All I Know

By Semiharmonizer

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Parecia que iria ser simples. Afinal, elas se amam. O amor deveria ser sempre o suficiente, não é? Então, por... More

Prólogo.
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21 - epílogo

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By Semiharmonizer

HEEEEEY ESTRELINHAS AAAA

como vocês estão durante esse isolamento, como estão se sentindo? se precisarem conversar gente me chamem por aqui ou no twitter ou no instagram, sintam-se a vontade ok? amo vocês e não é porque não podemos sair que não estamos juntos e unidos ok?

sendo assim, aproveitem o capitulo. amo vocês. 

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Pov Karla Camila Cabello-Jauregui Iglesias-Vives

Os pré adolescentes estavam juntos na garagem dos irmãos Mahone-Hamilton, uma caixa de pizza pela metade ainda estava aberta e jogada em uma pequena mesa, junto com latas de refrigerante e pacotes de doces. A bateria ainda nova, de poucos meses atrás, era batucada pelo garoto magricela que parecia distraído. Sua irmã estava sentada no sofá com uma guitarra em mãos, parecendo tentar tocar uma música desconhecida para os outros dois ali.

Enquanto isso a latina tinha seus longos cabelos em um rabo de cavalo, em pé escorada na parede oposta, o violão firme em suas mãos e seguro por seu ombro, ela tocava as mesmas notas que havia passado as últimas três noites tentando tocar.

— Nós precisamos de um nome — Austin lembrou, com uma breve careta — Que tal...

— Não vamos nos chamar "Austin e as garotas" — Normani o interrompeu, sem nem sequer erguer seu olhar.

— Ok, Ok, mas e se formos...

— Não, também não vamos nos chamar "Austin" — Camila o cortou, rindo ao vê-lo bufar — Sem nomes pessoais na banda, vai que a gente briga e você foge da banda — deu ombros, sem se importar com o olhar chocado.

— E desde quando a gente briga? Quer dizer, exceto quando você rouba meus bonés — o garoto resmungou, fazendo as duas rirem — Mas a gente precisa de um nome!

— A gente nem música tem pra tocar — Normani reclamou, rolando os olhos.

— Hm, sobre isso — Karla começou devagar, se sentando ao lado da melhor amiga — Eu meio que comecei a escrever uma.

— Pra Kat? — Mani questionou curiosa, fazendo uma careta assim que sua amiga desviou o olhar — Ah não! Você não fez uma música pra aquela imbecil! Ela te xinga todo santo dia, as vezes te empurra e te derruba no chão, acerta várias bolinhas de papel em você e você me faz uma música pra aquela idiota?

— Quando você coloca dessa forma né — Camila resmungou, coçando a cabeça — Ela só é, hm, mal informada? Ela tem péssimos pais — defendeu, mesmo sabendo bem que aquelas não eram desculpas para o comportamento da garota de sua turma.

— Não acredito nisso — Normani murmurou, deixando sua cabeça cair dramaticamente no encosto do sofá.

— Pelo menos ela não fala mais que as bolinhas são um símbolo do amor e que a jauregui não tem coragem de chegar nela — Austin provocou e Camila sentiu suas bochechas esquentarem.

— Foi uma vez só! Até quando vão me atormentar com isso? — reclamou, mas tudi que seus amigos fizeram foi rir — E a música, na verdade, é justamente sobre eu saber que ela não é legal — explicou, finalmente chamando a atenção dos outros dois — E eu gosto da Katty ok? Ela é basicamente a única pessoa naquela escola, além de vocês, que é legal comigo. Então é óbvio que eu já escrevi algumas coisas pra ela também.

— Tá bom Mila, mostra pra gente a primeira então — Mani pediu, já se ajeitando melhor no sofá, junto com sua guitarra.

— Tá, mas preciso da ajuda de vocês pra terminar — Camila avisou, antes de tocar os primeiros acordes que estavam presos em sua mente desde que viu a garota de olhos verdes sorrir com as amigas.

