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By louchopsuey

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AU em que os meninos ainda fazem música. Louis é o concertino da Orquestra Sinfônica de Londres, Harry é o no... More

Chapter I
Chapter II
Chapter III
Chapter IV
Chapter V
Chapter VI
Chapter VII
Chapter VIII
Chapter IX
Chapter X
Chapter XI
Chapter XII
Chapter XIII
Chapter XIV
Chapter XV
Chapter XVI
Chapter XVII
Chapter XVIII
Chapter XX
Chapter XXI
Epilogue
EXTRA
nova fic - vou deletar isso aqui

Chapter XIX

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By louchopsuey

Louis sabia que estava andando mas não conseguia sentir suas pernas se moverem. Ele ouviu a orquestra estremecer em uma parada confusa atrás dele, cordas raspando, trompas grunhindo como um rebanho de vacas confusas, enquanto um fagote solitário continuava tocando depois que todo mundo tinha parado. Ele passou rapidamente pelas alas, desviando as pesadas cortinas escuras e tentando desfocar da conversa que circulava pelo corredor. Pessoas sussurrando, perguntas sendo feitas em tom alto e exigente. Louis caminhou até a porta do backstage, Trovão tremendo em suas mãos, e fechou ela no momento em que Lucinda Price começou a se desculpar no microfone.

"Senhoras e senhores..."

Ele escapou para o corredor antes que pudesse ouvir mais. Oh Deus. Oh, Merda. Louis podia sentir seu pulso latejando em seu pescoço enquanto ele balançava seus pés, estendendo a mão até a parede para se apoiar. Um soluço estridente escapou dele, mas estava seco. Isso doeu na garganta. Merda. Por que eu não posso... Harry... Seus olhos de repente se encheram de lágrimas, seu rosto amassando quando ele tropeçou pelo corredor até um pequeno armário de zeladoria. Ele se fechou e sentou-se pesadamente em um balde de plástico virado, as juntas de seus dedos roçando as costas lisas de seu violino. Porra, porra. Acabou. Ele quase engasgou quando percebeu, todos os anos, os anos perdidos. O desperdício das últimas três semanas sem Harry, que de alguma forma pareceu uma tragédia pior do que duas décadas e meia de prática obstinada, sacrifício e dedicação a um instrumento que nunca poderia amá-lo de volta. Acabou, ele pensou novamente. Estou acabado.

Louis chorou, segurando seu violino. Ele traçou as curvas com as pontas de seus dedos, tentando lembrar a sensação da pele de Harry. A curva no final de sua coluna, o suave arco dos lábios. As clavículas tatuadas. Mas tudo o que ele podia tocar era madeira dura, e tudo o que ele tinha era sua carreira. Ele teria que deixar o OSL, é claro. Ele encontraria algum emprego, em algum lugar, provavelmente no fundo de uma orquestra de segunda categoria, perto do harpista e dos sinos tubulares, mas nunca mais seria um concertino. Ele nunca tocaria outro solo. Mesmo que Grimshaw quisesse que ele ficasse depois disso, ele sabia que não poderia.

Não sem Harry.

Louis respirou trêmulo, sentindo-se pesado no peito e um pouco congestionado de chorar. Ele quase quis rir do absurdo disso — ele tinha tanto medo de perder sua capacidade musical, de perder sua posição para Eleanor, que ele quebrou e disse a pior coisa possível no pior momento possível. E ele perdeu Harry, ao invés. Harry, que conseguiu trazer algo que Louis havia desistido de encontrar dentro de si mesmo anos atrás. Meu Harry.

Ele engoliu outro soluço, porque Harry não era mais o seu Harry. Ele estava com Florian agora, e se eles pertenciam um ao outro da mesma maneira etérea, ainda que incrivelmente física, de-joelhos-raspados-no-concreto que Louis pertencia a Harry, ele não tinha mais o direito. Seu trabalho agora era recuar. Isso era o melhor do melhor que ele podia fazer.

Louis sentiu seu coração se partir novamente, a dor em seus ossos crescendo até que todo o seu corpo se tornou a crista branca e espumosa de uma onda de dor emocional mais forte do que qualquer coisa que ele já sentiu. Harry... Deus, ele esteve na audiência. Louis quase parou de respirar. Eu me pergunto como ele tem vergonha de mim. Porque agora — agora ele finalmente vê. Ele tem que ver! Que sou um músico medíocre que apenas enganou todo mundo por um tempo, de alguma forma, e que não sou bom o suficiente para ele. Em nenhum universo eu poderia ser o que ele merece. Louis estava tremendo; ele tentou se acalmar. Mesmo se eu não tivesse sido horrível, ele teria ido embora eventualmente. Eu não sou suficiente.

