se juntasse à família para o almoço de véspera e o garoto concordou de bom grado. Os dois desceram juntos a escada, Harry se juntou a Rony num sofá e Albus foi de encontro a mãe que o recebeu com um abraço.

***

- Não temos mais elfos domésticos, o que significa que teremos que nos virar e fazer nossa própria ceia - anunciou Draco Malfoy, as mãos na cintura. Draco estava parado de pé no quarto de Scorpius, vendo o filho que folheava as páginas de um livro entre os edredons - É claro que fiz compras antes de você vir para casa, mas nós mesmos precisamos cozinhas e achei que seria legal se fizéssemos isso juntos.

- Mas é claro! - respondeu Scorpius, a animação fluindo em seu rosto. Levantou-se no mesmo instante, guardando os livros e seguindo o pai até a cozinha.

A cozinha da nova casa dos Malfoy era mediana, dando espaço para que os dois pudessem trabalhar ali confortavelmente. Draco listou os ingredientes que tinham e algumas opções de pratos que poderiam fazer para o jantar de Natal, deixando Scorpius dizer quais preferia.

- Hum, acho que podemos fazer um daqueles frangos caramelizados como os que servem em Hogwarts - suspirou ao imaginar - E posso fazer uma torta de maçã como sobremesa. E pudim! - seus olhinhos azuis brilhavam de empolgação. Draco sorriu e concordou.

- Acha que saberemos fazer tudo isso?

- Podemos deixar. Eu preparo os doces. Não posso usar magia fora da escola então será uma boa aventura - eles riram ao lembrar disso, lavaram as mãos e começaram os preparativos. Era véspera de Natal. Faltavam dois dias para o combinado entre Draco e os Potter acontecer, no entanto, ele não contara nada ao filho. Tinha medo das expectativas que Scorpius poderia criar e a decepção que seria se Albus não aparecesse.

***

- Preciso muito de um banho quente - comentou Draco, horas depois, o prato principal indo ao forno - Você mandou bem com as tortas.

- Obrigado, pai - sorriu Scorpius. Ele estava realmente satisfeito e feliz.

- Sua mãe sentiria um grande orgulho de você.

Os dois se olharam e Draco se aproximou do filho, um abraço apertado e um suspiro de lamentação. Finalmente podiam dizer que estavam começando a superar a perda que tiveram.

- Vou para o banho. Não saia de casa - pediu Draco e caminhou em direção ao banheiro. Scorpius voltou para o seu quarto. Pretendia pegar o livro que estava lendo antes do pai convidá-lo para cozinhar, mas apenas ficou deitado na cama. Pensava em sua mãe e em Albus também. Pensava em como gostaria de ter os dois ali.

***

Não havia espaço suficiente para todas as pessoas na ceia de Natal dos Weasley. Todos conversavam animadamente enquanto se empanturravam de comida sob a grande tenda montada no quintal pelos rapazes da família. Hagrid também fora convidado a se juntar a ceia, e ele por si só já ocupava lugares por dois.

Albus se deixou levar pelo momento e conseguiu se divertir com Lily e outros familiares. Gina e Harry o olhavam aliviados, contentes de que Albus se demonstrassem um pouco feliz. Sabiam que precisariam cumprir a promessa, e Harry estava disposto a engolir seu orgulho para isso.

Era quase manhã quando a última pessoa da casa fora se deitar enquanto a sra. Weasley se levantava para preparar o café da manhã. Albus acordou cedo, um pouco depois da avó, e desceu para se juntar a ela na cozinha. Estava ansioso e mal podia esperar para encontrar Scorpius no dia seguinte.

***

A ceia de natal na casa dos Malfoy fora quase o oposto do natal n'A Toca. Eram apenas os dois, sendo assim um ambiente calmo e silencioso. Draco e Scorpius sentaram-se a mesa pouco antes da meia-noite e apreciaram a comida que tinham preparado juntos. As sobremesas feitas a mão por Scorpius fizeram grande sucesso entre os dois, que, após o jantar, largaram-se sobre as poltronas perto da lareira. Draco deixou Scorpius sozinho por alguns minutos e então voltou com um longo embrulho nas mãos.

