A Brand New Day | TAEJIN

By reasontaejin

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[CONCLUÍDA] [FINALISTA DO WATTYS 2021] Seokjin do Leste sempre esteve fora da curva do esperado para alguém c... More

❉ Cast & Avisos
I - A New Place
II - A New Conception
III - A New Confident
IV - A New Feeling
V - A New Euphoria
VI - A New Vision
VII - A New Confession
VIII - A New Ally
IX - A New Despair
X - A New Rage
XII - A New Shower Of Questions
XIII - A New Adrenaline
XIV - A New Way to Fall in Love
XV - A New Sensation
XVI - A New Revelation
XVII - A New Way to Feel Loved
XVIII - A New Predator
XIX - A New Truth
XX - A New Denial
XXI - A New Possibility
XXII - A New Way of Looking at Someone
XXIII - A New Facet
XXIV - A New Flame
❉Segunda parte do Cast & Mais avisos
XXV - New Rules
XXVI - New Friends
XXVII - New Ways To Be Affected
XXVIII - New Shared Secrets
XXIX - New Plan
XXX - New Pain
XXXI - New Punishments
XXXII - New Past
XXXIII - New Hopes
XXXIV - New Surprises
XXXV - New Souls
XXXVI - New ways to feel you
XXXVII - New Victory
XXXVIII - New Fail
XXXIX - New Victors
XL - New Future
XLI - A Brand New Day
Agradecimentos <3
ESPECIAL 20K - De volta ao Norte
ESPECIAL 40K - Fui eu quem te ensinou a lutar, não foi?

XI - A New History

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By reasontaejin

Eu demorei um pouquinho pra postar por alguns motivos. Seguem eles:1- MEU DEUS COMO É DIFÍCIL MUDAR DE POV2 - Esse capítulo focado no Namjoon tem MUITA informação. Algumas claras e outras que vai caber teoria. E EU QUERO SABER DE TODAS.3 - E por último, eu to cansadinha :c mas hoje deu! 


Vamos ter, ao longo da história, POVS do Hoseok e do Taehyung também. Mas eu vou avisar só quando estiver perto ok?Uma sugestão: na segunda parte do capítulo ouçam Coffee do BTS ;) vai ficar fofinho rsAh e eu vou mudar as headers dos capítulos, principalmente qnd tem POV diferente. É irrelevante, mas eu quis dizer kboa leitura!ps.: capítulo não betado, então perdoem os erros :c


══════⊹⊱≼≽⊰⊹══════

NAMJOON DO NORTE

Os corredores subterrâneos do castelo da família real do Norte me assustaram durante toda uma vida, mas meu pai parecia não dar atenção a esse fato, principalmente por ter me deixado responsável por aquele lugar. Nossos passos ecoavam pelo chão frio enquanto Donggun do Norte tinha suas mãos atrás do corpo e fitava com frieza toda a "escória" híbrida que estava atrás das grades graças às suas ordens. Betas magros e doentes, Ômegas sôfregos, mas nenhum Alpha... Não era difícil saber o que ele respeitava ou não.

Mingi tinha sido jogado em uma daquelas celas frias há cerca de algumas horas. Por um lado eu estava bem mais aliviado por isso, não queria ver sua morte. Precisava reconhecer que Seokjin do Leste havia sido imensamente corajoso, no entanto insensato na hora de executar toda essa coragem. Talvez meu pai apenas houvesse atendido ao seu pedido porque tinha planos para o Ômega e isso em muito me assustava.

- Você sabe que é o único em que eu confio, não é, Namjoon? - Meu pai quebrou o silêncio assim que paramos de andar, bem no meio do corredor.

- Certamente, meu pai. Tem toda a minha lealdade para com seu reino e suas decisões. - Sorri tentando transpassar uma calma que eu não tinha na hora.

- Meu primogênito... Você e eu somos muito diferentes, mas temos harmonia. Isso é bom. Eu não consigo lidar ainda com a falta de pulso firme de Hoseok e a rebeldia de Taehyung... Onde errei com esses dois? - Ele trincou os dentes de repente.

