Eram umas 3:00 ou mais tarde da manha. Já tava dormindo há um tempo. O toque estridente do meu celular começou a tocar e me contorci na cama. O celular não parou de tocar e eu o olhei. “Niall Horan”. Provavelmente ele tava bêbado ou algo do tipo. Ou poderia ser um Harry com o celular descarregado tentando pedir desculpa por ter esquecido. Atendi.
- O que foi, Niall?
2 semanas atrás
Encostei minha cabeça no ombro do Harry rindo. Era uma típica crise de riso do nosso namoro. Serio, se eu já me achava idiota antes de namorar com o Harry, imagina depois. Harry mordeu o lábio inferior dele e tentou ficar serio por um tempo, mas a gente acabou rindo mais ainda. Louis apareceu na cozinha bebendo uma latinha de refrigerante.
- O que foi dessa vez? - Lou sorriu
- Tu já viu a Natalia cantar? - Harry se inclinou pra frente rindo
- Recalque bate e volta, Hazz! – bati no ombro dele, ainda sem conseguir formular uma expressão seria
Harry sorriu e mordeu minha bochecha.
- Implicante – empurrei o ombro dele sorrindo
- Linda – ele disse e me puxou pra perto dele
Louis revirou os olhos e foi pro quarto dele.
- amor, eu vou sair com a Perrie e com Jade, viu? - dei um beijo no Harry e me levantei
- Agora? Vai naaao! – Harry levantou a mao pra eu o puxar e se levantou, me dando outro beijo.
- To com fome – Jade reclamou quando a gente saiu da Forever 21.
- Eu também – disse
- Entao bora comer, crianças – Perrie riu e puxou nos duas pelo braço.
Comemos um sanduíche com refrigerante. Algumas pessoas pararam pra bater foto com as meninas e eu entrei no Twitter. Depois a gente foi pra minha casa, assistimos um filme da Miley Cyrus, aquele LOLA e elas foram embora bem tarde.
“Querido diário,
Faz tipo quantos mil seculos que eu nao escrevo aqui? Acho que a ultima vez que eu escrevi eu tinha uns 6 anos. Acho que eu vou voltar a escrever, sei la, eu sou estranha.
Natalia”
- Amanha a gente faz um ano de namoro - Harry susurrou no meu ouvido
- Ai tu jura? - Zoei com ele, ja que ele ja tava falando isso pela quinta vez no dia
- Juro. E posso jurar que tu eh a namorada mais chata do mundo tambem - Ele me provocou, me puxando pela cintura
- Ah, sou?
- Eh.
- Eu sei que tu me ama, amor. Precisa mentir nao. - Ri da cara que ele fez
- E se eu disser que eu amo mesmo?
- Eu diria que eu te amo tambem
- Eu te amo. Mesmo.
- Eu tambem te amo.
Vesti no minimo uns vinte vestidos ate encontrar um que eu me sentisse bonita. Meu celular apitou. Mensagem do Harry.
"princesa, a gente se encontra no restaurante ou te pego em casa?"
"vem me pegar em casa, bebe"
"ei adulta, eu sou dois meses mais velho que tu ta"
"tu eh idiota oh harry <3"
"tu tambem <3 vou so passar na festinha do niall antes ta? daqui a meia horinha eu to ai"
Era pro Harry chegar 10:00. Deu 10:30 e nada dele. Liguei um milhão de vezes pro celular dele. 11:00. 12:00. 01:00 e ele ainda não tinha chegado. Sera que ele ficou pela festa do Niall? Não sabia se ficava com raiva, triste ou preocupada. Liguei pros meninos mas eles não atenderam, provavelmente tavam dormindo ou na tal festa. Desejei ter um carro, fiquei com raiva e fui dormir.
Eram umas 3:00 ou mais tarde da manha. Já tava dormindo há um tempo. O toque estridente do meu celular começou a tocar e me contorci na cama. O celular não parou de tocar e eu o olhei. “Niall Horan”. Provavelmente ele tava bêbado ou algo do tipo. Ou poderia ser um Harry com o celular descarregado tentando pedir desculpa por nao ter aparecido. Atendi.
- O que foi, Niall?
Niall tava soluçando e aparentemente chorando. Passei uma mecha do meu cabelo pra trás da orelha, preocupada.
