A Brand New Day | TAEJIN

By reasontaejin

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[CONCLUÍDA] [FINALISTA DO WATTYS 2021] Seokjin do Leste sempre esteve fora da curva do esperado para alguém c... More

❉ Cast & Avisos
I - A New Place
II - A New Conception
III - A New Confident
V - A New Euphoria
VI - A New Vision
VII - A New Confession
VIII - A New Ally
IX - A New Despair
X - A New Rage
XI - A New History
XII - A New Shower Of Questions
XIII - A New Adrenaline
XIV - A New Way to Fall in Love
XV - A New Sensation
XVI - A New Revelation
XVII - A New Way to Feel Loved
XVIII - A New Predator
XIX - A New Truth
XX - A New Denial
XXI - A New Possibility
XXII - A New Way of Looking at Someone
XXIII - A New Facet
XXIV - A New Flame
❉Segunda parte do Cast & Mais avisos
XXV - New Rules
XXVI - New Friends
XXVII - New Ways To Be Affected
XXVIII - New Shared Secrets
XXIX - New Plan
XXX - New Pain
XXXI - New Punishments
XXXII - New Past
XXXIII - New Hopes
XXXIV - New Surprises
XXXV - New Souls
XXXVI - New ways to feel you
XXXVII - New Victory
XXXVIII - New Fail
XXXIX - New Victors
XL - New Future
XLI - A Brand New Day
Agradecimentos <3
ESPECIAL 20K - De volta ao Norte
ESPECIAL 40K - Fui eu quem te ensinou a lutar, não foi?

IV - A New Feeling

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By reasontaejin


— Jin! Jin, o que aconteceu? — Ouvi a voz de Jimin quase como que ao longe, tons de desespero ao chamar por meu nome ao mesmo ponto que meus olhos se abriam vagarosamente e eu finalmente via a figura do Beta se aproximando de minha cama — JinJin, teve um pesadelo? Você está suando!

Não foi um pesadelo e muito menos produto de minha imaginação. Eu realmente havia falado com meu lobo interior durante o sono, ele não me dera informação alguma completa, então eu não conseguia simplesmente medir o peso de suas palavras, mas de certa forma elas me assustavam. Eu ficava tentando imaginar que tipo de responsabilidades eu teria no futuro e porque precisava ser logo eu; O que havia de especial logo em mim? Eu realmente não conseguia saber.

E quando ele me disse sobre nosso Alpha. Eu não sabia quem era ou queria fingir que não sabia? Além do mais, me tornei ainda mais curioso quando soube que eu precisaria deste Alpha para o que estava vindo... Céus, eu estava realmente apavorado com qualquer possibilidade.

— Eu... Eu estou bem, Jimin. — Murmurei esfregando os olhos — Foi só um sonho esquisito, nada demais. — Forcei um pequeno sorriso e percebi o alívio nos olhos pequenos dele.

— Bem, para que você consiga suar nesse frio horrível, realmente não deve ter sido algo pequeno— disse limpando meu rosto com um lenço. — Vamos, seu banho já está pronto, você precisa descer para tomar café da manhã.

Fiz que sim com a cabeça suspirando e retirando todos os cobertores grossos de cima de mim. Eu realmente estava com calor, talvez meu corpo tenha reagido de forma completamente estranha diante de tantas informações durante a conversa com meu lobo interior, talvez eu estivesse mesmo ansioso e com medo pelas suas palavras e também, talvez, eu estivesse apavorado porque no fundo eu sabia sim sobre esse Alpha.

Jimin me ajudou a livrar-me das roupas e eu logo entrei na banheira, deixando a água morna aliviar toda aquela tensão que me cobriu durante o sono enquanto o Beta passava a esponja em minha derme e molhava meus cabelos. Tantas coisas haviam acontecido naquela uma semana que eu estava a ponto de ficar insano, contudo eu precisava me manter firme e esperar pelas coisas acontecerem, afinal, eu não tinha certeza de absolutamente nada.