- UAU! Pai! É o que estou pensando que é? - disse Scorpius, pulando da poltrona com toda a sua empolgação.

- Bom, se estiver pensando que é a vassoura mais rápida e atualizada do mundo bruxo - gabou-se Draco - Então, sim, é o que você está pensando que é.

- Eu estava pensando só em uma vassoura - comentou Scorpius agarrando o presente e desembrulhando. Ele olhava a vassoura, cujo a cor era de um preto profundo com finos fios de ouro na calda e tinha uma expressão de deslumbre.

- E então? - perguntou Draco.

- É incrível! - Scorpius correu a abraçar o pai - Muito obrigado! Muito obrigado mesmo.

Draco sorriu imensamente grato por ter acertado no presente. Scorpius havia comentado no ano anterior como achava quadribol emocionante e pretendia um dia fazer parte do time.

- Não deixe de fazer nada de que realmente goste, Scorpius.

- Pode deixar, pai - concordou sorrindo - Também tenho uma coisa para o senhor.

Scorpius se levantou e caminhou apressadamente até seu quarto. Ao entrar, pegou em sua cômoda um pequeno embrulho quadrado e pensou em como aquilo era simples perto do que o pai havia lhe dado. Caminhou de volta a sala, as bochechas levemente ruborizadas.

- Bem, não é nada grandioso como você me deu - anunciou timidamente - mas achei que gostaria.

Ele entregou ao pai o pequeno embrulho em papel parto e Draco sentou-se na poltrona enquanto desembrulhava, dando um suspiro quando por fim bateu com os olhos no que havia dentro. Em uma moldura dourada, havia uma pintura: era um jardim, três pessoas sentadas entre flores. Draco identificou como sendo ele, Scorpius e Astoria. Uma lágrima escorreu pelo seu rosto.

- É lindo - respondeu, secando a lágrima com as costas da mão - É lindo de verdade, Scorpius.

- Ainda estava na escola quando fiz. Sei que não é grande coisa, mas...

Scorpius foi interrompido com um abraço repentino de Draco. Os dois ficaram juntos por um tempo.

- Tenho orgulho de você, Scorpius. Você não faz ideia do quanto.

- Também me sinto orgulhoso de quem é agora, pai.

Eles passaram um tempo conversando na aconchegante sala de estar, as poltronas de frente para a lareira. Apesar de não ter Astoria ao seu lado, Scorpius sentiu-se genuinamente feliz aquela noite e pôde dormir tranquilamente. Caiu em um sono profundo assim que se deitou em sua cama. Naquela noite Scorpius não teve pesadelos.

***

Albus estava agoniado. As horas pareciam nunca passar e estava ficando cada vez mais ansioso, então, lhe ocorreu um pensamento: estava prestes a visitar Scorpius e não lhe comprara nada de natal. Correu a procurar Gina e comentou sobre isso, implorando a mãe que lhe ajudasse.

- Albus, não há como sairmos hoje para comprar presentes. Sem chance -lamentou ela - Você pode comprar algo quando voltarem para a escola e forem à Hogsmeade. O que acha?

- Tudo bem - resmungou Albus. A sugestão de Gina era válida, mas ainda assim ele gostaria que pudesse ter algo para presentear Scorpius.

- Algum problema, querido? - perguntou Molly que observava o desânimo do neto.

- Ahn, nada demais, vovó.

- Albus vai visitar o amigo amanhã e queria levar um presente, mas disse a ele que não tem como conseguirmos um agora - explicou Gina, separava os pratos para o almoço.

- Ah, querido, talvez eu possa ajudar - sorriu a velha sra. Weasley - Ainda tenho lã suficiente para um cachecol ou até mesmo um suéter!

Albus pensou na ideia. Ele também ganhara um suéter da avó e talvez Scorpius, que era rico, porém simples, gostasse de um presente de vó.

- Hum, acho que é uma boa ideia. Se puder me mostrar como se faz...

- Bem, me diga como você o quer e eu direi as agulhas o que costurar, assim ficará pronto a tempo.

- Brilhante! - comemorou Albus - Ahn, quero que seja verde. E tenha um S no meio. Pode ser?

- S de Slytherin, imagino. - disse Molly, o rosto inexpressivo.