Não parecia o tipo de autopiedade que Louis às vezes se entregava, abraçando seu queixo nos joelhos no escuro e imaginando que alguém (geralmente sua mãe) estava argumentando contra ele, dizendo-lhe que não, não, ele fez tudo errado. Ele era melhor que medíocre. Ele era uma pessoa amável. Ele era um grande violinista que merecia toda a fé que todos haviam depositado nele. Mas,

Eu não sou bom o suficiente para ele. Eu não fui aos dezessete anos e não sou aos trinta. Esse pensamento parecia um fato. Frio e duro, um nó na garganta. Ninguém apareceu na imaginação de Louis para dizer algo diferente. Ele provou isso, afinal. Repetidamente.

Louis ficou lá, incapaz de se mover. Seu peito estava tremendo, sua respiração irregular e dolorosa; ele não parava de chorar. Assoando o nariz, suspiros quentes misturados com o cheiro de produtos químicos de limpeza e Louis desejou que ele pudesse viver aqui para sempre, no escuro sozinho. É onde ele pertencia. Seu diafragma estava começando a doer, sua garganta latejava quando ele limpou o nariz, de forma desleixada, no smoking.

Então ele ouviu uma batida na porta.

"Louis?" Houve uma voz abafada.

O coração de Louis tremeu enquanto tentou ficar quieto. Ele não queria ver ninguém assim. Ele não conseguia. Especialmente não — não...

"Você está aí? Louis?" A voz tinha um sotaque irlandês. Louis se acalmou um pouco, sentiu o pânico deixá-lo quando ele caiu sobre seus joelhos.

"Sim," ele conseguiu falar. "Por favor, não entre."

"OK." Houve uma pausa. Louis podia sentir a presença de Niall do outro lado da porta, podia ver as sombras de seus pés. Ele se sentiu sufocado por isso. Niall não falava com ele há algumas semanas, desde o incidente no Old Red Cow. Louis não sabia por que ele estava aqui agora, por que ele veio encontrá-lo em um armário.

"Você está doente?" Niall perguntou.

"Não," respondeu Louis, um pouco bruscamente.  Ele cobriu outro soluço trêmulo com uma tosse, imaginando miseravelmente se havia alguma maneira de ele simplesmente desaparecer no ar.

"Todo mundo está perguntando..." Niall disse. "Nós — nós todos estamos preocupados com você, mate."

"Foda-se." Louis se sentiu horrível, mas não tinha mais nada a perder, realmente, e não havia outra maneira de se expressar. Deus, ele nunca se expressou bem, não é? Nunca. Não com palavras, não com... Ele apertou seu violino com mais força e tentou respirar.

"Não vou me foder," Niall suspirou. "E me desculpe por ser um imbecil com você. Não que você não merecesse um pouco."

Louis deu uma risada molhada. "Eu sei," ele engasgou. "Acredite, Horan, sei exatamente o quanto mereço. Ainda mereço."

"Certo." Niall se apoiou na porta e Louis não se sentiu tão sufocado. "Você quer... eu não sei, conversar? Sair daqui, tomar uma cerveja."

Louis grunhiu. "Não. Quero dizer... me desculpe. Eu só quero ir para casa. Quero sentar neste armário úmido de merda até que todo mundo se vá e depois quero ir para casa e nunca mais voltar e nunca mais ver nenhum de vocês pelo resto da minha vida."

Niall riu baixinho. "Viu, eu sabia que você era um belo gato raivoso."

"Sim, você é muito inteligente."

Eles caíram em um silêncio sociável então, quebrado apenas por outro ataque de soluço e o som de Louis fungando suavemente. Seu cérebro se transformou em mingau — era assim que, pelo menos, como se todos os pensamentos que ele tinha eram mornos e inconsistentes. Ele só queria ir para casa e morrer. Mas ele também queria ficar no armário para sempre; não queria que ninguém o visse. E sob todo o cansaço e vergonha, seu coração doía.

"Lou," Niall disse, lentamente, uma nota de preocupação em sua voz geralmente brilhante. "Harry está andando pelo corredor em minha direção."

