Bilbo Bolseiro correu para ficar ao lado de Bofur, fazendo o possível para endireitar sua túnica anã emprestada. A empresa inteira se reuniu ao redor do estrado do trono, preparando-se para cumprimentar um delegado das Colinas de Ferro.
"Que bom que você se juntou a nós, Bilbo", brincou Bofur, dando uma cotovelada no hobbit.
"Eu me perdi de novo", ele retrucou. "Honestamente, por que vocês insistem em criar tantos túneis?" Ele olhou em direção à entrada da sala do trono. "Esses convidados devem ser muito importantes", disse ele, abaixando a voz. "Eu não deveria pensar que todos nós seriamos chamados para uma reunião assim."
"Muito bem, rapaz", respondeu Bofur. "Pelo que ouvi, lorde Enokur é um parente distante da esposa de Dain. Ele foi um dos poucos nobres que prestou ajuda financeira aos exilados após a Batalha de Azanulbizar."
"Você quer dizer que outros recusaram?"
Bofur encolheu os ombros. "Bem, essa batalha custou tantas vidas, e muitos a viram como um desperdício. Naturalmente, a família de Thorin assumiu a maior parte da culpa por liderar essa expedição."
"Ah", Bilbo assentiu. Ele se absteve de investigar mais, quando as portas de pedra estavam começando a se abrir e uma procissão formal avançou.
O anão à frente do grupo era alto (para sua espécie) e jovem; se Bilbo tivesse que adivinhar com base no que sabia sobre o tempo de vida deles, diria cerca de 120 anos. Seu cabelo era escuro, não muito diferente do de Thorin, no entanto, sua barba era um pouco mais longa, aproximadamente do mesmo comprimento que a de Dwalin, e entrançada em uma única trança tecida com fios de seda dourada. Ele usava túnicas de guarnição carmesim e dourada.
"Salve Thorin, rei sob a montanha! É uma honra vê-lo finalmente no seu direito de nascença!" Lorde Enokur parou ao pé do estrado e curvou-se, um sorriso amável em seu rosto e seus olhos escuros brilhando de excitação.
Thorin levantou-se e cumprimentou o nobre amigavelmente. Beijos, apertos de mão e cabeçadas foram trocados e, em seguida, o rei deu ao grupo um longo discurso de boas-vindas, do qual Bilbo se cansou depois de alguns momentos. Ele se importava profundamente com Thorin, mas costumava dizer mais do que o necessário para expressar sua opinião, especialmente durante as cerimônias. No momento em que a atenção de Bilbo voltou, ele descobriu que o assunto havia mudado. Thorin estava sentado em seu trono mais uma vez, e os membros da Companhia estavam se revezando, apresentando-se com uma breve descrição de seus papéis e realizações na busca.
"Dori, meu senhor, às suas ordens. Eu sou o filho mais velho de Lady Dagna. Sou um tecelão por profissão, mas, se puder ser tão ousado, posso ser considerado o mais forte da empresa. Na Batalha dos Cinco Exércitos, eu matei sessenta e quatro orcs e três trolls."
Houve murmúrios de apreciação impressionada por todos os convidados reunidos. Enokur assentiu e deu um pequeno passo para trás, afastando-se do intimidador irmão Ri.
"Eu sou Nori, meu senhor", continuou o irmão de Dori, parecendo caracteristicamente entediado. "Eu sou o segundo filho de Lady Dagna..."
Assim prosseguiu, até Bofur ser o último anão a oferecer introdução e serviço a Lorde Enokur.
Finalmente, foi a vez de Bilbo. Ele olhou para os outros, esperando uma dica de se ele deveria ou não realmente participar dessa cerimônia decididamente anã. Seus olhos encontraram os de Thorin, e ele reconheceu o carinho que brilhava ali, acompanhado por um sorriso encorajador.
Bilbo pigarreou e deu um passo à frente. Ele resistiu ao desejo de fechar as mãos atrás das costas, como costumava fazer quando fazia qualquer tipo de discurso adequado. "Hum, s-saudações, lorde Enokur. Meu nome é Bilbo Bolseiro, filho de Bungo e Belladonna, às suas ordens." Ele se curvou.
