Eu demorei, mas cheguei!
Como eu disse esses dias em um anuncio, essa semana foi extremamente desgastante pra mim no sentido psicológico, o que afetou em muito as atualizações da história. Eu estava planejando 3 capítulos e só consegui escrever esse, ainda achando que não tá bom o bastante. Infelizmente eu me cobro muito na questão de não trazer coisas mal feitas pra vocês, eu realmente espero que esse capítulo não esteja uma bela porcaria, e se tiver, me perdoem :( eu prometo me esforçar mais pra gente continuar numa linha de boa qualidade por aqui.
Enfim... Eu fiz algumas mudanças no planejamento da história e esse capítulo seria focado em algo muito importante, mas acabou virando uma transição pra esse "algo". Vou torcer muito pra que nessa semana que está vindo a gente tenha esse algo importante o mais rápido possível, prometo :)
Ahhhh queria dizer que ABND chegou a 1k aqui no wattpad e eu SURTEI DE FELICIDADE. Geralmente minhas fics demorava MUITO pra chegar nisso, coisa de muitos meses. Vocês são tudinho que eu tenho, eu fico feliz demais com leitores tão maravilhosos como vocês. Obrigada de verdade!
Chega de enrolação, vamos ao capítulo! Boa leitura!
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Nem parecia que muitas coisas em um curto espaço de tempo haviam acontecido, pois eu acordei tão bem naquela manhã que até mesmo pensei estar um pouco em paz.
O peito de Taehyung ainda subia e descia suavemente pelo sono quando abri meus olhos, ele ressonava de forma calma, o rosto leve e os cabelos bagunçados no rosto. Meu lobo mau, como esse homem era bonito...
Mas eu, infelizmente, não podia ficar perdendo tempo apreciando a beleza dele - por mais que eu quisesse -, afinal... Hoje era o dia. Quando a madrugada caísse e todos estivessem ocupados com suas coisas ou apenas dormindo, eu estaria escondido em uma carruagem com um Beta indo em direção à vila. Eu estava muito ansioso, principalmente pelo fato de que eu também sabia que era arriscado. Depois do acontecimento com Mingi com certeza Donggun do Norte me tinha em sua mira. Um passo em falso e eu estaria condenado.
Com cuidado tentei tirar o braço pesado do Alpha de cima de mim, mas céus, eu nem tinha me dado conta de como Taehyung era musculoso - nem parecia, para ser sincero -. Era inevitável fazer isso sem acordá-lo e já que não tinha jeito, que seja. Quando ele sentiu meus toques resmungou brevemente, mas logo abriu seus olhos e aos poucos foi assimilando que já era de manhã. Os cabelos no rosto lhe davam um ar muito fofo, os olhos inchados e ainda confusos me fizeram rir.
- Bom dia, preguiçoso. Precisamos nos levantar. - Sussurrei sorrindo.
- Mas já? - Resmungou com a voz rouca e aquilo me pareceu tão... Atraente.
- Já. Precisamos descer para o café da manhã e eu tenho que me preparar para madrugada. Então trate de desgrudar um pouco de mim e vamos fazer o que temos que fazer.
Mas é claro que ele não me levou a sério.
Eu tinha me livrado de seu abraço, mas logo fui pego de surpresa com um novo onde ele me puxou para cima de si, prendendo-me ao seu corpo com carinho e acariciando meu rosto com a ponta de seu nariz. Eu deveria reclamar, mas fiz o oposto, deixando-me me levar por todas as sensações que Taehyung me causava então acabei cedendo e deixando um selar em seus lábios. Suas mãos correram por todo meu corpo, com uma nova liberdade que ele já sabia que tinha, indo até minha cintura e apertando firme, fazendo nossos corpos se grudarem ainda mais.
- Você não tem jeito mesmo, Taehyung do Norte. - Sussurrei enquanto enterrava meu rosto em seu pescoço e começava a acariciar sua pele terna.
