Água e Fúria (Entre os Véus 2...

By escrevethais

10.8K 1K 298

- = POSTS ÀS TERÇAS E SÁBADOS =- -= PRIMEIRA VERSÃO, NÃO REVISADA. A versão final tem umas tantas alterações... More

Sinopse e Avisos
Prólogo
UM - Parte 1
UM - Parte 2
DOIS - Parte 1
DOIS - Parte 2
DOIS - Parte 3
DOIS - Parte 4
DOIS - Parte 5
TRÊS - Parte 1
TRÊS - Parte 2
QUATRO - Parte 1
CINCO - Parte 1
CINCO - Parte 2
CINCO - Parte 3
SEIS - Parte 1
SEIS - Parte 2
SEIS - Parte 3
SETE - Parte 1
SETE - Parte 2
OITO - Parte 1
OITO - Parte 3
FINAL

OITO - Parte 2

265 37 20
By escrevethais

Alessio me coloca no chão assim que entramos na parte mais aberta da caverna, saindo da parte estreita que dá na mata.

— Vou pegar uma toalha — ele fala.

Não sei se uma vai ser o suficiente.

Encaro suas costas enquanto ele passa pela fogueira acesa. Isso foi uma péssima ideia. Era melhor ter voltado para a hospedaria não importa o tanto que eu fosse ficar ensopada. Mas não quero fugir disso, o que quer que isso seja que fez Alessio agir daquele jeito. Preciso entender.

Suspiro e inclino a cabeça para a frente. Meu cabelo está pingando, o que com certeza não é nenhuma surpresa considerando o temporal que está caindo, mas desse jeito vou precisar de três toalhas só para dar um jeito nele. Junto o cabelo todo na mão e começo a tentar a tirar o máximo possível da água da chuva.

Droga. Eu estou ensopada. Minhas roupas, meus tênis, tudo. Devia ter pensado melhor antes de falar que ia vir para cá, porque não faço ideia do que vou fazer sobre isso agora. Ugh.

Por que é que eu tenho que ser tão coração mole assim? Foi só Alessio olhar para mim daquele jeito que eu praticamente esqueci como ele foi grosso comigo, antes. Antes, quando ele me trouxe para a caverna também.

Se isso acontecer de novo, vai ser a última vez. Não vai ter mais nenhuma chance não importa como ele olhe para mim.

— Aqui.

Levanto a cabeça. Eu nem ouvi Alessio se aproximar, mas ele está parado na minha frente e segurando uma toalha.

— Obrigada.

Pego a toalha, jogo o cabelo todo para a frente e enrolo a coisa toda. Odeio fazer isso normalmente, meu cabelo fica uma droga quando deixo ele secar assim, mas vai ser o jeito mais fácil de secar isso agora.

Alessio me encara por mais um instante antes de suspirar e olhar para baixo.

— Posso pegar mais toalhas se quiser... Ou então pode só ficar perto do fogo mesmo e esperar até tudo secar. Eu só não vou ter nada para te emprestar.

Nada...? Roupas. É disso que ele está falando. É por isso que está olhando para o chão, porque está sem jeito.

Droga. Era mais fácil quando eu podia só falar que ele tinha sido um babaca.

Hmm. Faz sentido ele não ter nenhuma roupa aqui. Eu acho. Pelo menos nas vezes que vi ele, Alessio não estava usando nada. Até porque seria um crime esconder o corpo dele.

Ugh. Menos. Bem menos.

— Acho que a fogueira já resolve.

Ele assente e volta mais para dentro da caverna, para perto da fogueira. Vou atrás dele. O que eu me lembro da outra vez está certo: não tem nada para me sentar aqui perto. Não que ele precise de cadeira ou coisa assim – até porque não consigo nem imaginar como ele se sentaria em uma cadeira. Não. Até consigo. Mas não parece que seria tão confortável assim.

Me sento no chão ao lado da fogueira e paro. Meu celular. Tiro ele do bolso depressa antes de cruzar as pernas. Ótimo. Pelo menos não sentei em cima dele e ele não chegou a ficar molhado para valer. Bendito short jeans. Não vou reclamar, mesmo que eu tenha certeza de que vai demorar uma vida para ele secar.

E não tenho sinal no celular. Claro.

— Nós atravessamos os véus — Alessio fala.

Óbvio.

— E não tem sinal desse lado, certo.

Suspiro e coloco o celular no chão também. Pelo menos tenho bateria o suficiente para algumas tantas horas de joguinhos, se esse temporal não passar. Só espero que Vanessa não fique preocupada.

Eu devia ter voltado para a hospedaria. Maldita curiosidade. Pelo barulho, parece que a chuva ainda está forte e sem o menor sinal de que vai parar, mas o silêncio já está estranho. Pesado e desconfortável, pior do que quando Alessio estava parado me encarando sem falar nada, perto do rio. E a pior parte é que eu não consigo nem pensar em como dar um jeito nisso. Não sei o que falar. Droga.