"Por favor, n-não diga a ele que estou aqui," Louis sussurrou. "Eu — por favor, não consigo." Suas palavras estavam quebradas, desesperadas. "Agora não. Eu sei que sou um covarde, mas por favor, Niall."

Então ele ouviu a voz de Harry do outro lado da porta, o baixo ditongo arrastando, e fechou seus olhos, mal respirando. Ele fechou seus olhos com lágrimas silenciosas enquanto ouvia.

"Você viu... Você sabe, hm..." Harry engoliu em seco, e Louis quase o viu se mexer incerto, apertando suas mãos atrás das costas, pernas longas batendo nos joelhos, os dedos dos pés apontados para dentro.

"Eu também estava procurando por ele," Niall disse.  "Parece ter sumido."

"Ele está —" a voz de Harry engatou, o tom ficando um pouco alto e trêmulo enquanto Louis fez uma careta. Ele sentiu ranho e água salgada secando em suas bochechas, lágrimas frescas rolando pelas trilhas estabelecidas. O som de Harry angustiado enviou dor cortante para seu coração. "Ele está bem, Niall? Ele tem estado bem?"

Niall não disse nada. Louis se perguntou se ele estava balançando a cabeça ou baixando os olhos. Harry entendeu a mensagem, no entanto.

"Hm," ele começou. Louis o ouviu se embaralhar, tossir em seu punho. "Se você o vir, poderia dizer a ele que eu..."

Louis não conseguia respirar. Havia pesos de chumbo em seu peito; seus pulmões estavam em colapso.

"... Não importa," Harry disse, finalmente. "Só, não importa."

Então ele foi embora; Louis podia ouvir os saltos curtos de suas botas batendo no corredor. Ele soltou uma corrente de ar e respirou novamente de imediato, suas narinas dilatando. "Oh Deus."

"Eu acho que você deveria falar com ele, Louis," Niall disse suavemente, com a cabeça na porta. "Você poderia encontrá-lo. Fazer tudo certo."

Louis balançou a cabeça, fungando e enxugando suas pálpebras inchadas. "Não há nada que possa corrigir isso," ele murmurou. "Quero dizer... vou encontrar uma maneira de me desculpar com ele, eu espero. Algum dia. Se eu conseguir levantar o — ele riu fracamente. Ele pensou em Florian, no quão feliz Harry parecia com ele na festa. A última coisa que ele queria era pisar nos dedos dos pés. Harry merecia ser feliz assim.

"Mate, eu realmente acho —"

"Eu morro antes de machucá-lo novamente, Niall," Louis disse. E é nisso que tudo se resume, não é?  Agora, no final. "Não posso arriscar." A voz de Louis foi firme pela primeira vez durante a conversa. Sua mente melosa finalmente se apegou a uma idéia real e digna, e ele não estava disposto a deixar passar.

"Oh," Niall murmurou. Louis ouviu ele respirar fundo. "OK. Você quer..."

"Apenas saia, por favor," Louis disse. "Eu vou ficar bem. Eu só preciso..."

"Sim." Niall falou suavemente, deu à porta algumas batidas reconfortantes com os nós dos dedos e então Louis pode ouvi-lo sair.

Ele se agachou novamente, sentindo-se úmido, abafado e fraco. O violino estava em seu colo, um pouco molhado de lágrimas. Louis pensou vagamente que não poderia ser bom para a madeira secular. Eu não ligo, ele pensou firmemente. Foda-se. Foda-se toda a família Amati e foda-se o artesanato e foda-se a música. Alguns segundos depois, ele suspirou e tirou o paletó, puxando o punho rígido de sua camisa por cima da mão para poder limpar delicadamente o instrumento com a manga do algodão macio.

"Odeio que te amo," ele murmurou.

Provavelmente levaria um tempo até que todos os curiosos membros da platéia tivessem saído do saguão, para não falar dos colegas intrometidos de Louis que tinham acesso ao prédio e certamente ficariam casualmente até mais tarde do que o normal, esperando ver um vislumbre dele. Fofocando um com o outro. Trocando teorias. Louis grunhiu. Ele se perguntou se a OSL teria que reembolsar os ingressos. Deus, que bagunça.

Mas era uma bagunça com a qual ele começaria a lidar amanhã. Agora ele esperou.

*

"Louis William Tomlinson, para onde você pensa que está indo? Você já praticou seus Csárdás?"

