3 nights; noany

By lightzdior

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[short fic] noany + | A chegada de um amigo distante em Palm Springs proporciona à Any as três noites mais in... More

stuff
1 - don't talk about things you don't know
2 - what happens in Vegas, stays in Vegas
3 - always, forever and after
epilogue - thank you

prologue - mr. hollywood

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By lightzdior

𖥸
d e s i d e r i o m o t e l
:: Palm Springs, CA

O barulho de passos se aproximando me fazem despertar. Não fazia ideia de quando eu havia pegado no sono, mas a julgar pelo sol nascendo pela janela ao meu lado, eu havia dormido um pouco mais do que esperava. O que era para ter sido um cochilo de vinte minutos acabou virando um sono de duas horas. Uma vez de que às quatro horas da madrugada eu finalmente consegui chegar ao nível 2000 no Candy Crush e fiz um tweet sobre isso — um feito do qual me orgulho muito, devo dizer —, e agora, já se passavam alguns minutos das seis da manhã.

Se tia Yonta tivesse passado por aqui, provavelmente teria me dado um esporro por dormir no trabalho. Uma loura platinada caminhava em direção à saída do estabelecimento em saltos vermelhos maiores do que minha auto-estima. Tal ato me faz pensar que provavelmente o cara para quem ela havia vendido seu corpo por uma noite pagaria a pernoite mais tarde. E se ele já havia deixado o local sem pagar enquanto eu dormia, provavelmente eu teria um problema dos grandes.

É fácil concluir onde trabalho. Em um motel. O mais frequentado de Palm Springs, se posso me gabar. Um dos motéis da maior rede da Califórnia. O Desiderio foi o primeiro motel fundado pela minha família, muitos anos atrás. A ideia deu tão certo que outras sedes foram instaladas ao longo de todo o estado. Uma curiosidade de nosso singelo negócio era que cada sede era nomeada com a palavra "desejo" em um idioma diferente. A informação não é muito relevante, mas eu sempre achei a ideia muito genial.

Voltando, recepcionista de motel com certeza não era o trabalho perfeito, mas além de ser negócio de família — para mim, era aquela típica história do plano B, se tudo der errado com a faculdade —, me rendia boas risadas. A quantidade de histórias que esse lugar tem me renderia um livro. Se eu tivesse vontade de escrever, é claro.

No auge dos meus dezenove anos, a coisa que eu mais odeio na minha vida é trabalhar na pernoite do motel. E comida japonesa. Mas a pernoite é pior. Além de ter que ficar acordada a noite toda depois de ter passado a manhã na faculdade e a tarde estudando simplesmente acabava comigo. Eu curso direito, mas não sei se isso é muito relevante. Mamãe sempre diz que eu serei aquela que tira o processo dos clientes e o mete neles de volta. Eu sempre ria, mas aquele lugar tem mais processos do que realmente merece.

Olho a hora no relógio. 6:47. Apenas treze minutos para sair de lá, ter uma manhã decente de sono e me preparar psicologicamente para mais uma tarde de tortura estudando leis. Em plena sexta-feira de manhã eu estava disposta a esganar minha prima por ter me convencido a pegar o turno dela para que ela pudesse sair com Joalin, a garota que ela gosta. Que fique bem claro que apenas aceitei porque quero muito que elas fiquem juntas. E porque Sabina me prometeu um lanche do BK. Comida não se recusa.

Bato minhas unhas na mesa, um modo pouco eficaz de me manter acordada, uma vez que meus olhos pesavam a cada vinte segundos. Não que eu realmente tenha parado para contar.

No entanto, o barulho da porta me faz arrumar a postura. Eu não esperava um cliente, afinal, quem entra em um motel querendo um quarto em plena sexta-feira de manhã realmente não deve ter nada melhor para fazer da vida. Mas quem sou eu para julgar, estava presa aqui também. Não pelo mesmo motivo, mas estava.

Ouço a porta batendo, mas não olho na direção da mesma. Provavelmente deveria ser Lamar chegando para assumir o turno da manhã e salvar a minha vida. Lamar é meu primo, assim como Sabina. Somos uma família grande que comanda uma rede de motéis maior ainda. Lindo se não fosse trágico. Passei o ensino médio inteiro sendo alvo de piadinhas e ganhando apelidos tipo...

Any que trabalha no motel! Você não vai mesmo me cumprimentar?

O apelido de mal gosto atinge meus ouvidos em cheio, porém, por mais que eu o odiasse, o que me chamou a atenção naquela intervenção, com certeza não era ele. Era a voz da pessoa que havia o usado. Eu só podia estar muito grogue de sono. Meu cérebro estava me pregando peças, mas, apenas para ter certeza, me viro na direção da porta e encontro lá o dono da voz.