"Quando confiar totalmente em mim, sem receios e sem medos... Vou te mostrar a realidade nua e crua do que é o governo injusto do Rei Donggun. Sem disfarces, sem sorrisos falsos por trás de atitudes bajuladoras. O verdadeiro lado do Rei do Norte"

As palavras de Taehyung ecoaram em minha mente enquanto meus olhos fechados evitavam olhar para Jimin e tentando iniciar um diálogo sobre o que eu havia sonhado. Não queria falar para ninguém, talvez qualquer pessoa me achasse completamente louco e não era isso que eu queria transpassar. Decidi que era melhor guardar tudo aquilo comigo, como eu já fazia com basicamente todas as questões.

Depois do banho me vesti apropriadamente e finalmente desci para o café da manhã. Todos já estavam sentados à mesa apenas esperando por mim e meus irmãos, que chegaram quase que junto de mim. Tomamos nossos lugares de sempre e comemos em silêncio, enquanto tudo fazia questão de viajar por minha mente de uma forma perturbadora.

Não evitei desviar meu olhar de forma discreta para olhar Taehyung, que comia também silenciosamente e quieto. Por que ele queria tanto que eu confiasse nele? Por que precisava tanto da minha aprovação?

Demorei meus olhos por um tempo na figura do Alpha até que seus olhos castanhos foram de encontro com os meus. Assim que percebeu que eu também o olhava, deu um pequeno sorriso ladino, fazendo-me arquear as sobrancelhas.

"Alpha esquisito"

Após a refeição, levantamos educadamente da mesa e percebi que os três Alphas logo viriam nos abordar e de certa forma eu já esperava que Taehyung viesse ao meu encontro. Por um momento eu sequer reclamei... Precisava mesmo falar consigo.

Saindo da sala de jantar logo senti seu cheiro de brisa do mar se aproximando e sequer precisou que ele me chamasse ou me tocasse para me virar e fitá-lo outra vez. Ele sorriu novamente ao se curvar educadamente para mim.

— Seokjin — disse com sua voz profunda. — Dormiu bem?

"Talvez eu tenha apenas tido uma conversa séria com meu lobo interior que atormentou todo o meu sono e tudo isso envolve você..."

—Sim, dormi bem. E você? — indaguei educadamente.

— Tive sonhos estranhos, mas sim — respondeu simpático.

Ele mordeu o lábio inferior como se estivesse hesitante em prosseguir com a conversa, mas não fez muitos rodeios. Aquele Alpha do Norte com certeza gostava de ir direto ao ponto.

— Gostaria de convidá-lo para ir até a cidade comigo. Tenho que resolver algumas questões e apreciaria muito sua companhia.

Confesso que fui pego de surpresa com o convite. De certa forma eu já vinha nutrindo uma vontade de ir para fora dos portões do castelo, principalmente depois de ter escutado sobre o homem mascarado. Não fazia ideia do que ele tinha para resolver, mas não fui capaz, nem um segundo sequer, de pensar em declinar do convite.

— Seria uma honra — respondi de forma petulante e ele sorriu ainda maior.

Não era difícil, eu podia realmente ser eu perto dele e era... Confortável.

— Vamos? — Estendeu o braço a mim — O cavalo já está preparado. Você vai gostar do passeio, eu creio.

Tomei seu braço sorrindo pequeno para ele também, assim andamos em direção ao lado externo da propriedade. O caminho até o pátio, onde um criado Beta já preparava o equino, foi silencioso, mas senti que assim como eu, Taehyung tinha diversas coisas em sua mente. Seus olhos passavam por todos os lugares e estavam um pouco desatentos. Ele estava refletindo sobre algo.

