✘ toxic.

By svtmol

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[ wonchan | mermaid!au ] onde chan é uma sereia e wonwoo tem medo do mar. © svtmol, 2020. More

Prólogo.
1. Primeiros versos de uma canção.
3. Ondas do passado.
4. Lágrimas peroladas.
5. Quando a maré abaixa.
6. Diamantes sobre as ondas.
7. Penas púrpuras.
8. O Oceano.
9. Quando as ondas quebram na praia.
10. O destino de Andrômeda.
11. A tempestade se aproxima.
12. O som das conchas.
13. Promessas sussurradas entre as ondas.

2. À deriva.

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By svtmol

Jiwon sabia que não devia ter bebido tanto.

Ainda era segunda-feira e ele já estava tropeçando nos próprios pés de tão bêbado. Sua mãe teria vergonha se o visse agora, ele riu alto com aquele pensamento. Seus colegas de curso resolveram fazer uma pequena reunião em um bar ao lado da faculdade, já era de madrugada quando Jiwon se levantou e anunciou que precisava voltar para seu dormitório. Como ainda estava com o cartão da faculdade no bolso, decidiu cortar caminho pelo campus.

Seus pés se arrastavam no chão, seus olhos pesando com o sono, e a cabeça dormente pelas inúmeras garrafas de álcool que ingeriu. Estava quase alcançando a outra saída da faculdade, quando um som invadiu seus ouvidos.

Ele era doce e calmo, uma melodia gostosa e viciante. Jiwon jurou nunca ter ouvido uma música tão bela quanto aquela. Parou de andar e se virou, procurando de onde aquele som vinha. De repente, seus olhos perderam o foco e sua cabeça começou a girar; Jiwon se sentiu sufocado, como se estivesse se afogando em mar aberto.

Caiu com tudo no chão, começando a tossir engasgado, tentando, desesperadamente, puxar o ar até seus pulmões. A melodia agora estava mais alta, como se quem quer que fosse seu dono estivesse bem próximo de Jiwon. Os olhos frenéticos do homem tentaram, novamente, procurar a fonte daquela música. Sentiu uma presença se agachar ao seu lado, dedos frios tocaram seu rosto e ele conseguiu respirar de novo. Não conseguia focar no rosto daquela pessoa, apenas via dois olhos brilhantes o encarando intensamente.

Se sentiu com sono, mas feliz. E então, após um tempo, a silhueta sem foco tomou a forma de uma linda garota de cabelos negros e olhos claros, sorrindo doce na direção de Jiwon. O rapaz sorriu de volta, um sorriso bobo e apaixonado, e esticou os braços, prendendo a garota num abraço forte, se deleitando com as carícias alheias. Um singelo beijo em seus lábios interrompeu a melodia, e, finalmente, Jiwon voltou a enxergar.

Entretanto, diferente do que imaginou, em seus braços não havia uma garota bonita, mas sim, um ser humanoide com o corpo cheio de penas. Ao olhar o rosto daquela criatura com mais clareza, vendo seus olhos amarelos brilhantes e mortais, Jiwon soltou um berro de medo.

Mas logo fora silenciado pelos dentes do monstro em seu pescoço.

— Vocês souberam? — Mingyu disse, após encontrar Jun, Wonwoo e Seungkwan em um dos corredores da faculdade — Aliás, bom dia.

— Bom dia, soubemos do quê? — Jun perguntou.

— Morreu alguém aqui no campus ontem.

— O quê? — Seungkwan arfou, arregalando os olhos — Então é verdade? Eu ouvi algumas meninas falando sobre, mas não consegui acreditar.

— Espero que essa notícia não chegue até meus pais. — Wonwoo torceu a boca — Eles ficariam super preocupados.

— Faz só uma semana que estamos aqui, gente, credo. — Jun fez uma careta — Você sabe quem foi o infeliz, Mingyu?

— Só sei que era um veterano de engenharia. — Mingyu respondeu e começou a andar junto de seus amigos — Uma das faxineiras o encontrou, ela disse que ele tinha uma mordida enorme no pescoço. Parecia de bicho.

— Será que eles vão fazer uma investigação ou algo assim? — Seungkwan perguntou.

— Já devem estar fazendo, tinha vários carros de polícia na porta da faculdade quando eu cheguei. — Wonwoo comentou.

— O pior disso tudo é que o diretor da faculdade cagou pro coitado do morto, né? — Jun balançou a cabeça, frustrado — Tá tendo aula normalmente!

Wonwoo concordou, pensou em falar mais alguma coisa, mas logo o assunto se desviou, e os quatro começaram a conversar sobre banalidades. Então, todos se dispersaram, cada um indo para suas respectivas salas. Seungkwan e Wonwoo decidiram não voltar no assunto daquela tragédia, e se contentaram a comentar sobre o texto que seu professor passara na aula passada.

Após um tempo, Wonwoo resolveu ir ao banheiro. Como a aula estava chata, também resolveu passear pelo campus, talvez compraria algum lanche na cantina e então voltaria para a sala. Ao descer as escadas, deu de cara com a cena do crime, vários policiais conversavam entre si e analisavam o lugar em que ocorreu o suposto assassinato. Não muito longe dali, Wonwoo viu um garoto observando a cena, sua expressão estava séria e sombria.