"Er..." Louis estava desajeitadamente no meio da escada, manchas de grama nos joelhos e galhos nos cabelos, meias sujas caídas e barro em seus sapatos. Sua mãe estava olhando para ele da porta da cozinha em sua apertada casa em Doncaster, com as mãos nos quadris, o que nunca foi um bom sinal. "Eu pratiquei ontem," ele deu de ombros, sentindo suas bochechas começarem a esquentar. Ele soube assim que saiu da boca, que não seria uma resposta aceitável.

"E você acha que isso é bom o suficiente?" Jay perguntou. Ela parecia atormentada e cansada, preocupada com coisas que Louis realmente não queria deixar em sua cabeça. Ele sentiu uma pequena pontada de preocupação.

"Hm..." Ele usou um dos dedos do pé para coçar uma picada de inseto no outro tornozelo. "... não? Mas só fiquei fora por algumas horas; todos os meus amigos estavam indo ao parque para jogar bola e..."

"Todos os seus amigos não são você, Louis. Eles não têm o seu potencial;  eles não têm seu talento." Jay se aproximou e agarrou o corrimão, olhando para ele, a decepção em sua voz palpável, embora estivesse misturada com esperança e amor, um desejo feroz de ver seu filho ter sucesso. "Eles podem se dar ao luxo de gastar uma tarde porque não têm nada melhor para fazer. Mas você foi criado para coisas maiores. Tudo que você precisa fazer é se dedicar. Você precisa se dedicar, filho, está me ouvindo?"

Louis suspirou e assentiu, e olhou para suas mãos. Eles já haviam conversado antes e agora que as brigas com o pai estavam piorando, ele não queria incomodar sua mãe. Ele realmente não queria. Ele sabia o quanto ela havia se sacrificado para lhe dar aulas, sem falar no violino. E ele realmente amava o violino, amava mais que futebol, mais que tudo. A culpa tomou conta dele e ele resolveu (pela quinquagésima vez) fazer o melhor. Para ser melhor por ela.

"Agora eu quero que você vá para o seu quarto e pratique por uma hora inteira. Ganhe o seu jantar. Você tem o recital na sexta-feira, lembre-se, e precisa ser perfeito para impressionar o Sr. Hall."

Ele assentiu. "Sim, mãe."

"E depois do jantar, você vai se sentar e me escrever uma redação de uma página sobre por que é importante praticar todos os dias. Não alguns dias.  Não na maioria dos dias. Mas todos os dias."

"Tudo bem," ele respondeu em voz baixa, e subiu as escadas com os pés pesados."

Por que é importante praticar TODOS os dias

de Louis William Tomlinson

É realmente inportante praticar todos os dias, porque praticar é como você pode melhorar a tocar seu instrumento. Se eu nunca tivesse praticado meu violino, não saberia as diferentes posições ou como tocar mais de uma nota ou staccatos ou todos os dedilhados. Meu professor me ensinou essas coisas nas minhas aulas, mas então eu tive que praticar elas muito em casa para que eu pudesse tocar elas sozinho e é por isso que é realmente muito inportante praticar. Agora eu consigo tocar, mas sei que posso tocar melhor se eu me dedica.

Vou me didicar. Vou treinar todos os dias, mesmo quando tá bonito lá fora e até domingos (mas também vou na igreja com você, porque é só uma hora) porque preciso aproveitar meu potencial.  Prometo praticar todos os dias a partir de agora e ser perfeito para impressionar o Sr. Hall eu prometo DE VERDADE, Mãe. Também vou trabalhar nos trinados. Prometo até praticar no meu aniversário e no Natal.

*

Louis não tinha certeza de quanto tempo havia passado antes de finalmente se levantar, esticando suas articulações doloridas e estalando suas costas. Ele não ouvia ninguém no corredor há um tempo — talvez a costa estivesse finalmente vazia. Ou talvez ele estivesse saindo do armário para um esquadrão de tiro. De qualquer maneira, sua energia inquieta normal estava voltando, pedindo-lhe que se movesse. Ele teve que afastar Trovão; ele tinha que ir para casa. Ele não podia ficar neste limbo para sempre.

Cautelosamente, Louis abriu a porta. O corredor estava deserto, as luzes fracas. "Graças a Deus," ele sussurrou.