Hoseok era um bom filho, não desobedecia, no entanto não agradava muito ao nosso pai. Ele sempre fora uma pessoa extremamente sorridente e gentil, o que destoava da verdadeira essência de um Alpha, na visão de Donggun. Já Taehyung... Desde filhote sempre fora questionador, sempre discordando do que nosso pai propunha, passando por cima de toda uma autoridade. O Rei temia que no futuro Taehyung pudesse lhe dar problemas, por isso suas tentativas de pará-lo eram sempre prioridade, principalmente no que se dizia em âmbito de casamento.

Ele achava que se Taehyung tivesse alguém a quem ele amasse, teria um ponto fraco, assim podendo controlá-lo. Um erro incomum... Rei Donggun do Norte acreditava fielmente que as pessoas são fracas por quem amam, se tornam vulneráveis pelo amor. Por isso ele não amava ninguém. O que era, com toda certeza, sua ilusão mais incabida, pois pessoas como Taehyung somente ganhavam força através daqueles a quem protegem.

- Acredito que agora que Taehyung está claramente arrebatado pelo Ômega do Leste, não lhe trará problemas no futuro, meu pai. - Afirmei calmamente.

- Aí que se engana... Esse Ômega Seokjin... - Ele cerrou os pulsos - Sangwoo me disse que o rapaz podia agir assim, mas eu vejo algo diferente nos olhos daquele insolente. Junto de Taehyung... - Ele balançou a cabeça - É uma dupla problemática. - Voltou seus olhos para mim - Quero que fique de olho no Ômega e me diga qualquer passo em falso que ele der. Eu não medirei esforços para puni-lo da próxima vez que ousar ultrapassar minhas ordens.

Isso em muito me preocupava, para ser sincero. Eu conseguia compreender a forma que Seokjin era obstinado e como ele era extremamente parecido com Taehyung em vários âmbitos, no entanto sua irracionalidade poderia o afetar. Meu pai não era piedoso, tampouco compreensivo, um passo em falso que o Ômega poderia acabar executado.

Donggun do Norte voltou a caminhar, viajando os olhos em cada cela que havia naquele lugar asqueroso e se deleitando com a miséria que ele mesmo proporcionou a todos aqueles híbridos presos. Tantas pessoas trancafiadas por tão pouco... Era uma crueldade que eu engolia em seco, pois não podia sair sequer um passo da linha. Eu tinha meus propósitos, afinal.

Após me dar mais algumas ordens, assenti e o vi indo embora, ficando ali ainda um pouco pensativo. Me pedira que eu ficasse de olho em Seokjin e lhe informasse de ações que não se enquadrassem no que ele achava que deveria ser do feitio de um Ômega. Meu pai apenas não sabia que eu, seu primogênito fiel e filho leal, estava do lado do rebelde. Na verdade, desde o começo já havíamos previsto que coisas do tipo aconteceriam... Estava tudo dentro dos conformes.

As lendas antigas sempre falaram sobre Ômegas e Alphas predestinados, duas pessoas que se completariam em seus destinos e se fundiriam em uma união incomparável. Nossos lobos interiores escolhem ou não falar sobre isso conosco, afinal, nem todos são capazes de um dia poder estar com seu predestinado, o que pode ser uma vida triste... Esperar por alguém por toda uma vida e acabar por morrer sem conhecer seu rosto. No entanto, ao contrário disso, nossos lobos interiores sempre deixaram claro que nós, os três Alphas do Norte, estávamos predestinados a três Ômegas do Leste, cada um com peculiaridades que nos arrebatariam no momento em que os víssemos.

Foi incomparável ver Jungkook do Leste pela primeira vez.

Seu aroma de peônias foi a primeira coisa da qual eu pude perceber naquela pessoa singular que ele era. Os olhos grandes e brilhantes eram tão belos que pareciam conter uma porção de estrelas em cada globo escuro, me dando uma sensação confortável de uma noite agradável. Quando sorriu para mim pela primeira vez foi como se toda a neve do Norte estivesse derretendo e dando lugar a um jardim de flores das mais delicadas, assim como ele. Eu não sabia que me sentiria assim por alguém, no entanto Jungkook foi a prova de que eu, além de ter uma série de coisas em minha cabeça, poderia ter algo em meu coração também.

Não hesitei por momento algum em querer dividir minha vida inteira com ele, em lhe dar os melhores e mais belos motivos para sorrir, em ser alguém que poderia protegê-lo de um mal que ele ainda não conhecia. Eu tinha planos de vida contra um déspota como meu pai, tinha objetivos de ver a vida das pessoas melhorando, mas Jungkook se tornou um dos maiores motivos para que eu fizesse do mundo um lugar melhor.

