Operação coelho fora da toca...

By byun_unicorn

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Eu só queria ter o acesso para suas orelhinhas de coelho fofas e pretas. Isso se Jungkook não fugisse de mim... More

Extra - Coelhinho na minha toca

Só um pouquinho de carinho!

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By byun_unicorn

N.A.: Aviso que é muito fluffy para um único capítulo e de você não gosta de diabete, então é melhor parar por aqui kkkk
Jimin é bem "deixa eu te dar muito carinho", okay?
Uma boa leitura 💕

🐰+🐺

Quando eu poderia imaginar que seria tão divertido parecer um alfa perto dele?

Jeon Jungkook era a coisinha mais fofa e parecia implorar para que eu o judiasse um pouquinho. É um híbrido de coelho e, pelo o que sei, não está se relacionando com alguém, muito tímido perto de mim e até mesmo tem medo da minha personalidade muito mandona para um ômega.

— Já falei pra parar, Jimin! — reclamou enquanto corria de mim por todo o campo — P-para de correr atrás de mim!

— Venha aqui, Jungkookie. Eu só quero te abraçar bem apertado.

Continuei a correr atrás de si, mas desisti na terceira volta. Ele fazia jus ao seu lado híbrido por conseguir correr tão rápido. Jungkook é tão fofo! Meu lobo fica todo bobinho perto dele, tudo o que quero fazer é enchê-lo de beijinhos por todo o rosto e depois abraçar bem apertadinho, mas ele infelizmente odeia.

Taehyung, nosso amigo em comum, veio até a mim e pediu que parasse de incomodar o bebê coelho, mas como poderia não querer colocar as mãos sobre as orelhas fofas e pretas no topo da sua cabeça? Eu toquei apenas uma única vez, mas foi o suficiente para querer repetir mais vezes, isso se Jungkook não fosse tão chato e fugisse de mim na maior parte do tempo.

Desisti de muito mau gosto e sentei na arquibancada do campo para recuperar o fôlego e com um grande bico emburrado. Era só um cafuné nas orelhinhas fofas e um abraço apertado, o que custava me deixar dar um pouco de carinho? A aula de educação física não teve mais a minha atenção pelo resto do tempo e tudo o que fiz foi jogar vôlei sem interesse.

Quando a aula acabou e voltei pra sala com Taehyung, vi que Jungkook estava mais à frente com Namjoon, o aluno do terceirão. Esse Namjoon é um alfa e namora outro alfa, mas meu coração se enche de tristeza sempre que os vejo juntos porque eles se dão tão bem e eu só queria uma chance pra mostrar que também posso ser legal com o meu coelhinho.

"Será que ele não gosta de ômegas?", é o que sempre pensei, mas Taehyung assegurou que Jungkookie era apenas muito tímido. Pra piorar, descobri que Jungkook não gosta de mim. Ele disse em todas as letras em maiúsculo e quase em negrito quando o ouvi sem querer conversar com Taehyung. Fiquei bem triste, mas o que poderia fazer? Se nem Jesus conseguiu agradar todo mundo, eu não vou ser diferente.

Depois desse dia fui mais agressivo e mostrei o quanto queria ser seu amigo, mas teve efeito contrário e cada vez mais desanimei. O que me faz persistir são as suas orelhas fofas, que sempre mostram como Jungkook fica atento comigo por perto.

Elas se mexendo para frente e depois para os lados são tão fofas!

— Fala pro Jungkook, Tae. Eu só quero mexer nas orelhinhas, só um pouquinho! — fiz um espaço bem pequenino com o polegar e o indicador

Meu amigo se sentou na carteira da frente e suspirou pesado, deu tapinhas de consolo no topo da minha cabeça.

— Sei como você é obcecado nas orelhas dele, mas não acha que está na hora de desistir? Jungkook fica desconfortável logo quando te vê porque acha que vai atacá-lo. Ele tem a natureza de um coelho, nós somos lobos; Jungkook é como se fosse a nossa presa e você continua agindo como um caçador, isso só vai fazer ele se afastar mais.

— Eu sei que ele não gosta de mim, mas eu só quero enchê-lo de carinho, Tae. — olhei para o híbrido sentado em uma das carteiras lá na frente, conversando com outros híbridos — Queria dar um abraço bem apertado e esfregar o nariz no seu pescoço. — imaginei e mordi o canto do lábio inferior — E então esfregar os dedos no seu cabelo preto, parece muito macio. — choraminguei — Por que ele me odeia tanto, Tae?

— Ele não te odeia, só não gosta dessa sua atitude tão agressiva e direta. — abriu os braços e entendi o seu convite de abraço, aceitando rapidinho. Eu amo abraços — Jungkook já admitiu uma vez que você parece divertido. E então você corre atrás dele como se quisesse um pedaço da sua carne...

— O que posso fazer se ele é tão fofo! — choraminguei mais um pouco — Só quero ser próximo dele como vocês dois são. — soltei um pouco do abraço e o olhei — É pedir muito?

— Oh, droga. Não comece fazendo carinha fofa para o meu lado, Park Jimin. Isso não funciona comigo.

— Tsc, se continuar assim vamos para o terceirão e ele ainda vai estar me odiando.

— Então se aproxime com cuidado. Segure esse desejo de enchê-lo de beijos e abraços. — Tae sorriu — Aja como daquela vez que fomos no zoológico e o funcionário disse para aproximar dos coelhinhos com muito cuidado. Consiga sua confiança e então talvez você terá passe livre para mexer em suas orelhinhas.

Uau, sonhar em ter o tal passe livre para aquelas orelhinhas deixou meu corpo em êxtase! Imagina poder tocar no cabelo e depois esfregar o rosto no seu pescoço? Droga, eu amo a minha imaginação.

— Está aberta a operação "Coelhinho fora da toca"! — animei e não me importei com outros a nossa volta me olhando por falar um pouquinho alto — Você vai me ajudar, né Tae?

— Urgh! Será que ninguém quer comprar o meu passe de melhor amigo?

— Para, você me ama e eu sei que vai me ajudar.

Jeon Jungkook, você vai ser o meu coelhinho!

🐰+🐺

Três dias se passaram depois que decidi agir como Tae explicou. Tentei aproximar devagar, apenas cumprimentando e depois deixando-o em paz, mas era óbvio para ele que eu planejava algo e por isso não abaixava o seu muro entre nós.

Foi difícil pra caramba controlar meus hormônios em querer abraçá-lo, mas então a palavra "passe livre" para as orelhinhas me deixava forte o suficiente para resistir ao desejo insano em mimá-lo. Por que ele tem que ser tão tímido? Seria tão mais fácil se fosse atirado como os alfas da nossa sala, mas então lembro bem o porquê de eu não ter interesse nesses idiotas. Jungkook era diferente e talvez fosse por isso que os betas e ômegas gostavam dele, também tem os outros híbridos.

Ver a concorrência o cercando me fazia querer rosnar em pura posse, mas como faria isso se ele nem ao menos olhava na minha direção? Tudo o que pude fazer é observar um híbrido de raposa passando a mão sobre o seu cabelo e ambos rindo de alguma coisa. Buá! Eu também quero!

— Jimin? — a voz de um alfa me chamou, mas não estava interessado. Olha como o Jungkook está sorrindo e os dentinhos estão a mostra — Você pode ao menos olhar para mim?

— O que é? — virei o rosto mal humorado e era um dos alfas idiotas que odiava da sala ao lado — O que você quer, Hyewoon? Não vê que estou ocupado?

— Ainda está em cima do orelhudo? Acorda, ele não te quer.

O ódio, meu pai!

— Isso não te diz respeito, cuide da sua vida como eu faço com a minha. Vá atrás de um rabo de saia e me deixe em paz!

Voltei a olhar para Jungkook na intenção de deixar bem claro que não queria papo, mas ele pegou o meu braço com força e me fez ficar de frente para ele. A sala toda começou a se virar na nossa direção e eu pude ver pelo canto dos olhos que Jungkook também estava nos olhando. Meu coelhinho estava me vendo!

— Eu não quero ir atrás de um rabo de saia, eu quero você, Park Jimin! — sua voz oscilou um pouco e acho que se segurava para não me controlar — Quantas vezes tenho que te dizer isso?

— E eu terei que repetir quantas vezes que não tenho interesse em machistas como você? — tirei meu braço da sua mão gigante e mal educada — Olha como você me toca! Quer me tratar como seu inferior e me fazer submeter as suas vontades, mas não vou abaixar a cabeça. Não vou!