Wonwoo balançou a cabeça e se virou, indo em direção à cantina.

Seokmin observava a cena do crime com as mãos fechadas em punho. Estalou a língua, irritado, quando um dos policiais pegou uma pena roxa do chão e a analisou, completamente perdido. O garoto marchou para longe dali, e, após subir algumas escadas, encontrou quem estava procurando. Hansol estava apoiado na parede, observando a porta do banheiro masculino a uns metros de distância de si. Seokmin agarrou seu ombro e o olhou com raiva.

— Foi você?

— Eu, o quê? — O outro se livrou do toque do mais alto — Bom dia pra você também, donzela.

— Cale a boca. — Seokmin bufou — A morte de ontem, foi você?

— Óbvio que não, aquele cara nem era o meu tipo. — Hansol riu, desacreditado — Além do mais, eu não faço uma bagunça dessas quando vou comer. E, na maioria das vezes, não sobra nada para contar história.

— Então, quem? — Seokmin passou a mão por entre seus fios castanhos, estressado — Ou melhor, por quê? Será que querem que descubram sobre nós?

— Seria um problema. — O moreno de de ombros — E teríamos que nos mudar, de novo. Como se já não bastasse o suicídio daquele mané...

— Que seja. — Seokmin respirou fundo — Tenho que descobrir quem foi. Você bem que poderia me ajudar.

— Não agora, preciso garantir minha janta dessa semana. — Hansol sorriu e observou seu alvo passar por si, alheio a tudo.

— Você é nojento.

— Como se você fosse muito diferente de mim, né, Seokmin. — O menino riu e se afastou, indo em direção ao garoto loiro que saíra do banheiro.

Seokmin trincou os dentes e decidiu voltar para sua aula, deixando para resolver esse problema mais tarde, já que, acima de tudo, ele ainda era um estudante. Enquanto isso Seungkwan andava tranquilamente, ponderando onde Wonwoo se metera para demorar tanto para voltar. Entretanto, antes que pudesse alcançar a porta de sua sala, fora barrado no meio do corredor por um garoto de cabelos pretos.

— Oi. — Ele disse, sorrindo ladino. Sua voz era grave e deixou a mente de Seungkwan levemente enevoada — Qual seu nome?

— Seungkwan. — O menino respondeu sem pensar, mas logo fechou a cara — Licença, por favor.

— Meu nome é Hansol. — Novamente, Seungkwan se perdeu na voz alheia, sentiu os braços se arrepiarem com o tom que Hansol usara — Nunca te vi por aqui, é novo?

— Sim. — A boca de Seungkwan ficou seca, Hansol era muito bonito. Limpou a garganta, sentindo o rosto se avermelhar, e tentou retomar sua caminhada — P-Preciso entrar...

— Podíamos sair juntos, eu gostei de você. — Hansol inclinou a cabeça para frente e Seungkwan prendeu a respiração.

— Seungkwan! — Uma voz alheia assustou os dois garotos, Mingyu corria até o amigo com um sorriso no rosto — Minha aula acabou mais cedo e... Oh, eu atrapalhei alguma coisa?

— Sim, você poderia ir embora, não é? — Hansol rebateu, irritado, sua voz se tornando mais grave. Seungkwan teve que se conter para não obedecer as ordens do moreno. Mingyu, no entanto, não se moveu, apenas franziu a testa.

— E você poderia ser mais educado. Que tal ir embora, hein? Meu amigo aqui está claramente desconfortável.

Hansol ergueu as sobrancelhas, surpreso. Como aquele garoto resistiu à sua voz? Quem era ele? Desviou o olhar até Seungkwan e percebeu que o loiro o olhava, seu rosto estava deliciosamente vermelho. Suspirou alto e sorriu, piscando para Seungkwan.

— A gente se vê por aí, Kwanie. Até mais.

E saiu andando com as mãos nos bolsos. Como se estivesse num transe, Seungkwan piscou e encarou Mingyu.

— O que acabou de acontecer?

— Um cara idiota estava te cantando e você travou. — Mingyu riu — Sua aula já acabou?

— Ainda não...

— Você está bem, Seungkwan?

O loiro respirou fundo e colocou a mão na cabeça. Ainda estava atônito, o jeito que Hansol o cativou em apenas cinco minutos ainda assustava o garoto. Ele nunca se interessara tão rápido por alguém, ele não era assim, mas a vontade de se encontrar com Hansol novamente o consumia.

— Estou sim, não se preocupe. Fica sentado aí e espera um pouco, minha aula está quase acabando.

E entrou em sua sala, deixando Mingyu sozinho no corredor. Nesse meio-tempo, Wonwoo chegara na cantina e ia em direção ao caixa fazer seu pedido, feliz que não havia fila e poderia voltar logo para a sala, quando alguém entrou em sua frente. Suspirou pesadamente e cruzou os braços, esperando o desconhecido fazer sua compra. Começou a pensar em Seungcheol, tinha a sensação de que o que acontecera com ele não fora um simples suicídio; sentiu a cabeça doer quando pensou que talvez sua morte estivesse conectada com a morte do veterano de engenharia.