E por isso eu sabia exatamente como meu irmão mais novo se sentia em relação a Seokjin. Eles não eram nossas fraquezas e sim nossos motivos para poder seguir com tudo, por aguentarmos certas coisas que aguentávamos e esperar pelo momento certo. A ideia de fazer a junção dos filhos do Norte com os do Leste era uma utilidade confortável para nós, foi o útil e o agradável. A nossa geração e a deles era o que poderíamos chamar de revolução.

Depois de algum tempo caminhei até a cela de Mingi, verificando se estava no campo de visão dos guardas e me certificando de que tudo estava propício. O Beta estava encolhido em um canto, abraçando os próprios braços manchados de sangue enquanto os olhos permaneciam fechados. Pobre homem, ele só queria poder alimentar sua família... Assim como uma grande parcela das pessoas que viviam nas vilas. A comida nunca fora bem distribuída, o trabalho nunca foi justo e as pessoas sofriam as consequências disso todos os dias enquanto uns definhavam de fome e outros se submetiam a coisas como essa em meio ao desespero.

A meia luz das tochas acessas me permitiram perceber que lágrimas escorriam pelos olhos dele, um choro silencioso que eu não sabia se era de medo ou de alívio por pelo menos estar vivo. Quando notou minha presença, Mingi foi me fitando vagarosamente, sem saber o que sentir. Nunca fui rude com ninguém, pelo contrário. Demonstrar respeito por todas as pessoas que trabalhavam incansavelmente no Norte era uma marca minha, afinal, eu seria o futuro líder daquele lugar e com certeza faria diferente de meu pai.

No entanto ele havia passado por uma quase morte há algumas horas e com certeza isso o traumatizou de maneiras que eu sequer poderia imaginar. Não o culpava de poder chegar a sentir medo de mim.

- Príncipe Namjoon... - Ele sussurrou com os olhos fixos em mim.

- Fale baixo, Mingi. - Sussurrei colocando um dos dedos nos lábios - Estou feliz que ainda esteja vivo. - Sorri-lhe - Mas essas condições não são as melhores para ninguém... Por isso lhe trouxe isso.

Do bolso de meu casaco de pele, tirei um pão recém assado que Woobin me deu. Sinceramente eu não tinha a mínima fome, na verdade não conhecia ela. Mas eu podia ver no corpo magrelo dele, na pele quase grudada em suas costelas, que essa sensação era quase que diária para si, por isso não hesitei em passar minha mão pelas barras de ferro da cela e lhe entregar o pão. Seus olhos úmidos brilharam e seu rosto ficou surpreso, mas seu desespero foi tanto que ele não esperou algum segundo sequer antes de agarrar a comida e mastigá-la com intensidade, parecendo aliviar-se de uma dor lancinante.

Esse era o retrato do Norte por trás dos muros de um grande castelo. Pessoas famintas, pessoas morrendo... Não podia mais aguentar tamanha opressão, era por isso que as coisas deveriam andar rápido, precisávamos acabar com isso.

- Muito obrigado, Príncipe. - Disse de boca cheia e aquilo me arrancou um sorriso - Muito obrigado mesmo! Há dias que eu tenho dado da minha comida para os meus filhos...- Sua expressão foi se tornando mais sombria e ele fez menção de chorar de novo - Céus... Quem vai levar comida a eles agora? Eu não sei por quanto tempo ficarei preso! Meus filhotes!

A voz embargada e as lágrimas escorrendo por suas bochechas magras quebraram meu coração. Ele tinha uma família que provavelmente já estava mais do que ciente do que havia acontecido. Crianças e uma Beta que o aguardavam ansiosamente, mas que agora poderiam estar em prantos... Por que meu pai tinha de ser tão cruel assim?

- Não se preocupe, Mingi. - Tentei confortá-lo como pude - Vou garantir que sua família tenha alimento e lenha enquanto você estiver aqui. E também vou fazer o possível para te libertar logo. Não chore, por favor.

- Você é tão bondoso, Príncipe Namjoon... Nem se parece filho do Rei Donggun.