- Ahn, na verdade o S é de Scorpius - disse Albus timidamente.

- Ah, sei. O garoto Malfoy. Ele é muito seu amigo, não é?

- Sim. O melhor - confirmou Albus.

- Está bem então - Molly concordou e sorriu, balançou levemente a varinha e as agulhas que estavam largadas em uma cadeira próxima começaram a trabalhar entre linhas verdes - Que tal um pouco de prateado?

Albus concordou e agradeceu a avó pelo grande feito. Puxou um banquinho e ficou assistindo o suéter se fazer com mágica.

***

- Deixe-me ver se está bem agasalhado - pediu Draco conferindo as vestes de Scorpius - Está certo. Vamos lá.

Os dois saíram para o quintal do chalé, Scorpius com a nova vassoura em mãos. Pedira ao pai que o deixasse montar um pouquinho e Draco autorizou, desde que a neve fosse pouca e o garoto estivesse bem agasalhado. Scorpius montou e deu impulsos com os pés. A vassoura subiu e ele saiu voando por todo o terreno. Draco o assistia atento, um grande sorriso estampado em seu rosto.

Scorpius ficou no ar por mais de quinze minutos até que Draco acenava freneticamente para o filho voltar. Scorpius pousou suavemente, as bochechas vermelhas como tomate.

- Não voe tão alto, Scorpius. Estamos protegidos, mas não podemos arriscar.

- Sinto muito. Me empolguei - explicou-se Scorpius, que ofegava. Desceu da vassoura e voltou para o calor do interior da casa.

- Tire as botas - pediu Draco - Fiz nosso almoço - Ele foi até a cozinha e voltou com uma bandeja na qual trazia o frango da noite anterior recém aquecido e uma panelinha com arroz.

- Bem, pelo menos o arroz é fresco.

- Está ótimo, pai. Tem se saído um ótimo cozinheiro.

- Você sabe, nunca tentei nada sem magia - Os dois se sentaram para comer, Scorpius serviu dois copos com suco de frutas silvestres colhidas do jardim - Sinto muito não ter mais artigos de quadribol. Só pensei nisso depois que voltei para casa. Mas podemos comprar para as férias de verão e jogaremos juntos.

- Não esquenta, pai. De toda forma, a experiência foi ótima. Estou feliz.

Draco ficava impressionado com a gratidão que Scorpius sempre demonstrava a todas as coisas. Só ele conhecia o desejo que tinha em ver o filho feliz novamente.

Ao entardecer, Scorpius preparou um chá com os hibiscos que estavam plantados próximo à casa e antes de irem para a cama, resolveu experimentar a receita de um chocolate quente com canela.

- Está delicioso - elogiou Draco, as bochechas rosando com o calor do chocolate.

- Valeu. Tenho boas memórias consumindo doces. Mamãe costumava dizer que uniam as pessoas.

- Ela estava certa.

***

O esperado dia 26 chegara, porém Draco ainda não tinha dito nada ao filho. N'A Toca, Albus aguardava ansioso pelos pais, o presente de Scorpius seguro em seus braços.

- Então, como faremos? - indagou Harry ao olhar Gina que acabara de saltar do último degrau da escada.

- Eu o levo. Já estive lá antes, posso enxergar a casa além dos feitiços de proteção.

- E como foi que conseguiu essa proeza? - percebia-se incômodo na voz de Harry.

- Draco é o fiel do segredo e ele me contou a localização no dia da festa em Hogwarts.

- Certo. Já que é assim... - Harry engoliu em seco. Olhava para Albus e Gina que estavam prontos para ir - Você vai ficar lá ou deixa-lo e voltar?

- Confio que posso deixa-lo. Voltarei para busca-lo ao entardecer.

Os três saíram para o quintal coberto de neve e caminharam para além dos portões de madeira. Harry acenou para Gina que abraçou o filho e desaparatou. Segundos depois estavam no quintal de uma bela e aconchegante casinha branca, um homem loiro olhava pela janela. Ainda não dera oito da manhã. Gina se aproximou com Albus da porta de madeira, que abriu antes que pudessem tocá-la.

- Entrem - recebeu-os Draco Malfoy - Scorpius ainda está dormindo.

