CASTA 6 • pjm + jjk

By pjikook-

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[CONCLUÍDA] O rei de Busan achava que era o momento certo para que Jeongguk se casasse. Não que quisesse comp... More

Casar não é lucrativo
Tentativa ou desistência?
O preferido do rei
O hyung possui olhos azuis
Companheiros de quarto
Bondade demais, Jeongguk desconfia
Ômegas "clichês" estão em extinção
O primeiro será Park Jimin
O hyung tem uma beleza divina
Despedidas e consequências
Protegido por um ômega
O segundo será Henry Lau
É mais complicado do que aparenta
O terceiro será... Wu YiFan
Indigno de ser golpeado
Jimin é mais que uma criança bondosa
O encontro que não foi planejado
Pensamentos que traem
Perfumes que atraem
Sabores que se misturam
Jovem demais, sedutor na mesma proporção
Jovem demais, sedutor na mesma proporção (Parte 2)
O ômega é meu, a punição também
Sobre controle (ou a falta dele)
Sobre conexão (ou algo acima disso)
Henry Lau não é quem aparenta
As peças restantes
A voz de um verdadeiro rei
Aqueles que se sacrificam
Lilás e âmbar
O teu trono
O sangue mais forte
Casar não é tão ruim
Capítulo Bônus: Taehyung e Yerin

Quando é preciso perder o que ama

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By pjikook-

E aqui tô eu.

O capítulo anterior foi impactante, e eu entendo isso, e aqui estão as respostas sobre Hoseok, Jimin e Jeongguk que vocês precisavam/queriam. Esse ainda é um capítulo melancólico, mas MUITO importante pra mostrar a mudança (ainda que sutil) que o Jimin vai sofrer depois desses fatos.

Leitores de Casta 6 do Spirit Fanfics: o epílogo vai ser postado às 00h.

Boa leitura! ❤️

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“- Ya, posso ficar aqui um pouco? – perguntou o rapaz, um pouco mais alto que Jimin. Tinha um tom incomum e belo de pele, seus cabelos eram negros e levemente longos, jogados para o lado. Parecia ser um cara legal. – Os outros estão muito agitados, você parece o único mais calmo aqui.

- Ih – Jimin disse fazendo careta e rindo em seguida. – Talvez eu seja o mais nervoso. Qual o seu nome? – perguntou o alfa, querendo fazer amizade. Seria bom se tivesse um amigo ali dentro, se tinha algo que Jimin detestava era ficar sozinho por um longo tempo.

- Jongin, Kim Jongin.”

“– Quero que saibam que apoio o que vocês estiverem tendo ou o que forem ter no futuro – Jimin disse sorrindo e o casal em sua frente reagiu.

- Está adotado – Chanyeol disse sério e Jongin fez careta, o que levou Jimin a rir alto. Era inacreditável a forma como havia se aproximado de forma tão genuína e tão rápida daqueles dois, e por um instante, seu peito doeu.”

“- Seu... seu... seu, seu irresponsável! – ralhou Jongin, tentando voar na direção de Jimin mas tendo seus braços tranquilamente segurados por Chanyeol. – Custava você ter ao menos despedaçado o rosto daquele chinês gigantesco com um murro ou com os seus dentes? Olha o tamanho dos teus bíceps, moleque, você poderia ter deixado ele sem coragem de viver! Mas nããão, você decidiu que seria uma brilhante ideia apanhar até perder metade do sangue no seu corpo! Eu quero te matar, Park Jimin!

- Jimin-ah, não escute Jongin, aliás peço que o perdoe. Ele quis beber vinho no jantar hoje – Chanyeol disse rindo e Jongin rosnou, realmente bravo com o comentário do outro. – Aliás, o que diabos você tem contra chineses gigantes, Nini?”

“- O que diabos você quis dizer com “sedentário”, seu idiota? Você corre pelos jardins por pelo menos uma hora e meia por dia, daqui a pouco suas coxas não vão mais caber nas suas calças! – ditou Jongin, fazendo com que Hoseok, Jimin e Chanyeol dessem risada. – Eu realmente não entendo, cara, você trabalha desde os nove anos! Fazem dois meses que você parou de trabalhar, acha mesmo que seu corpo vai ficar diferente nesse curto espaço de tempo? Não seja tão encabulado com isso, Park. E pare de me humilhar! Eu sei que jamais teria a capacidade de me esforçar tanto assim estando machucado!”

O corpo do alfa lúpus tremulava a medida que ele se aproximava do seu foco. Cambaleava, pois suas pernas pareciam desconhecer a forma correta de caminhar naquele momento e estavam mais fracas do que de costume. O chão havia desaparecido... e por mais que parecesse flutuar, ainda assim se sentia pesado. Seu coração estava pesado, e doía. Seus olhos ardiam, mas teimavam em não derrubar nem mesmo uma lágrima. Não conseguia. Em choque, não podia nem mesmo chorar, não conseguia falar, apenas caminhar naquela direção. A visão panorâmica de Jimin desapareceu, e tudo o que era visível para si era a imagem de Chanyeol sentado ao lado de um corpo coberto enquanto abraçava a si mesmo. Quando tomou uma distância curta o bastante para ver o rosto do amigo, o futuro príncipe caiu de joelhos, fitando os lábios arroxeados de Kim Jongin.