"Você não é um anão", observou Enokur, não de maneira cruel. "O que exatamente você é?"
"Poucos a leste das Montanhas Nebulosas nos conhecem, milorde" disse Bilbo, sentindo-se um pouco desconfortável com o brilho curioso no olhar do nobre. Ele se cansara da celebridade que sua mera existência como algo que não fosse um anão parecia trazer. "Eu sou um hobbit do Condado. Fui contratado pela Companhia do Rei Thorin para ajudar na missão. Após sua conclusão, fui convidado a permanecer aqui em Erebor."
"É isso mesmo?" Enokur perguntou, olhando para Thorin. Sem esperar por uma confirmação adicional, ele disse: "Perdoe-me, mas nunca vi um de seu tipo antes, embora tenha ouvido rumores sobre essas criaturas".
Bilbo reprimiu um escárnio ofendido por ser referido como uma criatura em tal tom, como se ele fosse um animal de estimação exótico.
"Permita-me perguntar — posso me aproximar de você? Eu gostaria de olhar para você melhor."
"Uh..." O olhar de Bilbo disparou para frente e para trás quando o calor subiu por seu pescoço com o pedido estranho, mas ele não viu a carranca que puxava os lábios de Thorin. "Eu- suponho que não haja mal nisso."
Enokur sorriu e se aproximou. Ele olhou para o hobbit, examinando-o como se estivesse estudando uma gema recém-extraída. Ele progrediu sua observação circulando Bilbo de uma maneira muito semelhante à de Thorin no primeiro encontro (embora Enokur parecesse muito mais impressionado com ele do que Thorin). Ele estava falando sozinho, murmurando coisas como "notável" ou "quão único".
Tendo se contentado em simplesmente olhar para Bilbo, Enokur parou de andar e se levantou para encará-lo novamente. Então ele deu mais um passo à frente, colocando-se obscenamente perto. Uma mão grossa adornada com um grande anel gravado se ergueu para tocar um dos cachos dourados que se desviaram para ocultar um dos olhos de Bilbo.
"Espero que você não pense muito a meu respeito por dizer isso, mas você é um dos seres mais bonitos que já tive o privilégio de conhecer", disse ele em voz baixa.
"Oh- eu — o quê?" Bilbo cuspiu incerto sobre essa mudança repentina. Ele sentiu as bochechas esquentarem quando Enokur escovou os cabelos para descansar atrás da orelha.
"Lorde Enokur!" interrompeu Thorin, sua voz crescendo no grande salão. "Você deve estar cansado de sua longa jornada. Meu sobrinho", ele apontou para Fili, "pode mostrar-lhe seus quartos."
Fíli avançou e fez uma mesura, mas era óbvio que ele estava tentando suprimir um sorriso malicioso. "Seria uma honra, meu senhor."
Enokur deixou cair a mão e acenou para ele. "Ficaríamos muito apreciados, príncipe Fíli." Ele olhou de volta para Bilbo. "Presumo que a Companhia de Thorin Oakenshield estará presente na Celebração de Inverno hoje à noite? Afinal, ainda não ouvi a história das façanhas do hobbit."
"Todos dentro da montanha estarão presentes", rosnou Thorin. Um barulho de estalo revelou que ele havia fechado as mãos em punhos cerrados.
"Excelente!" Enokur se abaixou para pegar a mão de Bilbo. Ele a levou aos lábios. "Então eu esperarei vê-lo mais tarde, minha jóia." Ele beijou o topo das articulações de Bilbo, sua barba fazendo cócegas na pele macia e piscou.
O rosto de Bilbo ficou mais vermelho.
Dwalin moveu o suporte ao lado de Thorin, com a mão restritiva no ombro.
"Por aqui, meu senhor", Fíli instruiu. Ele liderou o grupo de lorde Enokur através da passarela e fora da sala do trono.
Assim que as portas se fecharam, o resto da Companhia começou a zombar e brincar.
"Bem, bem! Veja se não é encantador!" Bofur riu. Ele passou um braço em volta dos ombros de Bilbo e cutucou-o no estômago.