- Que culpa tenho eu se você é viciante? - Disse me apertando ainda mais contra seu corpo e suspirando conforme eu beijava a pele de seu pescoço.
Era estranho admitir que eu estava tão envolvido assim e que era uma realidade eu acordar ao lado de um Alpha por quem eu tinha uma imensidão de sentimentos. A cada minuto ao lado dele eu sentia uma onda forte de certezas que eu jamais tive antes. Estar aconchegado sob seu corpo, abraçado por seus braços e tocado por suas mãos me causava arrepios e um frio gostoso no pé do estômago. Apaixonado era a palavra que definia o meu estado atual.
Trilhei um caminho de beijos até seu rosto, finalizando novamente em seus lábios, para então olhar seu rosto completamente vermelho - não sabia exatamente se era vergonha ou outra coisa. Com certeza não era vergonha -. Lhe entreguei meu melhor sorriso possível, mesmo que um lado de minha face ainda doesse pela bofetada que meu pai havia me dado, mas isso não importava mais.
- Chega de preguiça e de qualquer outra coisa, vamos nos levantar.
Ele fez um biquinho fofo, mas logo o desfez e assentiu com a cabeça, me soltando aos poucos para que eu me levantasse e ele repetisse o mesmo. No entanto era como se meu corpo simplesmente não quisesse me obedecer e meu lugar fosse exatamente ali, com ele, colado à sua pele quente. Céus, eu precisava fazer muito esforço para me manter longe desse homem um minuto que fosse?
Com muita relutância eu finalmente consegui me levantar, saindo da cama e já sentindo o frio tomar minha pele, a saudade de estar sendo aquecido por Taehyung me dominando. Só então eu lembrei que estava quase sem roupas e instintivamente abracei meu corpo. Por que naquele maldito lugar tinha que nevar quase o ano inteiro?
Ele se levantou e em seguida foi em busca de suas roupas, que estavam impecavelmente dobradas em cima de uma poltrona, mas antes de pegá-las, entregou-me as minhas, que eram quase um bolo mal-feito ao lado. Nunca tive paciência para esses detalhes.
- Se vista e eu vou avisar ao Jimin que pode vir lhe ajudar com seu banho. - Ele disse vestindo as calças justas - Hoje não vamos sair para treinar.
Vestindo minhas roupas e lutando para não tremer de frio eu concordei. Era melhor que não saíssemos do castelo, não hoje, também pelo fato de eu saber que Donggun estava de olho em mim.
Engraçado o fato de nós dois termos dormido sem nossas roupas, mas apenas dormido. Por mim isso não teria acontecido, no entanto eu ainda não sabia o porquê dessa relutância de Taehyung quanto a sexo. Mas parando para pensar... Eu não conhecia nada sobre acasalamento. Claro que eu não era um ingênuo que acreditava em histórias de cegonha, mas eu não sabia bem como era a sensação, se doía, como fazer... Talvez eu realmente estivesse indo com muita sede ao pote e ele estivesse pensando apenas no meu bem.
Taehyung sempre foi incrível.
Aproximou-se de mim e me tomou pela cintura, deixando um beijo em meus lábios que me fez suspirar. Tudo bem, nos veríamos logo mais no café da manhã, mas era sempre assim, como se fossemos ficar um longo tempo sem estar perto um do outro.
- Até daqui a pouco, Jin. - Sorriu para mim antes de me soltar e começar a andar até a porta.
- Até... - Respondi e logo em seguida senti um biquinho se formando em meus lábios.
Esse homem estava me deixando mal acostumado.
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- Seu rosto ainda está um pouco inchado... - Jimin analisou-me calculadamente enquanto parecia preocupado - Doeu muito?
- Não mais do que as palavras que ele tem me dito durante toda a vida. - Suspirei me ajeitando na banheira - Meu pai pode me dar quantos tapas quiser... Mas nada vai doer mais do que viver assim.