- Um homem estava mirando as costas de Kim Taehyung – Chanyeol murmurou, sem realmente olhar para o namorado. Seu olhar estava opaco, vazio, sem nenhuma chama. – Jongin entrou na frente. Aconteceu rápido demais, eu não pude fazer nada. Ele ainda estava em forma lupina, então se tornou um algo fácil por ser grande. Não pude me despedir, ele... e-ele já caiu no chão morto – disse e sua voz mostrou sinais de que iria chorar. – Ele deu sua vida por outra pessoa, então... definitivamente está em um lugar bom agora – o Park tremeu, respirou profundamente e segurou a mão fria do Kim. – Ele odiava ver pessoas chorando. Irei respeitar isso. Se ele me visse chorar, estaria me batendo ou me xingando.

- Onde quer que ele esteja, hyung... ele deve estar te chutando – Jimin disse baixinho, arrancando um sorriso triste de Chanyeol. O maknae sentiu o peito dilacerar como se estivesse sendo atravessado por uma espada, e ainda assim, seus olhos estavam secos. Levou a mão até o rosto sereno de Jongin e acariciou ali, em seguida levando os toques aos cabelos negros. Inclinou-se, e deixou um selar sobre a testa do amigo, sentindo a superfície fria arrepiar seus lábios. Junmyeon se sentou ao lado de Jimin e ali, os quatro amigos ficaram por um longo tempo em silêncio, somente velando o corpo daquele que, sempre, cuidou de cada um. – Devemos nos lembrar de quem ele era em vida. É essa a imagem que temos que manter.

- Ele está guardado em um lugar bom dentro de cada um de nós, e vai continuar assim – Junmyeon sussurrou, incapaz de sustentar a própria voz em um tom mais alto. Os três então seguraram as mãos de Jongin e só saíram do seu lado quando a equipe médica apareceu para remover o corpo. Ainda doía. E aquela dor com certeza estaria presente neles por um bom tempo. Voltaria e iria embora como um simples resfriado, mas eles nunca escapariam realmente dela. Mesmo quando o corpo fora levado para longe, Jongin ainda assim parecia estar ali, presente entre os três. E de fato estava. Jimin só estava atônito demais para esboçar qualquer reação.

Sua melhor amiga havia, involuntariamente, se tornado uma assassina, seu filho estava morto, seu melhor amigo estava morto, havia matado um homem. A ficha não havia caído.

Com o corpo de Jongin sendo levado, Junmyeon e Chanyeol se despediram brevemente de Jimin, que ficou ali, sentado no meio do salão. O alfa lúpus então apoiou os cotovelos nos joelhos e escondeu o rosto entre as mãos, fechando os olhos e tentando assimilar as coisas. Seu céu parecia estar rachando, porém uma fina película protegia tudo de desabar, e merda, ele realmente queria desabar. Sentia que se não chorasse, iria sufocar até a morte... mas o choro não vinha. Queria Jeongguk ali consigo. Ou sua mãe. Sua irmã. Seu pai. Céus, o que Jihoo diria? Jimin sentiu um aperto em seu ombro, e não era o seu pai ali. Por um momento, se desligou da própria melancolia e ergueu o olhar para Yugyeom, que agora se sentava ao seu lado. O rei olhou para frente, sem realmente fixar seus olhos em um ponto. Então, suspirou.

- É a terceira vez que eu vejo isso acontecer. Eles ameaçam, eles invadem, eles morrem. Alguns anos de paz se instalam, e então... o ciclo se repete. Da primeira vez, perdi minha mãe. Da segunda, perdi um filho e agora, perdi um neto – disse e olhou para as próprias mãos. – Eu sei exatamente o que se passa pela sua cabeça agora, Park Jimin. Está se sentindo mal por ter matado YiFan, mesmo depois de tudo o que ele te fez. Não se arrepende, mas se sente sujo.

- Derramei o sangue de outro lobo. É claro que isso está me afetando, nunca pensei que faria isso em algum momento da minha vida – Jimin disse, lutando para manter a voz em um tom aceitável. A imagem dos olhos esbugalhados do YiFan, saltando para fora das órbitas era no mínimo horripilante, e o fato de que ele havia sido o causador daquilo tudo não era a melhor forma de se ajudar. – Mas não se engane, hyung. O que me deixa realmente mal é o fato de que eu faria de novo, quantas vezes fosse preciso. Eu reviveria YiFan um milhão de vezes para matá-lo de formas diferentes, apenas pelo prazer de vê-lo implorar, e essa merda de pensamento está me sufocando – disse com o olhar vazio.

Era impressionante a forma como uma expressão, ainda que vazia e mórbida, carregasse tantas emoções comprimidas. Yugyeom não reconhecia aquele Jimin, entretanto, sabia que aquela mudança seria inevitável. O Rei de Busan se enxergava nele.