Donggun do Norte era meu pai de sangue, havia me feito... Mas não era realmente um pai. Um Alpha que tinha como objetivo apenas caçar e destruir, ter o poder em suas mãos sem se importar em ferir e subjugar quem não era superior como a si. Eu podia ter seu sangue, mas não era igual a ele.

A história por trás de Donggun sempre foi muito sombria para mim. Eu era um dos poucos de nossa geração que conhecia cada passo dado por ele até suas conquistas truculentas. Não se falava muito de como ele conseguiu tudo o que tinha desde que saiu do Sul, mas quem sabia, tinha medo.

A Província dos Bárbaros era conhecida como a maior financiadora de guerras de todo o continente. Lá os Alphas homens nasciam e assim que atingiam idade o suficiente, eram mandados para o exército Sulista para compor as forças armadas. Eles não tinham piedade e tratavam a qualquer um que não fosse Alpha e homem com desdém e violência.

Donggun era filho da união entre um Alpha Lupus chamado Seungheon e sua Ômega Soo Ah. Seungheon era conhecido por ser um dos governantes mais tiranos de todo o Sul, chegando até mesmo a matar um de seus filhos por desobediência.

Meu pai serviu ao exército Sulista como todo Alpha da região, no entanto ele tinha ambições que eram vistas nitidamente em seus olhos, algo diferente de qualquer outro híbrido. Quando ficou forte o bastante, ele decidiu que começaria sua caminhada de conquistas até chegar onde queria: O Norte.

No entanto, Donggun era alguém que tinha consigo algo que já havia se tornado bastante incomum na sociedade híbrida. Algo que fazia com que todos o temessem, que fazia as pessoas se ajoelharem aos seus pés e lhe darem tudo o que tinha...

Muito tempo antes, no começo da vida híbrida, não havia uma uma civilização. Os híbridos viviam como selvagens, caçando para sobreviver, conquistando seus territórios de maneira irracional, sendo controlados apenas por seus instintos caninos. E dessa forma, na época em que tudo era assim, as pessoas tinham a capacidade e a mágica no sangue, assim podendo transformar-se em lobo. Com o início da civilização essa magia foi sumindo aos poucos, quase nenhum híbrido tinha mais esta habilidade de transfigurar-se no grande lobo que havia dentro de si, carregando apenas a parte desse instinto. No entanto, ainda existia algumas pessoas que raramente nasciam com esse poder.

Donggun era uma delas.

Seungheon, ao perceber do que seu filho era capaz, não pôde pará-lo. Sabia que se ousasse tentar impedir poderia sofrer as consequências de enfrentar o lobo negro gigante que Donggun se transformava. Quando meu avô se foi, Donggun não contente em ficar no comando apenas do Sul, deixou seu irmão Dongyoon responsável pela Província dos Bárbaros e começou sua conquista pelo continente, reunindo o exército sulista e começando tudo pelo Oeste. Quando os governantes viam o imenso lobo e sua ferocidade, ninguém se atrevia a negar-lhe nada, assim abrindo caminho para que ele chegasse até o Norte, na outra ponta do mapa, e fizesse das Províncias da Nevasca o seu novo lar.

Sem piedade alguma, Donggun matou o antigo Rei do Norte e seu Ômega, forçando a filha do casal, Hyunjoo, minha mãe, a casar-se consigo. Disso em diante, uma onda forte de desigualdade começou a se alastrar por todo o mapa, obrigando os líderes das províncias a lhe ceder mais da metade das obras primas provenientes de cada região e acatando toda e qualquer ordem que ele exigisse. Foi assim que o Leste e o Oeste não selaram um acordo frutífero para ambas as regiões, assim que aqueles três Ômegas se viram dentro de um acordo político nada justo, tendo de se casar com nós três.

A fome dos mais pobres se tornou comum. A "grandeza" de Alphas homens para com Ômegas, Betas e até mesmo mulheres Alphas era descrita em forma de abusos, já que o próprio rei dava carta branca para isso, justificando com os instintos. O mundo virou o mais completo caos tendo um louco cheio de poder em seu comando... O temível lobo negro de quase 2 metros que era capaz de dizimar exércitos com suas presas afiadas.

Mas ele precisava cair. Uma hora tudo isso tinha de acabar.

E era por isso que eu estava na frente da cela de Mingi lhe dando um pão, por isso que eu alimentaria sua família na primeira oportunidade. Era por esse motivo que depois de tentar confortar o Beta, eu saí daquele lugar e fui direto para uma das torres do castelo, esperar pela minha voz da razão.