Pedi que fosse embora porque já havia sido vergonhoso o suficiente para não querer ver mais a sua cara, acabei de protagonizar quase uma novela mexicana; o idiota ainda tentou revidar, mas Taehyung e Hoseok, seu namorado, interviram e disseram para que ficasse longe de mim. Quando o alfa deu as costas, fiz questão de mostrar a língua e deixar bem claro que o lugar dele era na sala ao lado e bem longe de mim.

Quando virei o rosto na procura pelo meu coelhinho, ele estava novamente conversando com a raposa como se nada tivesse acontecido. Maldito seja Hyewoon pra me mostrar como Jungkook não se importa comigo!

🐰+🐺

— Eu posso mesmo? Ele não vai achar ruim? Será que eu posso voltar pra casa e ficar bem cheirosinho pra ele?

— Respira, Jimin. — Tae tentava esconder sua vontade de rir, mas o canto dos lábios estava pra cima — Eu já avisei que você iria lá em casa, então tente se comportar, okay? Ele ficou bem tenso quando soube e me fez jurar que não iria te deixar atacá-lo como nas outras vezes.

— Poxa, eu só o abracei e esfreguei o nariz na sua bochecha.

— "Só", ele diz. Você esqueceu como ele ficou naquela vez? Pareceu que teria um ataque epilético no meio da sala. Graças a isso ninguém da nossa sala mexe com ele.

— Calúnia! Ele só respirou fundo e tremeu, mas se eu o acostumar então ele pode gostar dos meus carinhos.

— Eu desisto de você. Se não se comportar, então vou te atirar pra fora da minha casa. — franziu as sobrancelhas — Estamos entendidos?

— Urgh, tá bom, papai.

Eu iria depois da escola para a casa do Tae junto com Hoseok e Jungkook porque hoje era o aniversário do "gatinho", o híbrido de gato Yoongi, também conhecido como suposto segundo namorado do meu amigo. Esse gato mau humorado parecia me odiar porque agia arisco sempre que me via, talvez por ser amigo do Jungkook e querer defendê-lo de mim. O mundo estava sempre contra mim, colocando vários obstáculos para que eu pudesse desfrutar dos braços fortes do meu coelhinho! Piedade, mundo!

Fiquei muito feliz quando o barulho da última aula tocou e arrumei a mochila rapidinho. Só que eu vi Jungkook saindo da sala sozinho e instantaneamente olhei para Tae querendo saber o porquê dele não nos esperar. Conclusão: ele voltaria primeiro para sua casa e nos encontraria por lá, mas eu sabia que estava fugindo de mim.

— Tira esse bico, ele aparece lá em casa daqui a pouco.

— Eu queria voltar com ele e ficar ao seu lado como namoradinhos fofos. — apertei a alça da mochila e bufei — Já faz dias que eu não tento nenhuma aproximação mais brusca e não estou vendo nenhum efeito! Sinto até que nos afastamos mais.

— Pelo contrário, Chim. — Hoseok se juntou a nós no corredor para a saída — Acho que antes de você se afastar um pouco ele nem aceitaria estar na mesma casa.

Resignei com a sua resposta, talvez Hoseok estivesse certo. Por todo o caminho eles estavam um grude como se quisessem jogar na minha cara que eu era o único solitário enquanto combinavam como ajeitariam a casa para a pequena festa. Os pais de Taehyung mais que aprovaram o gatinho, afinal o ditado de que gatos possuem 7 vidas era algo que a família Kim levava muito a sério, principalmente sua mãe que é uma adepta do ocultismo.

Na casa, sua linda mãe me abraçou com tanto carinho que eu fiquei todo derretido; mãe e filho sempre me abraçam e isso faz meu coração aquecer todas as vezes. Tá vendo, Jungkookie? Podia ser a gente, mas você foge de mim, poxa.

Almoçamos e Taehyung foi quem me tirou do sofá para ajudá-lo na arrumação. Tsc, o tempo estava demorando para passar e nada do meu coelhinho aparecer; estou muito solitário!

— Aquieta, menino! — mamãe Kim riu enquanto eu andava de um lado para o outro na cozinha — Ele já está chegando.

Vocês devem ter percebido como sou sutil, né? Até a mãe do meu amigo sabe do meu amor platônico. Ô vida difícil!

— Eu não aguento mais guardar todo o meu amor por ele, tia. É tão difícil me segurar para não tocar nas orelhinhas e o cabelo, ou então passar o meu cheiro nele. — sentei no banquinho e apoiei o queixo no balcão que dividia a cozinha com a sala — Só queria que a gente namorasse e eu pudesse segurar a sua mão e encher o rosto de beijinho. Estou tão carente!

— Você sempre foi. — pude ouvir a voz de Yoongi atrás de mim e acabei por dar um pulo na cadeira — Deixa só Jungkook saber disso.

— O-o que está fazendo aqui? Era para você vir mais tarde.

— Festa surpresa? — sorriu de lado — Eu já sabia. Fica meio óbvio quando me pedem pra vir justo no meu aniversário e quase no fim da tarde. Olá, senhora Kim. — esticou o braço com uma sacola na sua direção — Espero que goste, minha mãe que fez.

— Oh, não precisava, querido!

Taehyung e Hoseok terminavam de arrumar a casa e acabaram levando um susto com a aparição do futuro namoradinho. Eles pretendiam o pedir em namoro e eu até ajudei no presente; espero que esse gato aceite o pedido ou eu mesmo o faço engolir o que fiz com muito cuidado.

A mini festa poderia ter sido arruinada, mas ainda faltava o irmão do Tae, barra amigo do gato, e seu namorado. Jungkook entrou quietinho e apenas acenou com a cabeça de longe para mim. Ele estava com um moletom bem grandão e calça jeans, as orelhinhas escondidas no meio do capuz da blusa. Será que eu consigo usar a sua roupa um pouquinho? Ele tem um cheirinho tão gostoso...

Quando Seokjin, o irmão do Tae, entrou eu soube que era ele quem namorava com Namjoon, aquele cara do terceiro ano e muito amigo do meu Kookie. Que vida difícil! Primeiro é o gato que não gosta de mim e parece fazer questão de não me deixar aproximar, agora é o alfa que já namora e mesmo assim ainda está grudado no meu coelhinho. Como é que vou me aproximar se existem tantas barreiras a minha frente?

Fazer o que, né. O jeito era encontrar brechas em algum momento enquanto estávamos no mesmo ambiente. Bobo eu não sou!

A tia fez um bolo grandão e a boca chegou a salivar enquanto cantava o parabéns. Taehyung e Hoseok se preparavam para fazer o pedido enquanto eu estava mais preocupado em experimentar o bolo cheio de chantilly. Quando distribuíram os pedaços, não me importei com mais nada. Bom, isso até mencionarem o meu nome e levantar o rosto, encontrando todos os olhares.

— Foi você que fez este anel? — o gato parecia meio indignado; concordei com a cabeça enquanto mastigava — Uau, eu nem gosto de você, mas tenho que te elogiar.

— Apenas aceite os dois como namorados, é a retribuição que você pode me dar.

Eu fui esquecido em seguida porque o trisal passou a protagonizar um momento onde seguravam as mãozinhas. Eu também quero segurar a mão do Jungkookie!

Continuei no canto do sofá entristecido e me entupindo com o bolo; foda-se, estou muito triste! Isso até sentir uma movimentação do meu lado e encontrar quem menos esperava se aproximar. Ele é tão lindo, meu Deus. Estava olhando meus dedos cheios de anéis e nem percebeu que o encarava na cara de pau; alguém segura a minha vontade de tocar as orelhinhas caídas perto do meu rosto antes que eu faça alguma besteira!

— Então é você quem fez todos os seus anéis, hyung?

Ah, é a voz de um anjo!

— Sim! Você gostou? Quer experimentar?

O desespero é real! É a primeira vez que ele vem até a mim por livre e espontânea vontade; meu gay panic está no limite e segurando muito para não fazer nenhuma besteira. Decidi focar minha atenção em tirar os anéis dos dedos para lhe entregar, mas ele negou um pouco constrangido e disse que apenas estava curioso. Jungkook ia se levantar para ficar longe, mas segurei sua mão no impulso e ele congelou como se eu fosse alguma doença contagiosa.

Por que ele sempre tem esse tipo de reação comigo? Eu apenas toquei sua mão, poxa.

— Desculpa... — soltei sua mão devagar e voltei a comer o restinho do bolo, querendo me encolher em um canto e chorar um pouquinho

Já estava ciente que ele fugiria novamente de mim, mas então ele voltou a se sentar, ficando quietinho ao meu lado. Ué, Jubileu está estranho!