- Jimin, você se inscreveu nessa seleção apenas pelo meu filho? Precisa entender que, a partir do momento que Jeongguk lhe escolher, você não será apenas o marido dele e pai de seus filhos, mas também governará sobre todo um reino por décadas. Você tomará decisões importantes e difíceis, e pensar em todos os súditos de uma só vez será impossível. Alguns caminhos que você seguir farão um núcleo de pessoas te odiarem, e essas pessoas irão tentar ferir quem você ama. E nesse tempo, você vai descobrir que um rei benevolente não existe. Seja para conquistar um reino vizinho ou dominar nove reinos, pessoas vão morrer por suas mãos. Seu amor com Jeongguk é belo, é uma das coisas mais puras que eu já vi, mas não estamos em um conto de fadas. Se você hesitar em matar, matarão alguém importante para você. Foi assim que perdi minha mãe. Acredite, chegará um tempo que você não conseguirá derramar sequer uma lágrima, por mais bondoso que você seja, centenas, milhares vão morrer através de você. YiFan não foi o último. Veja bem, um soldado me apresentou um relatório a alguns instantes atrás, dizendo que sozinha, Yerin matou mais de cinquenta rebeldes. Em meus poucos momentos de distração, notei que todos os que ela matou foi em defesa de um dos nossos. Ela salvou até mesmo a mim, então me diga, você não fez o mesmo? Não viu a reação dos rebeldes ao verem YiFan morto? – perguntou. Jimin manteve silêncio, desviando seu olhar para o chão e tentando ao máximo absorver cada palavra dita pelo Jeon. – Se não tivesse matado aquele homem, talvez estaríamos lutando até agora. Se não fosse sua rapidez em deduzir que ele era o líder, teria o largado dentro da sala onde o matou, e os rebeldes não teriam se rendido. Você matou apenas um homem hoje, mas findou toda a Rebelião apenas com isso. E acredite, nunca havia acontecido algo assim antes. Antes que eu me esqueça, Jeongguk nunca tinha matado uma pessoa antes de hoje, Jimin. E ele matou quase cem. Foi ele quem ordenou e organizou as tropas para defenderem o castelo, e me diga, não foi ele quem disse que deveríamos matar sem hesitar? Ele não estava lendo um roteiro, estava seguindo aquilo que seu coração ordenava, e claro, que os seus conhecimentos sobre o reino ordenaram. Quando você estudar mais a fundo a história desse reino, verá que o Brasão de Busan é manchado com sangue, e se não fosse assim, jamais teríamos prosperado. É um conceito deturpado, mas infelizmente é real. Eu não acredito que pessoas más devem morrer, mas faria de tudo para proteger o meu reino e as pessoas que amo. Se pra isso eu precisar matar, não hesitarei. Um dia, você irá compreender cada frase dita por mim em suas entrelinhas – Yugyeom disse sério, então terminando seu discurso. Se levantou e Jimin fez o mesmo, ainda cambaleante e destruído por dentro. O Rei então segurou o alfa lúpus pelos ombros, dando um sorriso de conforto. – Eu sinto muito por Jongin. E pelo seu filho. Amber já disse que Jeongguk não corre nenhum risco e já pode receber visitas. Tome um banho, descanse e vá visitá-lo.

- Obrigado, hyung... – Jimin disse em um murmúrio. Haviam milhares de informações confusas girando em sua mente, entretanto, precisava se organizar e deixas as coisas no lugar.

- Devo pedir uma coisa a você. Jeongguk pediu para anunciarmos você como o vencedor da seleção caso algo acontecesse com ele, e sinceramente, todos nós já sabíamos que vocês dois acabariam juntos. Então, por favor, não me chame mais de “hyung”. Me chame de pai. Vamos trabalhar juntos.

Yugyeom deixou Jimin sozinho depois disso. O alfa lúpus ficou paralisado no meio do grande salão, mas em seguida seu corpo relaxou. Seu pai não estava ali, mas parecia ter falado através do rei.

Era a ajuda que precisava. O coração do Park ficou mais leve e ele seguiu de volta para seu quarto. Ainda tinha coisas que precisava fazer antes que o dia acabasse.

Eram sete da noite quando Jimin, Yoongi, Chanyeol, Junmyeon, Heeyeon, Yerin e Taehyung se reuniram na ala de visitantes da enfermaria. Amber havia dito que tinha notícias sobre as internações e sobre o enterro solene que aconteceria no dia seguinte. Estavam todos sentados esperando que a médica aparecesse: a ômega estava sentada no colo do Park enquanto tinha as mãos seguradas pelo príncipe de Daegu. Tinha os olhos inchados de tanto que já havia chorado pela mãe, mas por ter recebido bastante carinho do melhor amigo e do namorado, já estava mais calma. Chanyeol e Junmyeon conversavam paralelamente com Yoongi, todos tentando distrair suas mentes ao menos por um instante, já que as coisas ainda estavam bagunçadas demais. Quando Amber finalmente apareceu, todos se puseram de pé.

- Me perdoem pela demora... ainda tinha alguns últimos exames para fazer – a médica disse parecendo apressada, mas sorrindo rapidamente, como se quisesse dar um pouco de conforto aos que estavam ali. – Amanhã às sete horas da manhã os soldados que foram mortos serão levados ao centro de Busan. Eles terão os caixões carregados ao meio dos súditos. Kim Jongin, Terada Takuya e Park Sandara vão ser cremados às dez – disse e Yerin suspirou, recebendo um afago nos cabelos vindo de Chanyeol, que lhe deu um sorriso triste. – Sobre os internados... bem. Jeongguk estava grávido de duas semanas. O ferimento fez com que ele sofresse um aborto, mas suas atividades reprodutoras não parecem ter sido afetadas. Como ele é um ômega lúpus, seus agentes de cura agem muito rápido então o ferimento já está fechado. Ele está em observação, ainda não acordou mas está completamente fora de risco e já pode receber visitas – disse agora em um tom mais sério e Taehyung apertou a mão esquerda de Jimin. – Sobre Hoseok... o caso dele é mais complicado, embora ele esteja bem e igualmente fora de riscos – disse e Yoongi tentou disfarçar o nervosismo. – Ele recebeu um tiro nas costas. O tiro atingiu uma vértebra em sua coluna, o que fez com que ele ficasse paraplégico – disse e todos ali ofegaram. Mas que porra...?! – Dá pra me deixarem terminar? Não subestimem o fator de cura de um lúpus! Se ele fosse um alfa recessivo, não iria voltar a andar nunca mais, mas ele é um dominante, um lúpus. Em três meses ele vai voltar a andar. Daqui um mês começaremos as sessões de fisioterapia e ele logo estará correndo pelo castelo. O único problema é que um lúpus sente mais dor do que um recessivo, e como estamos falando de regeneração óssea, o tratamento será muito, muito doloroso. Peço para que apoiem e deem suporte à ele o tempo todo. Claro, coluna não é algo fácil, e vai deixar sequelas. Hoseok terá de se aposentar do exército – disse e Yoongi caiu sentado novamente na cadeira. Heeyeon e Jimin foram até ele.

