Sentados no banco de trás do carro, Henry falava, mas Alastair não prestava atenção, estava perdido demais em seu próprio nervosismo para dar atenção ao pai.
- Então, você entendeu o que eu falei? - pergunta Henry, após terminar a explicação.
Alastair apenas olhava para frente, como se estivesse no mundo da lua, Henry olha para seu filho com orgulho, ele era o mais jovem a apresentar um projeto para o conselho, e se fosse aprovado, seria o mais jovem mestre da Irmandade dos Monarcas, com apenas 21 anos, já se mostrava apto para participar dessa sociedade, algo que muitos homens levavam metade da vida para conseguir.
O próprio Henry, considerado um dos Monarcas mais respeitados, levou quase 10 anos para conseguir uma audiência, enquanto seu filho, mal saído da adolescência, já era considerado um jovem promissor.
Saindo de seu devaneio, Alastair nota que seu pai está olhando para ele.
- Ah...o que foi, pai?
- Você não ouviu nada do que eu falei, não é?
- Desculpa, acho que estou um pouco nervoso.
- Tudo bem, filho, você está prestando atenção agora?
Alastair acena com a cabeça.
- Tá bom então, vou repetir: é a sua primeira apresentação, geralmente, o Conselho pede que um projeto novo seja apresentado três ou quatro vezes antes de ser aprovado, assim você pode fazer alterações no projeto de acordo com as exigências dos Monarcas. Assim, eles podem fazer simulações do que dá certo e o que não dá, vendo, no final, se vale a pena aprovar esse projeto.
- Entendi, pai.
- Talvez você precise apresentar ele mais vezes que o normal.
- Porque? - pergunta Alastair.
- O conselho está dividido, os Banqueiros estão inclinados a aprovar o seu projeto, já os Bispos não, eles são mais tradicionais, preferem que façamos as coisas do modo antigo, são eles que você tem que convencer, já que a Igreja tem a maior parcela de influência da Irmandade.
- Mas como eu faço isso?
- Mire no Bispo Maior, o representante do Vaticano.
- O bispo Bartolomeu?
- Sim, ele é um avarento de mão fechada, diga que o seu projeto vai economizar milhões de dólares para os cofres dos colaboradores, como a Igreja é um dos nossos maiores financiadores, ele vai se interessar na hora, e como a influência dele é muito grande, a maioria dos outros Bispos vão seguir a sua decisão e votar a favor do seu projeto.
Alastair pensou alguns segundos, queria saber em qual parte da apresentação encaixaria essa parte.
- Talvez, eu possa falar isso quando eu apresentar o orçamento, mas não sei se vai dar certo, o projeto em si não é caro, mas você sabe que a atualização das instalações especiais vão ser um pouco expensivas.
- Eu sei, mas fale mesmo assim, é a nossa melhor chance de conseguir o voto dele.
- Então tá bom.
- Mais uma coisa...
- O quê, pai? - Alastair levanta as sobrancelhas.
- Não fale sobre a Beatrice - ele desvia o olhar de Alastair e começa a observar a paisagem de fora do carro - o Conselho já acha que o seu projeto é "moderno demais" para o gosto deles, a sua chance de ser aprovado vai diminuir ainda mais se descobrirem que tem uma mulher envolvida no projeto.
Alastair fica sério, começa a ajeitar o seu terno.
- Nós dois sabemos que Beatrice é mais inteligente que a maioria daqueles velhos enrugados - ele diz.
- Eu sei, você a treinou bem - Henry olha novamente para seu filho - Mas para evitar uma reprovação certa, não fale sobre ela na sua apresentação.
- Você é quem manda, chefe - Alastair responde fazendo continência.
O carro para em frente a um enorme lance de escadas, no topo, um prédio de concreto, a sede do Conselho.
- Chegamos, filho.
- É, agora é a hora - ele diz, pegando sua maleta e saindo do carro.