Ele não falou nada e nem ao menos voltou a olhar para o meu rosto, apenas ficou com a cabeça um pouco baixa. Coloquei o pratinho vazio de lado e tirei um dos anéis do dedo, pegando com cuidado a sua mão para não assustá-lo e testando em todos os dedos até que encaixasse perfeitamente. Coube no dedinho. Seus olhos foram do seu dedo para o meu rosto e acabou sorrindo pequeno, deixando meu coração apertado.

Jesus, estou vendo uma luz sobre minha cabeça. É você vindo me buscar? No céu tem pão?

— É seu. — falei quando ele ia tirar do seu dedo — Um presente.

— N-não precisa. Eu nunca te dei nada. Não é certo aceitar.

Ele tentou me entregar, mas coloquei a mão sobre a sua para o impedir.

— Pense então como um pedido de desculpa por te irritar esse tempo todo. — nossos olhos se encontraram e eu não consegui desviar — Eu sinto muito, Jungkook. Sei que me odeia, mas eu só queria te dar um pouco de carinho porque te acho fofo. — olhei para as orelhas no impulso — Você me deixou tocar nas suas orelhas bem no começo do ano, quando falamos pela primeira vez e depois disso sempre quis repetir, mas acho que a forma como tentei me aproximar foi errado.

Então percebi como sua respiração estava um pouco alterada e seus lábios tremiam um pouco. Era o fim! Perdi o meu coelhinho para sempre, buá!

— N-não é que eu te odeie, hyung, apenas não estou acostumado a ser abraçado ou beijado. — ele levou uma das mãos ao capuz e puxou bem devagar, suas orelhas levantaram instantaneamente e abaixou um pouco a cabeça como se me desse permissão — E-eu vou te deixar tocar um pouco.

Meus deuses, vocês estão ouvindo os meus gritos internos? Eu juro que quem quer ter um ataque epilético agora sou eu!

Ele concordou quando o perguntei se era verdade, afinal poderia muito bem ser uma das minhas milhares de imaginações pregando peça. Toquei sua orelha com muito cuidado, sentindo a maciez nas pontas dos dedos e me segurei muito para apenas acariciá-las de leve. Eram tão macias que não resisti em também mexer no seu cabelo, afundando os dedos no meio dos fios pretos.

Jungkook não protestou, então continuei a lhe dar cafuné, adorando realizar meu sonho de princesa. Já posso morrer em paz, adeus mundo!

Não sei por quanto tempo mexi nos seus cabelos e orelhinhas fofas, mas Jungkook se afastou e pareceu que não durou nada. Só que ele não se afastou porque odiou o meu toque, mas sim porque todo mundo estava nos olhando como se fôssemos elefantes cor de rosa. O primeiro a comentar foi Taehyung, que riu e tirou sarro da minha cara, deixando claro como eu havia realizado o meu sonho. Se eles não tivessem nos olhado, então eu ainda estaria fazendo cafuné! Que ódio!

Jungkook voltou a colocar o capuz do moletom sobre as orelhinhas e ali era um aviso claro que a "sessão cafuné" havia acabado. Poxa, eu posso morrer feliz, mas bem que poderia tocar mais vezes, né?

— Obrigado pelo anel, hyung. — ele levantou o dedinho com um sorriso pequeno — É muito bonito. E a-acho que a gente pode ser amigos se você não tentar me abraçar ou beijar como faz na escola.

"Pane no sistema, alguém me desconfigurou", juro que ouvi a voz da Pitty cantando isso no fundo. Amigos? AMIGOS?! Okay, isso não é o que quero, porque uns beijinhos até que seriam bons, mas isso é um avanço enorme, pra quem tentou uma aproximação por quase todo o ano. Alguém abre a champanhe porque isso é motivo de muita comemoração; dedo no cu e muita gritaria!

Acho que não consegui segurar a minha alegria e devo ter expressado com o rosto porque ele arregalou os olhos e o vi engolir a saliva, talvez com medo que eu o atacasse de forma carinhosa. Para não acabar com a única chance de ouro, segurei na manga da sua blusa e comecei a falar "sim" sem parar; senti até como se ele tivesse me pedido em casamento.

Minhas preces foram ouvidas e agora eu sou amigo de Jeon Jungkook, o amor da minha vida todinha! Universo, eu não preciso mais da sorte, eu já gastei tudo com essa oportunidade, né? Está tudo bem, estou feliz com essa chance e não quero mais nada. Quer dizer, se ele me pedir em namoro então eu quero mais um pouquinho de sorte...

Apesar de termos entrado em acordo com relação à amizade, ele se afastou rapidinho para ficar com o gato e o amigo alfa. Queria aproveitar mais um pouquinho, mas estou satisfeito ao ponto de continuar sorrindo mesmo ouvindo a zoação dos meus amigos.

Jeon Jungkook, você está agindo conforme o meu plano de conquista. Obrigado!

🐰+🐺

Alguns dias se passaram, mas não senti muita mudança. Veja bem, ele disse que poderíamos ser amigos, mas continua agindo cauteloso toda vez que me aproximo. Eu tive que continuar apenas o cumprimentando pela manhã e evitando não agir como um psicopata de carinho. Difícil demais!

As vezes ele ficava comigo e Taehyung na hora do intervalo; e em um dos dias eu consegui colocar um quadradinho do meu chocolate na sua boca. Eu quis morrer de amores com o sorrisinho; senhor, eu sou muito boiola pelo Jungkookie!

— Credo, sua versão apaixonada me deixa com medo. — pra que inimigo se tenho amigos que acabam comigo — Pare de fazer esses olhos de cachorrinho na direção do Jungkook, fica muito na cara que quer dar carinho nele.

— Não enche, Tae. O professor não falou pra você jogar no time de basquete? Vai lá e me deixa apreciar o meu coelhinho.

— Eu desisto de você, Chim.

Ele se foi e eu fiquei sozinho na arquibancada, adorando ver meu coelhinho jogando handball com os outros meninos da nossa sala. Ele corria rápido e fazia pontos com facilidade, querendo vibrar em sua torcida, mas contendo toda a euforia para não pagar de grudento. Foi então que alguém se aproximou e olhei para o lado, encontrando o traste do Hyewoon de novo.

Ah não, vou ter que dar outra patada pra entender que não tenho interesse nele?

— Vá sentar bem longe, Hyewoon. Não quero o seu cheiro de cachorro molhado em mim.

Ignorou tudo o que disse e colocou a mão na minha bochecha.

— Um ômegazinho como você parece pedir pra ser educado. — seu sorriso me deu um calafrio por toda a espinha — Diz logo "sim" pra mim, Jimin. Vou ser bonzinho e te educar com muito carinho. Prometo que irá gostar.

— Não me toque. — bati na sua mão suja — Professor! Hyewoon está me ass- hm!

— Quietinho, meu amor. — sua mão agora tampava minha boca e eu o estapeava com força tentando fazê-lo me soltar. Foi então que cravei a unha com toda a força na sua pele — Isso dói!

— Idiota! Você disse querer me educar?! Quem precisa disso é você! — o enchi de tapas por todo o seu ombro e braço, gritando com todas as forças — Eu não vou tolerar esse tipo de comportamento, Hyewoon! Você pode até conseguir alguma coisa assediando os outros, mas não vai conseguir comigo! Quer me calar e fazer ficar com medo pra que aceite as suas sujeiras, mas não vou abaixar a cabeça pra você.

Então eu percebi que toda a quadra havia paralisado para nos olhar. O professor correu até nós e perguntou o que estava acontecendo. O alfa idiota tentou fingir que era apenas coisa de amigos, mas contei tudo e ele foi levado para a diretoria. Desejo do fundo da minha alma que recebesse uma grande punição como o outro alfa, que no ano passado levantou a voz para que uma ômega ficasse quieta.

Eu fiquei no meu cantinho, emburrado, encolhido abraçando as pernas e rodeado por alguns ômegas perguntando se estava tudo bem enquanto Taehyung e Hoseok, que me abraçavam, diziam palavras carinhosas.

— Como você está, Jimin?

Levantei o rosto e encontrei Jungkook, ajoelhado na minha frente com uma carinha preocupada. Sem pensar muito, passei os braços em volta do seu pescoço e fiquei abraçado, querendo um pouco do seu calor. Eu não estava com medo, apenas chateado porque sei que muitos ômegas passam pela mesma situação e muitas vezes não conseguem se defender da mesma forma que consegui. Isso me entristece demais.

Senti tapinhas nas minhas costas e esfreguei o nariz no seu pescoço, sentindo um cheirinho de hortelã e algo docinho, bem fraco. Era gostoso. O corpo do meu coelhinho tremeu e o soltei um pouquinho, a ficha caindo lentamente do que havia feito.

Oh droga!