- Hoseok ama o serviço militar – Yoongi disse atônito, tremendo. – Ele ama estar no exército... e agora vai ter que se aposentar? Ele acabou de completar trinta anos, está no auge como militar, e precisa mesmo ser engavetado por invalidez?

- Não fale assim, parece uma coisa horrível – Heeyeon disse, segurando a mão do ômega. – Infelizmente, um militar precisa ter uma estrutura corporal praticamente perfeita, e querendo ou não Hoseok praticamente teve sua coluna desligada. Eu sinto muito, ele é um líder incrível, e irá sempre continuar sendo o nosso General. Como Coronel, irei indicar alguém forte para ficar em seu lugar, mesmo sabendo que ninguém irá se equiparar a Hoseok.

- Ele m-me disse que um tiro não o derrubaria...

- Não é como se ele fosse continuar caído – Jimin disse. – Ele é forte demais. Mesmo que não esteja mais no exército, ele estará sempre lutando conosco, pode ter certeza. Até parece que você não o conhece, hyung. Fique calmo... – o alfa lúpus pediu e se inclinou, deixando um selar no rosto do mais velho, que se agarrou ao Park e o abraçou forte. A Coronel Heeyeon se uniu a eles e aumentou o abraço, este que logo foi complementado por todos os outros.

Eles sabiam que só se curariam daquela dor se ajudassem uns aos outros.

- Jimin, eu preciso falar com você – Amber disse e o abraço foi desfeito. – Em particular. Acho que devo algumas explicações à você a respeito da gravidez de Jeongguk – disse seria e o alfa voltou a ficar tenso. Se despediu dos outros e seguiu a médica até seu consultório, onde a outra alfa lúpus fechou a porta e girou a chave em sentido anti-horário. – Primeiro, preciso que você me diga como descobriu que o príncipe esperava um filho seu.

- YiFan disse algo sobre meu cheiro estar grudado em Jeongguk. Ele não foi tão específico assim, mas pode ter sentido o cheiro do feto ou algo do tipo.

- Jimin – Amber suspirou, consternada. – Não ouviu o que eu disse? Jeongguk estava grávido de duas semanas. O feto produz cheiro a partir do primeiro mês quando é lúpus e a partir do terceiro quando é recessivo. YiFan sentiu o seu cheiro, mas não sentiu o do feto porque era impossível. Ele mentiu pra você. A forma como ele descobriu que o príncipe estava grávido foi outra, definitivamente não foi por cheiros. Você acha mesmo que Jeongguk não perceberia a mudança de cheiros em seu próprio corpo? – disse e Jimin precisou se sentar na cadeira. Amber fez o mesmo. O alfa não parecia no melhor dos seus dias.

- Então... como diabos ele-

- Preciso que preste atenção. Não se descontrole, Jimin – Amber pediu. – Todos os meses, realizamos exames de sangue nos membros da família real. Yugyeom, Kunpimook e Jeongguk sempre passam por vistorias médicas para identificar problemas que possam prejudicá-los, para que possamos tratá-los com rapidez. Já percebeu que nenhum deles nunca está de fato doente? – perguntou calmamente e Jimin somente assentiu, concentrado. – Obviamente, fizemos um exame de sangue com todos eles esse mês, mais precisamente a uma semana atrás. Porém, o exame de Jeongguk desapareceu. Como tínhamos ele no computador somente imprimimos novamente e sequer nos lembramos de procurar pelo primeiro. O exame obviamente havia sido roubado. Assim que soubemos da traição de Jongdae, fizemos uma vistoria geral e assistimos as gravações que as câmeras de segurança do escritório da enfermaria fizeram, e é claro que o nosso conselheiro apareceu levando um papel para fora. Jongdae roubou o exame de Jeongguk e entregou a YiFan, foi assim que ele soube da gravidez. Entendeu agora? – Amber perguntou e o rosto de Jimin ficou completamente livre de expressão. – Jimin?

Foi quando os olhos do alfa lúpus tomaram um vermelho forte que a médica se levantou com pressa de sua cadeira, abrindo uma gaveta qualquer e retirando de dentro dela um pequeno frasco com um líquido incolor. Rapidamente, pegou uma seringa e ao verificar a esterilização da agulha, usou o líquido do frasco na seringa e injetou o mesmo no pescoço de Jimin, que já estava no meio de uma transformação inconscientemente. A pele do alfa estava queimando, ardendo de raiva. Quando ele desmaiou, Amber suspirou e tocou o rosto do Park, balançando a cabeça negativamente.

- Eu nunca mais vou ver o Jimin do início da seleção novamente, não é? Eu sinto muito, bebê. Sinto muito pelo que você fez e teve que ver acontecer. Tudo vai ficar bem, você vai ficar bem. O que você viu vai te mudar completamente, mas mesmo assim aquele Jimin vai sempre viver no fundo do seu coração.

Amber pediu para que enfermeiros levassem Jimin até seus aposentos com segurança e então pediu para que levassem Yoongi até a frente do quarto treze. A médica seguiu até o mesmo quarto e então esperou pelo ômega, que não demorou a aparecer. Suspirou.