— Wonwoo?

O garoto virou o rosto à procura de quem havia o chamado e sentiu as pernas bambearem quando reconheceu Chan. Ele estava parado ao seu lado e sorria, só então Wonwoo percebera que não havia mais ninguém na fila, e tratou de pedir logo seu lanche, pagando-o em seguida.

— Oi. — Wonwoo respondeu enquanto guardava o troco no bolso. Ele sentia sua pele pegar fogo só de estar tão próximo a Chan.

— Faz tanto tempo que não te vejo, você está me evitando? — O mais baixo inclinou a cabeça para o lado e Wonwoo sentiu a respiração ficar presa na garganta.

— Hm... Não. Estou estudando.

Chan riu, fora um som tão adorável que Wonwoo teve que se controlar para não rir junto. Desviou o olhar para a barra de cereal em suas mãos e respirou fundo, tentando controlar seu coração palpitante.

— O que foi? Eu te deixo desconfortável? — Chan perguntou, se aproximando de Wonwoo, se deliciando com o rosto vermelho do garoto.

— N-Não! — Wonwoo balançou a cabeça rapidamente, arregalando os olhos — Não é isso, eu só... Não consigo esquecer o que fizemos na estufa.

— Podemos fazer de novo, se quiser. — Chan tocou no braço de Wonwoo, olhando no fundo de seus olhos.

Aquela força invisível, aquela pulsão, tomou conta de Wonwoo novamente. O toque de Chan queimava, mas lançava ondas de prazer por todo o corpo do garoto. Wonwoo quis se entregar a ele ali mesmo, Wonwoo quis sucumbir à tentação e mergulhar no gosto de Chan novamente. Não. Não, Wonwoo não era assim. Esse desespero não condizia com sua personalidade, o que estava acontecendo?

— Talvez. — Wonwoo murmurou e se afastou de Chan — Hã, desculpe, tenho que voltar pra minha aula.

E saiu correndo. Chan rangeu os dentes e o observou ir embora. Era a segunda vez que Wonwoo resistia a ele, aquilo começava a irritar o menino. Deveria ser impossível, ninguém nunca negou Chan, quem dirá duas vezes seguidas. Ele estava determinado a conquistar Wonwoo, uma hora ele cederia, todos cedem.

— Ele te deu um pé na bunda de novo? — Jihoon, que observara tudo de longe, se aproximou de Chan, segurando suas apostilas contra seu peito.

— Quando eu penso que consegui, ele escapa por entre meus dedos. — Chan suspirou e encarou o amigo — Estou me irritando.

— Imagino que esteja. Ainda mais por... Você sabe. — Jihoon riu.

— Exatamente! Meu ego está ferido! Eu não vou parar até provar dele.

— Boa sorte, Chan. — O mais baixo deu tapinhas no braço do amigo, e, ao olhar para frente, sentiu o coração doer ao ver Seokmin se aproximando deles — Ah, oi, Seokmin!

— Oi, Jihoon. — O dito cujo sorriu forçado e encarou Chan — Temos um problema.

— Qual? — Chan se remexeu desconfortável, sentindo-se mal pelo jeito que Seokmin respondera Jihoon, ainda mais porque, em tese, os dois namoravam.

— A morte de ontem, você soube?

— Sim, a faculdade só fala disso.

— Ah, que maravilha. E eu ainda nem sei o nome do infeliz.

— Kim Jiwon. — Jihoon se intrometeu — Ele fazia engenharia. Os amigos dele o chamavam de Bobby.

— Obrigado, Jihoon, sempre muito prestativo. — Seokmin deu tapinhas leves na cabeça do menor, fazendo o garoto vibrar de alegria.

— Pensei que tivesse sido você ou Hansol. — Chan ergueu uma sobrancelha.

— Hansol é desleixado, mas nem tanto. E eu evito me alimentar dos caras que eu pego aqui na faculdade. — Seokmin deu de ombros. Novamente, Chan se sentiu desconfortável por Jihoon, devia ser muito difícil ouvir seu namorado admitir, bem na sua cara, que o traía com todo mundo. Porém, não era como se Jihoon não soubesse dos riscos.

— Então, realmente, temos um problema. — Chan suspirou — Temos que encontrar quem fez isso, não quero ir embora dessa cidade tão cedo.

— Eu posso ficar de olho, se quiserem. — Jihoon disse, timidamente — Eu sou humano, é mais fácil para mim descobrir outros de vocês.

— É uma boa ideia. — Seokmin concordou.

— Mas tome cuidado, okay? Pode ser perigoso. — Chan afagou o ombro de Jihoon.

— É... Bom, tenho que ir, minha próxima aula já vai começar. — Seokmin olhou seu relógio e fez menção de sair, mas Jihoon o impediu, segurando sua mão.

— Seokmin, espere... Você poderia...