Eu podia ver a tristeza nos olhos daquele Beta de cabelos loiros que me fitava com amor e preocupação. Jimin sempre soube que minha vida era baseada em um inferno pessoal, mas também temia que esses dias em que eu estivesse me revelando mais fossem chegar, e com eles mais sofrimento ainda. Sua mão pequena acariciou o ponto da pele com cuidado e eu ignorei a dor, focando apenas na ternura contida em Jimin. Ele era extremamente precioso e como eu poderia imaginar uma vida sem ele? Era impossível.
- É hoje, não é? Tem certeza disso, JinJin? Ainda mais depois do que aconteceu com o criado-
- Sim, eu tenho certeza. - Cortei-o para não lhe restar dúvida alguma - É justamente pelo que aconteceu ao Mingi que eu vou, Jimin. Já cuidei de separar roupas que eu não uso, dinheiro e pedi a Woobin, ontem mesmo, para deixar uma cesta com alguns alimentos separada. Se alguém perguntar, Taehyung disse que irá assumir a responsabilidade por isso. Eles precisam disso mais do que eu. - Meu olhar era firme - Mas é melhor não falarmos muito disso para você não ficar preocupado. - Sorri pequeno - Me conte... E o Taemin?
O rosto de Jimin de repente transformou-se de algo cheio de preocupação para completamente envergonhado, as bochechas infladas e vermelhas, os olhos arregalados e fofos. Não consegui conter o riso.
- O-ora, Jin! O que tem?
- Você falou com ele, já que está tudo certo para hoje. Mas não tivemos nem tempo para me contar como foi, com tudo o que aconteceu. Anda, Jimin! Me fala! O que achou dele?
Ele estava muito encabulado e aquilo era extremamente fofo, só por sua reação eu já conseguia adivinhar como tinha sido, no entanto queria ouvir de sua própria boca.
- Ah... Ele é... Jeitoso. - Fez um biquinho.
- Jeitoso? - Exclamei - Isso é adjetivo que se dê? Anda, Jimin, eu quero saber!
- Está bem! Que saco! - Suspirou - Ele é misterioso, mas é educado e muito gentil. Não me desrespeitou e nem avançou passos que sabia que não podia dar. E a cicatriz no olho é bem charmosa. Nós conversamos bastante sobre tudo e... É, eu odeio admitir que talvez você tenha razão.
E essa era a primeira vez que eu via Jimin me dar razão em alguma loucura. O sorriso em meu rosto não pode ser contido e mesmo dentro da banheira eu me agitei quando ouvi aquilo.
- Jiminie está namorando!
- Ei! Eu não estou namorando, pare de dizer asneiras, Seokjin do Leste! - Ele se emburrou e com a mão em forma de concha pegou um pouco de água e jogou na minha cara - Você quem anda de namorico por aí com Taehyung! Eu só estou conhecendo o Taemin aos poucos, droga!
Ele cruzou os braços acima do peito e ficou me olhando com aquelas orbes castanhas como se não quisesse mais admitir que eu estava certo e aquilo só me fez rir mais ainda. Jimin sempre passou a maior parte de sua vida se preocupando apenas comigo e nada mais, ver que ele poderia fazer outras coisas que não diziam em nada a respeito de mim era quase como uma libertação - para ele, não para mim -.
- Eu não estou de namorico. Para ser bem sincero... - Mordi o lábio inferior - Estou extremamente apaixonado por Taehyung do Norte em níveis que eu desconhecia. Mas... É como se cada vez que eu o visse, eu quisesse mais e mais dele, como se não fosse o suficiente... Eu não sei. Isso faz algum sentido para você?
Jimin se colocou a pensar pendendo a cabeça para o lado. Eu não entendia mesmo a natureza de toda aquela minha sede por mais de Taehyung, não sabia por que eu me sentia tão afoito para mais coisas... Eu só sentia.