Bilbo cuspiu e se mexeu para se livrar do amigo. "Eu não fiz- o que aconteceu?"
"Lorde Enokur nunca foi tímido quanto aos seus interesses, mas isso foi ousado até para ele", ponderou Balin.
"Eu ouço sinos de casamento?" Nori entrou na conversa.
Atrás da cacarejadora Companhia, Thorin ficou de pé. "O SUFICIENTE!" ele berrou. Ele olhou para o hobbit. "Bilbo, quero falar com você sozinho. O resto de vocês, deixe-nos!"
Todos os reunidos, incluindo os guardas nas portas, correram para sair, alguns deles olhando para Bilbo com preocupação e simpatia.
Assim que estavam sozinhos, Thorin se aproximou de Bilbo, os braços cruzados e o encarando com uma carranca intensa. "Há algo que você gostaria de me dizer?"
Bilbo tossiu uma vez no punho. "Eu não tenho certeza do que você quer dizer."
A carranca de Thorin aumentou. "Não brinque, Bilbo. Enokur está obviamente interessado em você. É recíproco?"
A mandíbula de Bilbo se abriu. Ele empalideceu e balançou a cabeça. "O quê? Não, claro que não!" Ele baixou a voz para um sussurro, para o caso de haver bisbilhoteiros à mão. "Você e eu estamos cortejando; não tenho sentimentos por mais ninguém, e certamente não por alguém que acabei de conhecer." Ele retomou seu volume normal. "Não tenho a menor ideia de por que Lorde Enokur agiria dessa maneira. Eu não fiz nada para incentivar suas ações. Além disso, não sou exatamente uma visão de beleza de acordo com os padrões dos anões."
A expressão de Thorin se suavizou. Ele abaixou os braços, apenas para segurar as duas mãos de Bilbo. "Você pensa muito pouco de si mesmo. Não digo todos os dias como você é adorável? Não disse como seus olhos brilham como o sol entre as árvores da floresta? Ou que seu sorriso é mais brilhante que o diamante mais claro?"
Ele beijou cada um dos dedos de seu hobbit, tendo um tempo extra com aqueles que foram tocados recentemente por Enokur.
"Você disse", disse Bilbo, um sorriso tímido tocando sua boca e um rubor retornando. "Mas você é bastante tendencioso. Ninguém mais disse isso."
"Está tudo bem", decidiu Thorin. "Eu não me importo que os outros reconheçam seu valor ou sua beleza, mas eu preferiria ser o único a demonstrar o quanto você é desejável".
"Você não precisa se preocupar com essa nota. Mas nós não anunciamos nosso namoro para outras pessoas; você não pode culpar Lorde Enokur por ultrapassar um limite que ele não conhece. Sem qualquer sinal externo ou conhecimento de nosso status, é provável que ocorram mal-entendidos. "
Thorin grunhiu em acordo. "Talvez você esteja certo. Talvez... Esteja na hora de fazer algo sobre isso."
Antes que Bilbo pudesse perguntar o que ele queria dizer, as portas de entrada reabriram para apresentar Balin. Thorin o soltou e Bilbo suspirou em decepção.
"Perdoe minha intrusão, mas a senhora Gunna da corte de Enokur deseja falar com você."
"Muito bem. Diga a ela que irei vê-la em breve." Thorin acenou para Balin voltar. Depois que ele se foi novamente, o rei tocou Bilbo no ombro. "Receio estar indisposto o resto do dia. Vejo você hoje à noite na celebração."
Bilbo assentiu. "Claro, sua majestade. Estou ansioso por isso." Sem esperar pela demissão, ele desceu o caminho para sair da sala do trono.
[...]
Mais tarde, naquela noite, Bilbo estava sentado sozinho em um canto, empurrando as peças restantes de uma confecção quebradiça no prato em seu colo, a Celebração de Inverno em pleno andamento ao seu redor. O resto do dia transcorreu sem intercorrências no que dizia respeito às suas funções normais, e ele achou difícil manter a mente longe de Thorin e do namoro secreto deles.