O mais alto revirou os olhos e se inclinou, depositando um singelo beijo nos lábios do outro. Jihoon sentiu o corpo queimar de euforia, se deliciando com aquele toque íntimo vindo de Seokmin.

— Pronto, tá feliz?

— Sim, obrigado. — Jihoon sorriu, e Seokmin suspirou, se virando e indo embora.

— Jihoon, você não deveria se sujeitar a isso. — Chan torceu a boca — Você sabe que a espécie de Seokmin não pode se apaixonar.

— Mas eu o amo. — O mais baixo murmurou, apertando sua apostila contra seu peito — E só isso importa.

Chan nunca entendeu os humanos. São criaturas tão simples, mas, ao mesmo tempo, tão gananciosas. Sempre estão buscando sucesso, status, dinheiro... É uma jornada interminável. Porém, quando se trata de amor, até a pessoa mais sábia se torna tola; humanos fazem coisas absurdas em nome do amor, se envolvem em situações malucas pela pessoa amada. Não que isso fosse ruim, na verdade, tornava tudo bem mais fácil, mas Chan ainda se intrigava.

— Chan... — Jihoon sussurrou, de repente, e segurou uma das mãos do garoto — Você está descascando...

Chan olhou seu braço e xingou baixinho, sua pele estava secando, formando uma casca fina e branca. Ainda não era muito perceptível, mas precisava se hidratar urgentemente.

— Obrigado, Jihoon. Nos vemos amanhã?

— Claro. Até mais!

Não muito longe dali, Wonwoo estava sentado em um banco na entrada da faculdade. O sol batia em seu rosto, quente e brilhante, fazendo seus olhos pesarem de sono. Suas aulas acabaram, Seungkwan, Mingyu e Jun tinham ido embora, mas ele resolveu ficar mais um pouco para aproveitar o ar puro, já que seu kitnet não tinha quase espaço nenhum. Porém, toda vez que Wonwoo fechava os olhos, o rosto de Chan aparecia em sua mente. Seu olhar intenso e seu sorriso cheio de segundas intenções ainda deixavam Wonwoo desconcertado.

Sentiu uma presença ao seu lado e virou o rosto, encontrando Jeonghan tateando o banco para se sentar.

— Espero que não tenha ninguém aqui. — Ele murmurou e dobrou seu bastão guia.

— Tem sim. — Wonwoo sorriu, e Jeonghan deu um pulo.

— Wonwoo?

— Eu mesmo.

— Por Deus, que susto, não faça isso de novo!

— Desculpe. — Wonwoo riu e se aproximou dele — O que faz aqui?

— Queria espairecer, acabei de ter uma prova horrível. — Jeonghan se espreguiçou — E você?

— Mesma coisa, só não tive prova ainda.

— Sortudo.

Um silêncio confortável caiu sobre os dois. Wonwoo agradeceu por Jeonghan não enxergar, pois, assim, poderia observar o rosto alheio o quanto quisesse. Jeonghan era muito bonito.

— Você está me olhando? — O moreno virou o rosto na direção de Wonwoo — Tô sentindo que você está me olhando.

— Talvez eu esteja. — Wonwoo respondeu baixinho, ainda sem tirar os olhos dele.

— Queria poder te olhar também. — Jeonghan suspirou e abaixou a cabeça.

— Você pode... Me tocar, se quiser. — Wonwoo limpou a garganta — Meu rosto, eu digo. Tocar meu rosto.

Jeonghan riu baixinho e Wonwoo quis enfiar a cabeça no chão de tanta vergonha. O que ele estava falando? Será que fora muito sem noção? Entretanto, seus pensamentos foram silenciados pelos dedos de Jeonghan em sua bochecha. O moreno arrastou seu toque por toda extensão do rosto de Wonwoo, fazendo com que o coração do garoto batesse mais rápido no peito. Jeonghan sorriu, afagando o queixo alheio.

— Nossa. Você parece ser muito bonito.

— O-Obrigado. — Wonwoo respondeu e Jeonghan tirou as mãos de seu rosto, ainda com um sorriso bobo nos lábios.

O silêncio voltou a pairar sobre os dois, Wonwoo se aproximou mais de Jeonghan e encostou seus ombros. Será que estava forçando a barra? Ultrapassando algum limite? Jeonghan não pareceu se incomodar, mas sua falta de reação ainda deixava Wonwoo nervoso.

— Você é muito cheiroso. — Jeonghan, após um tempo, murmurou, e apoiou a cabeça no ombro de Wonwoo. O garoto sorriu e relaxou ao seu lado.

— Faço o que posso. — Wonwoo suspirou e observou o bastão guia nas mãos de Jeonghan — Você... Nasceu sem visão? Não precisa responder se não se sentir confortável.

— Tudo bem. — Jeonghan riu, Wonwoo era muito atencioso — Eu sofri um acidente quando era mais novo, aí eu acabei ficando cego. Demorei bastante para me acostumar, mas agora nem me incomoda tanto. A não ser quando um cara bonito começa a dar em cima de mim, e eu não posso ver o rosto dele.