Alessio se afasta sem falar nada. Encaro suas costas enquanto ele vai na direção da saída e desaparece depois da curva do "corredor". Não tinha pensado nisso, mas isso é muito conveniente – o corredor de entrada, que faz essa curva fechada o bastante para não dar para ver nada lá fora – porque o vento também não chega até aqui. Se bem que acho que parte disso não tem como ser natural. O que importa é que aqui dentro está quente o bastante para eu achar que tem uma chance das minhas roupas secarem e não tem vento empurrando o fogo de um lado para o outro.

Ei. Onde é que a fumaça está?

Certo. Isso não é fogo normal. Por que eu achei que ia ser?

Suspiro e me inclino para a frente. O que eu estou fazendo aqui?

— Eu mandei um aviso para a hospedaria — Alessio fala. — Vanessa vai saber que você está aqui.

— Obrigada.

E não vou perguntar se ele leu meus pensamentos. É bem possível que ele ou alguém desse lado dos véus consiga fazer isso e eu não quero saber. Não agora, pelo menos.

Alessio para do outro lado da fogueira. Tenho quase certeza de que ele está olhando para mim, mas não vou me virar. Já está estranho demais assim.

Ele solta o ar daquela forma sibilante um instante antes de eu sentir alguma coisa atrás de mim. Levanto a cabeça. Ele se aproximou e a cauda dele está esticada, passando por trás de mim, tão grossa que eu poderia até usar ela para me encostar e não estaria nem um pouco desconfortável.

E eu acho que foi essa a intenção dele.

Me endireito e chego um pouco para trás, até estar apoiada na cauda.

— Posso?

Ele assente de forma seca, encarando o fogo.

Certo. De volta para o silêncio pesado.

Fecho os olhos e cruzo os braços. A cauda dele também é fria, obviamente, mas não mais fria do que minha roupa está agora, então não faz diferença. E ficar assim é confortável – talvez até confortável demais. Familiar.

Nós já ficamos assim antes. Tenho certeza. A fogueira sem fumaça, estar apoiada nele assim, com o calor do fogo no meu rosto... Tem algo de tão familiar aqui que chega a doer, apesar do silêncio tenso.

E é a mesma coisa que eu pensei lá fora: se não arriscar, eu tenho muito a perder, porque nunca vou saber, nunca vou entender.

Olho para Alessio.

— Isso não é novo, não é? Nós dois perto da fogueira, assim.

Ele fecha os olhos e respira fundo.

— Você realmente não se lembra de nada?

Dou de ombros. Se lembrasse não estaria perguntando.

— Não.

Ele solta o ar de uma forma quebrada que parece quando ele me abraçou perto do rio antes de olhar para mim.

— Você passava muito tempo aqui, especialmente no inverno.

Faz sentido. Faz anos que não vou em lugar que eu fique assim, sentada no chão. Tinha esquecido de que isso pode ser confortável. Ou talvez realmente não queria me lembrar, porque pensar nisso ia me trazer de volta para cá, e se não consigo me lembrar de nada...

Não. Chega. Estou dando um nó na minha cabeça.

E eu estou com provavelmente a única pessoa que pode me contar uma boa parte do que esqueci.

Olho para o fogo de novo.

— Eu não quero discutir — começo.

Alessio não fala nada, mas sei que está me encarando.

Por onde começar?

Do começo, óbvio.

— Você pode me contar como foi que te conheci?

Ele suspira.

Não vou olhar para ele. Não vou. E não estou nem aí se estou sendo covarde. Só não quero correr o risco de estragar o momento e fazer Alessio voltar a agir como antes.

Isso é, se ele responder, porque o silêncio está ficando tenso e pesado de novo e eu não sei se...

— Você era uma criança. Nós dois éramos, na verdade — ele começa. — Sua família estava na praia, mas você correu para brincar na mata ao invés de correr para a água.

Sorrio e fecho os olhos. Minha cara fazer uma coisa dessas.

***

N.A.: posso estar comemorando pq consegui não atrasar hasuahusausuhauhsauha

Continue Reading

You'll Also Like

140K 7K 70
"Depois de muito relutar, de muito brigar e de muito desdenhar, me vejo aqui, completamente entregue à loucura que é amar ele."
295K 29.5K 36
Envolvente, Misterioso, Romântico, Poderoso e... Diabólico! Séculos atrás uma horda de demônios que comandavam o inferno se rebelou contra o lorde...
43.4K 2.8K 66
E se alguém conseguisse mostrar o futuro para eles? E se eles realmente quiserem se esforçar para mudar muitas mortes? E se eles realmente conseguire...
42.5K 4.1K 46
AVISO IMPORTANTE: Se você estiver lendo esta história em qualquer outra plataforma que não seja o Wattpad provavelmente está correndo risco de sofrer...