Redone | Bellamy Blake

By CANYONMOON_

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Joan Kane realizou os sonhos de sua mãe e os pesadelos de seu pai quando desceu para a terra. Estava preparad... More

REDONE CAST + INFO
PRÓLOGO
SEGREDO DE LIBERDADE
QUE NOS ENCONTREMOS NOVAMENTE
REENCONTROS TURBULENTOS
NÓS OU ELES
A BASE DE CONFIANÇA
A CAÇADA
A FOGUEIRA - PARTE 01
A FOGUEIRA - PARTE 02
INOCENTES E IMPOSTORES
CURIOSIDADES | Especial 1K
REBELDES SEM CAUSA
ERROS
CERIMÔNIA
LEIS DE CONVIVÊNCIA
NA BARRACA
NO ACAMPAMENTO
SANGUE E ÁGUA

CONSEQUÊNCIAS A ARCAR

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By CANYONMOON_

Utilizando parte da lona dos paraquedas, alguns galhos das árvores e fios soltos de energia, Wells montou uma barraca próxima a nave. Não era muito grande, mas seria o suficiente para abrigar ele, Joan e Clarke durante a noite.

Ele se certificava de que estava firme de pé, passando os cabos pela madeira e entre os pequenos furos que fez na lona, amarrando-os com toda a força que lhe restava. Seus dedos estavam calejados e trêmulos com o esforço constante, não apenas criou e afiou uma faca com destroços e pedras, mas teve de cortar os galhos de árvore com ela e rasgar lona para montar a tenda.

— Lugar bacana — A voz deslavada de Murphy veio de suas costas.

Estava parado ali, na entrada da pequena barraca, analisando cada pequeno detalhe com um sorriso no rosto, sua perversidade escondida no canto de seus lábios.

Os olhos de Wells escureceram com a visão do rapaz a sua frente, tenso com a súbita visita. Tinha todos os motivos para desconfiar de John Murphy. Ele podia ser considerado o braço direito de Bellamy e havia deixado claro seu repúdio contra Joan, Clarke e ele. Sua reputação na prisão da arca, também, não era das melhores. O rapaz era sinônimo problema.

— O que você quer? — Wells respirou fundo, suas feições livres de qualquer emoção positiva.

— Curto e grosso, hun? — Murphy riu. — Eu gostei.

Aprofundando-se na tenda a passos largos e arrastados, ele estalou a língua soberbamente.

Miller o seguiu para dentro. Era rapaz mais alto e esguio, moreno de cabelos raspados e mandíbula forte. Em suas mãos carregava um longo estilhaço de metal, uma de suas extremidades era curva e a outra pontiaguda, afiada em pedra. Podia rasgar a pele de qualquer um.

O calor da ameaça pesou o ar da barraca, tornando-o difícil de respirar. Wells deu um passo discreto para trás, buscando distância, mas suas costas tocaram a lona fria no ato. Ele não tinha para onde fugir.

— Nós queremos isso daí. — Murphy apontou para o pulso do rapaz, onde a pulseira de metal descansava.

— Nunca. — Respondeu rápido demais, a respiração descompassada traindo a confiança que ele punha em sua voz.

— Ah vamos pequeno chanceler, 14 pessoas já estão livres de suas pulseiras. Com eles foi fácil... — Murphy passou o peso de um pé para o outro. Despojadamente ele brincava com suas palavras, cuspindo cada uma com graça e desgosto. — Você vai querer do jeito mais difícil?

Wells não moveu um músculo, manteve-se sólido como uma rocha sob olhar desafiador de Murphy. Eram dois contra um, eles tinham uma arma em suas mãos e bloqueavam a única saída do lugar. A desvantagem, porém, não lhe dera motivo suficiente para ceder.

— Ok, garoto chanceler, você pediu por isso. — Murphy respirou fundo, seu sorriso sádico escapou ao lançar um olhar para Miller.

O rapaz esguio avançou na direção de Wells em um passo brusco, mas ele foi ágil ao desviar, com o cotovelo golpeando-o na costela e seus pés derrapando na terra. Miller urrou de dor, se dobrando para frente, e Murphy apurou-se para bloquear o restante da saída sozinho, enfurecido com a insolência de Jaha.

Wells não teve tempo de pensar para assumir um lugar estratégico na barraca, ele apenas se afastou o máximo que podia dos dois, no caminho pisando em algo sólido. A faca que havia feito mais cedo.

Ele parou subitamente onde estava. Os olhares mortíferos e cautelosos dos três formando um triângulo no espaço. Miller punha uma mão em sua costela atingida, ainda pendendo um pouco para frente. Suas feições rígidas, irado pelo golpe.

Murphy mantinha toda a superioridade com as mãos na cintura, sua a atenção alternada entre um garoto e o outro, impaciente com a demora.

Wells decidiu não esperar o próximo ataque, ele mergulhou para pegar a faca que estava três passos dali. Pequenas pedras, galhos e folhas secas rasparam sua pele, mas ele não ligou para a dor dos arranhões, agarrando a faca com afinco.