- Niall? - falei mais alto
- O Harry, o-o Harry, ele – Niall chorava muito
- O que aconteceu com o Harry, Niall? - gritei, uma lagrima corria pela minha bochecha
- E- ele sofreu um acidente. A gente ta aqui no hospital St. Parker. Vem pra Ca, Natalia – Niall gaguejou entre o choro
Mais e mais lagrimas escapavam dos meus olhos e eu não sabia o que fazer. O hospital era perto da minha casa, então, botei um casaco em cima da camiseta branca e sai correndo, de madrugada, no inverno. Cheguei no hospital rápido, eu acho. Tava sem noção do tempo. Corri pelo saguão, sem conseguir parar de chorar. Vi Liam e Zayn sentados no chão com a cabeça baixa e chorando. Eram noticias ruins que viriam pra mim. O que so me fez chorar mais. Fui andando devagar e me sentei do lado do Zayn que olhou pra mim e balançou a cabeça. Ele me puxou pelo ombro e me abraçou. Eu enfiei minha cabeça no ombro dele, manchando sua blusa de lagrimas.
- O Louis quer falar contigo, Nat – Liam disse segurando minha mao
- O que vai acontecer com ele?- eu perguntei
Liam olhou pra cima e mordeu o lábio inferior. Me levantei e procurei o Lou, que estava encostado em uma porta com a mao em cima da cabeça.
- O que vai acontecer, Louis?- perguntei
- Natalia – Louis me puxou e me abraçou. Comecei a chorar histericamente e a soluçar.
- Louis, por favor
- Ele ta em coma, com poucas chances de sobreviver. Ele sofreu um acidente quando tava indo te pegar em casa. – Louis tava chorando muito. Eu nunca o tinha visto assim.
Eu não sabia o que dizer. Dessa vez, eu puxei o Louis e enfiei meu rosto vermelho e úmido no moletom dele. Depois de um tempo, Louis me empurrou delicadamente pra frente e segurou meus ombros.
- Ele te amava muito, Nat. Ele te amava como ele nunca amou ninguém, e toda noite ele me dizia isso – Louis disse
- E-eu sei. Eu também amava ele mais que tudo – disse – Eu o amo.
Niall saiu do quarto em que Harry estava, com o rosto inchado. Ele olhou pra mim e algumas lagrimas escorreram da bochecha dele. Ele se aproximou e me abraçou bem forte.
- Posso o ver? - susurrei e Niall fez que sim com a cabeça.
Entrei no quarto. Harry estava deitado em uma posição estranha, meio torta e coberto com um cobertor fino. Os seus cachos estavam arrumados pra trás e sua pele estava muito pálida. Seus olhos estavam fechados, me impedindo de ver o verde lindo deles. Me sentei na ponta da cama e me lembrei de cada momento em que eu ouvi a voz rouquinha dele susurrando que me amava, cada beijo que ele me deu, cada vez que eu peguei nos cachos dele. Eu o amava.
Sai do quarto depois de umas meia hora. Perrie tava sentada no chão falando alguma coisa pro Zayn e tentando faze-lo parar de chorar e Eleanor tava abraçando o Louis. Perrie me viu e foi me abraçar.
- Nat– ela disse no meu ouvido – não chora, vai dar certo
-Eu não agüento perder mais ninguém que eu amo, Perrie – falei com a voz embargada
Perrie me olhou com os olhos cheios de lagrima. Acontece que dois anos atras, no Brasil, quando eu tinha 17 anos, meus pais morreram no meio de um tiroteio. Fui morar com minha tia, que era muito proxima de mim e gostava muito de mim, e ela, sabendo que eu estava extramente triste e quase com depressao, ela me mandou pra Londres, que eh a cidade dos meus sonhos, para terminar meus estudos, na faculdade de direito, aqui. Ai minha vida foi se ajeitando. Eu conheci a Perrie, virei amiga dela, ai ela me apresentou pro Zayn, que me apresentou pro Harry... Ai foi. O final feliz. Ate aquele maldito caminhao bater no carro de Harry, quando ele estava indo pra MINHA casa, para NOSSA comemoraçao de 1 ano de namoro. Perrie não sabia o que dizer. Ela me abraçou mais forte. Depois de algum tempo, chegaram Anne e a Gemma. Elas me abraçaram por muito tempo, ate irem pro quarto do Harry.