Wonwoo sentiu as bochechas se avermelharem e riu baixinho. Jeonghan apenas sorriu e tocou o joelho do outro. Qualquer um que passasse por eles pensaria que eram um casal, mas, surpreendentemente, aquilo não incomodou Wonwoo. Estava tão perdido na sensação de ter o corpo do mais velho perto do seu, que nem percebeu Joshua se aproximando.

— E aí, gente. — Joshua limpou a garganta, assustando os dois, fazendo com que se separassem — Você está bem, Jeonghan?

— Estou sim. Só estou tentando não pensar na prova. — O dito cujo respondeu — E você?

— Tô bem, acho que vou tirar uma nota boa. — Joshua murmurou e observou Wonwoo — E você, o que faz aqui?

— Só espairecendo. — Wonwoo se ergueu e se esticou, sentindo um pouco de medo do olhar de Joshua — Acabou que Jeonghan me encontrou por acaso e ficamos conversando.

— Ah, sim.

— Bom, eu já vou. Até mais, Joshua. Até mais, Jeonghan.

— Tchau, Wonwoo. — Jeonghan respondeu e Joshua apenas acenou, tomando seu lugar ao lado de Jeonghan.

Wonwoo ergueu uma sobrancelha enquanto se afastava, Joshua gostava de Jeonghan? Ou ele apenas era um amigo muito protetor? Estranho... Entretanto, não pensou por muito tempo e foi logo para casa. Como não tinha nada para fazer, resolveu ler alguns dos textos de sua apostila. De tempos em tempos, respondia as mensagens de seus amigos, mas logo voltava para suas anotações. Em um momento, sua mente divagou enquanto lia um trecho de um poema que ilustrava o conteúdo do texto, era um poema sobre sereias.

O rosto de Chan apareceu em seus pensamentos. O modo em que os homens se encantavam por aquelas criaturas, no poema, se assemelhava com as sensações que Wonwoo experimentou junto de Chan. O motivo daquela comparação fazer sentido em sua cabeça, nem Wonwoo sabia, então achou melhor parar de estudar por hoje. Se levantou e se esticou, sentindo seus braços estalarem. Olhou o relógio e se assustou ao perceber que já eram 18 horas, quase anoitecendo. Decidiu que iria tomar um banho, mas, antes, deu uma olhada na sua janela.

Seu kitnet se localizava perto de uma praia, junto aos rochedos, então Wonwoo tinha uma bela visão das ondas batendo nas pedras, sem contar a brisa marítima que sempre invadia suas narinas. E, por mais que não gostasse do mar, tinha que admitir que aquela paisagem era muito bonita. O sol se punha aos poucos, colorindo tanto o céu quanto o oceano de laranja, as ondas, ao baterem nos rochedos, criavam uma espuma que parecia brilhar à luz do sol. Por um momento, se sentiu hipnotizado pelo vai e vem da água, tanto que nem percebeu uma pessoa avulsa escalando as pedras.

Wonwoo estreitou os olhos, tanto para enxergar direito quanto para ter certeza de que aquilo não era uma miragem. Realmente tinha alguém subindo no rochedo, Wonwoo se inclinou pela janela e observou, de olhos arregalados, a pessoa desconhecida se jogar dali. Em puro desespero, saiu correndo de seu apartamento e foi direto até a praia. Sentiu o coração subir pela garganta ao ouvir as ondas baterem, com força, nas pedras, e a água respingar em seu rosto. O sol ainda iluminava o local.

Wonwoo reuniu toda coragem que tinha e subiu nas rochas, rezando para que a pessoa desconhecida ainda estivesse viva. Toda vez que as ondas batiam nas pedras, rugindo alto, Wonwoo sentia os olhos lacrimejarem de medo, no entanto, seguiu firme com sua missão. Ao chegar no topo do rochedo, percebeu que a queda não era tão alta, mas, ainda sim, era muito perigosa, principalmente por conta das ondas fortes.

— Olá! — Wonwoo gritou, sua voz quase falhando — Tem alguém aí? Você precisa de ajuda?

Nada, apenas o som da água batendo nas pedras. Wonwoo se inclinou um pouco, apenas para conferir se havia alguma chance daquela pessoa ter sobrevivido, e sentiu o estômago revirar. Resolveu sair dali rapidamente e voltar para a terra firme, lá ele poderia, pelo menos, ligar para a polícia e avisar de um possível suicídio. Porém, antes que ele se mexesse, Wonwoo viu uma movimentação na água; estreitou os olhos e viu alguém emergir das ondas. Uma chama de alívio tomou conta do peito do garoto.

— Ei! Você está bem? Você precisa de ajuda? — Ele gritou, fazendo com que a pessoa erguesse a cabeça e o olhasse. Wonwoo sentiu um parafuso se soltar em seu cérebro ao reconhecer aquele rosto, mesmo estando longe — Chan?

