My blue eyes (Hosie)

By Loveoficial

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Hosie AU Há um ano, eu havia sofrido um sério acidente de carro. Minha amiga, que dirigia, havia morrido no... More

Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo15
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20

Capítulo 11

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By Loveoficial

- Bom dia, pai – cumprimentei assim que cheguei ao jardim.

Skoop, ao ouvir minha voz, veio correndo para meu lado. Passei a mão por sua cabeça peluda e sorri.

- Dormiu bem querida? – meu pai perguntou vindo em minha direção e me dando um abraço.

- Sim... – respondi segurando em seu braço após o abraço – Está regando as flores?

- Sim. Está muito calor. Elas parecem meio murchas. Venha – Ele me levou para perto das flores – Está sentindo o cheiro? Aqui, pegue.

Senti sua mão pressionando algo contra a minha. Era uma flor.

- Cheire – meu pai pediu. Ele tinha muito orgulho de seu jardim. Cuidava muito bem das flores.

Esse era seu passatempo. Sua maneira de ficar calmo quando está estressado. Suas flores eram seu tesouro.

- É uma rosa? – perguntei levando a flor ao nariz e sentindo um cheiro suave e um pouco doce, mas não enjoativo.

- Está ficando boa nisso! – ele riu – As orquídeas floresceram – Sua voz vinha de um nível mais baixo. Devia estar agachado.

- Devem estar lindas... E cheiram muito bem – Me agachei ao seu lado e estiquei uma mão para alcançar alguma flor.

- O que estão fazendo meus queridos? – a voz de minha mãe invadiu o ar. Ela parecia animada – Fomos convidados para um churrasco.

Eu me levantei, segurando a flor que meu pai havia me dado.

- Aonde? – perguntei indo em sua direção.

- Nos Saltzman's – respondeu minha mãe com a voz um pouco insinuante. Fiz uma careta.

- Não vou.

- Como não? – perguntou meu pai surpreso – Você é amiga da filha deles.

- E daí?

- E daí, minha linda – minha mãe passou seu braço por meus ombros – Que seria mal educado você não ir – beijou meu rosto. Suspirei impaciente.

- Você sabe que eu não gosto de ficar em lugares com pessoas estranhas – comentei – Com certeza não fomos os únicos convidados.

- Sim, claro que não. Mas, caso você não queira ficar lá, pode voltar para casa. Afinal, eles moram aqui do lado.

- Mas mãe, eu...

- Mas mãe, que você vai ir pelo menos para dizer que apareceu. Não precisa ficar muito tempo. Eles foram educados retribuindo nosso jantar com o churrasco.

Soltei mais um suspiro, totalmente derrotada.

- Ok, eu vou. Mas não ficarei muito tempo. Certo?

- Nós cuidaremos de você lá – disse meu pai tentando me animar – E, além do mais, Josie também vai te fazer companhia.

"Josie, Josie, Josie... Estou cansada dessa garota", pensei voltando para dentro de casa. Eu não queria me aproximar mais que o necessário. Já iríamos sair na próxima semana, isso já era o bastante para me deixar nervosa. Agora, porque esse maldito churrasco sem sentido? Porque eu tinha que estar me apaixonando por essa garota?

Cheguei a meu quarto e fechei a porta com força.

- Ela nunca ficaria com uma cega – murmurei para mim mesma, irritada, andando em direção a cama, mas parecia que havia algo contra mim, pois caí ao chão no meio do caminho, batendo o joelho em algo duro. O que estava acontecendo comigo?

- Droga! – respirei fundo e bati com força no piso gelado – Droga, droga, droga!

Senti vontade de chorar.

***

Havia várias pessoas na casa dos Saltzman's. Mais de 10 eu podia presumir.

Vários tons de vozes, vários cheiros e risos diferentes. Arrumei os óculos no rosto. Eles tinham piscina, constatei, pois eu também sentia cheiro de cloro e barulho de água.

Nunca me senti tão deslocada na vida.