Gina e Albus entraram a casa aquecida, a luz baixa deixava o ambiente com aspectos confortáveis.

- Dormindo? - Gina franziu as sobrancelhas.

- Bem, sim. Não sabia se realmente apareceriam, não quis que criasse expectativas.

- Dei minha palavra, Draco.

- Sim, mas seu marido é... imprevisível. Volto em um minuto. Sentem-se.

Draco entrou para o corredor, de certo acordaria Scorpius. Albus aguardava com um sorriso no rosto, Gina apreciava sua felicidade. Um Scorpius sonolento, de pijama e descabelado surgiu na sala com Draco a suas costas. A expressão do garoto era impagável. Estava com um ar de surpreso e chocado ao mesmo tempo, o sorriso de Albus alargou-se ainda mais.

Scorpius correu e jogou-se em um abraço para o amigo. Albus o agarrou de volta, deixando o embrulho amarrotado cair aos seus pés. Gina recolheu e pigarreou, fazendo com que os dois garotos se afastassem um pouquinho.

- O que faz aqui? Quer dizer, isso é incrível! - disse Scorpius em euforia.

- Bem, eu vim te ver. Nossos pais deixaram então... - Albus não conseguia parar de sorrir - Ah, feliz natal! - recolheu o presente das mãos de Gina e entregou para Scorpius - Minha vó que fez a meu pedido. Não pudemos ir comprar algo grandioso, mas é de coração.

- Poxa, Albus! - os olhos azuis de Scorpius brilhavam ao receber o embrulho - Não tenho nada para lhe dar... não sabia que viria - disse cabisbaixo.

- Não se preocupe. Apenas me deixe passar o dia com você e estarei feliz.

Scorpius abriu o presente de Albus e da Sra. Weasley e vestiu-o no mesmo instante. O suéter verde e prateado lembrava-lhe muito a casa de Sonserina e ficara lindo no garoto loiro.

- Eu adorei, Albus! - disse e saiu para abraçar Scorpius mais uma vez.

- Ficou muito elegante - comentou Draco - Vou montar a mesa para o café da manhã. Gina ficara conosco?

- Preciso voltar para casa, mas retorno para buscar Albus antes de escurecer, está bem?

- Sim, está ótimo - concordou Draco que arrumou a mesa rapidamente com um aceno da varinha. Gina abraçou o filho e saiu de volta para o campo coberto de neve. Afastou-se alguns metros e enfim desaparatou. Os dois garotos sentaram-se a mesa e iniciaram as comilanças matinais.

Assim que terminaram o café da manhã, os dois correram para o quarto onde Scorpius mostrou a vassoura que ganhara do pai.

- Você realmente quer entrar para o time, não é?

- Bem, sim... - Scorpius confessou.

- Espero que consiga. De verdade - incentivou Albus - O que mais tem feito durante esses dias?

- Eu e meu pai estamos... como se diz? Praticando nossos talentos na cozinha.

- É, acho que isso combina com você - Albus sorriu, mas colou a mão no lábio e fez careta de dor. As rachaduras de frio estavam piorando e cada vez mais dolorosas. Scorpius caminhou até sua cômoda e voltou com um frasquinho, levou a mão ao rosto de Albus levantando-o levemente.

- Acho que posso dar um jeito - Scorpius destampou o frasquinho, pingou uma gota no dedo e espalhou nos lábios avermelhados de Albus. Os cortes feitos pelo frio sumiram instantaneamente, devolvendo a maciez aos lábios.

- Como assim? O que fez? - indagou Albus.

- Não é óbvio? Essência de ditano - respondeu Scorpius sorrindo.

- Você usa isso sempre?

- Para quase tudo. Se curam ferimentos graves e estrunchamentos, então são capazes de curar umas espinhas também - piscou Scorpius.

- Ah! Isso explica sua pele tão perfeita! Trapaceiro...

Albus pegou o travesseiro mais próximo e tentou acertar Scorpius, mas ele se desviou e agarrou Albus, puxando-o para perto. Os rostos estavam próximos o suficiente para sentirem a respiração um do outro e lentamente se aproximaram e tocaram os lábios. Albus se ajeitou na cama e segurou o rosto de Scorpius, beijando-o suavemente, as línguas quentes perpassando uma pela outra. Se afastaram com um susto quando um barulho de prataria ressoou da cozinha.

