Naquele dia, passei boa parte da manhã atordoado. Todos os meus pensamentos eram direcionados ao homem que vi na floresta
Depois de quase um mês na África, pensei que já havia presenciado surpresas demais, mas essa foi concerteza o ápice.
Um homem, com uma etnia diferente dos africanos, morando em meio a floresta pouco explorada. Era de certo modo incrível, me despertava grande curiosidade
- Jimin? Jimin? Príncipe!
Pisquei algumas vezes, saindo do meu mar de devaneios internos, dando atenção agora a mulher ao meu lado
- Desculpe, Yeon, eu estava pensando...
Falei, em um sopro e ela concordou sorrindo.
JinYeon é uma grande amiga, além de trabalhar como a pessoa que cuida de mim por aqui. "Serva" é um termo que nunca irei dirigir a ela, pois Yeon se tornou muito mais que isso. Sou grato por sua companhia
- Ainda no ocorrido de mais cedo?
Ela se sentou ao meu lado, perdendo totalmente o foco do que iria me dizer antes.
- Sim. Há tanta coisa que precisa ser explicada, só as histórias do chefe não são o suficiente.
Suspirei, lembrando do que o chefe daquela tribo havia me dito.
Ele citou uma história, uma história de um espirito da floresta e mesmo afirmando que alguns caçadores o viram, ainda sim tenho minhas dúvidas. Quem sabe não foi um delírio?
- Pode me descrever ele?
Ela perguntou, aparentemente curiosa e eu concordei em um simples gesto com a cabeça.
- Ele tinha cabelos grandes, escuros e banguçados. Sua pele era branca, mas não chegava a ser pálida como a minha, havia intervenção do sol e terra, além de vários e vários resquicios de cicatrizes pequenas e grandes. Seu corpo era enorme comparado ao meu e mesmo aceitando minha falta de altura, eu posso afirmar que ele era bem maior que muitos.
Suspirei, dando uma pausa e logo retomei a descrição.
- Ele incrivelmente tinha músculos rígidos, bem marcados. Ele era bonito, muito bonito, acredito. Pessoas desarrumadas e bonitas, são mais bonitas ainda arrumadas, certo? Então ele era incrivelmente bonito
- Oh, então o homem selvagem é bonito. Tudo bem, entendi
Ela falou, concordando, totalmente ligada às minhas palavras.
- Ele tinha olhos penetrantes e escuros, tinha feição asiática, o que é muito estranho. Ele não usava nada, digo... Usava, mas era apenas uma espécie de couro para cobrir suas partes íntimas, tanto na parte da frente, quanto a de trás.
Meus olhos estavam focados em meus pés, enquanto falava sobre, relembrando os momentos. Me sentia sujo por mentir, mas não iria dizer que aquele homem estava nu a minha frente, ela iria enlouquecer.
Minha bochecha estava começando a ficar quente.
- Majestade, ficou diante de um homem quase nu?
Seus pequenos olhos, agora estavam arregalados.
- S-Sim, mas eu não o observei por muito tempo, obviamente era falta de respeito e eu estava desconfortável...
Mordisquei a parte de dentro de minha bochecha, visivelmente nervoso. Eu não só o observei, como analisei cada detalhe dele. Eu claramente estava omitindo sobre aquilo.
- Pois bem. Devia ter sido assustador. E se, ele tentasse ataca-lo?
Ela disse, me direcionando a outro ponto de meus pensamentos
- Eu não sei, mas por ora, eu sei que ele não faria isso, não comigo sem fazer movimentos bruscos. Ele parecia cativado, curioso sobre minha pessoa...
Formei um biquinho nos lábios e ela sorriu baixinho.
- Isso explica o porquê dele ter tocado o senhor, principalmente em seu traseiro. Talvez ele nunca tivesse visto uma bunda como a sua, majestade
Agora eram meus olhos que estavam arregalados. Que vergonha.
- O-O que? Claro que não! Como pode dizer isso, Yeon... Ele claramente só queria tocar o pano da minha calça...
Ela gargalhou diante de meu nervosismo, colocando a mão em meu ombro.
- Tudo bem, Jiminie. Ele só queria tocar o tecido da sua calça...
Ela concordou, para me manter focado nessa versão do acontecido.
- Bem, deveria ir comer, pois logo depois terá uma tarde inteira com as criança da tribo para uma aula de inglês
Ela sorriu e eu também. Eu certamente adorava o trabalho que estava fazendo ali.
Obviamente eu tinha escolha, o que me deixou mais tranquilo quando estava perto de completar meus dezoito anos. E a um ano atrás, a intervenção dos belgas no congo, estava um caos
O fato é que ainda esta, mas aos poucos, minha família real vem trazendo paz ao povo congolês.
Então você se pergunta o que eu faço aqui. Sendo um membro muito importante da família real, eu deveria estar no castelo, certo?
Não e sim.
Foi escolha minha estar aqui, foi minha escolha de dezoito anos. Eu queria ajudar e aqui estou eu. Aos poucos os belgas deixam a África por conta da minha família e eu queria estar presente para ver a Bélgica cair
O que eles fazem por aqui é um massacre massivo, tanto com animais quanto os africanos. É simplesmente horrível
Eu, mesmo não fazendo nuita coisa para mudar esse cenário, estou aqui. Eu ajudo uma tribo, eles viraram uma familia para mim. É cativante saber sobre suas histórias e raízes
JinYeon veio comigo pois eu não poderia vir sem alguém para cuidar de mim, meus pais acreditam que ainda sou muito novo e a presença de alguém mais velho e de confiança faria a diferença
Desde lá, nos tornamos próximos e ajudamos a tribo, dando aulas de inglês para as crianças e ensinandos varias coisas sobre nosso modo de vida. É divertido.
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Nos sentamos ao redor da fogueira quando a noite estava próxima, para beber e conversar. Estávamos já tão familiarizados, que tudo aquilo havia virado uma rotina
Primeiro, cada um estava com seu pequeno copo feito de argila, para poder suportar o líquido que logo beberiamos
Era uma espécie de bebida alcoólica, uma cachaça bastante forte feita de ingredietes nativos daquela região
Eu sempre tomava bem pouco a mando do chefe da tribo, pois mais que isso eu poderia ficar bêbado, como aconteceu da última vez
É, eu tentei sair para caçar leões, Yeon disse que foi engraçado, pois eu não sabia nem empunhar uma lança e infelizmente eu não lembro de nada daquela noite para dizer o contrário.
Nós bebemos todos juntos, conversamos e demos risadas. Eu pude presenciar pela primeira vez o cântico da lenda de Tarzan, o espirito que eu provavelmente vi na floresta
São em momentos como esse que eu me sinto aliviado por conhecer a língua deles muito bem, me proporciona conhecimento e histórias como essa.
- Sendo um espírito não me é confiável e sendo um homem, continua sendo como o espírito...
Disse Yeon, ouvindo a historia atentamente e eu concordei. Ela tinha razão, ele não era nem um pouco confiável.
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Uuh, primeiro capítulo esta completo, eu ouvi um amém?
Eu espero de coração que tenham gostado. Usei boa parte dele para esclarecer algumas coisas para vocês e espero que tenham entendido o que se passa nesse meu mundinho.
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