Wonwoo ficara tão confuso e abismado, que não calculou direito o quanto deveria inclinar-se estando na ponta de um pequeno precipício. Seu pé escorregou na pedra molhada e ele perdera o equilíbrio, despencando rochedo abaixo. Wonwoo soltou um berro e tentou, em vão, se agarrar a algo; as rochas se tornavam menores a cada segundo que se passava. O coração de Wonwoo pulsava em seus ouvidos, enquanto ele sentia o oceano se aproximar de si. Lágrimas se formavam em seus olhos e ele pensou se ali realmente seria o seu fim, no mar, no local que ele tanto temia. Chegava ser irônico, mas quando a morte não é?

E então, ele sentiu. As ondas o engoliram, o jogando de um lado para o outro, o desespero sufocando Wonwoo mais do que a própria água salgada adentrando em seus pulmões. Não conseguia se mexer, estava em pânico, o mais puro medo consumindo sua carne e seus ossos, o impedindo de resistir ou de lutar. Quando estava quase perdendo a consciência, sentiu braços rodearem sua cintura, o puxando para cima. O oxigênio adentrou em seu peito com tanta força, que Wonwoo começou a tossir, cuspindo a água que entrara em seus pulmões. Agarrou-se naquilo que o salvara, sentindo o corpo tremer, tanto de frio quanto do pânico que ainda o consumia.

— Você está bem? — Era a voz de Chan, calma e suave, contrastando com o rugido alto das ondas.

Wonwoo não ousou soltá-lo, mas se afastou um pouco, lentamente, para observar seu rosto. Chan estava impassível, os olhos brilhando de preocupação, enquanto observava a reação alheia.

— O que você... — A voz de Wonwoo morreu quando seus pés tocaram em algo escamoso. Seus olhos desceram pelo corpo de Chan, ele estava sem camisa, seu peito forte subia e descia numa respiração calma, porém, da sua cintura para baixo, uma longa cauda, parecida com a de um tubarão, se alastrava. As escamas azuis brilhavam como pérolas na água.

— Wonwoo. — Chan o chamou e Wonwoo o olhou, engoliu um grito de medo ao perceber guelras em seu pescoço — Fique calmo.

— Você... Peixe... — Wonwoo sentiu os olhos lacrimejarem novamente — Não me mate, por favor.

Chan quase riu. Wonwoo estava assustado, mas, ainda sim, ele se agarrava contra seu corpo com toda força. Parecia que ele estava mais aterrorizado com a possibilidade de Chan o soltar na água do que com Chan em si.

— Vamos sair daqui primeiro. — O garoto murmurou, afagando o rosto de Wonwoo delicadamente — E se acalme. — Chan se inclinou e deu um selinho em Wonwoo. O mais alto sentiu uma calma momentânea tomar conta de seu corpo, como se sua mente estivesse obedecendo o pedido de Chan.

Wonwoo, então, se contentou a balançar a cabeça e abraçar o outro. Ele observou a cauda de Chan se mexer e os dois se locomoverem pela água facilmente, como se as ondas não interferissem em nada. Na verdade, parecia que a água se dobrava à vontade de Chan, como se ele a controlasse. Ao chegarem numa parte mais rasa, Wonwoo se soltou do garoto e correu até a areia, caindo com tudo sobre ela. Seu coração se acalmava aos poucos, finalmente estava em terra firme, e ele não morrera. Estava tão aliviado que nem se importou com o frio que fazia seu corpo tremer. O sol tinha sumido por completo e o céu estava escuro.

— Você tem medo do mar? — A voz de Chan chamou a atenção de Wonwoo. O garoto se sentou e o observou, ele estava deitado, de bruços e com o rosto apoiado nas mãos, na parte molhada da areia, onde a água ainda batia em seu corpo, ou melhor, sua cauda.

— Antes de tudo, você não acha que me deve uma explicação? — Wonwoo conseguiu manter a voz firme enquanto proferia aquelas palavras. Chan sorriu e se sentou, ficando de costas para o garoto.

— Me puxe para longe da água, por favor. — Ele ergueu os braços.

— Por que?

— Para que eu fique seco e volte a ter pernas, mas já aviso, não vai ser uma cena muito bonita.

Wonwoo ponderou por um tempo, mas se levantou e puxou Chan para longe do mar, sua cauda deixando um rastro na areia por onde era arrastado. Após afastá-lo, com muito esforço, da água, e encontrar um lugar mais escondido para que ninguém pudesse vê-los, Wonwoo se sentou ao seu lado, respirando fundo.

— Eu sei, a cauda pesa. — Chan sorriu e se inclinou para trás, se apoiando em seus braços, sentindo a brisa fria do mar balançar seus cabelos. Wonwoo, no entanto, se encolheu e abraçou as pernas.

— O que é você? — Ele disse num fio de voz.

— Uma sereia. — Chan respondeu, virando o rosto até Wonwoo — Achei que já estivesse na cara.

— Sereias são um mito.

— Eu pareço um mito pra você?

Wonwoo sabia que não. Se qualquer um contasse a ele que sereias são reais, Wonwoo não acreditaria, se manteria cético pelo resto da sua vida, porém, agora ele estava vendo uma com seus próprios olhos. A cauda de Chan era longa e brilhante, não tinha um tom de azul específico, parecia até um degradê, mas, ainda sim, Wonwoo ficara maravilhado. Inconscientemente, esticou a mão e tocou nas escamas de Chan, eram iguais as de um peixe.