Acabou que quase todo mundo foi pra casa, menos a Gemma, eu, o Louis e o Zayn. Apoei minha cabeça no colo do Zayn e fechei os olhos, em uma tentativa de dormir. Louis se deitou do meu lado, no chão, e Gemma foi pro sofá e ficou vendo, no seu celular, algumas fotos dela com o Harry. Eu não sei por quanto tempo eu dormi. Dormi por alguns minutos, eu acho. Sei que quando eu acordei todo mundo tava dormindo, menos a Gemma. Ela tava com a mao na cabeça e gemendo alguma coisa como “Harry, por favor, por favor, fica com a gente”. Cogitei que ela provavelmente tava falando dormindo. E cogitei o fato de Harry não estar mais aqui com a gente pra rir da cara dela ou fazer alguma piada e senti uma lagrima escorrer pela a minha bochecha. Porra.
“Querido Harry,
Faz uma semana que voce esta em coma. Sem vida. A psicóloga que a Perrie mandou eu ir mandou eu escrever cartas pra voce em meu diário. Mas que merda, hein. Escrever cartas pra seu namorado em coma. Ela me disse que ia me ajudar a superar, mas quem disse que eu quero superar? Eu não quero superar nada, Hazza. Eu quero voce, aqui, comigo, agora. Mas, enfim, essa e a primeira carta. Ela também me disse para não perder as esperanças. Porra, Harry! Eu não quero viver nesse mundo sem voce. Tudo parece tão sem graça, tão triste. Eu não paro de chorar. Ninguem que a gente conhece para de chorar. Todos os meninos já vieram aqui. A Perrie, a Jade, a Jesy, a Leight-Anne também vieram. Meus amigos da faculdade. Ate sua mãe veio. Imaginei que ela estivesse pior que eu, mas ela esta bem melhor. Não sei como, ela deve estar morrendo por dentro, mas por fora ela esta bem. Ela ate fez um daqueles discursos que eu tenho que superar, que foi so pelo bem de todo mundo, que Deus sabe o que faz e que eu não posso me tratar mal agora, ficar sem comer, me culpar e bla bla bla. Mas eu tenho que me culpar, porque a culpa e minha. Voce so tava naquele lugar, naquele carro, naquela hora, por minha causa. Nunca vou parar de me culpar por isso, Harry. Eu te amo muito, voce não entende. Por favor, Harry, supera isso. Supera isso. Por mim.
Natalia”
“Querido Harry,
A Perrie praticamente me obrigou a sair de casa hoje. Eu não queria. Eu não queria e tinha diversas razoes pra não querer. Não queria porque já to cansada de ver pessoas que eu nunca vi na minha vida chorando e dizendo “sinto muito” ou “meus pêsames”. Fas, eu acredito. Deve doer pra elas o mesmo do que dói pra mim, eu sei como e ser fa, Harry. A gente foi pra um supermercado, sem nenhum destino. A Perrie foi comprar alguma coisa e me deixou sentada em um banquinho na frente da porta. E eu fiquei la, com a cabeça baixa e chorando, porque me lembrei daquele dia que a gente fez compras no supermercado juntos. Lembra? Foi tão bom, a gente riu pra caralho. Umas cinco meninas com voz embargada pararam na minha frente e disseram o conhecido “sinto muito” e uma ate me abraçou. Não sei se ainda to sem noção do tempo, mas eu acho que a Perrie demorou la, voltou depois de uma meia hora. Ela viu que eu tava chorando e também me abraçou. Eu não sei, Harry. Eu não sei o que eu vou fazer. Sinto que eu to dependente da Perrie porque a cada segundo ela me liga pra ver se eu estou bem ou vem aqui em casa. E eu sempre sou a mesma, grossa com ela e nem sei a razão de tudo isso. Acho que so estou viva por sua causa. Enfim, o pessoal da faculdade me deu uma licença pra eu ficar sem ir pra la um semestre. Nunca soube que tinha licença de quando morre seu namorado. Eu to sem rumo sem ti, Harry. Eu acho que eu me acostumei com voce.