Eu não estava sozinho nisso, havia uma série de pessoas que desejavam mais do que tudo a queda de Donggun. Híbridos que sofriam às suas maneiras, que sentiam na pele o que era ser diminuído por sua natureza, oprimidos, subjugados. Pode-se chamar isso de conspiração, mas eu sempre chamei de justiça.

O véu escuro da noite já cobria o Norte e o vento não dava trégua alguma, uivando por todos os cantos e carregando os flocos de neve pelo ar. Atravessei todo o castelo calmamente até contemplar a escadaria que fazia caminho para a torre das águias, onde os pássaros mensageiros levavam e traziam mensagens de outras províncias. No entanto o meu objetivo ali naquela hora não era notificar ninguém e sim esperar por alguém...

Assim que alcancei o topo recostei-me com os braços cruzados acima do peito e observei a imensidão de neve diante de mim. O Norte era lindo, mas também era feio. A paisagem era de tirar o fôlego, as montanhas, os pinheiros... Mas sua história era traumática, sangrenta, cheia de cicatrizes. Eu ansiava pelo tempo em que tudo isso se tornaria apenas uma página apagada dessa história. Ansiava por um novo dia.

O que ele conversou com você? - A voz repentina me tirou de meu transe e logo me virei contemplando a silhueta em minha frente.

- Pediu que eu ficasse de olho em Seokjin do Leste. - Suspirei cansado - Não está nada feliz com o que ocorreu hoje... Temo pela vida do Ômega caso ele não aprenda a ser mais racional.

Fechou os olhos e assentiu, a feição visivelmente cansada também. Todos estávamos exaustos.

Pelo menos Taehyung está com ele. Nada de mal vai acontecer por agora... Mas nós precisamos começar a agir imediatamente. - Seu olhar era firme - Mande uma águia para Soobin do Oeste imediatamente.

Soobin do Oeste... O Alpha novo, mas que carregava grandes responsabilidades nas costas por ter de gerir uma região sozinho, uma vez que seu pai estava acamado. Eu tinha grandes esperanças naquele jovem rapaz.

- Tudo bem. - Assenti - Você deve voltar para dentro, vão notar sua falta.

Assentiu e me deu as costas. Quando sua silhueta sumiu pelos corredores abaixo de mim, soltei um suspiro grande e baguncei os cabelos, nervoso e ansioso por tudo. O novo dia estava mais perto do que eu imaginava, mas por mais que eu quisesse logo que os tempos sombrios de Donggun do Norte ficassem apenas em um passado distante, precisava exercitar a minha paciência.

══════⊹⊱≼≽⊰⊹══════

Minha noite de sono não foi das melhores, mas eu tentei não transparecer que estava exausto. Os ânimos já haviam se acalmado bastante e a prova disso foi a presença de Taehyung e Seokjin no café da manhã, calados, mas presentes.

Ocupei meu lugar de costume e suspirei. Deixei que meus olhos pudessem correr pelos outros cantos da sala de jantar e finalmente eles foram de encontro aos dois globos escuros cheios de estrela. Jungkook parecia estar preocupado comigo, mas eu não queria que ele se sentisse desse jeito. Ele ficava tão belo com sua face risonha e seus olhos brilhantes... Ele podia sentir quando eu não estava em minha normalidade e eu entendia muito bem o porquê: Predestinados.

O café da manhã foi mais curto e mais silencioso que de costume. Meu pai não estava com o humor muito bom, muito menos Sangwoo do Leste. Dei uma olhada rápida para Seokjin e notei que um lado de seu rosto estava levemente inchado. Eu já conseguia deduzir quem tinha feito aquilo consigo...

Quando todos começaram a se retirar da mesa não me demorei a ir até Jungkook. Precisava sanar toda aquela preocupação presente em si da melhor forma, sem deixá-lo aflito. Claro que ele estava pensando no irmão mais velho e nas reações de seu pai, era completamente compreensível que estivesse assim, mas eu também não queria lhe dar mais um motivo para ficar pensativo.

Quando me aproximei dele lhe entreguei meu melhor sorriso, recebendo um mínimo de volta. Os olhinhos tristes pareciam estar inchados de pranto e meu coração se desfez em mil pedacinhos só de imaginá-lo chorando. Jungkook não deveria chorar, ele deveria sorrir sempre, ser feliz, iluminar todo um Norte com sua delicadeza e sua bondade.