- Hoseok acordou antes mesmo da Rebelião acordar. Os agentes de cura dele são impressionantes, ele sequer parecia cansado. Apenas se sentiu assustado ao perceber que abaixo do seu quadril não havia mais nenhuma sensibilidade – disse Amber, arrancando de Yoongi um olhar um pouco triste. – Mesmo assim, quando disse que ele não andaria por um tempo e que teria de se aposentar por invalidez, ele nem me deu atenção. “O Yoongi se machucou?”. Foram as primeiras palavras que ele disse quando acordou. Não disse nada quando soube que estava temporariamente sem movimento nas pernas, não disse nada quando soube que o exército não era mais uma possibilidade. Só queria saber de você – disse e Yoongi olhou por através do vidro, sentindo uma parte do seu coração ser quebrada ao ver que Hoseok escondia o rosto entre as mãos, enquanto soluçava. Nunca tinha visto o (ex)General chorando em toda a sua vida, e por mais que soubesse que ele não estava chorando de tristeza, o fato de que ele chorava por não suportar a dor que lhe tomava o corpo era ainda mais triste. – Se você estiver ao lado dele durante esses três meses, ele vai suportar melhor a dor. E acredite, Hoseok vai sentir muita dor, e ela só vai piorar no último mês. Fique com ele.

Yoongi mordeu o lábio com força e segurou a maçaneta da porta, vendo que Amber havia lhe deixado sozinho. Ao ouvir a porta abrindo, Hoseok se assustou, abrindo um sorriso aliviado que contrastava com os olhos vermelhos e inchados. Ao receber aquele olhar tão expressivo do alfa lúpus, o ômega faltou correr ao seu encontro. Se sentou ao lado do Jung e segurou sua mão com força. A palma da mão grande suava frio devido à dor que o homem tentava suportar, e novamente o Min teve seu coração quebrado.

- Não chore, hyung – Yoongi disse baixinho, levando a mão livre aos cabelos raspados de Hoseok e acariciando ali com gentileza, passando (ou tentando) confiança e força ao alfa, que fechou os olhos e focou tudo o que tinha no ômega em sua frente. – Eu estou aqui, a dor vai passar. Eu prometo que a dor vai passar. Vou ajudar você e vou pedir para os Reis me darem uma folga pra que eu possa cuidar direito de você.

Normalmente, Hoseok daria uma bronca em Yoongi se ele deixasse seu serviço de lado por ele. No entanto, a onda de alívio que lhe tomou imediatamente o deixou calmo, e ele agradeceu a todos os deuses possíveis.

- Eu preciso de você – Hoseok sussurrou, engolindo em seco. Por um momento, o Min se esqueceu que estava triste e sorriu grande ao ver o rosto do Jung ficar avermelhado. – Fique comigo, sempre.

- Isso é um pedido de namoro, Jung? – perguntou o ômega, parecendo zombar do alfa lúpus, que deu uma risada baixa, o que era incomum.

- Eu não sei fazer isso, Yoon... – Hoseok riu, esquecendo a dor por alguns instantes. Yoongi era inacreditável.

- Você é o homem mais romântico que conheço, mas não sabe pedir outro homem em namoro? – zombou, levando suas mãos até o rosto bonito e grande. Yoongi se inclinou, beijando os lábios de Hoseok e sendo correspondido sem nenhuma resistência por parte do Jung. Ao se separarem, o Min manteve os rostos colados. – Eu vou estar aqui sempre, se é o que você quer. Até você se cansar de mim.

- Eu nunca vou me cansar de você, porque você tem diversas faces e eu amo cada uma delas – Hoseok disse e o ômega sorriu grande, o beijando de novo. Ali, o sub-conselheiro prometeu a si mesmo que iria cuidar do alfa lúpus até o fim de sua vida, independente do que acontecesse, e o apoiaria em qualquer coisa que decidisse.

Afinal, a dor que Hoseok sentia não era maior do que o amor de Yoongi por ele.

Jimin acordou em um salto. YiFan apareceu em seu sono, tão horripilante quanto antes, e segurava um pano branco que parecia ser a camisa de Jeongguk manchada de sangue. O mais velho sorria vitorioso, mas à medida que o “sonho” se seguia, este parecia ficar assustado e de debochado, passava para um estado desesperado, implorando para que o Park não o matasse. Com um grito terrível do Wu, o futuro príncipe despertou com o coração acelerado e o peito doendo, como se estivesse prestes a infartar. Então, recobrando a consciência aos pouquinhos e percebendo que estava em seu próprio quarto, Jimin suspirava profundamente e se sentava em sua cama. Não sabia que horas eram, mas o dia parecia estar amanhecendo.

O Park levantou de sua cama e seguiu em direção ao banheiro, apenas para permitir que uma água bastante fria caísse por sua cabeça e lhe despertasse de vez. Lembrou-se da conversa com Amber e sua mente viajou até o último momento em que se lembrava de estar acordado, com a médica segurando uma seringa e olhando para si. Havia se descontrolado, e isso era péssimo, por mais que fosse inevitável. Jimin levou as mãos até as orelhas e ainda debaixo do chuveiro removeu todos os seus piercings, já que naquele dia era uma celebração em luto e o uso de adornos era visto como desrespeitoso. Terminou seu banho e, após guardar seus piercings, o alfa se secou e vestiu roupas sociais pretas, prendeu os cabelos para trás e deixou seu quarto, seguindo em direção a enfermaria para, finalmente encontrar Jeongguk. Estava ansioso para que o ômega acordasse, estava sentindo falta, estava preocupado. Desceu as escadas que o levavam ao grande salão e seguiu até o local que queria, no entanto, antes que realmente atravessasse o salão que ficava entre as escadarias e a enfermaria, a porta do castelo se abriu e o olhar de Jimin ficou fixado na entrada. Os soldados abriram espaço e então, Park Hyerin e Park Seulgi entraram no Palácio, logo vendo Jimin, este que suspirou alto e quase tropeçou quando se virou para a porta, vendo duas das mais importantes figuras de sua vida lhe olhando nos olhos.