(...)

Encarei o teto do quarto, meu violão em meus braços enquanto eu tentava me lembrar os acordes da música quase esquecida, quase rindo pela lembrança que invadiu minha mente essa manhã. Eu tinha minha cabeça deitada nas coxas de minha esposa, com ela sentada devidamente na cama, a atenção voltada ao tablet em suas mãos, sem se importar com o dedilhado das cordas do violão.

you're not a good girl — sussurrei a letra antiga, sorrindo ao me recordar da melodia — but how you have this, hm não era assim — reclamei, batendo levemente nas cordas.

— O que está tocando? — Lauren perguntou e ergui meu olhar em sua direção.

— É uma música velha, a primeira que escrevi com Austin e Normani — expliquei, voltando a tocar as cordas tranquilamente — Foi pra você, na verdade — contei, notando seus olhos surpresos.

— O quê? Mas você tinha essa banda com eles bem antes da gente namorar — ela lembrou sabiamente e eu ri enquanto concordava.

— Sim, eu sei. Mas eu sempre tive uma quedinha por você — admiti, rolando meus olhos pelo sorriso convencido em seu rosto — Eu devia ser masoquista, só pode — brinquei, a fazendo acertar meu braço enquanto resmungava.

– Sobre o que é a música? — perguntou curiosamente e me sentei na cama, para a encarar melhor.

— Sobre uma crush nessa garota que não era legal comigo — respondi, a vendo erguer a sobrancelha.

— Posso ouvir? — pediu, com um entusiasmo que me deixou confusa — É basicamente a primeira música que escreveu e foi sobre mim, me deixa ouvir — insistiu, o que me fez suspirar rendida.

— Isso é, se eu me lembrar de tudo. Vou tocar a versão acústica simples — avisei logo de cara porque não me lembrava como adicionamos guitarra e bateria aquilo — Hm, começa assim.

Ajeitei o violão em meu colo, tocando o dedilhado suave e me recordando um pouco da letra

I don't know why
(eu não sei porque)
you're pulling me down
(você me coloca pra baixo)

comecei devagar, franzindo um pouco pelo som da minha própria voz, fazia um tempo que eu não cantava assim.

I know that's not right
(eu sei que isso não é certo)
so you can, please, tell me how
(então você pode, por favor, me dizer como)
I keep thinking about you being mine?
(eu continuo pensando sobre você ser minha?)

Notei Lauren erguer a sobrancelha mais una vez, aparentemente achando graça da letra daquela música.

you're not a good a girl
(você não é uma boa garota)
but how you have such a nice smile?
(mas como você tem um sorriso tão bonito?)

Minha esposa riu sobre aquele trecho, rolando os olhos e tenho certeza que a vi sussurrar um "é, masoquista".

your smile it's so good when you're playing
(seu sorriso é tão bom quando você está jogando)
but you hurting me so well with your saying
(mas você está me machucando tão bem com seus dizeres)
you're not a good girl
(você não é uma boa garota)
but please be good for me
(mas, por favor, seja boa pra mim)

Murmurei o final da música e dessa vez Lauren suspirou parecendo pensar no que dizer.

— Como você sequer gostava de mim? — ela questionou desacreditada, o que me fez rir.

– Era só uma crush boba naquela época porque seu sorriso era bonito demais — contei, gostando de como a vi rir — Mas não é que no final das contas você foi até boa demais pra mim – sussurrei, deixando o violão de lado para me aproximar dela.

— Talvez se tivesse cantado assim pra mim antes — ela brincou antes de me deixar beijar seus lábios com carinho — Mas ei, toca mais um pouco — pediu quando me afastei.

— Nem sei direito mais — soei divertida, me sentando novamente — Só estava lembrando músicas antigas — expliquei dando de ombros.

— Qual foi a segunda? — Lauren perguntou em curiosidade.