Andou na ponta dos pés até os bastidores para onde havia deixado sua caixa de violino vazia e a encontrou imperturbável sobre os assentos de duas cadeiras dobráveis. Rápido e silenciosamente, ele colocou Trovão no veludo macio e o fechou, decidindo levá-lo para casa durante a noite para que ele pudesse praticar o Bruch novamente imediatamente pela manhã — caso ele tivesse uma segunda chance de performá-lo. Louis suspirou. Ele esperava... Bem, ele não tinha mais certeza. Ele andava de um lado para o outro no armário e realmente não tinha certeza se poderia voltar ao palco de Barbican novamente.

Mas praticar era pelo menos algo que ele sabia que poderia fazer.

O coração de Louis pulava na garganta toda vez que ele dobrava uma curva, mas ele não viu ninguém nos bastidores ou nos corredores labirínticos que davam para o saguão. Ele manteve a cabeça baixa, rezando para que todos tivessem ido para casa e que ele pudesse sair em silêncio e pegar um táxi. Por favor, deixe o saguão vazio, ele pensou enquanto se aproximava da porta. Por favor, deixe que seja grande, vazio e escuro.

Sua mão estava estendendo para a barra de empurrar a porta quando ouviu vozes. Duas vozes, ambas intensamente familiares para ele. Uma murmurava como um trovão distante, baixa e deliberada; era a segunda vez que ele ouvia pela porta. A outra era alta e brilhante e muito parecida com a dele. Ele parou.

"Não posso dizer que não foi memorável. Não é como meu filho dar uma performance entediante, pelo menos." Essa era a mãe dele falando. Ela estava tentando soar agradável na frente de Harry, Louis podia dizer, mas havia um verniz forçado e metido em sua fala, uma risada falsa que parecia muito familiar. Foi assim que ele se viu falando às vezes, quando sua guarda estava em pé.

"Louis não é nada senão memorável," Harry disse suavemente. Cuidadosamente. Também havia um tom um pouco defensivo lá, Louis percebeu. Não era algo que ele ouvia muito quando estavam juntos.

"O Bruch foi uma boa escolha para ele,"continuou Jay. "O que você realmente não quer é dar-lhe uma peça meditativa; você sabe, pergunte a ele para transmitir emoções reais. Eu nunca compreendi completamente isso, acredito." Ela riu severamente, estava prestes a dizer outra coisa, mas se interrompeu. "Taggie, Petey!" ela cantou. Louis fechou os olhos enquanto ela cumprimentava os Diversey-Petersheim um tanto jovialmente.

Havia outras portas pelas quais ele podia escapar. Por um momento, ele pensou em sair dali.

"Ah, Jay," disse uma delas. Louis não sabia dizer qual; ele não as conhecia o suficiente. "Você viu Louis? Pobre garoto."

"Que terrível, na verdade," a outra falou. "Sinto-me péssima por ele."

"Tenho certeza de que ele está bem," Jay respondeu alegremente. Ela estava falando rápido demais, tentando desesperadamente falar sobre o fracasso de Louis com muitas palavras alegres. Como se ele fosse algum buraco na parede de sua vida que ela tinha vergonha e precisava se distanciar. "Ele sempre foi temperamental," disse ela. "Sempre uma rainha do drama — especialmente quando ele era mais jovem." Ela suspirou e Louis a imaginou encolher os ombros do outro lado da porta, uma Bem, eu fiz meu melhor expressão em seu rosto. Então ela riu novamente. "A única parte de ter uma carreira solo que ele teve foi ser uma diva."

A respiração de Louis parou quando ele ouviu uma risada desconfortável do grupo — não de Harry. Talvez ele tenha ido embora. Louis encostou sua testa na porta. Ele estava engasgado com a gola engomada, suando nas axilas e deixando a pele com coceira. Mãe, ele gemeu em sua mente. Apenas deixe isso.

"Mas ele é tão talentoso, seu filho," disseram Petey ou Taggie. Elas provavelmente acham que ela quer ouvir isso. "Todos sabemos o quão talentoso ele é."

"Mas vamos ser honestos," Jay respondeu docemente. "Ele realmente não está preparado para esse tipo de coisa. Ele não tem esse extra... aquilo, sabe o que eu quero dizer? Esse fator X. Receio que, após o adorável acaso de um Dvořák, as pessoas não estejam sendo honestas com ele. Eles estão pedindo coisas que ele não pode dar. Como mãe, é isso que me preocupa."