Naquele momento, um filme distorcido passou pela cabeça de Jimin. Enquanto se movia quase que em câmera lenta em direção à porta, sua mente rodava entre visões do início da luta do dia anterior, entre os momentos que viu a imagem borrada de Jeongguk se movendo enquanto lutava, o cheiro do ômega lúpus lhe invadindo e atraindo rápido, a luta com Wu YiFan e a sua morte, a notícia da morte de Jongin. Tudo em aproximadamente três horas, acontecimentos grandes demais em um espaço demasiado pequeno, contraindo na mente do Park como arquivos em compressão. Então, suas memórias trouxeram de volta cenas do melhor amigo do alfa, lhe cuidando o tempo todo, dando conselhos, puxando sua orelha. O rosto feliz de Chanyeol em finalmente ter o apoio que precisava para se relacionar com Jongin.

Cada memória foi suficiente para fazer com que as pernas de Jimin formigassem. Poucos passos depois de começar a caminhar até a porta, o homem caiu de joelhos no chão e a voz de YiFan falando sobre seu filho se fez mais presente. A imagem de Jeongguk caído no chão da sala de estudos, com a mão direita pressionando o baixo ventre que sangrava quase incessantemente, os olhos do ômega lúpus indo de azuis para um cinza opaco que, naquele momento, somente a lembrança causou arrepios em Jimin. E foi ali, caído de joelhos no grande salão do castelo, que o lobo do Park encontrou finalmente uma reação diante do tudo o que havia acontecido. Depois de horas, depois de um pesadelo horrendo, depois da pior reação possível com a morte do melhor amigo, seu corpo encontrou forças.

Já ajoelhado, Jimin curvou seu corpo para frente e apoiou seus antebraços no chão. Apertando as mãos com força, o alfa chorou como nunca havia chorado em toda a sua vida, e foi diante dos soluços e baixos gritos desesperados do rapaz que a sua mãe correu até ele, rapidamente lhe tomando nos braços. Hyerin já sabia do que acontecera e conhecia bem o filho, sabia que estava abalado. Seu coração de mãe apertou dentro do peito enquanto Jimin soluçava de uma maneira que fazia seu corpo todo tremer. Seulgi se uniu a eles e sem saber direito como reagir diante daquilo – seu irmão não chorava, podia ficar triste mas nunca derramava lágrimas, ao menos não naquela intensidade – somente apoiou sua cabeça sobre as costas arqueadas do homem, que tremia e quase gritava durante o choro.

Jimin murmurava o nome de Jeongguk enquanto chorava. Sua mãe estava ali, sua irmã estava ali, se sentia em paz com as mulheres que mais amava em toda a sua vida, porém ainda precisava do consolo e do conforto do homem que amava. Queria abraçar o ômega e dizer que estava tudo bem, e queria mais que tudo ouvir o mesmo dele. A ausência não proposital do hyung lhe deixava mal, e aquilo nem mesmo era uma situação de egoísmo. Era saudade, preocupação, seu lobo parecia tão desesperado quanto ele. O Park segurou com força o pulso da mãe e deixou que o toque que sentia tanta falta lhe acalmasse ao menos um pouco.

- Está tudo bem querido, você pode chorar sem se preocupar. Sua mãe está bem aqui, não tenha medo – Hyerin murmurou para que apenas Jimin lhe ouvisse. Chanyeol e Junmyeon desciam as escadas naquele momento e ao verem aquela cena, ficaram sem reação. Era possível ouvir o choro de Jimin dos corredores, e definitivamente não havia nem mesmo um lobo que o condenasse. Aquela era a dor de um homem que havia acabado de perder um filho, que havia visto uma garota doce matar sem pensar duas vezes e que havia visto seu melhor amigo, um homem inocente, morrer sem chances de defesa. Naquele instante, a dor que havia sido aprisionada em seu interior estava se liberando, se soltando de dentro dele de uma só vez, sem nenhuma piedade, rasgando o coração do alfa em milhões de pedaços.

Aquela era a última vez que Jimin chorava pela morte de alguém.

Quando a hora estiver perto

E a desesperança tomar conta

E todos os lobos chorarem

Para preencher a noite com lamentos

Quando seus olhos estiverem vermelhos

E o vazio for tudo o que você conhece com a escuridão alimentada

Você me diz para aguentar,

Mas a inocência se foi

E eu estou sangrando


Depois que Jimin parou de chorar, ele desabafou com a mãe e irmã. Ainda eram seis da manhã, em uma hora os soldados mortos seriam homenageados pelo reino, mas o alfa ficaria no castelo para a cremação de Jongin. O Park já estava mais calmo naquele instante, então aproveitou para apresentar a irmã para Yerin, já que as duas tinham a mesma idade e Seulgi era excelente consolando pessoas. As duas tinham personalidades bastante parecidas então sentia que se dariam muito bem. Também apresentou a sua mãe aos dois melhores amigos, Chanyeol e Junmyeon, que logo ficaram próximos de Hyerin. Aliás, fora difícil para Jimin se acostumar com os olhares dos soldados na direção de sua mãe – Park Hyerin era uma ômega bastante bela, e com o investimento que havia feito com o dinheiro deixado por seu filho, havia conseguido comprar muitas roupas, além de ter também aprendido a ler e escrever, até mesmo subir para a Casta Três.