Eles começaram a explorar seu relacionamento pouco depois da Batalha dos Cinco Exércitos, uma vez que ficou claro que o rei gravemente ferido e seus herdeiros sobreviveriam às feridas mortais. Thorin chamou o ladrão ao seu lado e pediu perdão por suas palavras e suas ações no muro. Bilbo chorou e pediu desculpas de sua parte por todo o desastre do Arkenstone. Com o assunto por trás dele, Thorin confessou seu carinho por ele e pediu permissão para cortejá-lo.
Bilbo concordou prontamente, mas Gandalf — a única pessoa que sabia disso — advertiu que fossem discretos. As tensões entre as raças que haviam participado da batalha eram altas, e o exército de Dáin, enquanto um alívio bem-vindo, complicou o cenário político de Erebor. Até que uma base firme para a realeza fosse aceita, especialmente à luz da Doença do Dragão de Thorin, seria prudente ele se concentrar em ajustar estabilidade em todas as áreas antes de apresentar um hobbit (e um ladrão) como seu provável consorte.
Bilbo tinha sido mais do que compreensivo e não desejava colocar mais um fardo sobre o amigo do que o necessário. Ele sempre valorizou a privacidade e não estava interessado em divulgar e comentar seu status de relacionamento.
No entanto, isso foi há mais de um ano. Os exilados que retornavam de Erebor já haviam reconstruído muito que havia sido danificado por Smaug, e não havia grandes preocupações quanto ao direito de Thorin de governar ou às escolhas que ele havia feito para seu reino até agora. Bilbo esperava há algum tempo que eles pudessem fazer algum tipo de afirmação sobre a natureza de seu relacionamento, por nenhuma outra razão, a fim de impedir a Empresa de bisbilhotar ou fazer comentários imprevisíveis (o que o suspeitava que eles já sabiam).
"Por que tão triste, Bilbo?" Do nada, Fíli e Kíli caíram nas cadeiras de ambos os lados do hobbit.
"Eu não estou triste", ele protestou.
Kíli revirou os olhos. "Claro que não. Deve haver outra razão pela qual você ainda não lutou com Bombur pela última torta."
"Ele provavelmente está chateado porque Lorde Enokur ainda não chamou-o para dançar", especulou Fíli. "Depois daquela pequena exibição na sala do trono hoje de manhã, ele provavelmente já espera a aliança de casamento."
"O que? Não! Não é nada disso!" Bilbo insistiu. "Eu mal conheço lorde Enokur!"
"Bem então! Teremos que fazer algo sobre isso, não é?", disse uma voz alegre.
Todos os três olharam para cima e encontraram os muito nobres em discussão que passeavam na direção deles, um Thorin de aparência irritada atrás de si.
"Aí está você, meu favorito! Estou procurando por você há algum tempo."
"Realmente?" Bilbo se perguntou, tentando esconder seu aborrecimento e vergonha com a ousadia carinhosa. Ele havia se desviado da área de jantar principal, mas não estava exatamente escondido. "Eu estive aqui o tempo todo."
Enokur olhou de soslaio para Thorin. "Você tem? Eu tenho pedido ao nosso querido rei que o encontremos, mas ele está me afastando desta área. Se eu não soubesse melhor, diria que ele estava tentando nos separar."
"Oh, venha agora, lorde Enokur!" Kíli riu. "Tio não faria isso!"
"Nem um pouco", acrescentou Fíli. "Afinal, ele não tem motivos para fazê-lo. Além disso, seria grosseiro da parte dele impedir você de falar com Bilbo, especialmente porque você obviamente acha nosso hobbit... Hum... Interessante, pelo menos."
"Interessante? Acredito que a palavra que você esteja procurando é sedutor."
Bilbo abaixou a cabeça e mordeu o lábio. "V-Você é muito gentil, lorde Enokur."
"Então talvez você possa me mostrar bondade, por sua vez?" Enokur estendeu a mão. "Dance comigo, meu querido hobbit, e me conceda a oportunidade de varrer você de seus pés."
"Eu..."
"Ele ficaria encantado!" Kíli respondeu por ele. Ele pegou o prato das mãos de Bilbo antes que ele pudesse dar sua opinião sobre o assunto.