— Você não vai querer ouvir — ri comigo mesma, notando seu olhar confuso — Foi para uma garota que eu gostava na mesma época, com quem tive meu primeiro beijo — contei e dessa vez ela tinha olhos surpresos.

— Quero ouvir! – praticamente mandou, o que me fez rir mais uma vez — Vai, isso foi há vinte anos atrás, só canta.

— Tudo bem – cedi, puxando o violão para meu colo — Era algo como — murmurei, tocando as cordas com mais suavidade.

You're so beautiful, Katty
(você é tão linda, Katty)
when you're laughing for my jokes
(quando está rindo das minhas piadas)
You're so beautiful, Katty
(você é tão linda, Katty)
on your cute uniform
(no seu uniforme fofo)

Cantei baixo, e me surpreendi pelo sorriso leve no rosto da minha esposa.

You're so beautiful, Katty
(você é tão linda, Katty)
so can you hold my hand?
(então, você pode segurar minha mão?)
and then we could dance
(e então poderíamos dançar)

I'll invite you to the prom
(te convidaria para o baile)
and you'll tell your mom
(e você diria a sua mãe)
cause katty
(porque katty)
I want you so
(eu te quero tanto)

Finalizei a música, colocando novamente o violão do meu lado, tentando entender a feição de Lauren.

— Você cantou essa música pra ela embaixo da arquibancada depois do jogo de softball que perdemos a semi final — Lauren disse e eu arregalei meus olhos porque não era uma questão, era uma afirmação — Acho que na semana anterior as líderes perderam alguma competição — deu ombros.

— Como sabe disso!? — questionei em confusão.

Porque eu me lembro de puxar Katherine pela mão até debaixo das arquibancadas para ficarmos sozinhas. O campo já estava vazio após todos saírem abalados pela derrota. Lembro de cantar a música para Katherine pela primeira vez, seus olhos tristonhos foram o necessário para eu ter coragem de admitir que gostava dela e a queria ver feliz.

Tivemos nosso primeiro beijo ali mesmo depois que terminei de cantar. E no mesmo dia nos beijamos atrás do carro de sua mãe, tia Andrea nos viu e alguns dias depois contou para minhas mães. Depois de toda bagunça que minhas mês fizeram para me fazer contar, acabei dizendo apenas sobre o beijo no estacionamento. O primeiro havia sido tão íntimo que queria apenas guardar para mim.

— Porque eu ouvi — Lauren respondeu, me deixando mais confusa — Eu voltei pro campo quando todos saíram porque queria ficar sozinha, vi você puxando a ruivinha das líderes. Segui vocês porque, bem, eu queria me divertir um pouco e pensei em, sabe, ser a babaca que eu era — confessou, o tom mais envergonhado — Nossa faz tanto tempo, não lembro porque não interrompi assim que te vi cantando, acho que porque te achei fofa ali — admitiu, sem conter a risada, negando com a cabeça.

— Espera, mas nesse dia você jogou um copo cheio de suco de morango em mim — murmurei, ainda sem entender.

— Você lembra o sabor, Camila!? — Lauren riu e senti minhas bochechas corarem.

— Eu sei porque manchou minha blusa e eu peguei uma de frio com a Kat pra esconder a minha, e nós nos beijamos a segunda vez atrás do carro da mãe dela antes dela dizer que eu não precisava devolver — contei, vendo minha esposa negar com a cabeça sorrindo.

— Eu vi vocês se beijando debaixo da arquibancada e fiquei irritada – explicou, soltando um suspiro em seguida — Eu não entendi na época, mas agora eu sei que eu fiquei com ciúmes e definitivamente não soube lidar.

Arregalei meus olhos pela nova informação. E não evitei meu sorrisinho convencido.