"Bem ..." Louis poderia dizer que as outras duas mulheres não tinham certeza de como responder. Sua mãe provavelmente estava sorrindo para elas de forma desarmante. Ela tão desesperadamente não queria parecer tendenciosa, definitivamente não por perto do pessoal da indústria e, geralmente, também não em privado.  Recusava-se a puxar a lã dos olhos sobre Louis, nem um pouco.  Nunca apenas orgulhosa de mim. Não. Sempre algo para criticar.

"Ele não é como Harry aqui," Jay disse em sua voz brilhante e falsa. "Você nasceu uma estrela, não foi? Encantando as pessoas desde o berço, aposto. Nem todo mundo pode ser assim; eu odeio mães que se enganam ao pensar que seus filhos são especiais. Não, Louis sempre foi um pouco sério demais, um pouco difícil demais."

Louis ouviu Harry pigarrear, profundamente no peito. (Então ele não foi embora...)

"Ele é duro consigo mesmo."

Louis ficou sem fôlego, seu coração batendo dolorosamente atrás das costelas enquanto ele derreteu na porta.  Harry estava ali, do outro lado.  Eu te amo, querido. Deus, eu-eu quero... Louis mordeu seu lábio para não dizer as palavras em voz alta. Ele ainda estava com medo, e a imagem da mão de Florian na nuca de Harry passou por sua mente.

"Hmm?" Jay perguntou. Havia uma nota de ceticismo automático em seu tom.

"Ele é incrivelmente duro consigo mesmo," Harry disse. "E, hm, pessoalmente," ele pigarreou para se dirigir a todo o grupo, "acho que qualquer pessoa que realmente esteja prestando atenção em Louis não consideraria o Dvořák um acaso. É como... é mais como uma promessa realmente maravilhosa de quão bom ele poderia ser, com o apoio certo. Ele já é incrível. Eu acho que ele só precisa de uma ajudinha para enxergar."

Houve uma pausa e a cabeça de Louis estava girando. Ele sentiu como se estivesse flutuando no chão, tonto e fraco nas pernas por um momento.

"Mas sejamos realistas..."

"Não, eu sou," Harry insistiu. "Estou sendo realista." Sua voz era áspera, mais baixa e muito mais firme que o normal. Louis sentiu um arrepio percorrer por ele; era quase como ele havia falado com ele em seu escritório após a primeira apresentação de Don Juan, e oh, Deus... "Você está fingindo que o que está dizendo é apenas senso comum, fazendo esse show porque você está tentando salvar a cara, Jay, mas, enquanto isso, é você quem ignora o que está bem na sua frente. Louis é especial. Ele é um músico de classe mundial. Essa é a realidade. Ele é incrivelmente... Cristo. Se você não acha que seu filho é capaz de expressar emoções, obviamente não o conhece tão bem quanto pensa."

Então ele saiu do saguão, os pés batendo no tapete vermelho alto o suficiente para ouvir. A mão de Louis tremia contra a madeira. Seu corpo parecia galvanizado e fraco ao mesmo tempo, os nervos uivando, a cabeça doendo com batidas abafadas. Ele estava totalmente desgastado emocionalmente, só queria escorregar no chão e se abraçar e chorar. Harry Styles...

Louis ouviu um murmúrio baixo no saguão — sua mãe, Taggie e Petey discutindo a explosão de Harry, muito suavemente para que ele entendesse as palavras. Ele as deixou desaparecer, lembrando em um instante algo que Harry havia dito a ele em sua casa, pouco antes de ir para sempre. Louis estava olhando para uma mancha escura no braço de seu sofá na época, não podia olhar para Harry, não, não suportava vê-lo, pensei que não estava me escolhendo... Em vez disso, ele estudou o estofado manchado atentamente, tentando lembrar se ele havia derramado Guinness ou Pepsi nele.

Ele não conseguia imaginar o rosto de Harry naquele momento, mas agora suas palavras voltaram para ele.

"Eu quero tanto estar do seu lado, sempre."

Louis ouviu isso e se perguntou o que realmente significava. Como Harry poderia querer estar do seu lado se estivesse se mudando para outro lado do continente?

"E não importa o quanto eu tente, você não me quer lá."

Mas o que acabara de acontecer, era o que Harry quis dizer. Harry estava do lado de Louis, sempre. Sempre. Louis finalmente entendeu.

"Ele pensou que fui eu quem fez a escolha," ele sussurrou para si mesmo. "Ele pensou que eu não o queria em Londres."

Merda.