Assim que alcançamos o cavalo, o criado se curvou para nós e o Alpha lhe agradeceu com um sorriso terno, no entanto, antes de podermos montar, ouvimos passos vindo em nossa direção. Passos pesados, arrastados... O aroma péssimo de ferro, que deixava meu estômago completamente revirado.

Minho.

O Alpha grandalhão e de péssima aparência e índole se aproximava de nós com um sorriso torto, as mãos grandes nos bolsos do casaco azul que continha o símbolo do exército nortista: O Lobo preto. Havia uma espada na bainha em sua cintura, o que de certa forma me assustou.

— Vejo que o casal vai sair das propriedades — disse sem delongas, o tom de voz que me deixava nervoso, mas irritado também. — Estão se dando muito bem, pelo que posso observar.

— Minho — Taehyung disse. — Já foi admitido para o comando do exército então. — Constatou olhando para as vestes do primo — Minhas congratulações, primo.

Minho riu desdenhoso e revirou os olhos enquanto desviava o rosto. Ele definitivamente não gostava nenhum pouco de Taehyung.

— Muito obrigado, majestade. — Cuspiu a última palavra com escárnio — Mas não vim aqui para me gabar de nada. Senti o aroma bom do Ômega... — desviou o olhar para mim de uma forma tão nojenta que tive que engolir meu asco — Sabe que... — Foi se aproximando de mim, fazendo-me retesar em meu canto enquanto me encolhia — Não acho que este Alpha realmente dê conta de você, Seokjin. E bem... — Ele passou a língua nos lábios de uma forma detestável — Meu cio está chegando, então estou com meus nervos à flor da pele... Esse seu cheiro de flores silvestres me deixam maluco.

Não consegui me conter diante de tamanha nojeira e senti o rosnado saindo de minha garganta, sem pensar em nada, nem em consequências. Minho era nojento, repulsivo e eu não admitia que ele falasse de mim desta forma. Eu morreria, mas a última coisa que faria nesta vida seria me submeter a alguém como ele.

Ao ouvir minha repulsa e meu rosnado, ele arqueou as sobrancelhas, claramente contrariado.

— Você rosnou para mim, Ômega? — indagou em um sussurro cortante. Estalou sua língua e balançou a cabeça, sorrindo outra vez daquela forma detestável — Ponha-se no seu lugar.

— Já chega! — Taehyung interferiu, colocando-se entre nós dois — Pare de incômoda-lo. Ômegas como o Seokjin não são para o seu bico. Vamos, Seokjin. — Ele estendeu a mão para mim e sem tirar o olhar daquele Alpha detestável, montei no cavalo, tendo Taehyung repetindo o movimento e se posicionando bem atrás de mim. Ele olhou para trás antes de partirmos e mandou um último aviso ao primo — Ponha-se no seu lugar você, Minho.

O cavalo começou a trotar rapidamente, deixando a figura do Alpha ali parado, mas eu podia sentir seus feromônios de raiva exalando. Céus, como eu queria rasgar a garganta dele, jogar seu corpo aos porcos... Minho me causava sensações que eu não conhecia em mim, como a vontade desconhecida de matar.

Eu pude sentir que Taehyung não estava nada contente por pelo menos até passarmos pelos portões do castelo. A paisagem à frente era só neve e a pequena vila ainda estava ao longe, estávamos apenas os dois ali, processando o que havia acabado de acontecer.

— Me desculpe pelo Minho — disse finalmente, a voz atrás de mim um tanto ressentida — Ele é inconveniente e eu espero de verdade que não se aproxime de você outra vez.

— Já estou acostumado com Alphas como ele — disse suspirando. — Mas acho que nunca rosnei para um... — Fechei os olhos brevemente — Não tenho medo de Minho, tenho nojo.

O cheiro de brisa do mar começou a invadir meu olfato por um segundo eu me senti mais calmo com Taehyung ali. Não que eu precisasse dele, ele não era nada meu — ainda — contudo conhecia melhor o primo que eu...