— Acho que você também não resistia ao meu sorriso né — provoquei, rindo quando ela tacou a almofada em mim — Isso é tão estranho — comentei, me aproximando mais, me sentando entre suas pernas, a sentindo abraçar minha cintura — O que poderia ter acontecido, né? Se tivéssemos sido amigas no parquinho, ou se você tivesse entendido seus ciúmes — sussurrei, deitando minhas costas em seu peito – Se eu não tivesse sido uma estúpida — completei com um humor mais pesado.

Minha esposa suspirou contra minha nuca.

— Não estaríamos aqui — Lauren disse baixo — Cada pequena coisa, cada alegria ou estupidez nos trouxe exatamente para onde estamos — ela lembrou, seus dedos percorrendo meu abdômen por debaixo do meu pijama — Com você nos meus braços e um filho que vai acordar a qualquer segundo — sua voz soou divertida no final, o que me fez rir — E eu gosto de onde estamos.

— Mesmo? — virei meu rosto, genuinamente surpresa e interessada.

— Mesmo, Camz — concordou, deixando meu apelido sair facilmente de seus lábios — Eu gosto de onde estamos — repetiu, deixando um beijo suave em minha boca — E quanto a você?

— É o melhor lugar do mundo, aqui — concordei, com meu rosto ainda próximo ao dela — Mas, andei pensando, e acho que vou aceitar a proposta da minha mãe – comentei, notando o olhar orgulhoso de minha esposa.

— Isso é ótimo, Camila. Vocês podem fazer um trabalho incrível — Lauren incentivou, me fazendo sorrir enquanto eu deitava novamente em seu peito.

— Eu vou fazer certo, vou definir meus horários, fazer um cronograma e tudo mais — deixei claro, encontrando sua mão em minha barriga e entrelaçando nossos dedos — Quero fazer essa pesquisa mas não quero sacrificar nada por isso, talvez apenas horas dentro da cirurgia mas só e não muito, eu gosto de operar — comentei, ouvindo o som nasal que me indicava que Lauren concordava comigo, mas queria ter certeza — O que acha?

— Que eu sou casada com um gênio e isso meio que bagunça minha cabeça, não tô acostumada — ela brincou, rindo quando acertei um tapa em seu braço — Ei, quem era terrível no ensino médio era você, não me julgue!

— Eu era gênio incompreendido — me defendi, mas ri por aquilo também — E sua série, como anda?

— Definiram os atores, alguns nomes aparentemente legais mas que me senti estupidamente velha por não conhecer praticamente nenhum — ela riu e eu lhe acompanhei, negando com a cabeça — Quer dizer, eu conhecia a protagonista de algum vídeo que sua cunhada estava vendo um dia desses.

— É, qualquer coisa que fico curiosa sobre cultura pop recorro a Beatrice — admiti risonha — Lado bom da minha irmã namorar uma garota mais nova.

— Aí Camila, larga disso, ela nem é tão mais nova — Lauren comentou e eu me limitei a dar ombros — Hm, que horas você vai sair?

— Um pouco mais tarde — respondi, movendo meu corpo para ficar de frente com minha esposa, meus joelhos batendo no colchão — Ainda posso aproveitar um tempo com você — sugeri, inclinando para frente e beijando seus lábios com carinho.

Senti minha esposa um pouco afoita entre o beijo e sorri, deixando minha língua encontrar a sua enquanto aprofundava nosso contato. Quando o ar se fez necessário, desci minha boca por seu corpo, tendo uma leve ideia em minha mente, aproveitando que ela estava sentada com as pernas abertas.

Fui me abaixando devagar, deixando minhas mãos adentrarem a blusa cinza de seu pijama, levantando cuidadosamente, deixando seu abdômen acessível, onde eu comecei a beijar lentamente, quase suspirando por saudades de tocar no corpo da minha esposa. Eu já tinha uma mão na barra de seu short quando ouvi seu celular tocar.

— Opa! — Lauren me empurrou rapidamente, quase pulando para fora da cama.