- Acho melhor... sabe... - cochichou Scorpius timidamente.

- Sim. Vamos ficar de boa - concordou Albus, sem saber exatamente com o quê. Os dois caminharam de volta para a sala, onde podiam ficar à vista de Draco, que vinha da cozinha, um cheiro bom de comida vinha com ele.

- Meninos... o que acham... não sei, talvez queiram jogar snaps explosivos ou... Scorpius, você ainda queria alguém para jogar bexigas, não?

Scorpius concordou. Deixou Albus por alguns instantes e voltou depois com um tabuleiro de snaps explosivos. Eles montaram na mesinha de centro e sentaram-se ao chão. Ficaram rindo e brincando ali até a hora do almoço.

De barriga cheia os dois meninos voltaram a sala de estar, mas já não estavam tão a fim assim de jogar. Draco voltou da cozinha e se posicionou diante dos dois, dizendo que estava um pouco cansado e iria se recolher.

- Qualquer coisa não hesite em me chamar. E por favor, não saiam de casa.

Os dois garotos concordaram e Draco se retirou para seu quarto. Albus e Scorpius encararam um ao outro, talvez pensando no que fazer.

- De qualquer forma, está frio demais parar querermos ir lá fora - comentou Albus.

- Sim. Acho que podemos guardar isso e... que acha de vir dormir? - sugeriu Scorpius.

- Abraçados e juntinhos?

- Abraçados e juntinhos.

Eles se levantaram recolhendo os jogos e partiram para o quarto. A cama de Scorpius ainda estava desarrumada. Deixaram os tabuleiros sob uma prateleira e se aninharam na cama entre edredons e travesseiros. Scorpius deitou a cabeça no peito de Albus.

- Acho que ficaremos bem - sussurrou Albus.

- Não percebe? Já estamos bem, Albus.

Albus ficou acariciando os cabeços de Scorpius até perceber que ele dormira. Aos poucos seus olhos também pesaram e caiu em sono com Scorpius enroscado em seus braços.

***

Draco deu leves toques com os nós dos dedos na porta de Scorpius, que se entreabriu em uma fresta. Sem intenção de entrar, pigarreou na tentativa de despertá-los e chamou suavemente:

- Hum, meninos? Vocês não querem se levantar? Fiz aquele chocolate quente.

Scorpius bocejou e esticou os braços se espreguiçando, depois deu uma leve sacudida e chamou Albus em sussurros. Os dois se levantaram e caminharam preguiçosamente para a sala, onde Draco deixava as grandes canecas de chocolate na mesinha. Os garotos pegaram para si e saboreavam a bebida doce e quente.

- Achei que iriam querer aproveitar o tempo de outra forma além de dormir - comentou Draco.

- Bem, não há muito o que fazer nesse frio e com tanta neve - lamentou Scorpius, Albus concordou.

- Sua mãe vem em breve, Albus, melhor vocês... - Draco não pôde completar a frase. Alguém batia na porta. Ele apressou-se para abrir e deu de cara com uma Gina de cabelos cor de laranja salpicados de neve. Ele deu espaço para que ela entrasse - Bem, como eu ia dizendo, rapazes... chegou.

Gina sorriu para o filho, Albus sentiu uma lamentação, mas nada falou, apenas sorriu de volta e sentiu-se grato por ter tido aquele dia.

- Aceita um chocolate quente? - ofereceu Draco.

- Bem, na verdade sim. Acho que estou mesmo precisando de algum doce - aceitou Gina. Ele buscou rapidamente uma caneca na cozinha e serviu com chocolate - Obrigada. Meninos, eu estava falando com o pessoal e se Draco deixar ­- ela o olhou - Scorpius poderia ir à Toca amanhã. Abrirá Sol e tentaremos feitiços secativos para a neve e jogaremos quadribol. Você gosta, Scorpius?

- Sim! Eu adoraria! Pai? - ele olhou para Draco, os olhos de Scorpius brilhando de empolgação.

- Hum, não sei.