- Bem... Ele é um Alpha e você é um Ômega. A natureza instintiva de vocês sempre irá levar ao acasalamento, mesmo em épocas fora de cio, então... É normal, JinJin. Seu corpo não fica satisfeito e ele tem reações completamente naturais. Mas é bonita a forma como ele não se deixa levar pelo instinto e não justifica nenhuma linha ultrapassada com o fato de ser Alpha, sabe? Como você disse, Taehyung sabe equilibrar bem o homem e o lobo. Mas a questão é... Você está sabendo manter esse equilíbrio também?
Eu estava? Nunca havia parado para pensar sobre esse lado. Eu reclamava e odiava Alphas que justificavam todas as suas ações por meio da natureza, no entanto eu tinha que repensar também se eu não estava indo com muita sede ao pote.
- Jiminie... Eu não acho que eu esteja apenas pensando com os instintos... É que... - Procurei os termos certos - Taehyung me levou a um patamar que eu jamais imaginaria que chegaria. Ele me mostra todos os dias, desde que eu deixei que ele entrasse na minha vida, que é sim possível derreter um coração de gelo. Então eu acho que exatamente tudo é possível ao lado dele... A minha vontade de me entregar de corpo e alma a Taehyung vem crescendo de uma forma estrondosa. Ele realmente é meu predestinado.
Vi um sorriso pequeno brotar nos lábios de Jimin e ele se ajeitar para poder falar melhor diante do que eu disse. Ele parecia entender melhor do assunto e era sempre uma dádiva escutar conselhos vindos do Beta. Apesar de ser um pouco mais novo que eu nossa vivência era bem diferente, nossas vidas eram... Coisas que Jimin teve que passar durante toda a sua vida lhe deram munição para aprender lições que eu desconhecia.
- Jin, acho linda a forma como você se sente em relação ao Taehyung. Está apaixonado e se deixando sentir, isso é bom! Eu arrisco dizer que ele está lhe freando apenas por se preocupar em te dar algo especial, entende? Taehyung parece ser um homem que guarda os momentos com carinho em seu coração e sempre quer fazer tudo da melhor maneira possível. Vocês, agora, estão vivendo um momento de tensão e provavelmente ele ache que não é hora para isso, por mais que ele também queira... Tente entender o lado dele.
Isso era totalmente Taehyung. Proporcionar momentos carinhosos e especiais, querer fazer com que as pessoas se sintam felizes e reparar em detalhes sórdidos. Eu realmente precisava me acalmar e não querer colocar o carro na frente dos bois. Até porque... Bem, eu não fazia ideia de como se acasalava.
Não que eu fosse uma pessoa completamente inocente e leiga, não acreditava mesmo nas histórias de cegonha. No entanto não podia tentar adivinhar quais eram as sensações, se doía, como fazer, o que fazer na hora...
- Jimin, você já acasalou? - Indaguei do nada e ele arregalou os olhos na mesma hora, tossindo nervoso.
- Seokjin! - Ele exclamou - Isso é pergunta que se faça?
- Sim, é. - Franzi o cenho - Quero saber como é! Você já fez?
E novamente Jimin ruborizou em minha frente.
- Uma vez. Quando seus pais viajaram para o Oeste e ficamos os três criados responsáveis por vocês. Depois disso nunca mais, pois me senti culpado por desviar do caminho de apenas me dedicar a você. - Suspirou - Havia um Alpha do exército que sempre treinava no campo do castelo do Leste e um dia ele falou comigo e eu acabei me deixando levar... Olha... Não vou te dizer que nos primeiros momentos aquilo foi bom. Doeu como o inferno! Mas depois a dor passou e foi ficando prazeroso... Mas eu não amava aquele Alpha, então não foi algo que gerou uma conexão, entende? Mas foi bom... - Ele mordiscou o lábio.
Dor no começo e prazer depois. Bem, eu acho que poderia lidar com isso.
- E o que aconteceu depois?
- Ora, ele foi embora e eu segui minha vida. - Deu de ombros - Não podia me apaixonar e ele também não. Foi bom e apenas isso. Tenho certeza que como você e Taehyung se gostam, as coisas serão melhores e ele te tratará muito bem. - Ele bateu as duas mãos nas pernas e se levantou - Mas agora chega disso e saia dessa banheira, você precisa descer para o café da manhã, mocinho.