Minha mãe segurava minha mão e eu senti que ela também ficou impressionada com a quantidade de pessoas, pois pressionou minha mão levemente e inconscientemente. Ela estava apavorada por mim.

Vozes jovens e altas gritavam. Estavam se divertindo. Ouvi o nome de Josie sendo exclamado por uma voz feminina.

- Não, não faça isso, Josie! – depois uma risada da mesma pessoa. Meu coração apertou.

Engoli em seco.

- Já posso ir embora? – perguntei baixo para minha mãe.

- Calma querida – ela sussurrou em meu ouvido e logo depois exclamou: - Sinu!

- Oh! Vocês chegaram – a Sra. Saltzman se aproximou de nós e deu um beijo em minha mãe e em mim. Seu perfume era forte, me fazendo desviar o rosto para o outro lado enquanto ela estava perto.

- Eu trouxe sobremesa, mas não sabia que ia vir tantas pessoas, por isso... - desculpou-se minha mãe.

- Não se preocupe. Foi uma gentileza da sua parte. Alaric está na sala de jogos, Klaus – Ela se dirigiu ao meu pai que agradeceu e se afastou – Josie está com alguns amigos na piscina, Hope. Talvez você queira ir até lá.

- Não – minha mãe respondeu em meu lugar – Ela ficará comigo.

- Ah! Claro.

Josie ainda não havia me visto. Eu não sabia se me sentia aliviada ou frustrada por isso.

- Então vamos para a cozinha. Algumas mulheres da vizinhança estão lá. Estamos preparando as saladas. Quanto ao churrasco, tivemos que contratar um homem para isso. Alaric nunca foi muito bom nesses tipos de coisa – comentou tentando ser agradável.

Apertei a mão de minha mãe que correspondeu.

Quando chegamos à cozinha, pensei que fosse ficar tonta com tanta conversa paralela. Muitas mulheres, muitos assuntos, mas nada que prendesse minha atenção.

- Bonnie! – exclamou minha mãe se dirigindo a outra vizinha que tínhamos.

- Hayley!

De repente tudo virou uma bagunça. Todas as mulheres cumprimentavam a mim e a minha mãe, como se não nos visse há séculos. E, sem perceber, me vi sendo o centro das atenções, respondendo, sem graça, a todos os tipos de perguntas inconvenientes que me faziam. Minha mãe não soltava minha mão, com medo de me perder ou algo parecido.

Eu tinha que me controlar ou então, sairia correndo dali.

- Josie e Hope se tornaram amigas – comentou Jo, inocente. Houve um silencio desagradável.

- Isso é bom – respondeu Elena, uma das mulheres que morava em nossa rua.

- Sim, é bom – minha mãe parecia irritada – Josie é uma garota agradável.Jo... Você poderia, por favor, me dizer onde fica o banheiro?

- Oh! Claro. Segue o corredor. Fica na 4° porta a esquerda.

Minha mãe quase me carregou para fora da cozinha em direção ao banheiro.

- Calma – pedi puxando o braço para ela diminuir os passos.

- Me desculpe querida – ela me soltou e parou – Essas mulheres são umas... – respirou fundo. - Desculpe.

- Tudo bem, mãe. Calma.

- Como conseguem ser tão desagradáveis?

Eu sorri balançando a cabeça.

- Você não queria ir ao banheiro? – perguntei irônica, sabendo que aquilo era apenas uma desculpa para poder sair da cozinha.

- Engraçadinha – ela murmurou rindo.

- Hope?!

Fechei os olhos, sem acreditar. Josie.

- Josie! – minha mãe exclamou mais calma – Tudo bem?

- Tudo ótimo Sra. Mikaelson . Eu não sabia que estavam aqui. Hm... – ela fez uma pausa. Parecia embaraçada– Esta é Penélope, minha namorada.

Me senti gelar. Respirei fundo e tentei sorrir, mas isso parecia uma tarefa difícil.

- Prazer – a garota disse com a voz simpática, um pouco tímida.