— Tem mais sereias na cidade? — Wonwoo perguntou, observando as guelras no pescoço de Chan se fecharem aos poucos.

— Sim. — Ele respondeu, respirando fundo — Não são muitas, mas existem. Sirenas também.

— Sirenas? — Wonwoo perguntou, confuso.

— Basicamente, um tipo mais poderoso e perigoso de sereias. — Chan respondeu, calmo.

— Ah...

Chan sorriu e observou Wonwoo, ele fazia uma expressão adorável de dúvida enquanto digeria as palavras que o outro acabara de falar. Tinha algo nele, naquele garoto tímido e curioso, que despertava sentimentos que Chan jurou nunca mais sentir. Era perigoso, mas a sereia não conseguia, e, no fundo, nem queria, se afastar de Wonwoo.

— Então, era isso! — O garoto disse, puxando. Chan de volta para a realidade.

— Isso, o quê?

— O que você me fazia sentir! — Wonwoo balançou a cabeça — Aquela vontade enorme de jogar tudo pro alto e pular em você, era tudo resultado do seu, hã, canto de sereia, não é?

— Primeiro de tudo, sereias não cantam. — Chan ergueu um dedo — Só sirenas tem essa habilidade. Sereias seduzem as pessoas de outras maneiras.

— Com um beijo.

— Na maioria das vezes, sim. E, segundo, quer dizer que você não sente mais vontade de pular em mim? — Chan fez um bico, e Wonwoo sentiu o rosto esquentar.

— Isso não vem ao caso... Sua cauda está descascando.

— Ah. — Chan olhou para a bendita, vendo algumas escamas caírem e uma casca fina se formar sobre sua superfície — Minhas pernas estão voltando.

— Não é dolorido?

— Um pouco, mas você se acostuma. — Chan rangeu os dentes e fechou os olhos, era como se seus músculos estivessem se rasgando ao meio e seus ossos se quebrando. Uma dor que é excruciante no início, mas, após várias e várias noites se transformando, acaba se tornando suportável. Wonwoo teve que desviar o olhar, realmente não era uma cena bonita.

— Ainda é difícil acreditar. — O moreno murmurou, tremendo um pouco quando a brisa fria bateu em seu corpo.

— Imagino que seja, mas, qual é, eu tô, literalmente, me metamorfoseando na sua frente. O que mais quer que eu faça? — Chan gemeu de dor e agarrou a mão de Wonwoo, inconscientemente.

— Não precisa fazer nada, sou eu quem deve decidir agora. — Wonwoo olhou seu rosto e afagou sua mão, tentando acalmá-lo.

— Que ótimo, então. — Chan arfou uma última vez e mexeu seus dedos dos pés — Finalmente.

Wonwoo desceu o olhar até as pernas torneadas de Chan e, ao seu redor, observou a casca e escamas mortas da antiga cauda do garoto.

— Você vai deixar isso aí?

— É só enterrar na areia, logo se decompõe. — Chan soltou a mão de Wonwoo e abraçou as pernas. Fora só neste momento que o moreno percebeu a nudez alheia.

— Ah, você está pelado. — Wonwoo engoliu em seco e seus olhos ficaram frenéticos — Minha casa é aqui perto, se você precisar de roupas...

— As minhas estão perto dos rochedos. — Chan sorriu e apontou na direção das benditas — Se você puder pegar pra mim...

— N-Não quero voltar pra lá.

Chan encarou Wonwoo, ele tinha os olhos cravados nos pés, e uma expressão de desconforto tomava conta de seu rosto.

— Tudo bem, eu vou. — A sereia murmurou — Não se preocupe.

Um silêncio tomou conta dos dois enquanto Wonwoo tentava ao máximo não olhar para a figura nua de Chan se levantar da areia e ir direção aos rochedos. Após alguns minutos, o garoto voltou, Wonwoo não se mexera.

— Você não está com frio? — Chan disse, estendendo a mão na direção do outro. Wonwoo aceitou sua ajuda e ergueu do chão, seu corpo estava até rígido de frio.

— U-Um pouco.

— Vem, vamos até sua casa.

A caminhada foi curta e silenciosa, Chan estava abraçado a Wonwoo, tentando passar um pouco de calor para o moreno. Ao entrarem no kitnet de Wonwoo, Chan se acomodou na cama, sentando-se educadamente, enquanto esperava o garoto tomar um banho. Wonwoo colocou suas roupas em cima da pia do banheiro e se olhou no espelho, sentindo os olhos lacrimejarem ao lembrar do acidente, do modo como o mar era impiedoso e o mataria se Chan não o tivesse salvado. Tomou um banho quente, tentando assimilar tudo que havia acontecido consigo.

Ao sair, já seco e vestido, viu que Chan estava apoiado em sua janela, observando o mar bater nas pedras. Wonwoo se aproximou dele, seu cheiro era uma mistura de brisa marítima com algo doce, havia alguns grãos de areia no cabelo escuro do menino, mas ele não parecia se importar.