"Maravilhoso!" Enokur agarrou Bilbo pelo pulso e o levantou. "Venha, amor!"
"Oh! Espere! Meu senhor..." Bilbo foi arrastado sem cerimônia para a área designada para músicos e dançarinos.
"Enokur!" Thorin gritou atrás deles. Bilbo tinha certeza pela expressão em seu rosto que ele poderia fugir para buscar Orcrist.
Enokur encontrou um lugar perto do meio de casais rodopiantes e girou para encarar o hobbit atordoado. "Aqui vamos nós!" Ele moveu os dedos para pegar a mão de Bilbo e colocou a outra levemente na cintura.
"Acho que não conheço esses passos", Murmurou Bilbo.
"Oh, não há nada, realmente. Apenas siga meu exemplo." Enokur lançou-lhe um sorriso largo. "Pronto?" Sem esperar por uma resposta, ele balançou a parte superior do corpo para o lado e deu três passos pulando nessa direção, puxando Bilbo. Então ele deu um pequeno passo para trás para mudar de direção, inclinando-os na direção oposta e dando três passos nessa direção.
"U-Uau! Não tão rápido!"
"Você está indo bem! Apenas continue andando!"
Bilbo bufou, seu pulso acelerando com o ritmo acelerado, mas ficou preso em sua garganta quando a mão de Enokur passou do quadril para a parte inferior das costas, puxando-o para mais perto.
"Então", lorde Enokur começou sem interromper seus movimentos, "fui informado de que não apenas você é lindo além da comparação, mas também foi corajoso e feroz na batalha. Seu grande serviço aos filhos de Durin foi explicado longamente por... Como era o nome dele? Aquele pequeno estudioso..."
"Ori?" Bilbo forneceu. Ele corou com o elogio embelezado.
"Esse mesmo!" Disse Enokur. "Devo dizer que, se não tivesse sido afetado apenas pela sua aparência, sua coragem teria me conquistado." A mão segurando Bilbo apertou. "No entanto, é uma pena que essas mãos tenham passado por uma batalha. Uma jóia como você nunca deve ter que manejar uma lâmina."
"É muito gentil da sua parte dizer, meu senhor."
A música rápida terminou; os casais ao redor deles pararam de dançar em aplausos, mas Enokur não o soltou. Ele esperou até a próxima começar. Era muito mais lenta e tinha um tom mais romântico.
"Talvez possamos nos sentar para este?" Bilbo perguntou.
Enokur riu e balançou a cabeça. "E perder a chance de te abraçar? Eu acho que não." Ele passou o braço inteiro pela cintura de Bilbo e o puxou contra o peito.
"Senhor Enokur! Não posso afirmar que sou especialista em tradições anãs, mas, para minha espécie, esses atos avançados são altamente inapropriados para aqueles que acabaram de se conhecer! "
"Eu não posso evitar!" Enokur declarou. "Você me encantou desde o primeiro momento em que vi você!"
"M-Mas...!"
Uma terceira mão caiu no ombro de Bilbo e o puxou para longe de Enokur. Bilbo ficou aliviado ao encontrar Thorin encarando o nobre.
"Se não se importa, lorde Enokur, gostaria de interromper." Ele sorriu para Bilbo e ergueu as sobrancelhas em uma pergunta não dita.
"Obrigado", Bilbo murmurou, sorrindo de volta. Ele poderia se cuidar, se necessário, mas também não queria ser rude. Enokur estava sendo insistente, mas ele não tinha feito nada para machucá-lo ainda.
"Você precisa?" Enokur choramingou.
Thorin se colocou entre Bilbo e Enokur e fixou o nobre com a mesma expressão que aperfeiçoara para Azog. "Você não colocará outra mão nele", ele rosnou.
"Mas essa música é uma das baladas mais sensuais da nossa cultura; o hobbit certamente cairá em mim se dançarmos."
Thorin se lançou para Enokur, agarrando-o pela frente de suas vestes. Ele rugiu algo em Khuzdul que atraiu olhares preocupados dos outros anões perto deles.