— Não brinca! — falo alto sem tentar esconder minha surpresa. Se antes eu estava quase dormindo sentada, agora eu com certeza estava bem acordada.

— Venha me dar um abraço, Anes!

Contorno o balcão da recepção com uma velocidade digna da Fórmula 1. Corro na direção do garoto e pulo em seu colo. Literalmente. Prendo minhas pernas em sua cintura e meus braços ao redor de seu pescoço. Ele apenas me segura firme pelas costas e me gira. Ambos damos risada de felicidade e depois de algum tempo eu me solto, para enfim olhar para o meu melhor amigo.

— O que você está fazendo aqui? — é a primeira pergunta que consigo bolar.

— Viajei horas de carro até aqui para ver a minha melhor amiga e é assim que você me recebe? Jura, Anes? — faz bico. Isso me faz sentir culpada e ele sabe disso. Manipulador.

— Por que não avisou que vinha?

— Queria fazer uma surpresa — ele dá de ombros e se joga em um dos sofás — Eu e os caras estamos com o fim de semana livre e como estamos em Orange, vi a oportunidade perfeita de vir pra esse buraco te salvar de um fim de semana entediante.

Quase protesto quando ele diz que meu final de semana será entediante, mas infelizmente, Noah Urrea sabia do que falava.

— Palm Springs não é um buraco, Sr. Hollywood. É onde você nasceu!

— Nasci em Orange — ele arqueia uma sobrancelha, em tom de desafio.

— Mas cresceu aqui. Não importa. Fazem meses desde a última vez que nos vimos. Senti sua falta, rockstar.

— Também senti a sua, Any que trabalha no motel — ele diz com tom divertido.

— Eu odeio esse apelido — ele sabia, mas fazia para irritar.

Pego uma almofada do sofá e jogo na direção de Noah. O desgraçado a pega no ar e continua rindo da minha cara.

Aqui vai uma breve explicação de como eu e Noah nos conhecemos: os pais deles se mudaram de Orange à trabalho, para a casa ao lado da nossa. Tínhamos por volta dos cinco anos de idade e praticamente nos criamos juntos. Ele foi meu primeiro melhor amigo e também o único amigo do sexo oposto que eu já tive que não quis me beijar. Ele beijou até a Sabina e eu tive uma crise de ciúmes mas isso não importa agora. Noah Urrea é o típico sonho americano: cabelos louro-escuros, olhos verdes e um físico invejável. E se isso não fosse o suficiente, ele ainda era uma das pessoas mais incríveis que eu já conhecera na vida. Educado, inteligente, divertido e talentoso para um caralho. Outra coisa que eu amava sobre ele, era seu estilo: unhas pintadas e brincos pendurados nas duas orelhas. Isso e as conversas que nunca acabam. Noah sabia conversar sobre qualquer assunto. Conclui-se que talvez eu tenha uma quedinha por ele, que pena.

Eu sabia tudo sobre Noah, menos a parte que não conhecia. E algo me dizia que nunca iria conhecer. O pensamento me frustrava um pouco, mas eu não podia fazer nada.

— O que você vai fazer hoje e no fim de semana? — ele pergunta.

— Dormir, ir pra faculdade. Dormir, estudar, dormir de novo — listo nos dedos enquanto falo — Rever The Vampire Diaries pela centésima vez e eu já falei dormir?

— Vou ser obrigado a estragar seus planos com Damon Salvatore — ele diz decidido.

Noah odeia o Damon. Quando eu o forcei a olhar minha série preferida comigo, ele estava bem relutante, sempre alegava que não se renderia à "uma porcaria de vampirinhos românticos". Mas se rendeu no fim e gostou. Então eu cometi o erro de chamar o mais velho dos irmãos Salvatore de gostoso na frente de Noah. Ele não gostou nem um pouquinho e até hoje eu não entendo o porquê.

— Ah, é? O que pode ser mais interessante do que ver o gostoso do Damon Salvatore? — Noah torce o nariz com a minha provocação.

— Passar três dias na estrada com seu melhor amigo que é mais gostoso ainda — ele diz se levantando do sofá com um sorriso convencido. Reviro os olhos apenas para não concordar.

— Tenho que ir pra faculdade hoje. E outra, o que te faz pensar que eu vou querer passar três dias na estrada com você? Não sei nem pra onde vamos!

— Para de drama. Você está morrendo de saudades de mim e eu sei que você ama viajar de carro — mais uma vez ele estava certo — Três noites, Anes. Prometo que não vai se arrepender.

E em menos de três horas, eu estava dentro do Jeep preto de Noah a caminho de algum lugar que eu não fazia ideia. E bem, eu também não me importava.


A cada 1k que Trampoline subir eu posto um capítulo...

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Amo vocês!
xoxo Nic

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