Fiz uma cara de descontentamento, mas ele tinha razão. E por um lado eu estava escavando demais da vida pessoal de Jimin e ele com certeza ficaria desconfortável se eu continuasse, era melhor parar por ali mesmo. Eu precisava começar a entender que talvez estes passos que eu queria dar deveriam ter mais cuidado, deveriam ser repensados. A pressa para tudo isso era algo que eu tinha de descartar e aguardar o momento propício, onde eu e Taehyung finalmente nos uniríamos como um só de forma confortável para ambos.
Saí da banheira e logo ele me ajudou a secar o corpo e foi providenciando minhas roupas. Já estava se tornando incômodo usar aqueles casacos pesados de pele, mas o frio no Norte era implacável para que eu me contentasse com minhas finas roupas. Ajudou-me a me vestir e foi até o armário, procurando por um pente para ajeitar meus cabelos, quando sem querer deixou minha caixa de jóias cair ao chão.
- Oh, que merda! - Ele resmungou vendo os objetos cintilantes se espalharem pelo chão e logo foi os recolhendo.
Eu odiava joias e me negava até a morte a usá-las, sinceramente. Adornos eram algo que, em minha visão, apenas atrapalhava no dia a dia. Fui rapidamente ajudá-lo a pegar tudo quando me deparei com algo que eu não via há muito tempo.
Em todas as vezes que eu ia até a praia, mesmo que fosse apenas para ficar observando as ondulações do oceano, um de meus passatempos preferidos era colher conchas. Para alguns elas eram apenas restos contidos na areia, coisas inúteis que se encontra o tempo todo, no entanto para mim, elas me lembravam que cada pedacinho de terra praiana tinha uma história. Eram especiais.
Um dia eu recolhi algumas conchas bonitas e as levei para casa, imediatamente fazendo um bracelete com as mais bonitas. Ele era adornado com conchas brancas e algumas arroxeadas, junto de pequenas estrelas de metal que eu havia tirado de um colar que ganhei de algum nobre que não me lembrava quem. Mas eu nunca o usei...
Por mais que tenha feito aquele bracelete com minhas próprias mãos, jamais senti que ele fosse para mim. Algo me dizia que ele era tão único e especial que deveria ser um presente, mas meu interior também jamais me disse para quem.
Ao vê-lo ali no chão, felizmente intacto pela queda, lembrei-me desses pensamentos, começando a perceber que talvez, aquele bracelete, fosse para a pessoa especial que me fizesse sentir especial também. Alguém que me lembrasse de casa como aquelas pequenas conchas e a brisa praiana que bagunçava meus cabelos e me acalmava...
Peguei-o e analisei cada detalhe ínfimo, olhando com um cuidado cirúrgico enquanto me lembrava das praias do Leste e de minha infância. Parecia que eu podia sentir a areia quente em meus pés e o vento fresco em minha derme... Eu estava no meio de um lugar coberto de neve agora, onde o frio predominava e eu ficava desconfortável, no entanto havia uma pessoa que me proporcionava todas as sensações de casa sem sequer esforçar-se...
Aquele bracelete deveria ser de Taehyung, não meu.
- O que houve? - Jimin perguntou ao me ver parado e estático, fitando o objeto em minhas mãos.
- Lembra quando eu fiz isso? - Sorri olhando para ele.
- Sim, você tinha 15 anos. Foi a primeira vez que o vi tão empenhado em algo. Por quê?
Fechei o bracelete em minha mão e senti meu sorriso alargar-se em meus lábios. Com certeza aquele bracelete era de Taehyung, não meu...
- Taehyung vai ganhar um bracelete hoje.
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O café da manhã foi silencioso e desconfortável. Eu podia sentir os olhos de Donggun queimarem sobre mim e sobre meu rosto inchado, causando-me arrepios por todo o corpo. Com certeza eu estava sob sua mira agora e isso era perigoso, pois eu não sabia de fato o que aconteceria comigo caso eu resolvesse agir impensadamente outra vez. Céus, isso era quase uma prisão sufocante...