— E-está se sentindo melhor?

Seus olhos enormes e pretos pareciam maiores do que o normal, não mostrando sinais de desagrado por tê-lo abraçado a força. Jungkook tem um coração tão bom por não reclamar e aceitar ser abraçado contra sua vontade; eu não poderia agradecer com palavras por sua compreensão.

Toquei seu cabelo e orelhinhas com a sua permissão, conseguindo sorrir. Um pouco de angústia ainda me atormentava, mas ter seus olhos nos meus e o seu consentimento ao cafuné foram o suficiente para me sentir mais calmo. Quando o professor voltou da diretoria, ele avisou que a escola tomaria providências com a má atitude do desgraçado.

Ainda faltava mais alguns minutos para o fim da aula e o professor mandou que todos voltassem aos exercícios, mas eu tive o passe livre para ficar no meu cantinho. Jungkook, que ainda estava agachado no degrau abaixo do meu, tirou a blusa e colocou nos meus ombros, perguntando com uma voz doce se poderia cuidar para ele enquanto me aquecia um pouco. Como não amar esse coelhinho mais do que já amo?

O cheirinho dele era mais forte na roupa, então fiz questão de vestir e cheirar a manga, escondendo um sorriso bobo que não conseguia parar de mostrar. Ele voltou a jogar, mas vez ou outra olhava na minha direção e desviou quando me percebia o corresponder.

— Tae... — meu amigo continuou do meu lado — Acho que estou ferrado, eu amo o Jungkook muito mais do que imaginei.

— Conte-me alguma novidade, por favor.

— No começo achei que era só uma paixãozinha platônica que não duraria tanto tempo, mas faz meses que penso só nele. Nesses últimos dias ele sorri para mim e eu me sinto tão bobo! Eu gosto dele, de verdade.

— Eu sei. — Tae sorriu e me abraçou de lado, deixando que minha cabeça ficasse sobre seu ombro — Eu acho que vocês combinam. Basta continuar tendo paciência, você vai colher os frutos do seu esforço. Agora de pouco é um bom exemplo; ele esteve manso e deixou que o abraçasse sem reclamar, é um grande avanço.

— Sim. — voltei a cheirar a manga com o sorriso enorme

🐰+🐺

Depois do incidente na aula de educação física, os alfas nem olham na minha cara com medo de serem repreendidos com algum tipo de punição; melhor para mim, a maioria só gastaria minha beleza. O idiota do Hyewoon levou suspensão por uma semana e a escola fez questão de obrigá-lo a prestar alguns serviços sociais. Tsc, achei foi pouco!

Agora sobre o Jungkookie...

A gente se aproximou muito e eu não poderia estar mais feliz! Ele agora vem me cumprimentar de manhã e sorri fofo, as vezes abaixa um pouco a cabeça porque sabe como gosto das suas orelhinhas e ri de um jeito que aperta meu coração toda vez que as toco. Podem me dar o troféu "boiola do ano", vou aceitar de bom grado.

— Hyung!

Falando nele, olha meu coelhinho correndo pela quadra na minha direção com aquele sorrisinho esmagador de corações.

— O que foi, Jungkookie? — servi o meu sanduíche natural e ele aceitou com uma única mordida; fofo

— Você quer ir lá em casa com o Tae? Vamos jogar um pouco, aí eu posso te ensinar como prometi da última vez.

Espera.

Casa do Jungkook > Quarto do Jungkook > Cama do Jungkook.

Jesus, até estremeci aqui! Eu vou conhecer a casa do meu coelhinho, o quarto dele e a cama onde ele deve dormir todo fofinho. Parece que minha sorte não acabou, obrigado mundo! Não perdi tempo e concordei na mesma hora, podendo ver a cara de deboche do Taehyung no meu campo de visão, mesmo ele estando bem distante com os namorados.

Eu poderia ir com ele depois das aulas e então aquele sonho em voltarmos juntos retornou na memória, sorrindo bobo pelo resto do tempo até a hora da saída. Jungkook disse que conheceria sua irmãzinha de um ano e sua mãe, já que ambas estariam em casa enquanto o irmão mais velho e o pai estariam trabalhando. Será que elas vão gostar de mim?

Pegamos o ônibus na frente da escola e ficamos lado a lado, ombros se encostando enquanto ele explicava algumas regras do jogo. Preciso admitir que não consegui prestar muita atenção quando ele explicava e sua expressão fofa se tornava animada. Andamos apenas dois quarteirões até chegar o seu prédio, era simples e seu bairro parecia bem calmo. Ele explicou que moravam muitos híbridos na região, por isso no caminho para sua casa teve algumas crianças que apontaram o dedo na nossa direção, afinal meu cheiro era mais forte que o deles. Quinto andar, terceira porta no corredor direito. Que nervosismo!

Ele colocou a chave na porta e entrou, avisando que teriam visitas. Entrei meio tímido e ele entregou um par de chinelos.

— Oh, você deve ser o Jimin! — olhei para cima enquanto terminava de tirar o tênis e colocar o chinelo — Ele é tão fofo, Kookie!

Eu soube na mesma hora que era a sua mãe. Ela tem os mesmos olhos e o cabelo preto, mas soube pelo cheiro que é uma ômega e não uma híbrida de coelho. Sorri e a cumprimentei, percebendo então uma criança nos braços da mãe, aproximando para ficar na altura da coisinha mais linda que meus olhos já viram. Era uma versão Jungkook menininha!

— Meus Deus, que fofa! — olhei para a mãe sorridente e estiquei os braços na direção da criança, tentando chamar sua atenção e mostrar receptividade, mas ela escondeu o rosto no pescoço da mãe — Eu sou Jimin, qual o seu nome?

— É Jennie. — a mãe respondeu por ela e a fez se virar — Fala pra ele, Ninie. Fala: "eu sou a Jennie e acabei de fazer um aninho".

Um coração pode sangrar por ver tanta fofura? Se sim, o meu está jorrando sangue com a criancinha fazendo "um" com o dedo pequenininho e abaixando as orelhinhas de forma extremamente fofa. Estiquei a mão na sua frente para que a tocasse, mas ela olhou para a mãe como se perguntasse ser seguro e aceitou após receber um aceno. Eu quero essa bebê para mim!

Agi vergonhosamente como um bobo e Jungkook até tentou me arrastar para a sala, mas eu fiquei tão encantado com a sua irmã que eu quis passar todo o tempo com ela. A pequena Ninie acabou por grudar em mim e eu cuidei dela enquanto a mãe agradecia e terminava de preparar o almoço; eu até paguei de bom moço perguntando se não queria ajuda, mas ela falou que estar com a pequena era mais do que o suficiente.

— Deixa ela no cercadinho, hyung. Posso te ensinar um pouco antes do Taehyung chegar.

— Acho melhor ficar de olho ou então podemos ficar com ela enquanto jogamos, que tal?

Ele concordou e fomos para o seu quarto, entrando com a pequena no meu colo me chamando de "Chimi" sem parar. Eu quero morrer de amores!

O quarto do meu coelhinho era mais comum do que imaginei, apenas com um pôster de algum anime na parede, uma cama de solteiro ao lado da janela e a escrivaninha perto do armário. Sentei com sua irmã na cama macia e sorri contido por pensar em como seria ficar deitado abraçadinhos nessa cama com ele; o pobre Jungkook nem imagina o que se passa na minha mente enquanto liga o computador na maior tranquilidade.

— Chimi Chimi!

— Oi, minha coisinha mais fofa!

Ela deu uma risadinha tão gostosa que a enchi de beijinhos nas bochechas gordinhas. A orelhinha se mexeu para frente e fiz um cafuné, comentando com o meu amorzinho que gostaria de ter uma irmã tão fofa. Jungkook sorriu e fez um carinho na cabeça da irmã, concordando que também a achava fofa e contando uma das vezes que Ninie o acordou puxando sua orelha. Eu amo a pessoa certa. Sem masculinidade tóxica e ainda fala da irmãzinha com tanto carinho.

Será que ele aceitaria ser o pai dos meus filhos? Tenho certeza que seria um ótimo pai... Okay, foco, Park Jimin! Ele pegou a irmã e me fez sentar na sua cadeira giratória, indicando como deveria jogar.

E aqui começa a narração onde todos os pelos do meu corpo se arrepiaram. Eu não sei se é por ele estar mais confortável comigo ou se estava tão concentrado com o jogo que se aproximou ao ponto da sua cabeça ficar perto da minha, atrás de mim. Saber da sua presença sem poder olhá-lo, porque tinha que ficar com o rosto vidrado no monitor, fazia minhas células se agitarem nervosamente. Cada palavra parecia como leves chicotes, dando alguns arrepios involuntários.