— Argh sério? – reclamei frustrada, me jogando dramaticamente na cama e a vendo apenas dar de ombros enquanto atendia o telefone.

Acho que eu poderia estar nua, me masturbando na cama, e se Lauren entrasse iria apenas me empurrar e deitar do lado e continuar a prestar atenção em seu celular.

Balancei a cabeça notando que era uma ligação do trabalho, então me levantei da cama, decidindo ir para o banho. Tomei uma ducha rápida, sem paciência para lavar meu cabelo e quando saí, ainda de toalha, minha esposa ainda estava na cama com o celular no ouvido e um tablet em mãos. Conforme minhas suspeitas, passei em frente a cama e Lauren não se deu ao trabalho nem ao menos de erguer o olhar.

Deixei aquilo pra lá, puxando algumas roupas simples já que eu apenas iria sair para ver Austin e Normani.

Quando voltei para o quarto, franzi ao notar que Lauren já havia ido ao chuveiro. Dei de ombros, saindo do quarto e soltando um suspiro ao ver que Dimitre estava tentando - discretamente - abrir a grade que o impedia de descer a escada. Arregalei os olhos ao ver que agora ele tentava escalar a grade.

— Garoto, você vai cair! — avisei, o puxando para cima.

— Quero descer — Dimmy disse como se fosse uma explicação plausível para pular a escada.

— Da próxima vez chame sua mommy ou eu — pedi, abrindo a grade e descendo os degraus com ele no colo e só o colocando no chão ao chegarmos na sala.

— Posso fazê sozinho — meu filho resmungou, marchando para cozinha.

Ergui a sobrancelha, ainda faltavam cinco meses para ele fazer quatro anos e ele já estava assim?

Neguei a cabeça, entrando rapidamente na cozinha antes que ele destruísse algo. Assim que entrei tive que impedir duas caixas de cereal que caíssem, acabei rindo baixo. Ajudei meu filho a colocar seu café da manhã e enquanto ele comia, decidi fazer um pouco de café.

Foram mais alguns minutos até que minha esposa descesse devidamente vestida. Ergui minha sobrancelha pela roupa casual e a bolsa nos ombros.

— Consegue levar Dimitre com você hoje? — perguntou distraída enquanto se movimentava pela cozinha, enchendo uma xícara de café.

— Posso, sem problemas — dei de ombros — O que houve? Achei que fosse ficar em casa hoje.

— Eu iria, mas nossa advogada acabou de ligar, preciso assinar mais coisas sobre a série e eles estão fazendo testes hoje para os últimos personagens — contou, o que me fez erguer a sobrancelha — Personagens como os ex da protagonista — deu ombros e eu ri por saber a quem aqueles se referiam — Então me querem lá porque querem decidir isso ainda hoje — explicou rapidamente, pegando uma maça na fruteira antes de beijar o rosto de nosso filho — Eu estarei de volta para o jantar — prometeu ao parar em minha frente, acabei sorrindo.

— Escolha bons atores para serem os indesejáveis, eles já vão estar interpretando personagens odiados, não precisam levar xingamentos por serem ruins também — brinquei, a fazendo rir e negar com a cabeça enquanto eu me esticava até a fruteira e pegava uma banana — Vai lá, mas leva mais uma — pedi, lhe estendendo a fruta e a vendo sorrir levemente enquanto aceitava — Boa sorte — desejei, deixando que me beijasse os lábios rapidamente.

Observei minha esposa sair da cozinha e voltei a atenção a Dimitre, soltando um suspiro que ele havia deixado cair o iogurte no chão. Neguei com a cabeça, o deixando continuar a comer enquanto eu limpava a sujeira distraidamente. Comi alguns biscoitos com um copo de suco antes de ter de tirar meu filho dali.

— Ok, hoje nós vamos na casa das tias DJ e Mani — avisei, enquanto o ajudava a subir as escadas.