Ninguém ousou falar nada, apenas o barulho dos talheres era ouvido na grande sala de jantar, o que estava me deixando certamente agoniado. Levantei os olhos levemente e fitei Taehyung concentrado em sua comida, era nele que eu buscava o conforto que precisava naquele momento de tensão.
- Sangwoo. - Donggun disse repentinamente, fazendo todos voltarem a atenção para sua voz cortante - Precisamos fazer uma reunião após o café da manhã e discutir algumas questões do Oeste. Vá direto para meu escritório. - Disse autoritário.
- Sim, Rei Donggun. - Respondeu meu pai.
Era um mero cachorrinho com o rabo entre as pernas. Ridículo.
O Oeste era um lugar que me causava curiosidade. Atualmente governado por um garoto jovem, estava extremamente vulnerável e suscetível aos olhos de um tirano conquistador como Donggun do Norte. Isso me fazia questionar se Soobin do Oeste tinha pulso firme para poder negociar bem com outros governantes sem ceder à pressão... Eu esperava que sim.
Era uma terra extremamente rica, a Província dos Tecelões era responsável por toda a produção de tecidos do continente, gerando uma renda muito alta para a família real de lá, no entanto eu não sabia como isso era distribuído à população, para ser bem sincero. Eu sabia que o Norte era um inferno que Donggun era péssimo gestor, mas as outras províncias do mapa eram quase desconhecidas para mim, eu precisava ver com meus próprios olhos para tirar minhas conclusões.
Ao final do café da manhã, ambos os reis se retiraram imediatamente, caminhando para o escritório e se trancafiando lá. As duas rainhas saíram juntas, murmurando algo que eu não entendi sequer uma palavra, mas assumi que deveria ser sobre o casamento de Namjoon e Jungkook, já que aquilo estava sob sua responsabilidade. Levantei-me da cadeira já com a intenção de sair junto de Taehyung e lhe entregar o bracelete, estava ansioso para isso. Porém, antes que eu pudesse alcançá-lo, senti a mão grande e o aroma amadeirado de outro Alpha perto de mim, fazendo-me virar imediatamente e ver um Namjoon com seu sorriso gentil para mim.
- Seokjin, com licença. Poderíamos conversar um minuto?
"Essa é nova..."
Fitei Taehyung à procura de seus olhos e ele deu de ombros, como se não visse problema em nos falarmos depois. Jungkook sorriu para mim e eu não entendi nada e também já não podia nem ver a sombra de Yoongi e Hoseok, uma vez que haviam saído juntos da sala de jantar.
- Claro. - Falei juntando meu braço ao dele.
Caminhamos calados por todo o castelo até alcançar a parte externa, no pátio da frente, exatamente onde o incidente com Mingi havia acontecido. Ainda havia marcas de sangue no chão, sendo cobertas aos poucos pelos flocos de neve que caíam insistentemente... Pobre Mingi, eu realmente estava preocupado com ele e com sua família.
Namjoon parou e soltou-se de meu braço, mas permaneceu me olhando de uma maneira gentil. Abracei meu próprio corpo me protegendo do vento frio que soprava do lado de fora, mas mantive meus olhos atentos ao Alpha em minha frente.
- Primeiro eu queria dizer que sinto muito por seu pai ter lhe batido. Seu rosto é bonito e não combina com este inchaço.
- Como você-
- Jungkook ouviu tudo e me disse. Seu irmão estava preocupado com você. - Disse de uma vez.
Céus, Jungkook sempre ficava afetado quando essas coisas aconteciam. Eu sequer me preocupei em falar com meus irmãos depois do que aconteceu e comecei a me sentir mal por isso...