— Vai para a direita, hyung! — pelo o que entendi o tempo estava acabando e precisava continuar protegendo a base. Jungkook estava mais nervoso que eu! O tempo acabou e fui de encontro ao encosto da cadeira para relaxar — Acho que você foi bem para a sua primeira vez.

— Eu não entendi muito, mas graças aos seus comandos eu devo ter ido bem.

— Chimi!

A pequena realmente deve ter gostado do meu nome, ela continuava a me chamar. A confirmação veio através do almoço pronto: eu sentei na cadeira ao lado de Jungkook e a mini baby quis ficar comigo em vez da mãe. Eles riram e eu aceitei dar comida a ela, imaginando se meus filhos com Jungkook seriam coelhinhos ou lobos.

Okay, está na hora de parar de imaginar demais, Jimin! Jungkook nem ao menos me pediu em namoro e já está pensando nos filhos.

Taehyung chegou, os dois foram para o quarto e eu logo atrás com Ninie, decidindo que eles poderiam jogar e eu apenas os assistiria. A mãe da pequena disse que ela é muito tímida, mas que comigo parece muito extrovertida; isso me deixou feliz, sempre gostei de crianças. Fui conversando com a irmãzinha e torcendo para Jungkook, fingindo querer irritar Taehyung como uma fachada para a real intenção. Meu coelhinho parecia muito mais confiante quando dizia o seu nome em forma de motivação.

Eu não sei como, mas em um minuto estava torcendo para eles e no outro acabei dormindo. Não lembro o que sonhei, mas ser acordado pelo meu Jungkookie era bom demais. Sua mão estava sobre meu cabelo e chamou o meu nome em todas as três vezes que abria os olhos e as fechava com um sorriso; ele estava fazendo cafuné! A ponta dos dedos arrastava sobre o couro cabeludo, eu nunca mais quero outro carinho além do dele. Acabei voltando a dormir.

A segunda vez que acordei foi com o celular tocando e eu quis tacar na parede; o toque era do meu celular, mas queria ignorar e continuar dormindo na caminha macia e com o cheirinho do meu Jungkookie.

— Acorda, hyung. Parece que é a sua mãe te ligando.

Acordei em um pulo. Minha mãe raramente ligava, quando isso acontecia é porque fiquei fora de casa por muitas horas e sem lhe dizer nada. Sentei na cama e peguei meu celular em sua mão, atendendo às pressas.

— Mãe?

Onde você está, Chim? É quase 8 da noite e você não respondeu nenhuma mensagem. Fiquei preocupada!

— A-ah... Eu ainda estou na casa do Jungkookie. E-eu acabei cochilando.

Eu pude ouvir o riso abafado e avisei que estaria indo para casa, mas meu coelhinho falou para jantar na sua casa antes de ir embora. Isso significa que conheceria seu irmão e pai. Ah, eu conheceria toda a sua família! Não parece até quando se conhece os sogros para conseguir aprovação? A mãe e a irmãzinha já gostaram de mim, mas será que os outros dois vão agir da mesma forma?

Desliguei e pedi desculpa por ter dormido, percebendo que Taehyung já havia ido embora. O safado nem pra acordar e me livrar desse papelão! Meu amorzinho foi super querido e compreensivo, perguntando se não gostaria de passar a noite ali. Até pensei em aceitar, imagina que delícia ficar mais tempo com ele, mas cara de pau tem limite e era melhor voltar para casa.

O pai, híbrido de coelho, foi super gentil comigo enquanto o irmão mais velho, um beta, estava mais na dele porque parecia cansado. Ninie ficou muito feliz em me ver e eu logo a peguei no colo, enchendo-a de mais beijinhos.

— Se a Ninie continuar agarrada a você terei que pensar em uma forma de te convencer a ser babá. — sua mãe sorria enquanto pegava a filha para colocar na cadeirinha, servindo a comida na boca

— Pode me chamar sempre que quiser, ela é a coisinha mais linda que já encontrei. Né, Ninie?

— Chimi!

Eu me senti tão amado na casa que não consegui parar de sorrir, até o irmão mais velho, que no começo estava quieto, se sentiu a vontade pra conversar comigo. Tive a sensação ser aceito e com toda certeza teria a aprovação de cada um se um dia eu e Jungkookie começássemos a namorar. Quando estava pronto para ir embora, o pai se prontificou a me dar uma carona e meu coelhinho foi junto. Muito amorzinhos, né?

Mas eu também preciso agradecer a mamãe. Ela estava junto com papai, esperando no cercado de casa e ambos me abraçaram forte, agradecendo por me trazerem e depois entregando um pacote de biscoitinhos amanteigados que papai sempre traz das viagens; depois ainda deixou um convite para que a família do Kookie viesse jantar em casa. Mamãe foi mais sagaz que eu!

— Parece que finalmente conseguiu se aproximar do nosso genro, hm. — meus pais riram — Ele é uma gracinha, Jimin. Agora eu entendo o porquê você falar tanto no menino.

— A família dele é muito amorzinho, mamãe. — abracei o meu pai novamente — E como foi a viagem, pai? O workshop demorou dessa vez.

— Deu tudo certo. Aliás, eu te trouxe o novo maçarico que me pediu dias atrás.

— Ah, obrigado! — o abracei bem forte — Prometo que farei mais joias que o senhor irá se orgulhar.

— Eu já me orgulho de você, meu bebê.

— Eu também, nosso Jiminnie é tão talentoso! — mamãe nos abraçou e acabei por rir

🐰+🐺

Dois meses se passaram e eu poderia me considerar melhor amigo do meu Jungkookie. Agora eu tinha passe livre para as suas orelhinhas e sempre mexia quando tinha oportunidade. Taehyung comentava dramático que foi largado de lado, mas joguei na sua cara que ele agora passava mais tempo com os dois namorados do que com a gente, finalizando a briguinha boba com risos.

Jungkook não fazia muito o tipo protetor, mas era carinhoso de forma diferente. Ele me emprestava suas blusas ou então se prontificava a comprar meus lanches na hora do intervalo só pra não ter que encarar a fila enorme. Eram atitudes sutis que me fazia cair de amores por ele; mais do que já estou.

Quando as provas chegaram, decidimos estudar juntos na biblioteca após as aulas. A gente se complementava porque a maioria das matérias que eu era ruim acontecia o contrário com ele, e vice versa. Mas foi só depois das provas bimestrais é que ficamos inseparáveis. A semana de pausa nas aulas do final de ano só nos tornou mais próximos, indo um na casa do outro quase todos os dias. A pequena Ninie até mesmo vinha em casa com o irmão, deixando meus pais igualmente cheios de amores pela híbrida de coelho.

Ouvi até uma conversa deles querendo um bebê. Será que eu teria um irmãozinho ou irmãzinha em breve?

Aliás, nossas famílias se aproximaram quando a família Jeon aceitou o convite de jantar da mamãe. Meus pais são joalheiros e no final do ano precisam acertar os impostos, mas são uma negação para números e descobrir sobre a profissão do pai do Kookie, um contabilista, veio como uma grande luz sobre suas cabeças.

Mas tem algo que anda me incomodando nos últimos dias. Jungkook ficou interessado na fabricação de joias, então eu mostrei como faço meus anéis e até mesmo prometi que lhe faria um novo, mas agora ele e o meu pai estão passando tempo juntos e eu fiquei de lado. O que está acontecendo?

— Relaxa, Chim. É normal acabar se interessando por algo e querer saber mais. Seu pai é um ótimo professor.

— Mas eu poderia ensinar também. — fiz bico enquanto tomava o suco de tomate que mamãe fez para mim — Ele não quer mais a minha amizade?

— Para de drama, filho. — ela riu e me abraçou de lado, apoiando a cabeça sobre a minha — Eu deveria estar quieta, mas seu pai me contou que ele quer fazer uma joia para você.

— O-o que?

— Não está aqui quem falou. É segredo, ouviu? Quando receber, faça cara de espanto e finja que não sabia de nada, meu menininho bobo apaixonado.

Meu Jungkookie estava fazendo uma joia para mim? Para mim??

Subi direto para o quarto, voltando a planejar o anel que havia lhe prometido com toda a animação. Eu iria ganhar algo feito por ele! Será que ele iria fazer um anel? Imagina que lindo seria receber algo como proposta de namoro? Ah... ele ia me pedir em namoro?

— Tae! — gritei logo após ele atender — Acho que o Jungkookie vai me pedir em namoro!

Que? Como assim?

— Acabei de descobrir que ele está fazendo uma joia para mim, mas alguns dias atrás eu prometi para ele que daria um outro anel. Ele deve estar fazendo um para me pedir em namoro.