Jimin decidiu deixar a mãe sozinha por um curto momento somente para visitar Jeongguk, que ainda estava adormecido. Passou cerca de uma hora e meia no quarto do ômega, aproveitou para lhe dar banho e reparou que em sua barriga não havia nem mesmo uma cicatriz. Secou todo o corpo grande e depois de vesti-lo, depositou-o novamente na cama da enfermaria e cantou para ele, em seguida conversando com o mesmo, ainda que não pudesse receber respostas. Apenas estar ao lado do Jeon deixou seu lobo mais feliz, ainda que toda a situação estivesse tão fodida. Deixou então o lúpus mais velho descansar e seguiu até o quarto treze, fazendo uma visita também para Hoseok e passando alguns minutos com o ex general, lhe dando apoio. Yoongi também estava por ali, e depois de alguns momentos decidiu voltar para o lado da mãe. Faziam meses que não a via, então obviamente queria estar perto dela.

Ao seguir até o corredor que levava para seu quarto, mais precisamente antes de chegar ao mesmo, viu uma movimentação no salão. Os soldados carregavam um corpo nos braços, levando-o então até a sala de estudos. Quando os soldados saíram de lá, fizeram uma reverência diante da porta e a fecharam, sinalizando respeito.

Curioso, Jimin decidiu mudar sua rota e caminhou até a sala de estudos. Olhou para os lados e abriu a porta devagar, notando que o corpo havia sido deixado sobre uma mesa grande. Provavelmente seria levado dali depois. O alfa lúpus se aproximou um pouco mais, observando a figura coberta por um grande pano branco. Levou então a mão esquerda até o pano e descobriu o rosto do homem morto, apenas encarando o rosto pálido com olhos e lábios arroxeados. Também não pode deixar de notar as marcas no pescoço de Jongdae, que indicavam que ele havia se enforcado. Jimin deu um riso sem humor e balançou a cabeça negativamente.

- Então você cometeu suicídio antes que a marca do Juramento te matasse? – Jimin perguntou baixinho, com o tom de voz apático e, novamente, vazio. – Covarde. Deveria ter morrido com um pouco de honra. Mesmo assim, não me sinto nenhum pouco surpreso. Não me entenda mal, não condeno aqueles que cometem suicídio, sequer tenho moral para fazer algo assim. Mas você... não se matou por arrependimento. Eu sei que você não se arrependeu em ter traído o seu reino. Pode enganar qualquer um aqui, mas a mim você nunca vai enganar. Pode receber o perdão de qualquer pessoa, mas a única coisa que você terá de mim é o meu eterno ódio. Não vou deixar a raiva me consumir, mas nunca, nunca irei perdoar você. Centenas morreram por sua causa, perdi um filho, meu ômega quase morreu por sua causa, e eu juro... que se ele tivesse morrido, eu seria capaz de te trazer de volta a vida apenas pra te matar, da mesma forma que gostaria de fazer com YiFan. Eu irei seguir em frente, Jongdae, mas sempre irei remoer a sua culpa nessa história, sempre. Você é tão desprezível quanto um verme – o alfa lúpus disse e deu dois tapinhas leves no rosto do beta. – Eu espero que você arda no fogo do inferno pelo resto da eternidade, seu filho de uma puta.

Jimin não sentia nada, ao mesmo tempo que sentia tudo. Dor, saudade, tristeza, angústia, ódio. Não se reconhecia, não estava mais conseguindo identificar quem era aquele Jimin. Seu lobo disse: “Esse também é você. Todos nós temos lados sombrios, mas nem todos recebemos o gatilho capaz de despertar nossos monstros interiores. Você teve esse gatilho, e foi da pior forma possível. Não existe uma forma boa, na verdade. Porém, agradeça por esse gatilho. Ele será necessário se você quiser ser um governante com o pulso firme. Você ganhou uma força que ainda não tinha, força de espírito. Não pense que o Jimin de antes foi embora, ele ainda está aqui, apenas trocou de lugar com este seu lado mais seco. Da mesma forma que existe uma alavanca para trazer seu lado sombrio, também existe uma para trazer seu lado mais doce, e o gatilho para o “outro” Jimin chama-se Jeongguk. Não se desespere apenas por não conhecer seu outro você, se acostume com ele e siga em frente. Você irá perceber que, querendo ou não, é este lado que te faz forte por dentro. Não precisa ter medo, você não é uma pessoa ruim. Você só está aprendendo que a vida não é uma história com final feliz. A vida é uma cilada, Jimin. Estamos todos em um jogo que nos levará para um “Dead End”. Você está descobrindo isso da maneira mais deturpada, mas é preciso um choque de realidade para vermos que nem sempre os dias vão terminar belos. Todos nós precisamos de dor. É o destino nos mostrando quem ele realmente é. Acostume-se, e não sofra pelo que perdeu, mas sorria pelo que você ainda tem. Viver é poético e bonito, os dias escuros apenas são um final de estrofe sem rima.”