A visão do metal reluzente em suas mãos fez Murphy travar o maxilar com força, por um instante, nervoso. No outro, vitorioso.

O impacto duro da bota de Miller foi inesperado para Wells, a força posta em seu queixo o jogou para trás. Podia sentir o gosto enjoativo de sangue na boca e a dor pulsava por toda sua mandíbula. Pontos pretos salpicaram sua visão, mas ele não cogitava recuar.

Cuspindo sangue Wells tentou levantar, mas seus braços fracos não o apoiavam com a firmeza que deviam.

Com a sua visão coberta por um manto negro ele mal conseguia enxergar, mas não ficou surpreso quando outro chute o acertou no estômago, derrubando-o novamente no chão de terra. Este golpe foi seguido por outro e depois mais um, a raiva acumulada de Murphy e Miller transparecendo a cada um dos chutes.

Quando pararam, Wells lutou por ar, sangue escorria por seu lábio cortado, pingando na pilha de folhas secas que seriam sua cama.

"Nunca" sua própria voz reverberava em sua mente. A imagem de seu pai surgia cada vez que fechava os olhos em cansaço. Ele precisava continuar vivo para a arca...

Murphy riu, observando-o tentar se arrastar para fora dali, e pisou em seu peito sem dó, mantendo-o no chão.

— Acaba logo com isso. — Ordenou para Miller, o triunfo sádico em seu rosto.

Os olhos de Marcus Kane estava vidrados no painel de controle, analisando atentamente os sinais vitais de sua filha. Com 17 confirmados mortos e cada vez mais telas tornando-se cinza, ele aguardava o pior, temendo a cada segundo aquele único vínculo que possuía com Joan se apagasse.

Abby entrou no comando em passos lentos e cautelosos, parando bem ao seu lado.

— Jaha vai ficar bem. — Ela suspirou, o cansaço das horas em cirurgia atingindo sua voz. Kane a mirou, suas feições rígidas, e não aliviadas como esperava encontrar.

— Isso é péssimo. — Ele respondeu, respirando fundo para acalmar-se. — Mais um pai vendo seu filho morrer antes dele. — Kane ergueu seu olhar para o painel a sua frente e ao seguir seu exemplo, o coração de Abby pesou no peito.

— O que? O que aconteceu? — Abby apurou seus olhos entre todos os novos perfis apagados, sem entender como tantos poderiam ter morrido tão repentinamente. O ar se esvaiu dos seus pulmões ao encontrar a imagem de registro de Wells, seus sinais vitais em branco. — Oh não.

Passos estridentes anunciaram a entrada de quatro guardas no comando. De início, Abby não pensou muito disso, estava focada nas informações chocantes que recebera, em luto por aquele que perdeu, mas assim que o comandante tocou seu ombro, soube o que estava acontecendo. Seus olhos voltados para Kane e somente Kane.

— Abby Griffin, você está sendo presa por ultrapassar o limite do estoque de medicamentos. — Disse o homem uniformizado às suas costas.

— Marcus? — Ela clamou por respostas. Não podia crer em tamanha traição. Ela estava tentando salvar seu amigo, seu chanceler. Como Kane podia assinar sua execução?

— É tudo sua culpa, Abby.

Camisas, meias, calças e casacos, secavam nas pedras mais afastadas do rio, debaixo do sol radiante do meio da tarde. Suas mochilas e as carnes caçadas foram penduradas em um galho de árvore, longe do alcance de qualquer animal. Os seis adolescentes vestiam apenas suas roupas íntimas, todas cinzas no padrão da arca.

De cima de uma grande pedra, eles olhavam para o rio abaixo deles, o vento quente soprando seus cabelos. A água azul turva parecia calma sob as rochas, a correnteza era suave, tremulando o reflexo de seus rostos nervosos. Nunca haviam entrado na água antes, não assim, em uma fonte infinita e profunda. Nem ao menos sabiam nadar.

Uma corrente de ar gelado arrepiou a pele dourada de Octavia, e ela cruzou os braços a sua frente, aquecendo-se com o calor de suas mãos. O frio, porém, não sumiu de seu estômago. Seu medo tomando conta novamente.

Lute e estará livre.

As palavras soaram como um conselho, um incentivo suave no pé de seu ouvido.

— Então... — Jasper quebrou o silêncio entre os seis. — Quem vai primeiro?

Ninguém respondeu, Joan lançou um olhar para Clarke, que olhou para Finn, todos percorreram seus olhos entre cada um, buscando um voluntário. Octavia, no entanto, sorriu.

Dando um passo para trás ela respirou fundo, ainda estava nervosa, mas lutava contra o próprio medo. Descalça ela sentia cada irregularidade da rocha úmida enquanto corria até o final da pedra, onde não havia mais nada sob seus pés.

— Vai Octavia! — Gritou Jasper com as mãos ao redor da boca.

— Vamos O! — Joan o acompanhou gritando, a animação de Clarke, Finn e Monty também a contagiando.