Era por isso que eu sempre senti que precisava aprender a me defender de gente como aquele Alpha, para nunca precisar depender de ninguém. Minha atitude foi inconsequente, foi parte do meu instinto híbrido respondendo por mim, mas logo depois comecei a pensar nas consequências. Minho parecia ter ódio nos olhos... O que ele poderia fazer comigo?

Suspirei pesadamente outra vez querendo deixar este episódio para trás. Não valia à pena ficar remoendo certas coisas, além do mais, eu estava a caminho da cidade.

Virei meu rosto brevemente para fitar Taehyung e ele parecia olhar para o lado, em direção a um trio de grandes montanhas ao longe. Estava pensativo outra vez.

— Por que você tem cheiro de mar se mora no Norte? — perguntei do nada, querendo quebrar toda aquela tensão que se formou.

Ouvi sua risada baixa.

— Bom... Eu não nasci no Norte — respondeu e me fez virar completamente para fitá-lo com certo assombro. — É uma longa história.

— Também é um longo caminho até a cidade. — Rebati e ele abriu o sorriso.

— Tudo bem. — Assentiu — Vê aquelas três montanhas ali? — Apontou para o trio rochoso que estava a observar antes — Ali atrás havia uma província independente há alguns anos. Eles não dependiam do Norte para nada, mas meu pai achou que eles nos deviam, pois estavam no nosso território. — Sua voz foi ficando mais séria — Creio que já tenha ouvido falar da Guerra da Cidade Fantasma.

Puxei em minha memória e me lembrei levemente, no entanto nunca soube de fato o que foi esta guerra e nem suas causas.

— O Rei Donggun, ambicioso, egoísta, quis confrontar o líder daquela pequena cidade e tomar o lugar. Eles eram uma população incrível, Alphas, Betas e Ômegas eram independentes, não havia distinção alguma por suas naturezas, eles lutavam juntos para proteger seu lar. Resistindo às ordens de meu pai, decidiram lutar por sua vila, não queriam se submeter ao Norte de jeito algum... Admiráveis. — Sorriu — No entanto, não puderam combater o exército de meu pai, fazendo assim uma guerra civil que deixou muitos estragos. Meus irmãos eram pequenos e minha mãe estava prenha de mim, sendo assim, meu pai a mandou buscar abrigo no Leste, com sua família... — Aquilo me chamou a atenção, pois eu sabia que os líderes do Norte e do Leste eram amigos de longa data, contudo nunca fiquei sabendo sobre isso — Eu poderia ter nascido no meio do caminho, mas fui paciente e esperei. — Riu — Nasci assim que chegamos no Leste. Sendo assim, Seokjin, sou do Leste, como você. Por isso o aroma diferente de meus irmãos. Eu não sou do Norte, não me sinto do Norte... Não deste Norte. — Sua voz ficou vaga — Hoje em dia a cidade que havia ali é apenas uma ruína. Há uma lenda de que os fantasmas dos híbridos que lutaram por sua cidade ainda atormentam quem se atreve a ir até lá. — Ele riu outra vez — Besteira.

Olhei-o com um sorriso frouxo nos lábios.

— Por que eu tenho a impressão de que você já foi lá?

— Você é bem sagaz — disse divertido e então voltou a olhar para frente.

Isso explicava muitas coisas, inclusive o aroma dele que me lembrava de casa. Ele era do Leste, um monarca filho do Leste, mas que vivia envolto de neve, longe de sua origem. Devia ser extremamente difícil saber que seu lugar não era ali. Por um momento tive uma certa empatia por aquele Alpha.

O trote do cavalo sob o manto infinito de neve foi tudo o que ouvimos por algum tempo. Um silêncio confortável se instaurou e nós decidimos que aquilo era o melhor, nos dava espaço para podermos refletir sobre muitas coisas. Meu lobo interior dizia que eu já sabia quem era meu Alpha... É, eu sabia sim. No entanto, eu não queria me submeter tão facilmente assim a ele, não quando eu tinha um futuro que eu sequer sabia como seria, responsabilidades das quais eu não fazia ideia. Não era hora de cair de amores por ninguém, mas de descobrir sobre tudo isso.