- Segundo, quis vir conversar com você, pois acho que deve ficar ciente de algumas coisas. - Ele sorriu - Meu pai pediu que eu ficasse de olho em você e lhe avisasse qualquer passo em falso que desse. É claro que eu não vou fazer isso. Estou imensamente agradecido por você ter conseguido salvar a vida de Mingi... Ninguém aqui, além de Taehyung, tem esta coragem que vocês possuem, o que é uma vergonha para nós. - Suspirou - Mas também peço que você seja mais prudente no que faz, pois Donggun é traiçoeiro e você não o conhece de verdade...
Franzi o cenho sem entender. Ele poderia ser mais traiçoeiro do que aquilo? Havia coisa pior além de querer executar um inocente por ter fome? Céus...
- Como assim? - Indaguei.
Namjoon passou a mãos nos cabelos visivelmente consternado.
- Não posso lhe dizer. Não agora. Mas saiba que você precisa se policiar, está bem? Por seu bem, pelo bem de Taehyung e de seus irmãos. - Disse e eu assenti, ele tinha razão - E não se preocupe... Eu tenho alimentado Mingi desde aquele dia e pedi que Taemin levasse comida à sua família. Eles estão bem, apesar de tristes pelo fato do Beta estar preso por tempo indeterminado.
Aquilo me acendeu uma luz de questões de forma repentina. Namjoon estava alimentando Mingi. Namjoon havia conseguido tirar comida do castelo para que Taemin levasse à família de Mingi...
"Será que ele é o..."
A comida do castelo com certeza passava por uma supervisão de alguém que ajudava o mascarado a tirá-la de lá sem que o restante das pessoas desse por falta. Era alguém que com certeza Namjoon tinha confiança, então... Céus, será que era ele? Namjoon era o mascarado? Ou ele fazia um tipo de ponte para que o mascarado agisse?
Não me parecia ser do feitio daquele Alpha sair do castelo na surdina e se mascarar. O seu perfil não me mostrava alguém que assumia riscos. No entanto eu já tinha quebrado a cara tantas vezes com conclusões precipitadas que eu não me surpreenderia se eu estivesse errado outra vez.
Mas outra coisa me veio à mente. Taehyung não iria para a vila comigo, pois disse que tinha uma reunião com o pai. Então se Namjoon era o mascarado, como ele iria? Não fazia sentido. Eu estava muito confuso e perdido dentro dos meus próprios pensamentos naquela hora que mal ouvi o que ele dizia. Quem era o mascarado? Quem o ajudava? Namjoon o ajudava? Ou Namjoon era ele de fato?
- Seokjin? - Ele me chamou me tirando do transe que era minha série de pensamentos - Está tudo bem?
- S-sim... - Gaguejei ainda tentando organizar minhas ideias - Obrigado por tudo isso. Por me falar. Vou ser mais cuidadoso daqui para frente.
- Isso é bom. - Sorriu mostrando suas covinhas - E quero que saiba que pode encontrar um aliado em mim. Não sou apenas o noivo do seu irmão... Temos algo maior por vir. - E assim, ele me deixou ali sozinho enquanto se retirava.
Sozinho e pensativo. Corroendo pensamentos que não paravam de surgir em minha mente e me fazendo questionar cada vez mais o que de fato estava acontecendo naquele castelo. Se eu pensava que Taehyung era uma caixa de mistérios, naquele momento Namjoon se provou também ser uma.
Enquanto o vento gelado lambia minha face, eu buscava por respostas que eu ainda não tinha. Meu corpo tremia de ansiedade para a noite, para poder descobrir quem era o mascarado e o que diabos significava "Temos algo maior por vir". O que era? Por que meu lobo também havia deixado isso implícito em nossa última conversa?
Céus, Seokjin do Leste era pura confusão naquele momento.
Fosse o que ainda viria pela frente, me causava arrepios. Não era só o frio do Norte que fazia meus pelos se eriçarem. Era tudo.
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É isso, meus amores. Eu realmente peço desculpas se o capítulo ficou uma merda :( eu vou me esforçar mais pra trazer caps melhores semana que vem!
Até a próxima!