— Por quê? — ele perguntou curioso, tendo um pouco dificuldade nos últimos degraus.

— Porque a mama vai conversar com a tia Mani e o tio Aus — expliquei da forma que podia, o guiando até seu quarto.

— Tio Aus? — Dimitre virou a cabeça confuso, se sentando em sua cama enquanto eu abria seu closet.

— O irmão da tia Mani — respondi despreocupada, pegando uma muda de roupas.

— Mas mama, por quê? — sua voz soou ainda mais confusa quando voltei ao quarto e o vi tirando a roupa para o banho.

— Por que o quê, filhote? — questionei sem entender, o empurrando para o banheiro — Chuveiro hoje, ok? — avisei, abrindo o box e o fazendo entrar.

— Por quê falar com ele? Mommy diz que você não fala com ele — Dimitre deu ombros e eu suspirei, me abaixando em sua altura para o ajudar com o banho.

— Austin e eu brigamos alguns anos atrás, buddy. E não nos falamos por muito tempo — expliquei simplesmente, ainda vendo seus olhos confusos — As vezes, machucamos pessoas com quem a gente se importa, filho.

— O quê? Mas por quê, mama? Não pode! — Dimitre disse incrédulo, o que me fez sorrir por sua inocência.

— Porque quando a gente cresce, as coisas começam a parecer mais difíceis — contei entre um suspiro — Ei ei, lava atrás das orelhas vai — mandei, assim que ele tentou já sair do banho — Enfim, quando crescemos começamos a pensar em muitas coisas, e tudo isso nos confunde e fazemos besteiras porque ninguém sabe ao certo muito bem como seguir com sua própria vida. Consegue entender?

— Não muito — meu filho admitiu, o que me fez rir baixo.

— Significa que machucamos outros sem querer — resumi, dando de ombros — Austin, Normani e eu fizemos isso — completei.

Deixei de lado que também fiz isso com a mãe dele.

— Machucamos uns aos outros — contei, dando o banho como finalizado antes que ele conseguisse me molhar e o enrolei na toalha.

— Mama, Aus te machucou? Mas ele nem pode andar — Dimitre comentou confuso assim que o coloquei na cama.

— Hm, não foi algo que ele fez, foi o que disse. As vezes nossas palavras podem machucar muito mais que nossas ações, Dimmy — o respondi enquanto ajudava a se vestir corretamente, sorrindo por como ele já tinha um pouco mais de coordenação.

Mesmo que ainda vestisse a blusa ao contrário.

— Mama, se tio machucou porque fala com ele? — questionou ainda mais confuso e eu sorri em sua direção, vendo seus olhos castanhos buscando entendimento. 

— Porque ele se desculpou, Dimi. Significa que ele se arrependeu e eu o perdoei — admiti sincera — Sabe o que significa perdoar? — perguntei, o vendo negar com a cabeça lentamente — Quer dizer que eu deixo de ter magoa sobre algo que alguém me fez. Nesse caso, significa que eu deixo pra lá que Austin me machucou, porque ele se arrependeu. Ele se sente mal pelo o que fez — tentei explicar, mas Dimitre parecia ainda mais confuso — Ok, lembra quando sua mãe não te deixou ver televisão e você gritou com ela?

— Não queria deixar a mommy mal — ele se agitou, quase sem me deixar o vestir.

— Eu sei, e você se sentiu mal e até pediu desculpas, não foi? — lembrei, o vendo assentir brevemente — Então mommy te perdoou e vocês ficaram bem. Austin e eu também queremos ficar bem — completei, finalmente tendo um aceno de compreensão.

— Então vamos logo, mama! — Dimitre pulou da cama, completamente vestido, já saindo do quarto.

Ri comigo mesma antes de o seguir para fora. Peguei as chaves do carro e meus documentos no caminho, lembrando de pegar meu violão também e ir para a garagem. Verifiquei duas vezes se havia colocado meu filho na cadeirinha corretamente antes de sentar no banco do motorista e sair de casa.