- Está tudo bem? - Indaguei em um sussurro enquanto passava minha mão por seu rosto.

- Sim, não se preocupe. - Ele respondeu pendendo a cabeça e aproveitando a carícia - Só... São muitas coisas na cabeça. Logo vai passar.

"Você é um péssimo mentiroso, pequeno..."

Vamos dar uma volta? - Sugeri e logo vi seu rosto se iluminar, mesmo que minimamente.

- Claro! - Sorriu um pouco maior tomando meu braço logo em seguida.

O aroma de peônias dele era inebriante e ao mesmo tempo tinha um incrível efeito calmante em mim. Quando eu olhava seu rosto fino eu sentia uma paz desconhecida, como se não houvesse revolução, problemas e nem chateações. Desde o momento em que pus meus olhos nele eu soube que Jungkook do Leste era um alicerce que eu nunca achei precisar.

Caminhamos rumo ao lado externo do castelo, alcançando as margens do lago congelado. Não havia mais ninguém ali, uma raridade, pois geralmente era onde Taehyung treinava arco e flecha ou Hoseok manuseava espada. Estava deserto e propício para que eu passasse um tempo com aquele rapaz doce e singular.

Quando paramos, o vento gelado bagunçou nossos cabelos levemente e meu braço se desenrolou do seu, descendo até nossas mãos se encontrarem em um nó de dedos confortável. Ele era bastante mais baixo que eu, no entanto tinha a altura perfeita para que eu beijasse sua testa e lhe transmitisse todos os bons sentimentos que eu tinha.

- Você pode falar tudo para mim, Jungkook. - Disse repentinamente, ganhando toda a sua atenção - Eu sei que está preocupado. Pode desabafar.

Jungkook suspirou pesadamente e fechou os olhos por breves segundos, depois os direcionando a mim e me fazendo ficar perdido naquela imensidão. A sensação que eu tinha era a de entrar em um mundo completamente diferente, um mundo bom.

- Fiquei assustado ontem depois que Jin fez... Aquilo. - Iniciou um pouco sem jeito - Eu nunca o julgaria por suas concepções, mas... Ele é tão inconsequente! Imagine o que poderia ter acontecido consigo! E tem mais... Eu estava em meu quarto e ouvi nosso pai chegando furioso, eles gritaram muito. Ele chamou Jin de depravado por Taehyung estar com ele em seu quarto e depois lhe estapeou. Céus, Namjoon... Eu tenho que te confessar que eu, a vida inteira, sempre achei essas atitudes de meu pai um tanto absurdas.

As pessoas tinham uma visão muito limitada sobre quem era aquele Ômega à minha frente. Por ser educado, delicado e completamente obediente, pensavam que Jungkook não tinha pensamento próprio. Sempre estiveram completamente errados. Ele tinha sim suas próprias convicções e apontava os erros de maneira sensata. No entanto ele era extremamente inteligente por saber exatamente a hora de expor tudo isso. Diferente de seu irmão mais velho, ele conhecia bem o autocontrole e se limitava a não protestar porque sabia das consequências, mas isso nunca quis dizer que ele concordava com as atitudes de ninguém perante a quem não fosse Alpha homem.

Ele era mais do que simples olhos podiam ver. Jungkook do Leste jamais esteve em uma bolha.

- Ele estapeou seu irmão? - Exclamei indignado - Mas... Se claramente ele e Taehyung irão se casar, o que-

- Meu pai é um tradicionalista. - Me cortou - Para ele, nós precisamos nos manter puros até o dia da consumação do matrimônio. Se não o fazemos, somos sujos e com certeza ninguém vai nos querer. - Ele fez uma careta - Isso é estúpido de tantas formas...

- Claro que é. - Concordei - Imagine só se eu te acharia menos digno por causa de qualquer ato carnal. O que deve ser levado em conta é a índole de alguém. - Balancei a cabeça - Céus... Será que ele está bem?

- Acredito que sim. Seokjin é forte, jamais abaixou a cabeça para ninguém. - Jungkook desviou seu olhar para a vastidão do lago congelado - Só temo pelo que pode acontecer...