Jimin. — era a voz do Yoongi — É quatro da tarde, vai comer algum de lanche da tarde, seu surtado!

— Sai do celular do meu amigo, não quero falar com você, seu gato folgado. — meu amigo voltou na linha — Seu namorado anda cada vez mais agressivo comigo, Tae.

Well, ao menos ele está certo sobre você ser surtado. — reclamei em resposta — Não crie muitas expectativas, Chim. Você sabe, Jungkook agora te vê apenas como um bom amigo. Eu sou amigo de vocês dois e ele não parece gostar de forma amorosa.

— Não fala assim, meu coelhinho pode gostar de mim...

Claro que pode, meu amor, mas acho que ainda precisa de mais tempo. Você conseguiu a sua confiança, mas amar alguém também leva tempo. Seja como for, não se iluda demais, está bem? Eu te amo, Chim, por isso te digo o que acho.

— Eu também te amo, Tae.

A ligação esfriou toda a animação. Então ele ainda me via como amigo... Eu queria tanto dizer os meus sentimentos, mas tenho medo de contar e depois ele fugir como meses atrás.

Olhei para o meu caderno com o desenho do anel e deixei sobre a mesa, um pouco chateado, mas logo voltei a pensar no modelo que produziria; e daí que ele não vai me pedir em namoro? Eu prometi que lhe daria um novo anel e faria algo que ele gostaria. Colocaria todo o meu amor na peça.

🐰+🐺

Hoje é Natal e eu só terminei o anel algumas horas antes de todo mundo se reunir na minha casa. Natal é uma época que gosto bastante e, como todos os anos, a minha família e a do Tae iriam se reunir, mas dessa vez a família do Hoseok e Jungkook se juntaria a nós. O Yoongi e Namjoon estariam viajando, mas mesmo assim ainda tive a impressão da presença deles por conta das ligações constantes que faziam aos seus namorados.

Jungkook parou de encontrar com o meu pai dois dias atrás, ao que indica ter terminado a joia que mamãe contou para mim. Eu geralmente não gosto do sentimento de ansiedade, mas como não gostar quando sei que poderei ganhar algo feito pelo meu coelhinho? Espero que ele também goste do anel, coloquei todo o meu esforço para que ficasse perfeito.

Agora todos os amigos estavam sentados no chão da sala na minha casa, onde foi decidido a reunião de Natal, e rindo com Hoseok contando sobre a vez que Tae teve dor de barriga na sua casa e ficou envergonhado. Jungkook estava ao meu lado e, diferente do começo da amizade, agora eu conseguia me aproximar sem problemas. Até mesmo podia abraçá-lo de lado e ficar nessa posição com a cabeça apoiada no seu ombro.

Eu amo ter esses privilégios de melhor amigo!

Algo também mudou entre nós. Jungkookie passou a mexer no meu cabelo e eu o sentia muito desarmado perto de mim, o que aumentava a autoconfiança em nós termos o amor em comum. Apesar do Tae ter dito que não deveria me iludir, eu queria acreditar que ele poderia gostar de mim mesmo nesse pouco tempo que nos aproximamos.

— Está com sono? — ele perguntou baixinho para que só eu ouvisse enquanto esfreguei o rosto no seu ombro, ainda abraçado no corpo quentinho — Ou está com frio?

— Hm? Ah, não. É só o meu jeito de pedir que mexa no meu cabelo.

Ele deu risada e começou a fazer o que pedi.

O coração de Park Jimin se encontra em caquinhos neste exato momento por ter explodido de amores, deixe o seu recado após o sinal.

E depois dizem para não criar ilusões quando meu coelhinho age tão fofo e boyfriend material! Continuei abraçado, sentindo o seu cheirinho de hortelã e algo doce que até hoje não consegui desvendar o que é, o cheiro que me faz viciar sempre que respiro profundamente.

À meia noite, trocamos presentes e fiz questão de pedir que abrisse a caixinha com o anel. Queria ver sua reação! Eu não poderia estar mais feliz quando ele viu e os olhinhos brilharam mais do que as piscas-piscas que enfeitavam a casa. Ele colocou no dedo indicador como eu pedi e agradeceu com aquele sorriso de dentinhos fofos; um trator poderia passar em mim e eu ainda continuaria sorrindo de amores.

Ganhei um beijo na bochecha e em seguida ele colocou a mão no bolso da blusa e pediu que fechasse os olhos. Será que ganharia um beijo? Meu coração estava tão acelerado que por pouco não gritei para chamarem uma ambulância com medo de ser uma parada cardíaca. Mas abortem o beijo, nada aconteceu e ele pediu que abrisse os olhos.

— Eu nunca te retribuí pelo anel. — ele apontou o primeiro que lhe dei — E agora ganhei outro. Eles são lindos. — coçou a nuca — Estou até com um pouco de vergonha em te dar o que fiz quando você me deu joias tão bem feitas.

Eu não falei nada, ele apenas mostrou sua palma e encontrei um brinco de argola. Eram simples, mas tinha muito mais significado do que qualquer outra joia. Não era um anel como estava imaginando, era um brinco que nos ligava. Jungkook usava o outro brinco do par em seu ouvido esquerdo, mostrando de forma tímida.

— Você não tinha um furo na orelha. — toquei após ele ter abaixado o capuz da blusa, podendo ver melhor — Então é por isso que todos esses dias usou capuz ou algum chapéu e só me deixou acariciar a ponta das suas orelhinhas de coelho.

— Era uma surpresa. — seu sorriso de dentinhos apareceu — Eu quis fazer algo que a gente pudesse compartilhar.

Eu rapidamente tirei um dos milhares de brincos que tenho na orelha esquerda e pedi que colocasse para mim, já que os furos eram um pouco sensíveis. Seu rosto ficou bem pertinho de mim e foi muito cuidadoso, perguntando sempre se estava machucando enquanto encaixava. Imagina se ele me dá um selinho? Ia me deixar todo molinho.

Mas Jungkook se afastou e eu toquei o brinco no meu ouvido. Estávamos compartilhando algo igual namorados e mais uma vez criei expectativas.

— Eu adorei o brinco, Kookie. Muito obrigado, eu vou usar para sempre!

— Ainda bem que gostou, fiquei com medo que achasse bobo.

— Claro que não! Tudo que vem de você é muito importante. — esfreguei o brinco com a ponta dos dedos indicador e polegar, ainda sorrindo bobo — Tirando os meus pais, ninguém nunca fez uma joia para mim. É tão significativo e você não faz nem ideia.

Queria tanto falar como eu gostava dele, soltar tudo o que guardava em meu peito, mas Taehyung dizendo que ele só me vê como amigo ainda ecoava por cima de toda a coragem. Eu tinha medo de acabar com todo o "passe livre" e ele acabar por se afastar de vez. Eu não queria isso.

Queria ficar assim para sempre com Jungkookie. A gente se abraça, trocamos cafunés, as vezes ele deixa eu pegar na sua mão e as entrelaçamos. Também criamos intimidade e meu coelhinho tira sarro com a minha altura, já que nas últimas semanas ultrapassou de mim. Eu tinha medo que essas pequenas felicidades acabassem como pó e se arrastasse para bem longe.

— Você se tornou muito importante para mim, Jimin hyung. Eu tinha medo das suas atitudes, mas esses meses te conhecendo o fez se tornar o meu melhor amigo. — ele pegou na ponta dos meus dedos com aquele olharzinho brilhante — Vamos ser amigos para sempre, okay?

Amigos.

Isso fez meu lobo chorar. E eu fui junto, colocando um sorriso falso. Olha pra mim, Jungkookie! Eu não quero ser seu amigo, quero ser seu namorado, poxa.

Amigos para sempre.

🐰+🐺

Continuamos nos encontrando. Passei o Ano Novo apenas com os meus pais porque a família do Tae receberia o restante da família e a família do Jungkookie foi viajar para a casa dos avós. Quando ele voltou, recebi um cachecol feito pela sua avó; tinha orelhinhas pretas em cada extremidade do cachecol azul, algo que Jungkookie contou ter pedido para a avó tricotar especialmente para mim. Ninguém toca no meu cachecol!

Então as aulas voltaram e todo mundo percebeu como nos aproximamos mais. Um híbrido de gato da nossa sala veio até perguntar se estávamos namorando, mas Jungkookie negou na hora com uma risadinha fofa. Meu coração se quebrou todo. Todo mundo sabe o que sinto por ele, até porque eu não sou nem um pouco sutil, mas acho que meu coelhinho é cego e não percebe absolutamente nada. Eu fiquei tão mal que decidi sair rapidinho com a desculpa que iria ao banheiro antes do professor chegar.