Não demorei muito até estacionar em frente a casa de Normani, saindo do carro e ajudando Dimitre a descer e então colocando meu violão nas costas. Uma leve sensação de familiaridade me atingindo, de como eu estacionava na frente da casa dos pais dos dois e entrava diretamente na garagem com um violão parecido nas costas. Exceto que agora eu tinha um filho que corria na minha frente e estava entrando pela porta principal.

Toquei a campainha e não evitei o riso leve assim que ela abriu e tive a visão de Normani tentando acalmar Seth.

— Aparentemente fomos deixadas com as crianças — ela disse com bom humor enquanto me deixava entrar em sua casa — Hey Dimmy — bagunçou os cabelos do meu filho, que eu tinha praticamente acabado de arrumar.

— Oi Mani e oi principizinho da tia — murmurei, me controlando pra não beijar o rosto todinho daquele bebê — E sim, Lauren teve compromisso então Dimitre está comigo. Qual sua desculpa? —perguntei enquanto adentrávamos a sala.

— Dinah disse que precisava de um dia longe da gritaria — deu ombros e eu acabei rindo levemente — E aí, Austin — cumprimentei, o vendo sentando no sofá confortavelmente, já com um teclado no colo.

— Oi Mila — sorriu em minha direção antes de descer o olhar até meu filho que estava parado aparentemente sem saber o que fazer.

Ele não costumava falar com Austin, até porque meu amigo nunca estava a dois metros de mim ou de Lauren nos últimos anos. Fiz uma careta ao lembrar que ele não apareceu nem quando meu filho nasceu. Normani estava lá, mais por Lauren do que por mim mas ainda assim estava.

— E aí campeão — Austin o cumprimentou com um largo sorriso — Sua mãe já te ensinou a tocar? — apontou para o teclado, chamando a curiosidade de Dimitre.

— Não, ocê sabe? — meu filho o encarou em dúvida.

— É claro que sei, vem cá. Eu te ensino — chamou animado, o que bastou para que Dimitre corresse e se sentasse ao seu lado, prestando atenção no que mais velho dizia.

Acabei sorrindo pela cena enquanto tirava meu violão das costas e o deixava na poltrona do outro lado, deixando os meninos conversarem entre si. Me virei para Normani que também tinha um sorriso nos lábios. Era mais fácil para mim entender que, apesar de tudo, eu sabia o quanto aqueles dois sentiram minha falta e como gostariam que voltássemos a sermos família.

— Cadê a Z? — perguntei enquanto já me ajeitava na poltrona e colocava o violão em meu colo.

— Saiu junto com a mãe dela, queria comprar alguma coisa no mercado. Mas já deve voltar — Mani deu de ombros, ainda em pé balançando o filho que parecia começar a dormir — O que está ensinando a ele? — encarou o irmão, que agora deixava Dimitre tocar algumas teclas.

— As notas simples — Austin deu ombros, comemorando rapidamente quando Dimitre acertou as três primeiras sozinho — Eu tenho um excelente aluno!

Meu filho riu, batendo palmas animadamente e me fazendo rir. Me escorei melhor na poltrona, tocando as mesmas notas que Austin lhe ensinou, chamando a atenção do pequeno que me encarou, um pouco mais curioso com o som do violão.

— É diferente, mama — Dimitre disse, descendo do sofá e se aproximando.

— É sim, bebê. Quer ver algo legal? — perguntei, rindo quando ele assentiu rapidamente — Austin, o que você lembra tocar?

— Hm, Something you need? — sugeriu e fiz uma careta porque não lembrava nem como se cantava essa — Ah aquela que nós fizemos, a que foi para meu primeiro álbum, sabe? Que cantei na formatura da escola.

All You Ever Need? — perguntei em dúvida, tendo um aceno de compreensão — Ok, presta atenção Dimmy — pedi a meu filho antes de ver Austin tocar as primeiras notas já do refrão.