- Draco! Confiei em deixar meu filho aqui por um dia inteiro! Não é justo que não confie em mim - retrucou Gina.

- Hum, está bem. Mas, naturalmente, eu o levarei. E ficarei por instantes para ver se será bem recebido.

- O que quer dizer com isso? - intrigou-se Gina.

- Acho que sabe muito bem do que estou falando. De toda forma, você pode ir Scorpius.

- E posso levar minha vassoura? - Scorpius olhava para Gina e para Draco freneticamente.

- Seria ótimo, Scorpius! Assim mais gente pode jogar ao mesmo tempo. - disse-lhe Gina.

O único que não parecia animado com isso era Albus. Ele detestava quadribol e não tinha a menor vontade de participar desse evento. Gina terminou o chocolate quente e com isso a conversa também. Confirmou os horários com Draco, Albus se despediu de Scorpius com um abraço e agradeceu Draco com um aperto de mão. Os dois caminharam pela neve enquanto Scorpius assistia pela janela os dois se distanciarem e desaparecerem.

***

A manhã passou rápido. Scorpius estava animado quando ele e Draco saíram para A Toca. Chegaram nos Weasley e como Gina havia dito, o céu brilhava com poucas nuvens e ela, Hermione e Harry trabalhavam secando os últimos montinhos de neve no gramado úmido.

- Devíamos ter deixado a neve, assim se alguém caísse seria mais fofinho - concluiu Lily.

- Isso é um grande engano, se quer saber - retrucou Harry, ele e Gina tinham muita experiência nesse esporte. Draco se aproximou com o filho, cumprimentando todos que estavam por ali. Ele parou e segurou Scorpius pelos braços, cochichando calmamente:

- Se sentir-se mal, não hesite em pedir para que Gina lhe leve de volta para casa, ouviu bem?

- Está bem. Vou ficar bem, não se preocupe.

- É Malfoy, não se preocupe. Não somos tão monstruosos quanto parecemos - comentou George, se aproximando deles - Está pronto para o jogo, rapazinho? Em que posição joga?

- Hum, nunca fui definido para uma exatamente - Scorpius parara para pensar agora, nunca jogou quadribol oficialmente - Mas acho que posso ser um bom apanhador.

- É melhor que esteja certo. Vamos nessa. - disse George Weasley, levando Scorpius para junto dos outros e deixando Draco para trás. Albus vinha apressado ao seu encontro, os cabelos desarrumados.

- Obrigada por trazê-lo - agradeceu Gina a Draco que ficara parado olhando o filho entre os Potter-Weasley. Ele voltou os olhos para ela e assentiu com a cabeça - Quer ficar para assistir uma partida?

- Vamos, Draco. Não vai morrer por isso - completou Harry.

- Está bem. Mas só a primeira. Não quero incomodar - concordou calmamente. Ele, Gina, Harry e Hermione seguiram para os fundos da casa, onde a grama brilhava com gotículas de água e as crianças já estavam a postos com suas vassouras. George fingia-se de juiz enquanto separava os times com a ajuda de Rony. Albus preferia apenas assistir e sentou-se ao lado do avô, Artur Weasley.

A partida começou quando Harry soltou as três bolas do quadribol no ar e Geoge assoprou com força o apito. Bambolês de aço estavam suspensos no ar por um encantamento, imóveis - os objetos representariam o gol. Scorpius ignorava as reviradas de olhos de Rose e James quando foi colocado como apanhador. No mesmo time que ele Lily jogava no gol, Hugo e Fred II como batedores, Roxanne e Dominique como artilheiras. O outro time, de blusas azuis combinando, jogavam Teddy Lupin e Victorie como artilheiros, Rose no gol, Lucy e Louis como batedores e por fim, James como apanhador.

- Não voem muito alto! - berraram a sra. Weasley e Hermione.

Havia passado pouco mais de vinte minutos quando Scorpius exibira o pomo de ouro em suas mãos, as asinhas do objeto sessando. O time comemorava e ele ria impressionado consigo mesmo.

- Revanche! - berravam os do time adversário.

- Ora, é claro que teremos! - anunciou George - Essa foi uma das partidas de quadribol de quintal mais rápidas que presenciei. Você é bom, Scorpius.