O choque entre o ar quente e a água fria não podia ser melhor, o rio gentilmente acariciava sua pele, as bolhas de ar limpando suas feridas com delicadeza. Seus pés tocaram o solo fofo, a terra molhada ficava diferente entre os dedos do pé. Ela se sentia estranha, mais leve do que o normal, se impulsionou para cima com mínima força, parecia que flutuava de tão leve.

O ar fresco encheu seus pulmões, e ela o botou todo para fora em um grito forte de alegria, comemorando com os outros ainda secos no topo da pedra.

Jasper foi o próximo a pular, disparando no ar com um grito de guerra.

Gerônimo!

— Gerônimo! — Monty o imitou, tapando o nariz e fechando os olhos antes de cair na água.

Joan pensou em pular em seguida, influenciada pela energia dos dois, mas antes checou Clarke. Ela estava distraída olhando para eles lá embaixo, sorria como todos, mas Joan podia ver a incerteza em seu rosto, escondida em seus olhos verdes sempre preocupados.

Atrás dela Finn ria de alguma brincadeira que Jasper fazia na água. Ele passou sua mão pelos cabelos que caíam em seu rosto, e em meio ao gesto, notou que Joan o observava, lançando-a um sorriso presunçoso que ela ignorou, rindo fraco ao rolar olhos.

Ela desviou o olhar para Clarke rapidamente, e o garoto pareceu entender quando assentiu, seu sorriso tornando-se mais divertido.

Clarke gritou quando as mãos fortes de Finn a levantaram do chão, segurando-a pela parte de trás dos joelhos e costas. Os braços dela seguros em seu pescoço para que não caísse.

— Finn! Finn! Não! — Ela esperneava fraco em seu colo. Sua respiração inquieta.

Estava nervosa por ser jogada na água contra sua vontade, mas, também por estarem tão perto. Sua pele nua quente contra a dele, os seus dedos firmes em suas coxas e seus lábios brincalhões a centímetros de distância. Ela podia sentir o coração dele batendo forte no peito, assim como o dela batia.

— Relaxa, princesa, estamos nos divertindo. — Ele murmurou num sorriso, olhando fundo em seus olhos verdes, a tirando um suspiro, antes de jogá-la para fora da pedra.

As pernas de Clarke se debateram no ar, procurando o chão, antes de cair na água e ressurgir à superfície, rindo. Sua reação só deixou os outros mais animados.

— Pega ela Finn! — Octavia gritou lá de baixo, apontando para Joan. Os outros três a apoiaram, repetindo suas palavras.

Finn lançou um olhar divertido para Joan, que o sustentou, mas negou com a cabeça lentamente, levantando os braços para frente do corpo com cautela, como se tentasse escapar de algum animal.

— Nem pense nisso Finn. — Ela alertou, forçando uma seriedade no olhar, apesar do sorriso querendo escapar de seus lábios.

Ele apenas riu, antes de ir atrás dela. Joan gritou em meio a uma risada desajeitada, disparando com passos rápidos para o mesmo lado que Finn corria, determinada a fugir de seus braços. Se fosse mergulhar na água, teria pulado por conta própria.

Acabaram correndo paralelamente, com os pés contra a superfície áspera. Ele assentiu para ela e ela para ele, em um acordo mútuo sem necessidade de qualquer palavra. Com segundos de diferença os dois chegaram ao limite da pedra, caindo como balas lado a lado na água.

— Bellamy, estamos andando há horas, já não devíamos ter encontrado o rio? — Atom, um rapaz de queixo quadrado e cabelos negros, perguntou em meio a um suspiro cansado.

Andar por quase três horas carregando um grande cilindro de metal não era nada fácil ou relaxante. Todos os rapazes que acompanhavam Bellamy na busca por água, estavam vermelhos pela força que faziam, suas veias saltadas nos pescoços e suas camisas ensopadas de suor ou enfiadas no bolso da calça para lidar com o calor. O líder não fazia diferente, sua camisa cinza quase caía da cintura, e seus cabelos grudavam em sua testa.

— Talvez não tenha rio nenhum, e aquela Kane esteja enganada. — Pressupôs um garoto mais ao fundo, o desgosto claro em sua voz.

Bellamy poderia usar essa desculpa para jogar todos contra Joan, mas o que aconteceria com eles se não tivessem rio?

Ele tinha que ter fé de que a fonte de água realmente existia, mas que estava ao sul, enquanto ele escolheu ir para o norte. Bellamy precisava admitir que errou e voltar atrás, estavam em uma missão sem fim no momento.

Mas isso seria dar razão a Joan.

— Não, ele existe, aquela vadia só me passou a direção errada.

Seu maxilar enrijeceu com força, o que para os outros passou a imagem irritada que tinha de passar. Mas a verdade era que Bellamy desacreditava em si mesmo. Nas suas capacidades como líder, e no homem que estava se tornando. Agora ele jogava a culpa em uma garota, ao invés de arcar com as consequências de seus erros.

Ele era mesmo um impostor.

NOTAS.: Não esqueçam de VOTAR caso tenha gostado :)

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