Natalia
"Querido Harry,
Louis me ligou hoje de manha cedinho e me disse que os medicos acharam melhor desligar seus equipamentos, que voce ja nao tinha chances de viver. Harry, eu nao quero desistir de voce. Fui ate o hospital e conversei com um medico, ele disse que cedo ou tarde voce morreria, sem um pouco de compaixao, entao eu dei um tapa na cara dele e fui expulsa por uns seguranças do predio. To chorando ate agora e meu celular nao para de tocar, to sem saco de atender. Provavelmente vai ser ele dizendo que aquele idiota ja desligou as maquinas e isso so vai me fazer com vontade de chorar mais ainda.
Natalia"
"Querido Harry,
Eles nao poderam desligar. Eles pediram minha permissao, formalmente, porque meu nome estava no seu testamento (meu nome no sue testamento? harry? tive vontade de chorar), e eu tinha que dar permissao pra que acontecesse. Voce ainda tem chances. Nos temos chances.
Com todo o amor e esperança que eu tenho pra dar,
Sua princesa"
"Querido Harry,
Hoje, sem nenhuma explicaçao, acordei me sentindo um pouco, so um pouco melhor. Ouvi algumas musicas do take me home e do up all night sem chorar. Liguei para sua mae e a fui visitar. Ela estava bem, se voce quer saber. Nos conversamos muito sobre voce. Quando eu estava indo embora, Anne me abraçou e susurrou no meu ouvido "Nao chore porque acabou, mas sorria porque aconteceu." Essa frase me tocou, Hazza. Voce gostaria de me ver chorando? De me ver triste? Obvio que nao. A unica coisa que voce nao pode ser chamado eh de egoista, porque isso voce nao eh. Me promete uma coisa? Fica do meu lado, mesmo que nao fisicamente?
Com amor, Natalia."
"Querido Harry,
Sonhei contigo ontem de noite. Eu raramente lembro dos meus sonhos, mas lembro de acordar no seu apartamento, com a blusa do Ramones (ridiculo, eu sei), e te encontrar na cozinha, fazendo ovos pra mim, lembro de ir te beijar e de voce me dizendo "eu te amo". Acordei chorando. Hoje teve seu "enterro". Sua mae queria fazer uma coisa, mesmo seu corpo, ainda com minimas chances de vida, ainda esteja no hospital. Tinha muita gente, Harry. Muita gente mesmo. Voce era muito amado. Voce ainda eh. A psicologa pediu pra eu passar alguns meses sem escrever pra voce, nao sei porque. Entao ate mais. Eu ainda te amo.
Natalia"
"Querido Harry,
Passaram-se quatro meses e agora eu voltei a escrever pra voce. Hoje fui pra casa do Liam, com Louis, Perrie, Zayn, Liam, Leight- Anne, Jade e a Jesy. Foi bom. Assistimos alguns filmes e comemos pipoca. Falamos sobre minha faculdade de direito, da turne das meninas. Harry, proximo mes voltam minhas aulas e eu tava conversando com minha tia, e eu vou voltar pro Brasil, continuar la. Eh que tudo aqui so me lembra de ti. Eu nao aguento mais. Vou recomeçar mais uma vez, dessa vez no Brasil. Proxima semana vai ter uma "festinha" de despedida na casa do Zayn. Vou ter muita saudade dos meus amigos, dos nossos amigos, Harry. Mas eu nunca vou perder eles da vista. Nunca. Eles sao tudo pra mim agora.
E se eu te disesse que eu te amo mesmo?
Natalia"
"Querido Harry,
Hoje foi a tal "festinha". Foi um mar de lagrimas. Perrie ta aqui em casa, ela veio pra ca depois da festa. Louis vai me levar amanha pro aeroporto. Todo mundo vai. To ansiosa pra ver minha tia, mas tao triste por deixar tudo isso pra tras. Hoje percebi que quando minha vida fica dificil eu so faço fugir. Eu nuca sou forte o bastante pra ficar. Sou fraca, Harry. Vou deixar o diario e as cartas amanha com o Louis. Essa eh minha ultima carta.
Eu te amo. Mesmo.
Natalia"
DOIS ANOS DEPOIS
Andei ate o metro, pra ir pra faculdade, como fazia todos os dias. Meu cabelo que eu deixei crescer por dois anos voava no vento do Rio De Janeiro. Cheguei na faculdade por volta das 7:00, assisti a aula e como de como de costume, eu e meus amigos, colegas de classe, fomos para uma lanchonete, almoçar. Sentamos em uma mesa.