Scorpius agradeceu e olhou para o pai, que sorria orgulhoso para ele. Todos voltaram aos seus lugares no ar e iniciaram mais uma partida. James tinha ficado um pouco mais agressivo. Passado trinta minutos, o time de azul conseguiu empatar e antes que pudessem fazer a grande partida de desempate, a sra Weasley chamou a todos para almoçar.

- Vamos, vamos logo! - dizia arrastando filhos e netos para o outro lado do quintal, onde ainda estava a grande mesa do Natal. Draco aproximou-se de Scorpius e disse quase que em sussurros:

- Vou para casa, está bem? Divirta-se e me conte os resultados depois.

- Ah, poxa... - Scorpius desanimou - Tudo bem, se você acha melhor...

- Malfoy? - chamou o sr. Weasley, Draco se virou de surpresa - Não precisa partir agora. Pode se juntar a nós para o almoço.

Todas as conversas sessaram e o silêncio foi constrangedor. Notando isso, Draco agradeceu e disse ao sr. Weasley que realmente precisava e arrumar umas coisas na casa, mas ele insistiu e disse que Draco podia arrumar umas desculpas melhores para a próxima vez.

- Vamos, Draco. Não há nada de errado nisso - comentou Gina.

- Bem, ele é um Malfoy e não está vestindo preto - brincou Rony - Há algo de errado aqui sim.

Todos, até mesmo Draco, riram e por fim se juntou a família que caminhava para o outro lado do quintal. Scorpius parou de repente: sua visão ficara turva e sentia como se algo tapasse a passagem do ar para seus pulmões. Segurou firme no braço de Albus, que estava ao seu lado e sem que ninguém notasse foi ao chão, o corpo mole sem que conseguisse controlar ou ficar de pé. Albus se jogou de joelhos ao seu lado.

- Scorpius! - gritou - Alguém ajude ele! Ele passou mal!

Todos se juntaram ao redor do garoto, mas Hermione insistia para abrirem espaço enquanto Gina o fazia levitar delicadamente e o trazia para dentro de casa. Draco ao lado dele, o desespero tomando-lhe conta.

- Mas o que foi que aconteceu? - se perguntavam todos. Albus correu para junto do amigo que Gina deixara no sofá mais confortável. Draco tomou-lhe o pulso, estava mais lento do que o normal para quem acabara de sair de uma partida de quadribol.

- Será o cansaço do jogo? - questionava George.

- O que são essas manchas no rosto dele? - observava Hermione. Draco levou as mãos ao rosto, um choque lhe percorreu por todo o corpo. Não era possível que fosse o que imaginava - Draco, ele teve alguma coisa?

- Não. Ele estava bem - soluçava ele - Mas essas manchas... são iguais as... são iguais as que Astoria teve antes de...

Todos entenderam. Albus cambaleou para trás, Gina o segurou pelos ombros. Todos observavam com expressões de pena e lamentações.

- O que isso quer dizer? - preocupou-se Albus, os olhos lagrimejados - O que isso significa? Hermione? Você é inteligente. Ajude ele!

- Não é bem assim, Albus. Não sou curandeira. Não sei o que fazer - lamentou ela. Albus deixou uma lágrima escorrer pelo rosto e limpou rapidamente com violência. Se recusava a acreditar que perderia seu melhor amigo. Seu amor.

- Não vamos nos precipitar! Pode não ser nada tão grave. Vou ver o que tenho por aqui... - disse a sra. Weasley.

- Vejam! As manchas eston piorrando! - apontou Fleur, seu sotaque francês em nada mudara. As manchas escuras apareciam agora pelo pescoço de Scorpius e seus braços. Draco acariciava o rosto do filho, sussurrando seu nome enquanto fios de lágrimas escorriam pelo rosto.

- Scorpius. Filho, por favor - implorava ele em seu tom baixinho. Pela primeira vez os Weasley se sentiam comovidos por um Malfoy.

- Precisamos leva-lo ao St. Mungus. O que me diz, Draco? - sugeriu Harry.

- Eu não sei. Como faremos isso? Eu abdiquei de quase tudo. Não tenho como levar meu filho até lá - dizia Draco entre soluços e fungadas, ainda ajoelhado ao chão do lado do filho.