Mas confesso que Taehyung começava a mexer comigo...

Quando chegamos à cidade, logo vi as construções baixas e pobres tomando meus olhos. Poucas crianças brincando nas ruas, Ômegas e Betas trabalhando. Quase não senti cheiro de Alphas naquele lugar. Por quê?

Taehyung guiou o cavalo até um recinto grande que mais parecia uma oficina. Havia uma grande porta aberta e um lugar para deixar o cavalo do lado de fora. O Alpha desceu do cavalo e logo me ajudou a fazer o mesmo, depois passando sua grande mão pela cabeça do equino, antes de amarrá-lo do lado de fora. Estendeu-me o braço outra vez e assim fomos caminhando lentamente até entrar no local.

Fiquei boquiaberto assim que meus olhos viram com clareza. Era mesmo uma oficina, no entanto havia uma série de espadas, escudos, arcos e machados pendurados pela parede. Um balcão lotado de ferro e ferramentas, alvos e totens distribuídos por todos os cantos e o mais impressionante...

Uma garotinha, não deveria ter mais do que seus dez anos, os cabelos negros trançados, uma roupa simples, mas armaduras, e tomava uma espada, certamente adaptada para seu tamanho, treinava seriamente enquanto seus movimentos eram graciosos, mas agressivos também. Ela tinha aroma de madeira e logo reconheci ser uma pequena Alpha. Meu coração quase foi para a boca... Ela me parecia tão incrível.

Taehyung sorriu ao vê-la e quando a pequena sentiu seu cheiro, rapidamente virou-se e também abriu um lindo sorriso ao ver de quem se tratava. Guardou a espada na bainha e foi correndo até o Alpha, abraçando-o pela cintura com muito carinho.

— Taehyung! Finalmente você veio! — disse ela completamente feliz, como se estivesse morrendo de saudades dele.

— Me desculpe, Soomin. — Ele acariciou sua cabeça — Mas eu avisei que iria estar ocupado. — Ela o olhou e assentiu com os olhos — Onde está aquele velho?

Soomin sorriu.

— Vou chamá-lo. — Ela ia saindo, mas Taehyung pigarreou.

— Soomin...

Ela hesitou e finalmente percebeu que não havia percebido minha presença. Quando seus olhos pequenos vieram de encontro com os meus, a garotinha curvou-se sem graça e me sorriu pequeno.

— Me desculpe pela falta de educação, senhor Ômega. Seja bem-vindo à Oficina do Seokchan.

— É um prazer conhecê-la, Soomin. — Sorri me curvando — Sou Seokjin.

Ela me sorriu ainda maior, saindo logo depois por uma porta que dava para não sei aonde. Achei-a extremamente graciosa e incrível, principalmente pelo fato de vê-la treinando com tanto afinco. Geralmente eu não odiava mulheres Alphas, no Leste elas não eram como os homens. Não sabia como funcionava no Leste, mas parecendo ler minha mente, Taehyung logo virou-se para mim.

— Todos os homens Alphas, quando alcançam a maioridade, são convocados para o exército real. Meu pai não permite mulheres Alphas, ele diz que apesar de sua natureza, são mais fracas. — Balançou a cabeça — Ele não conhece mesmo a Soomin... Essa garota é incrível.

E mais uma vez o Rei Donggun demonstrando sua falta de intelecto e sua exclusão sob outros. Em sua concepção, apesar de ser uma Alpha, ela era apenas uma mulher, assim como qualquer outra... Não era digna de ser uma lutadora... Não estava muito longe da forma que ele pensava sobre Ômegas.