- Oh! Eu sou Hayley, mãe de Hope – minha mãe se apresentou.

Mordi os lábios.

- Hope! Ouvi falar muito de você. - Fiquei quieta e franzi o cenho. Meu coração estava rápido.

Todos ficaram em silencio, até minha mãe pigarrear.

- Estamos indo embora – ela anunciou de repente.

- Já? – perguntou Josie com a voz desconfiada. Eu sabia que ela olhava para mim.

- Sim, Hope passou mal na cozinha – mentiu. Não ousei abrir a boca.

Senti uma mão gelada e úmida segurar meu braço com força. Me assustei e fiquei arrepiada com o contato.

- O que você tem? – Josie perguntou preocupada.

Eu não respondi, apenas me afastei, fazendo com que ela largasse meu braço.

- Nada grave – minha mãe se apressou a responder – Está tonta. Talvez seja porque há muitas pessoas aqui.

- É, talvez... – A voz de Josie ainda parecia preocupada – Mas... Podemos ficar aqui fora... Está quente e agradável. Talvez Hope melhore.

Aí meu Deus! Não, por favor, não!

- Hope? – minha mãe se dirigiu a mim, esperando uma resposta.

- Eu... – comecei.

- Ficaremos com você – disse Penélope  – Há várias pessoas do colégio aqui. Talvez você conheça alguém.

- Claro... – murmurei.

Eu não sabia como Penélope  era. Não sabia se ela era bonita, alta ou loira, mas eu tinha certeza de que ela era simpática e divertida, o tipo certo para alguém como Josie. Era impossível ter algo contra ela, por isso me senti a pior pessoa do mundo por estar, mesmo não querendo admitir, tendo ciúmes dela com a garota que me levou para passear no dia anterior.

- Então vamos? – Penélope  me perguntou pegando em meu braço com cuidado.

- Vamos... – dei de ombros e dei um passo ao seu encontro.

- Qualquer coisa, eu estarei na cozinha – avisou minha mãe. Eu sabia que ela ficaria me observando de longe.

- Josie me disse que se divertiram ontem – comentou Ariana puxando assunto. Eu podia jurar que Josie estava ao meu lado sentindo-se constrangida com a situação.

- Sim – concordei com um pequeno sorriso – foi divertido.

- Vamos nos sentar com o pessoal. Todos já saíram da piscina – Josie disse. Sua voz parecia um pouco fria e distante.

Eu não sabia para onde estávamos indo, mas pelas vozes que ficavam cada vez mais próximas, pude supor que os amigos de Josie estavam perto. Respirei fundo, mordendo os lábios.

- Não se preocupe. Todos são legais – murmurou Penélope  em meu ouvido.

Soltei um suspiro ao perceber que ela estava tentando me ajudar.

- Gente, essa é Hope – apresentou Josie indiferente – minha vizinha.

- Hope? – Virei o rosto em direção a uma voz conhecida.

-Maya? – perguntei de cenho franzido – Maya?

Há muito eu não conversava ou ouvia falar dos meus colegas do colégio. Maya era uma. Nunca mais falei com ela após o acidente e pude notar que ela parecia mais surpresa que eu ao me encontrar ali.

Ouvi o som de uma cadeira e arrastando.

- Que bom que se conhecem! – exclamou Penélope  animada.

Eu me sentia perdida.

- Josie – chamei baixo.

- O que foi? – ela encostou uma mão em meu ombro.

- Onde estamos?

- Há uma piscina a nossa esquerda e estamos parados em frente a uma mesa com alguns amigos meus. Maya está agora ao seu lado – sua voz continuava distante e levemente monótona.

- Você mudou – comentou Maya.

Sua voz havia mudado também. Estava mais doce. Eu sorri.

- Não sei se isso é bom ou ruim – respondi arrancando alguns risos das pessoas da mesa.