— Não chora, Chim.

Hoseok e Taehyung vieram atrás de mim e me abraçaram com força, do jeitinho que eu gosto, consolando com palavras bonitas e que uma hora meu Jungkookie iria perceber.

— Está demorando. Eu olho só pra ele, passamos tanto tempo juntos, digo que o amo e mesmo assim ele não percebe. Talvez ele já sabe e não diz nada porque não sente também.

— Jungkook é lento, Jimin. Eu não acho que ele pode agir do jeito que você disse. Ele é sincero, mesmo sendo medroso, e perguntaria para você se descobrisse. Eu acho que está na hora de dizer o que sente a ele.

— Acho melhor não, Seok. — Taehyung interrompeu — Ele pode fugir e isso vai deixar Jimin muito mal. O melhor é conseguir mais confiança antes de se declarar.

— Nosso bolinho está sofrendo, Tae. Eu não quero continuar vendo tanta insegurança em seus olhos. E se um dia Jungkook aparecer dizendo que gosta de outra pessoa? Isso vai quebrar mais ainda o nosso bebê.

Ouvir sobre meu coelhinho gostando de outra pessoa fez um bolor se formar na boca do meu estômago. Lágrimas voltaram a se formar nos cantos dos olhos e eles pediram desculpa pela conversa, ninando-me com vozes suaves.

Eu sei que há chances disso acontecer, mas é horrível pensar que um dia ele pode aparecer com alguém e acabar com todo o meu plano para que goste de mim. Eu só quero amá-lo e ser amado! Por que tem que ser tão difícil?

Hyung?

Olhei na direção da porta do banheiro e ele estava ali, sua expressão se tornando preocupada e vindo até a mim. Droga! Não queria que ele me visse desse jeito frágil porque vai perguntar o que aconteceu e eu não vou poder contar. Olhei para os meus amigos me abraçando e eles entenderam que não queria falar do assunto.

— Oi, Jungkookie. Você terminou de conversar? A aula já começou?

Merda, eu nem consigo ao menos esconder o ciúmes!

— O que aconteceu? Por que está chorando? — sua mão foi para a minha bochecha — Alguém te fez mal? Hyewoon veio atrás de você?

— Não, é só que...

A minha voz morreu.

Eu o abracei e ele retribuiu, podendo sentir que estava perguntando para os nossos amigos em silêncio. Continuei abraçado a ele sem dizer uma única palavra, soltando-o quando o sinal tocou e deveríamos voltar para sala antes que o professor nos desse uma advertência. Ele ainda tentou perguntar, mas eu sorri como se não tivesse nada de errado e meu coelhinho acabou por não ter coragem em perguntar.

Eu sinto muito, Jungkookie. Achava que você era medroso, mas parece que eu também sou. E muito mais.

🐰+🐺

Continuamos grudados e a nossa amizade se tornou mais forte. Alguns viviam insinuando que estávamos namorando, mas então Jungkookie ria e afirmava sermos melhores amigos. Para ele era algo inacreditável. Talvez a culpa também fosse minha por passar tanto tempo sem admitir para ele o que sinto de verdade.

Disse para mim mesmo que era hora de desistir de amá-lo e seguir em frente, mas tudo ia água abaixo quando olhava para o seu sorrisinho. Agora ele também me abraça com mais frequência e se torna cada vez mais difícil negar tudo. Tanto meus amigos quanto meus pais insistem que agora é a hora para me declarar, mas posterguei por tanto tempo que sinto medo toda vez que tento, desistindo no final.

— Hyung! — ele me chamou e eu despertei do meu mundo dos sonhos — De novo sonhando acordado. Ouviu alguma coisa que disse?

— Sinto muito, Kookie. — abracei seu braço e descansei a cabeça no seu ombro — Eu ando bem cansado esses dias.

— De novo não conseguiu dormir? — concordei com a cabeça; mal ele sabe que é o dono da minha falta de sono — Será que não é melhor ir no médico?

— Está tudo bem, pelo menos consegui dormir um pouco antes de vir para as aulas. Agora seja um bom amigo e se torne meu travesseiro.

— Mimado!

— Só com você.

Ele ajeitou a sua postura para que ficasse mais confortável para mim e eu me permito fechar os olhos, concentrando no seu cheirinho de hortelã com canela. Canela. Canela era o cheirinho doce que antes me era desconhecido. Só fui descobrir após perguntar a ele e, meio constrangido, o dono do cheirinho gostoso me responder. Jungkook disse que não gosta muito porque ele tem os genes dos lobos correndo em suas veias e cheiros doces lembram os ômegas.

Eu briguei feio com ele por ter dito algo tão machista, mas Jungkookie me explicou que, apesar de ser um híbrido de coelho, é também um alfa graças ao genes da sua mãe. Mesmo assim continuei conversando e ele se desculpou com as orelhinhas caídas, desarmando qualquer pose de durão que ainda restava em mim.

"Não é que eu odeie os ômegas, só sinto como se fosse um erro da natureza por ter esse cheiro adocicado quando deveria ser mais forte e masculino", ele disse enquanto suas bochechas ruborizavam um pouco.

Se ele fosse realmente um alfa típico, o odiaria com todas as forças! Mas acho que ele não lembra como agia tímido e corria de mim, coisa que alfas idiotas não fazem. Eles iriam me confrontar e se sentirem ofendidos, mas meu Jungkookie é diferente.

— Você está no mundo da lua de novo, hyung.

Olhei para ele e sorri. Eu andava cada vez mais aéreo e isso é por conta de pensar demais. Lembro de todos os tempos ao seu lado e as tentativas de aproximação, colocando na balança qual a melhor opção: se é continuar para sempre na friendzone e não me arriscar a perder tudo o que consegui ou arriscar e ter a chance de nunca mais poder estar perto dele. É uma faca de dois gumes que pode me machucar muito.

— Eu ando pensando em tanta coisa que no final me perco um pouquinho. Desculpa.

— Não precisa se desculpar. Não quer mesmo compartilhar o que tanto te incomoda? Eu quero te ajudar, é o que melhores amigos fazem, não é?

E lá vamos nós com essa história de melhores amigos.

Jungkook veio para minha casa após as aulas e passaria todo o final de semana aqui. Meus pais, no começo, não gostaram muito porque sabiam que eu prezava a nossa amizade e por conta disso não digo o que sinto, mas entenderam depois de muito conversar que eu me sentiria pior se ele se afastasse. Eu esperava que a nossa amizade se fortalecesse mais para que ele não possa me rejeitar.

Nos tornamos inseparáveis ao longo dos meses e fazemos quase tudo juntos. A hora de contar meus sentimentos já havia passado, mas ouvi-lo perguntar sobre o que se passa na minha mente por quase todos os dias me faz querer dizer tudo.

— A-acho que é algo que você não pode me ajudar, Kookie.

— Como pode ter tanta certeza? Eu não quero te ver mais triste. — ele segurou na minha mão e meus olhos se arregalaram um pouco — O que foi? Achou mesmo que não iria perceber? Toda vez que estamos juntos você parece triste. Eu sou a causa?

Engoli em seco.

— C-claro que não. Estar com você é o motivo dos meus sorrisos.

— Pois não parece. — suas orelhas abaixaram e eu imediatamente as acariciei — Sei que você e o Tae são amigos há mais tempo que nós, mas gostaria que confiasse em mim também.

— É complicado. Eu quero te contar, mas tenho medo.

— Eu não vou te julgar, Jimin.

Seus olhinhos brilhantes me encaravam com tanta esperança que as palavras pareciam se agitar na garganta para saírem. Eu não aguentei e decidi que poderia contar, mas de outra forma.

— Okay. Você promete não fugir quando souber da verdade?

— Estou ficando com medo. Quem você matou? E eu vou ser o próximo? — fiz bico de repreensão — Desculpa. Eu prometo, afinal melhores amigos não abandonam nem em situações difíceis.

Meu coração se apertou mais.

— T-tem uma pessoa que ama muito alguém, sabe? — ele ficou quietinho para ouvir o que digo, respondendo apenas com um "hm" — Ele gosta do melhor amigo e não sabe como contar. Tem medo de acabar com a amizade. Ele quer contar, namorar com essa pessoa, segurar na mão e as entrelaçar... Mas tem muito medo. — sua expressão atenta não mudou e Jungkookie não percebeu que falei sobre ele. Não posso mentir e dizer que não é um pouco frustrante — O-o que você faria?

— Eu não sei. Entendo o medo desse seu amigo, mas também acho que ele poderia contar. E se a pessoa que ele gosta também gosta dele? Pode ser que... — então ele parou de falar e seus olhos se arregalaram — Espera! É sobre você, não é?