— Você tem medo do mar? — Chan perguntou novamente, ainda sem tirar os olhos das ondas. Wonwoo demorou um pouco para responder.

— Sim.

— Por que?

— Trauma.

Chan desviou o olhar até Wonwoo, admirando seu rosto sério. Ficou tentado a desvendar todos os mistérios que seus olhos castanhos guardavam.

— Não vai me falar?

— Eu prefiro não lembrar, minha saúde mental agradece.

— Certo. — Chan ergueu as sobrancelhas — Então, o que uma pessoa com medo do mar faz numa cidade litorânea?

— Não tive escolha. — Wonwoo deu de ombros e andou até sua cama, se sentando nela — Meus pais não queriam que eu saísse de casa, então eles me fizeram uma proposta de vir para cá, que é apenas uma hora de distância da cidade onde eu nasci. Era isso ou... Não ter liberdade alguma.

Chan se sentou ao seu lado, encostando seus ombros frios nos de Wonwoo, fazendo com que o moreno respirasse pesadamente. Chan era tão bonito, seus olhos brilhavam como estrelas, e sua boca era tão bem desenhada quanto seu rosto. Wonwoo se sentiu hipnotizado por ele, mas dessa vez, não lutou contra aquele sentimento. Apenas se inclinou e deixou ser consumido pelo poder da sereia.

Os lábios de Chan estavam salgados, mas aquele detalhe apenas aqueceu mais o corpo de Wonwoo. Chan inclinou a cabeça para o lado, intensificando o beijo, e, num reflexo, Wonwoo apertou sua coxa, suspirando baixinho. Era como se estivesse no fundo do mar, sem som algum, apenas sentindo os toques lentos e eletrizantes de Chan. Wonwoo cedeu a ele, e era uma sensação boa, uma sensação que Wonwoo nunca sentira antes, intensa, mas, ao mesmo tempo, tranquilizadora. Entretanto, no momento em que Chan subiu para o seu colo e abraçou seus ombros, Wonwoo abriu os olhos e voltou a si.

— Opa. — Ele se afastou, ofegante — Calma.

— Não vamos parar agora, por favor. — Chan gemeu baixinho e começou a beijar o pescoço de Wonwoo. O moreno jurou ver estrelas ao sentir os lábios frios do outro em sua pele, e quase se rendeu novamente, mas conseguiu se manter firme.

— Hm... E-Eu não tô mais no clima.

Chan estreitou os olhos e encarou o garoto, Wonwoo tinha o rosto vermelho e parecia assustado. A sereia revirou os olhos e se sentou ao lado dele, soltando um grunhido de irritação.

— Já é a terceira vez que você me recusa, isso tá acabando com meu ego.

Wonwoo riu, nervoso, e deitou em sua cama, tentando respirar normalmente. Chan se deitou ao seu lado e ficou observando seu rosto.

— Não é que eu não quero, é que ainda não me sinto pronto. — Wonwoo murmurou, encarando o teto — Além disso, o jeito que você me faz perder a cabeça me assusta, eu nunca me senti assim antes.

Chan sentiu o peito se encher de orgulho, e seu ego, até então machucado, fora acariciado. Sorriu ladino e se virou de bruços, apoiando o rosto em suas mãos, enquanto observava as bochechas coradas de Wonwoo.

— Você é virgem, não é?

— O jeito que você falou me fez parecer um idiota.

Chan riu e Wonwoo sorriu com o som.

— Tá tudo bem, não estou julgando. Só estou surpreso, você é bonito demais pra ainda ser virgem.

— Obrigado, eu acho.

Chan riu novamente e começou a tracejar pequenos desenhos invisíveis no braço de Wonwoo com a ponta de seu dedo. Wonwoo não conseguia entender o porquê de Jeonghan não gostar de Chan, ele era tão doce e gentil, um pouco arrogante, mas uma boa companhia. Chan sentiu o olhar do outro em si e ergueu os olhos até ele, se perdendo na imensidão castanha de Wonwoo. Oh, não. Ele estava se apegando. Não, isso não podia acontecer. Não de novo. Piscou rapidamente e se ergueu, assustando Wonwoo no processo.

— Preciso ir embora.

— Ah, tudo bem. — O mais alto murmurou, se sentando — Aliás, obrigado por ter me salvado. Eu não estaria aqui agora se não fosse por você.

Chan sorriu e afagou o rosto de Wonwoo, se levantando de sua cama em seguida.

— Não há de quê. Agora, será que você poderia me acompanhar até a porta?

Wonwoo assim fez, se despedindo e observando o garoto desaparecer no corredor de seu dormitório. Estava tão imerso em seus pensamentos, que não percebeu um par de olhos brilhantes o encarando na escuridão.

esse é um dos capítulos que euros adorei escrever, imaginar o chan de sereia foi maravilhoso 🙏🏻 espero que estejam gostando da história!

clica na estrelinha se gosto eh nos ❤️

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