A noite havia chegado. Jimin passou o dia todo ao lado de Yerin e Chanyeol, lhes consolando durante a cremação de Sandara, Jongin e Takuya. Hyerin e Seulgi também estiveram ali, inclusive a mãe de Jimin acabou revelando que ela e Jihoo nunca tiveram um imprinting, indicando que não eram almas gêmeas. Depois da cerimônia de despedida, a ômega de apenas trinta e quatro anos contou como foi difícil cuidar de um filho quando tinha somente doze anos de idade, sendo uma mulher da sexta Casta, mas não deixou de exaltar o papel incrível que Park Jihoo tivera como pai, mesmo sendo jovem. O alfa morreu com quinze anos de idade, quando Jimin tinha dois anos e Seulgi estava prestes a nascer, devido a escassez de recursos na saúde para Castas Seis. Desde então, Hyerin vivera sozinha com os dois filhos, mas sobreviveu acima de tudo.

Taehyung e Yerin pareciam um pouco mais animados. De fato, a ômega e Seulgi haviam feito amizade rapidamente, o que contribuiu para que a criada suportasse melhor a morte da mãe. Durante todo o dia, todos eles ficaram juntos, e então a noite chegou novamente. Jimin se preparou para dormir por mais que sentisse medo – mesmo quando estava acordado, tinha arrepios. Sabia que os pesadelos estariam ali quando adormecesse. Mesmo assim o alfa respirou profundamente se deitou sobre a cama, se sentindo sozinho. Vencido pelo cansaço, o alfa lúpus – infelizmente – dormiu, e claro, não demorou mais que trinta minutos para que acordasse assustado.

Suas pálpebras queriam se fechar sozinhas, pesavam toneladas. Ainda assim, Jimin desistiu de ter uma boa noite de sono e então saiu do seu quarto, cambaleando devido ao cansaço que sentia. Caminhou até o fim do corredor e se sentou no início das escadas, apoiando seu rosto nas mãos. Não sabia que horas eram, mas o castelo estava silencioso demais para ser mais cedo que meia-noite. Então, ao olhar para o meio do grande salão, viu uma pessoa caminhando em sua direção e ofegou, pensando estar delirando por conta do sono. Coçou os olhos e abriu-os novamente, mas a pessoa continuava ali. Jimin suspirou hipnotizado, se colocando em pé e descendo devagar as escadas, parando em frente o homem.

- O que você está fazendo fora da cama? – perguntou o homem, levando a mão esquerda ao seu rosto. Jimin não sabia mais falar, apenas tocou a mão que estava em sua face e olhou fixamente para o outro, transmitindo tudo o que queria dizer apenas com seu olhar. – Você parece exausto, Jimin... precisa dormir...

- Não consigo, hyung – Jimin disse, fechando os olhos por um breve momento para que não cochilasse em pé. Jeongguk se aproximou um pouco mais do alfa e deixou que este apoiasse a cabeça em seu ombro. – Ele sempre aparece, cada pesadelo parece pior que o outro. Não quero dormir, quero me manter acordado por mais cansativo que seja. Estou completamente assustado com a possibilidade de dormir e ver YiFan de novo.

- Agora não precisamos mais nos esconder, Jimin. Então, irei dormir com você de agora em diante. Não apenas hoje, não apenas esse mês. Todas as noites, meu amor, eu vou estar ao seu lado. Se você tiver um sonho ruim, eu vou acalmar você – Jeongguk disse e beijou Jimin, ali no meio do salão. O alfa não pode nem mesmo perguntar o porquê do ômega estar fora da enfermaria, se havia recebido alta, como estava se sentindo depois de tudo. Porém, teriam todo o tempo do mundo para conversarem sobre Aquilo. Naquele momento só queriam matar a saudade que sentiam um do outro, a solidão que ambos sentiram por estarem afastados.

Naquela noite, Jimin e Jeongguk não dormiram realmente. No entanto, o cansaço do alfa havia se dissipado por completo durante o que ele e o ômega fizeram pela madrugada. Entre gemidos, suor e lágrimas – essas últimas por parte do mais velho – Park e Jeon selaram a devoção que tinham um pelo outro e deixaram as mágoas passadas para trás, focando apenas em seu presente e futuro. Ali, afirmaram o amor que sentiam mais uma vez, e consumaram o mesmo em ato e palavra.

Bem, me perdoem por cortar a transmissão do que quer vocês estivessem assistindo. Eu, como rei de Busan, tenho um comunicado importante a fazer – disse Kunpimook, usando trajes reais em cor negra, ainda em luto. Fazia apenas uma semana desde a Rebelião, então ainda era estupidamente recente. – Como sabem, antes de toda essa Rebelião... estávamos no meio da Seleção que escolheria o futuro esposo de meu filho, o Príncipe Jeongguk, e também o futuro rei. Já tínhamos a decisão, mais precisamente desde o dia da invasão. E bem, eu, como pai, me senti bastante feliz e orgulhoso pela escolha que meu filho fez. Gostaria de dizer que meu filho encontrou sua alma gêmea dentro dessa Seleção, e a conexão que eles tem é simplesmente a coisa mais linda que já vi. Os dois já estão estudando juntos, o selecionado escolhido já está participando de aulas sobre a história de Busan ao lado de Jeongguk e falo em nome de meu esposo, Yugyeom, que ambos estamos muito felizes. Então, por meio deste comunicado venho declarar oficialmente que Park Jimin é o futuro rei de Busan e dentro de alguns meses será coroado Príncipe. Vocês não têm ideia do quanto meu coração acelera em felicidade ao dizer isso. Faz quase dois anos desde que foi anunciada a lista de selecionados, e revelar finalmente quem foi o escolhido é simplesmente a coisa mais libertadora, ainda mais quando meu filho está tão feliz. Jimin é um garoto doce e forte, além de ser inteligente e empático. Também é um excelente estrategista... – disse o rei, dando um sorriso gigantesco para a câmera. – O próximo rei será um homem nascido na Casta Seis. Isso não é incrível?

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