Seus traços foram desenhando um rosto triste aos poucos e aquilo era inadmissível para mim. Sem pensar duas vezes o puxei para perto de mim e o acolhi em um abraço terno, sua cabeça descansando em meu peito enquanto o aroma de peônias me invadia e me fazia ter mais certeza ainda de que Jungkook e eu éramos para ser. Levei uma das mãos aos seus cabelos sedosos e deixei carinhos ali, sentindo-o relaxar cada vez mais enquanto envolto por mim. Que sensação maravilhosa...

- Nós vamos cuidar para que nada de mal aconteça, está bem? Mas agora, não se preocupe tanto. - Falei com doçura e logo em seguida lhe dei um selar na testa - Você tem o sorriso mais lindo do mundo, deveria usá-lo mais.

Vi suas bochechas ruborizarem e ele sorriu tímido. Fofo.

Seus olhos foram de encontro com os meus e novamente vi minhas mil estrelas ali, deixando-me mais confortável em saber que eu conseguia transmitir o mínimo bem que fosse a ele.

- Você realmente é um em um milhão. - Disse em um sussurro - Estou feliz de ter conhecido você... Que vamos nos casar em breve. Não existiria pessoa melhor para mim senão você, Namjoon do Norte.

"Ele também consegue me desmontar por completo..."

Está me fazendo ficar tímido, Jungkook. - Soltei uma risada e ele me acompanhou, ecoando aquele som maravilhoso que preenchia todo o meu corpo de júbilo.

Levei uma das mãos até seu queixo, segurando seu rosto suave e mantendo o contato visual. Eu já havia o beijado antes e provavelmente foi a melhor coisa que fiz na vida, mas a cada beijo, eu me envolvia mais, sentia mais paz e tinha mais certeza de que queria fazê-lo muito feliz em um mundo justo.

Ele era meu motivo, uma força que eu desconhecia antes. Ele era simplesmente tudo.

Diminuindo a distância entre nós, meus lábios e os dele foram se chocando vagarosamente e aos poucos unindo-se em um beijo calmo. Ele era tão doce, não só em sua personalidade, mas seu gosto era adocicado, assim como o cheiro. Eu adorava cada pedacinho daquele ser, daquele rapaz que eu poderia dar minha vida para que sorrisse todos os dias.

Ele segurava firme nas bordas do meu casaco de pele e eu podia sentir tudo o que se passava em seu ser. Aquilo era bom. Meu pequeno e doce Jungkook era uma pessoa ávida e contida ao mesmo tempo, era como uma peônia que brotava timidamente e ia se abrindo a cada dia mais, preparando-se para mostrar toda sua majestosa beleza em um dia ensolarado. Céus, como ele havia me arrebatado e eu estava rendido...

Ao separar nossos lábios senti seu suspiro dobrado quente em meu rosto. Adorável. Parecia estar mais calmo, isso significava que eu estava agindo corretamente.

- Sei que também ficou preocupado comigo hoje mais cedo, mas não precisa ocupar sua mente com isso, está bem? - Sussurrei roçando nossos narizes numa carícia - Estou bem, minhas preocupações eram as mesmas que as suas.

Em partes.

- Tudo bem... Eu só me importo com você, Nam.

Meu pelos se arrepiavam toda vez que Jungkook me chamava pelo apelido que o próprio havia me dado.

- Eu sei, pequeno... Eu sei.

E o abraçando mais forte ainda, tomando-o em meus braços e sabendo que nada o tiraria dali, repensei sobre a noite anterior, sobre tudo o que vinha compondo a minha vida desde que comecei a ter um pingo de senso. A ansiedade por novos tempos podia ser grande e a paciência que eu precisava ter para alcançá-los também, mas nada podia se comparar com o tamanho da minha vontade em dar um mundo melhor para que Jungkook do Leste vivesse. Mesmo que eu morresse, que eu caísse, ele poderia contemplar com seus próprios olhos, o novo e justo mundo que o esperava.

Se para isso eu precisava matar meu próprio pai, não hesitaria um segundo sequer em sujar minhas mãos com sangue do meu sangue.

══════⊹⊱≼≽⊰⊹══════

Muita informação, muita abertura pra teorias e eu quero ouvi-las se possível hihi

não sei quando volto agora, mas próximo capítulo voltamos ao nosso POV normal do Seokjin.

Até <3

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