You're all I ever need
(Você é tudo que sempre precisei)
Baby you're amazing
(Baby, você é incrível)
You're my angel come and save me
(Você é meu anjo, venha e me salve)

Assim que Austin estava terminando o terceiro verso já comecei a tocar, deixando o teclado e o violão soarem juntos enquanto eu entrava e cantava os últimos versos do refrão com Austin em uma harmonia quase esquecida por nós dois.

You're all I ever need
(Você é tudo que sempre precisei)
Baby you're amazing
(Baby, você é incrível)
You're my angel come and save me
(Você é meu anjo, venha e me salve)

— Wow! — Dimitre bateu palmas animado pelo o pequeno som que fizemos, o que me fez rir.

— Vocês ainda cantam bem juntos — Normani elogiou com um sorriso e eu não consegui tirar o meu do rosto.

— Ainda falta você — lembrei, respirando fundo para tentar controlar minha animação por estar fazendo aquilo com aqueles dois que já foram um dia meus melhores amigos.

— Prefiro apenas ajudar com as letras hoje do que cantar e tocar — Normani balançou os ombros, e estava prestes a continuar sua fala quando ouvirmos a porta da frente ser aberta.

— Ei mãe, cheguei! Não consegui achar o cereal que queria, mas comprei o...

Sorri quando Zendaya parou de falar no meio da frase ao erguer o olhar e encontrar a mim e o Dimitre na sala, junto com sua mãe e seu tio. A vi nos encarar confusa por alguns segundos.

— Oi filha, guarda o que comprou na cozinha e vem cumprimentar sua madrinha — Normani pediu e parecia tentar controlar um sorriso pela reação de sua filha mais velha.

— Ahn ok — Zendaya concordou ainda abismada andando apressadamente até a cozinha, o que nos fez rir — Ok, voltei. Oi tia — correu para me abraçar e eu sorri, devolvendo o abraço da forma que podia —Oi baixinho — cumprimentou meu filho que já pulava em sua direção.

— Passei aqui para ver sua mãe e seu tio — comentei despreocupada, rolando os olhos ao ver seu olhar surpreso — Você já nos viu juntos, Z.

— Ainda é estranho — deu ombros, se sentando no braço da poltrona onde eu estava — E ainda tocando, é novo.

— Estaríamos tocando mas estamos com as crianças — Normani disse encarando a filha que no mesmo segundo suspirou.

— Ok, eu levo eles pro meu quarto — se levantou, já pegando o irmão caçula no colo — Vem Dimmy, vamos assistir alguma coisa — chamou meu filho que não precisou de um segundo convite para a seguir.

— Acho que somos só nós agora — encarei os dois, vendo Normani se jogar no outro sofá, deitando no mesmo — Vamos mesmo fazer isso?

— Eu realmente preciso de músicas para mostrar ao meu agente e para a antiga gravadora — Austin respondeu, tocando algumas notas aleatórias — E sempre foi mais fácil compor com vocês.

— Acha que ainda podemos fazer bonito juntos? — questionei, realmente curiosa e o vi erguer o olhar com um leve sorriso.

— Sempre — concordou com tanta certeza que acreditei nele — Isto é, se a Normani fazer algo e não ficar no celular — provocou a irmã.

— Ai cala a boca seu idiota —Normani retrucou, jogando uma almofada em Austin que riu alto.

Acabei rindo junto. Talvez nada tenha mudado afinal.

Não demorou muito para que encontrássemos uma melodia. Compor com eles era sempre algo natural, nunca precisava pensar demais, nunca nos sentíamos muito pressionados. Éramos apenas três amigos que gostavam de fazer música. Ainda éramos isso afinal de contas.

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e então? o que acharam?

twitter e instagram: @pandarctus

vejo você logo logo, beijos estrelinhas <3

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