- Talvez não precisemos leva-lo. Vou mandar um patrono até lá e pedirei que mande alguém - anunciou Hermione, e saiu para o jardim. Não se passou nem quinze minutos quando Florence, uma funcionária muito dedicada do grande hospital de bruxos apareceu a porta dos Weasley. Ela se apressou a examinar Scorpius e algum tempo depois sua expressão não demonstrava ter boas notícias.

- Isso não é uma doença comum, é uma maldição - explicou Florence - Maldição do tipo que se passam por gerações em uma família. Não há um tratamento específico.

O silêncio se apoderou da pequena sala abarrotada da Toca e Draco agora chorava sem censura. Seus lábios tremiam enquanto grossas lágrimas desciam sem parar por seu rosto, a mão voltara a acariciar os cabelos loiros do filho.

- O que isso quer dizer exatamente? - perguntou Albus, seu coração em uma dor incontrolável.

- O que quero dizer é que não há muito que possamos fazer. É uma maldição antiga, pouco se conhece sobre os efeitos que pode trazer a quem a carrega. Eu sinto muito - lamentou Florence, que notava a tristeza nos olhos do garoto.

- Quanto tempo ele vai ficar assim? - perguntou Lily.

- Bem, se me permitirem, posso tentar acordá-lo com um encantamento. Trouxe também algumas raízes que o ajudaram a se sentir mais disposto e diminuirão possíveis enjoos.

Florence ergueu a varinha e murmurou alguma coisa. Para a surpresa de todos, Scorpius abriu os olhos. Tentou falar, mas a voz estava engasgada e fraca. Encontrou o rosto de Albus alguns metros a sua frente e fixou-se ali.

- Consegue respirar bem? - verificou Florence, Scorpius concordou com a cabeça tentando não se esforçar demais.

- Vou preparar um chá. Querida, pode me dar as raízes que disse? - pediu a sra. Weasley estendendo a mão para Florence, que lhe entregou os pedaços e então se retirou para a cozinha. Não demorou muito para que voltasse com uma bandeja um pouco trêmula em suas mãos, abaixando até a mesinha de centro e pedindo para que Draco o ajudasse a beber - Ele ficará bem, querido - disse tentando confortar o pai desesperador que não parava de fungar.

- Nunca pensei que fosse vê-lo assim - cochichou Rony entre os irmãos George e Percy - Isso é meio chocante.

- Tudo bem, será que não seria melhor todos irem esperar lá fora enquanto Scorpius se recupera? - sugeriu Hermione, uma expressão de brava para Rony. Todos os Weasley se retiraram, sobrando apenas Draco ao lado do filho e Albus que se recusara a sair.

Draco se sentou na antiga poltrona do sr. Weasley dando espaço para que Albus pudesse se aproximar de Scorpius. O garoto se ajoelhou ao lado do sofá onde o herdeiro Malfoy permanecia adoecido e pálido.

- Não tem noção do medo que estou sentindo - sussurrou Albus.

- Ei, vou ficar bem. Não se preocupe - disse Scorpius em uma voz rouca e fraca - Ainda temos muito o que aproveitar, você sabe.

- Não me deixe aqui sozinho, está bem? Não sobreviveria um dia sem você - Albus tentou dizer com humor.

- Sei que me ama, Albus. Também amo você.

Albus suspirou, lágrimas voltaram a molhar seu rosto. Ele encostou a cabeça no peito de Scorpius, lavando o braço junto como se fosse um abraço. Ouviu o som do coração de Scorpius batendo lentamente, as lágrimas umedecendo o suéter verde tricotado magicamente pela sr. Weasley.

- Ouço seu coração. Cada batida - cochichou Albus, os olhos inchados pelo choro.

- Então espero que saiba - Scorpius esforçava-se para falar - Que cada uma delas pertence a você.

***


Olá! Se você chegou até aqui, saiba que terminamos a PARTE I de SPELLS e estaremos entrando em um novo caminho a partir de agora, mas sem spoilers. Fique atento para os próximos capítulos que darão rumo ao fim dessa nossa jornada. Obrigada e até logo! x

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