Engoli em seco antes de concordar apenas com a cabeça.

Seus olhos foram de mim para todos os lugares ao nosso redor, não voltando mais para mim. Suas orelhinhas estavam em pé e os lábios tremeram um pouco antes de se juntarem em uma linha reta. Era o fim! Ele estava fazendo uma carinha triste e eu soube que seria rejeitado.

— Hyung. — sua voz saiu baixa e eu me segurei para não desmoronar no choro — Há quanto tempo?

— E-eu não tenho certeza, acho que desde o começo do ano passado. — apesar da minha voz ter saído mais como um sussurro, sabia que tinha ouvido

— Por que nunca me contou? Você o ama por tanto tempo, hyung! A-acho que poderia ter te ajudado.

"O ama"? "Ajudado"?

— C-como assim? Ajudar com o que?

— A se declarar para o Taehyung, o que mais seria?

A minha mente ficou branca e a única reação que tive foi rir. Gargalhei e chorei na sua frente. As lágrimas começaram a descer pela bochecha e o riso foi parando aos poucos, tudo acontecendo sobre a supervisão do seu olhar confuso. Meu coelhinho perguntou sobre o choro e tentou me abraçar, mas pela primeira vez o neguei.

Eu não poderia mais suportar seus abraços sem que ele soubesse da verdade. Aqui, neste exato momento, é o máximo que pude aguentar esconder tudo o que sempre quis explodir como confetes coloridos. Não posso continuar mentindo para mim e me machucar mais ou tudo o que vivi ao seu lado pode se transformar em uma grande mentira. Mesmo que no final ele me dispense e diga que nunca me amou, eu pelo menos poderei estar com a consciência de que o amei até o fim.

— Eu amo o Taehyung, Jungkookie, mas apenas como um irmão que nunca tive. Crescemos juntos e eu sei todos os seus segredos, que nem você e os namorados sabem. A gente até brincou uma vez que nunca iriamos nos apaixonar por alguém parecido com a nossa personalidade porque conhecemos o podre de cada um. A pessoa que amo não é ele, é você.

Seu silêncio foi horrível. Pior que o silêncio foi ver as sobrancelhas se enrugarem e depois abrir a boca algumas vezes sem conseguir pronunciar uma única palavra. Acabei por me resignar em receber o "não te amo" como resposta, aguardando o momento que ele me deixaria sozinho e eu pudesse chorar tudo o que precisava. Só não estava esperando pelas orelhinhas abaixando bem devagar e seu rosto se aproximar do meu, encostando nossos lábios por um único segundo.

Um único selinho que não deu nem pra gosto.

Foi tão repentino que a ponta dos dedos foram aos meus lábios como se precisasse confirmar se havia sido real.

— J-Jungkookie?

— E-eu também gosto de você, hyung. — ele fica tão fofo com as orelhinhas caídas; ainda por cima não consegue me olhar, o rosto mostrando total vergonha da situação — Nunca achei que pudesse gostar de mim.

— Como assim?! E todas as vezes que te encho de beijinhos, abraços e peguei na sua mão? Ou das vezes que dizia te amar tanto ao ponto de explodir?

— Mas você é carinhoso com todo mundo, não tinha como eu saber.

— Eu não seguro a mão de ninguém e nem dou beijinhos nas bochechas como faço com você. — ainda um pouco tímido, a ponta dos meus dedos começou brincar com a sua mão até que estivessem entrelaçadas — E-eu sempre gostei de você. Muito, meu coelhinho, mas achava que seria recusado. Nunca vi sinais de que gostava de mim além da amizade e você sempre reforçou que somos melhores amigos, então eu achei que-

Ele me deu outro selinho e ficou com as testas encostadas. Eu posso explodir?

— Eu comecei a gostar de você desde que nos aproximamos. — seus olhinhos prendiam os meus de uma forma que conseguia me perder neles. Não pude deixar de esfregar os nossos narizes — Eu te mal compreendi por tanto tempo e quando te conheci de verdade, todas as minhas estruturas se tornaram desarmadas por cada ação sua. Ninguém nunca me deu tanto carinho e muito menos me aceita do jeitinho que sou como você. Quando menos percebi, estava te amando e achando tudo uma loucura porque na minha cabeça você só estava sendo carinhoso e me tratando como um bom amigo.

— Eu sentia ciúme dos híbridos da nossa sala, que riam com você e passavam a mão no seu cabelo. — admiti com um pouco de receio — Desejei por muito tempo ser o Namjoon para podermos conversar como vocês faziam. Eu também invejei um pouco a sua relação com Yoongi e o Tae, porque ambos eram seus amigos e eu não. Então o Tae disse que eu poderia ir mais devagar nas minhas atitudes e acabou que deu certo. A nossa amizade cresceu e nos tornamos inseparáveis. Eu achava que me declarar a você o faria fugir de mim como no ano passado e tive medo de tudo o que vivemos nos últimos meses se tornar um lindo sonho.

— Eu também tive medo de estar entendendo sinais errados e por isso sempre achei que suas atitudes carinhosas fosse por conta da nossa amizade. — ele fechou os olhos e sorriu — Estou feliz que a gente se esclareceu. — voltou a abrir os olhos — Eu te amo, hyung.

Puta merdaaaaa!

Alguém me belisca que isso daqui deve ser mais uma das minhas ilusões loucas que sempre me faz ficar triste à horas por não ser verdade!

Só que era a mais pura verdade porque ele tomou a iniciativa de também esfregar as nossas pontas dos narizes e sorrir daquele jeitinho que o seu olho quase fecha totalmente. Alguém me ajuda, o coração está doendo. Não é infarto, mas é como se fosse um.

— Eu te amo, meu Jungkookie. Muito, muito, muito! — passei os braços pelo seu corpo e o abracei com força — Por favor, nunca me acorde desse sonho, meu coelhinho.

— Eu também não quero acordar desse sonho, nunca mais. — seu risinho fofo me fez rir junto, o meu rosto escondido no seu pescoço aproveitando seu cheirinho gostoso

— Mas Jungkookie... — afastei o rosto sem soltá-lo — E-eu tenho que admitir uma coisa que fiz sem você saber.

— O que?

— É-é sobre o anel que pedi para usar no indicador, o que te dei no Natal. — ele levou a mão para perto do rosto e olhou do objeto para mim — E-eu te fiz usar nesse dedo por um motivo oculto. Porque eu sabia que você não desconfiaria... — queria me esconder debaixo das cobertas por pura vergonha — O-o noivo judeu, quando casa, coloca o anel no dedo indicador da mão direita da noiva. E-eu quis sentir que tínhamos uma ligação sem você saber. Desculpa por não ter te contado o real motivo.

Ele voltou a olhar para o anel e depois abriu um grande sorriso. Meu Jungkookie é tão lindo!

— Eu também tenho que admitir uma coisa, hyung. — tocou a orelha com o brinco e foi então que percebi a ponta ficando um pouco vermelha. Ele estava ficando envergonhadinho, ti nenê — O-os híbridos de coelho nunca furam as orelhas se não estão comprometidos. Compartilhar um brinco é como estarmos namorando. — suas bochechas estavam mais vermelhas — Eu não fui o único que escondeu as intenções, não é?

Rimos juntos e voltei a esfregar os nossos narizes antes de enche-lo de selinhos, feliz demais para esconder tudo dentro do meu peito.

Depois de muitos minutos agarradinhos, mimos e contar a novidade aos meus pais, liguei para Taehyung para contar algo que não esperava dizer tão cedo. Ou melhor, estava perdendo as esperanças. Quem atendeu foi o gatinho azedo do Yoongi, pedindo para deixar seu namorado em paz, mas não me importei muito. A novidade era muito mais importante do que me estressar com o híbrido rabugento.

— Tae, queria deixar claro que a operação "coelho fora da toca" está oficialmente encerrada. — sorri para o meu coelhinho, que me olhava sem entender. Eu teria o maior prazer de explicar tudo mais tarde — Eu consegui o meu coelhinho e pretendo dar muito mais amor e carinho! Finalmente tenho o passe livre para as suas orelhinhas e seu coração!

Fim.

____________
Se você chegou até aqui, então parabéns por conseguir ler tanta boiolice KKKKKKKKK
A diabete vem, meus queridos! 😂
Ela já está postada no Spirit, okay?
E eu comecei a escrever o extra porque fiquei muito apaixonada por esse Jikook fofinho que não resisti kkk (sim, a autora se apaixonou pela própria história 🤧🤡🤡)
Muito obrigada por lerem e até o extra!
Beijos de morango 🍓

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