- É bom, pode apostar. Venha sentar-se ao meu lado – Ela pegou em minha mão e Josie tirou sua mão de meu ombro. – Não se preocupe, não há nada no caminho –Maya preveniu.

Ela sabia que eu era cega. Todos ali sabiam. Mas não houve constrangimento, pelo contrário, ninguém parecia ligar para tal fato.

Havia vários assuntos que giravam na roda e, mesmo conversando pouco, eu ria sem me sentir deslocada.

A voz de Josie era pouco ouvida, ao contrario da voz de Penélope  que fazia comentários sobre tudo. Todos pareciam gostar dela.

Os assuntos giravam em torno de fofocas no colégio, namorados(as), música e pessoas que eu não conhecia, mas que Maya fazia questão de me explicar. Ela não havia mudado. Continuava divertida e atenciosa.

Maya, pelo que eu me lembrava, era uma garota de olhos escuros, alta e cabelo castanho escuro. Era bonita e sempre estava chamando a atenção dos garotos no colégio, mas não era fútil como a maioria das garotas da sua idade. Era difícil não se sentir a vontade com ela.

- O que você tem feito? – ela perguntou se dirigindo a mim e nos isolando do assunto geral.

- Poucas coisas – respondi dando de ombros.

- E as aulas? Fiquei preocupada quando saiu do colégio.

- Eu tenho aulas particulares.

- Hmm... Isso é coisa de pessoa metida – ela brincou apertando minha mão. Eu ri e tirei minha mão debaixo da dela.

- E você? O que tem feito? – perguntei mudando o foco.

- A mesma coisa que fazia há um ano e meio atrás. Eu sou uma a toa, Hope.

- Eu já imaginava.

- E você continua com suas tiradas incríveis.

- Mais ou menos...

- Pelo que eu vejo... Você já se adaptou bem com seu problema após o acidente – sua voz ficou mais baixa, pois sabia que entrava em um assunto delicado.

- Foi preciso... – murmurei mexendo as mãos, um pouco incomodada.

- Desculpe, eu não devia...

- Não se preocupe – cortei.

- Qual é o assunto aí? – perguntou Penélope alto, fazendo todos ficarem quietos.

- Estou paquerando a Hope – respondeu Maya me fazendo ficar sem fala. Me senti corar ao ouvir os risos e assovios e, no mesmo instante, Josie cruzou meus pensamentos. Eu sabia que ela não estava participando da ovação que Maya levou após seu comentário.

-Maya não perde tempo – alguém comentou rindo.

Uma hora depois, todos começaram a comer. O barulho se intensificou, pois também começou a se tocar música. Minha mãe, que havia me levado para seu lado, conversava com uma senhora, amiga de Jo, me fazendo ficar ignorada em um canto. Eu não sentia mais vontade de ficar ali. Queria ir embora.

Percebi que Josie, após ter me levado para sua roda de amigos, não havia mais falado comigo ou questionado minha mãe quando ela havia me tirado da mesa.

Eu não sabia o que esperar dela e julgava que, talvez, ela não se aproximasse de mim porque estava com a namorada, o que me deixava um pouco irritada.

- Não, mãe. Não quero nada – respondi quando minha ela perguntou se eu queria ser servida – Quero ir embora.

Minha mãe ficou quieta um instante.

- Ok, vou te levar para casa – disse por fim, se desculpando com a mulher que conversava.

Seguimos pelo meio das pessoas e ouvi a voz de Josie um pouco distante de onde eu estava. "Espero que ela não me veja", pensei apertando a mão de minha mãe e apressando os passos.

Quando cheguei em casa, pedi que minha mãe voltasse para o churrasco e, após verificar e perguntar algumas vezes se eu ficaria realmente bem, saiu fechando a porta da frente.

Soltei um suspiro, aliviada por me encontrar sozinha. Percebi que senti falta do silencio quando me sentei no sofá e fechei os olhos. Meus ouvidos pareciam ainda carregar o zunido do churrasco da casa ao lado, mas logo ele se adaptou ao silencio absoluto.

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