"Thorin, pare com isso!" Bilbo o agarrou pelo braço, seu comportamento confuso mudando para indignação. "Vocês dois estão agindo de forma ridícula! Deixe-o ir!"
O rei relutantemente o soltou, mas ele não se afastou nem parou de tentar matá-lo apenas com seu olhar.
"Melhor. Agora, se você me deixar falar por mim..." Ele se virou para lorde Enokur. "Meu senhor, estou lisonjeado com a atenção que você me prestou, mas você não deve ser tão presunçoso. Não lhe ocorreu que talvez eu não esteja disponível? Que eu já possa estar apaixonada por outro?"
Houve uma forte inspiração. "Bilbo", Thorin suspirou.
"O que? Não é algo que alguém possa pensar em perguntar antes de fazerem movimentos tão ousados?" Quando ele não respondeu, Bilbo desviou o foco de Enokur. "Thorin? O que está errado?"
Thorin estava olhando para ele com total reverência, como se tivesse recebido um presente do próprio Mahal. "Você — você me ama?"
Bilbo olhou para Enokur, que parecia igualmente atordoado. Thorin não parecia chateado que o segredo deles fosse descoberto, então ele continuou. "Claro que eu faço. Estamos cortejando, não estamos?"
Thorin engoliu em seco e assentiu. "Sim, mas nunca trocamos confissões de amor antes."
"Oh, certo." O namoro não significava necessariamente que um casal estava apaixonado. Como Balin havia explicado a ele uma vez, os casais podem cortejar ou se casar por lucro ou por procriação; o amor não precisava ser um fator. E enquanto ambos professavam ter sentimentos e cuidar um do outro, nunca o haviam chamado de amor antes.
Bilbo mordeu o lábio e assentiu, tomando a decisão fácil de finalmente dizer o que sentira há muito tempo. "Bem, então, acho que estamos atrasados, não acha?" Ele ficou na ponta dos pés e beijou seu anão bobo. "Eu te amo Thorin. Eu sempre tenho e sempre o farei. "
Talvez fosse um pouco simples e clichê, mas parecia certo para Bilbo, e Thorin não parecia se importar com a ausência de uma declaração inflexível. "Eu também te amo", ele sussurrou.
Ignorando tudo ao seu redor, Thorin passou os braços em volta de Bilbo e bateu os lábios. Bilbo sorriu contra o beijo, e eles só se separaram quando os que estavam perto começaram a bater palmas, o barulho aumentando em volume e intensidade quando todos os anões na sala piam e aplaudem seu rei e seu amor.
Enokur havia desaparecido.
Bilbo corou, mas não conseguiu parar de sorrir. "Eu acho que o segredo foi revelado, hein?" ele disse.
Thorin riu e o beijou novamente.
[...]
Lorde Enokur se afastou da pista de dança, caminhando em direção aos sobrinhos do rei. Ele era estranhamente exuberante para alguém que aparentemente tinha aprendido que a pessoa com quem estava flertando já era cortejado.
Fíli e Kíli acenaram para ele.
"Então, como eu fiz?"
Fíli sorriu. "Bem, tio está saindo com Bilbo com toda a montanha assistindo-"
"A propósito, o que eu não precisava ver", gemeu Kíli.
"- então eu diria, missão cumprida!" Fíli deu um soco no braço de Enokur. "Obrigado; nós te devemos uma. Eu pensei que eles nunca sairiam com isso."
Enokur encolheu os ombros. "O prazer é meu. E com isso quero dizer que me diverti muito brincando com Thorin. Nada como ciúmes para levar as coisas adiante, não é?"
"Eu teria sido legal se ele tivesse resolvido sozinho, mas o tio nunca foi bom em expressar seus sentimentos por si mesmo", disse Kíli. "Isso vale duas vezes ao contar aos outros sobre isso."
"Bem, de qualquer forma, eu realmente espero que eles sejam felizes juntos. Thorin certamente merece ter alguma alegria neste mundo, e pelo que você me disse, Bilbo dará a ele exatamente isso." Enokur sorriu e depois passou um braço em volta de cada irmão. "Agora, sobre esse favor que vocês me devem..."
Fim.