Suas pernas começaram a se mover e novamente ele não podia senti-las. Não tinha controle sobre elas. Ele saiu pela porta do saguão, olhando em volta descontroladamente, implorando ao universo por um vislumbre de cabelos encaracolados e pés de pombo. Nada. Apenas sua mãe, ainda envolvida em conversas. Ela o viu, fez um gesto abortado com a mão, abriu sua boca para chamá-lo, mas ele apenas balançou a cabeça e passou por ela, Trovão batendo fortemente contra sua coxa.

Louis começou a correr quando se aproximou da saída. Talvez Harry ainda estivesse esperando por um táxi. Talvez ele estivesse a apenas meia quadra de distância, caminhando em direção ao metrô. Louis colocou todo o seu peso ao abrir a pesada porta de vidro e saiu cambaleando ao ar fresco. Uma fraca luz amarela se acumulava em volta dos postes de iluminação. Seus passos ecoaram no cimento quando ele correu para o meio-fio, e então seu coração parou.

Lá estava Harry. Lá estava ele, seus cachos amarrados em um lenço.

Ele estava entrando em um táxi, Florian logo atrás dele, com a mão na parte de baixo de suas costas.

Merda.

Toda a energia drenou dos membros de Louis. Novas lágrimas ardiam em seus olhos crus e formigantes, enquanto ele respirava fundo e observava a porta se fechar, os observando irem embora juntos. Harry estava com Florian. Era tarde demais.

E eu quis dizer o que disse a Niall, Louis pensou. Não posso arriscar machucá-lo novamente.  Se ele está feliz agora, eu não... eu não vou...

Ele pretendia se virar e voltar para dentro, falar com sua mãe. Mas Louis se viu caminhando em direção à Estação Barbican. Suas articulações doíam e a dor voltou a latejar em sua cabeça.  Ele foi de metrô para casa, tentando não encarar seu reflexo na janela escura, enquanto as luzes de sódio passavam entre as plataformas, os azulejos se misturando a cada partida e parada.

Eu tenho que fazer alguma coisa, no entanto. Eu tenho de fazer alguma coisa.

Havia ritmo nisso. Eu tenho de fazer alguma coisa.

De repente, uma melodia para violoncelo surgiu na cabeça de Louis, um visual do brilho suave por trás dos cachos de Harry quando ele entrou no táxi. Sua respiração ficou presa, seus dedos automaticamente voando sobre os joelhos enquanto ele imaginava as notas. Olhos verdes flutuavam para fora do túnel escuro, e mais fios se sugeriram. Louis sentiu como se estivesse tecendo; ele queria colocar isso para fora, ele precisava de um lápis, porra...

Ele quase perdeu a parada, subiu os degraus e correu os poucos quarteirões restantes para sua casa, ofegando pesadamente em sua jaqueta muito quente. Ele tinha medo de esquecer um pouco disso, medo de perder a orquestração que crescia como um matagal por trás do tema principal. Mas ainda estava lá, claro como cristal quando ele se afundou na cadeira de escritório ao lado de sua cama e abriu uma gaveta, procurando por folhas soltas de papel.

Era demais, era o problema. Lá estavam os cachos de Harry, olhos de Harry, sim... E outra coisa. Alguma outra melodia mais alta.  Uma que não sugeriria uma voz baixa e áspera, e ele não tinha ideia de onde vinha. "Deus." Louis caiu sobre as notas rabiscadas às pressas, esfregando os olhos fracos à luz da lâmpada da mesa. "O que eu vou fazer com isso?"

Ele tentou manter os dois temas separados por um tempo, tentou ignorar o quanto eles eram complementares. Era quase meia-noite antes que ele finalmente percebesse que estava escrevendo um dueto.

Sou eu, ele percebeu, o braço congelando no meio da notação. O segundo tema. Seu coração parou. Quero dizer, não... é para o violino, a outra parte; é tudo o que eu quero dizer.

Ele tentou não pensar nisso, depois disso. Apenas deixou que chegasse até ele não ter mais certeza de onde ele estava, se ele estava em seu próprio quarto ou voando em algum lugar sobre um oceano escuro. Voando sobre o Canal. E enquanto a cabeça o mantinha de fora, seu coração batia com ele.

Estes somos nós. Estes somos nós.

Em algum momento, um nascer do sol laranja apareceu nas costas de Louis. Ele não percebeu.

*

ta terminando :(
espero que vocês tenham amado essa história como eu amei. mais alguns capítulos nos restam.

amo vocês, obrigada por tudo 💓

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