A cada minuto minha repulsa sob o Nortista aumentava. O que de tão ruim ele fazia àquela população carente que eu ainda não sabia? Quais eram seus limites, se é que ele conhecia esta palavra.

Meus pensamentos se dispersaram assim que Soomin voltou para nós, arrastando um velho homem consigo. Ele era um Beta e parecia estar bastante cansado, contudo estava devidamente uniformizado e tinha uma ferramenta em mãos. Deveria ser Seokchan. Os cabelos brancos e extremamente longos estavam trançados, as roupas levemente manchadas e suas rugas de sorriso eram bem evidentes. Ele sorriu grande ao ver Taehyung.

— Finalmente, Taehyung — disse gracioso e se curvando. — Majestade, é uma honra receber um monarca do Leste em minha oficina.

— Pode me chamar apenas de Seokjin — respondi curvando-me de volta. — É um prazer conhecê-lo, senhor.

Seokchan sorriu feliz e se aproximou de nós, Soomin ainda agarrada em seu braço.

— Suas encomendas estão prontas, Taehyung. Fiz da forma que me pediu, aliás, até melhor. — Seokchan sorriu levemente e foi até o balcão, abaixando-se para pegar algo.

Quando menos pude esperar, o velho simpático colocou dois objetos sob a madeira do balcão: Uma espada e um arco. A primeira reluzia linda, a empunhadura era feita de ouro com algumas gravuras que me lembraram ondas do mar. Já o arco era preto e seu fio dourado, grande e majestoso, feito perfeitamente para alguém do tamanho de Taehyung.

O Alpha sorriu ao se aproximar das duas armas e as pegou, analisando cada detalhe ínfimo. Havia satisfação de sobra em sua expressão - e na de Seokchan também -.

— Por isso que só confio minhas armas a você — o Alpha disse feliz fitando o velho Beta. — Sempre trabalhando com maestria, Seokchan.

— Tudo o que faço para você tem cem por cento a mais de esforço — respondeu dando de ombros. — Esta espada é mais leve, no entanto seu gume é mais afiado. Ela é feita para movimentos rápidos, como os seus. Já o arco tem mais peso, suporta mais de uma flecha ao mesmo tempo, dando-lhe mais agilidade para atirar em vários alvos diferente. O que não é difícil para o melhor arqueiro do Norte.

Soomin deu uma risadinha ao ver a pompa de Taehyung. A pequena Alpha parecia se inspirar, de alguma forma, nele. No entanto, até onde eu sabia, Taehyung não poderia ser membro do exército real por ser um príncipe, então para que ele lutava tanto, treinava arduamente e tinha tantas armas?

— Aqui. — Ele retirou um pequeno saquinho do bolso, parecia estar pesado — O pagamento pelas armas e um pouco mais, por nossa amizade. — Entregou para Seokchan que olhou admirado.

— Taehyung... Não precisava disso, apenas o pagamento pelas armas... — Sussurrou incrédulo.

— Sei que a Soomin está precisando de roupas novas e você, como avô dela, tem que comprá-las. — Sorriu gentil — Não aceito não como resposta. Sabe que lhes tenho muito apreço.

O jeito que ele olhava com carinho para aquele velho Beta e para a garotinha Alpha me fez ficar sem ar alguns instantes. Nunca vi um Alpha ser assim, se importar com outras coisas além de seus interesses pessoais. Em minha cabeça eles eram rudes, grossos, violentos... Como Minho.

A cada dia eu me provava mais enganado.

Taehyung fazia-me pagar pela minha língua, reconsiderar uma série de coisas das quais acreditava piamente sobre a natureza híbrida. Ele não me rondava inconvenientemente, não deixava que eu me sentisse intimidado perto de si, não justificava nada com seus instintos...

E meu lobo interior talvez estivesse completamente certo.

Mas eu ainda não compreendia metade das coisas, o porquê de minha validação ser tão importante para ele, o porquê de querer me mostrar a verdadeira faceta de seu pai, ter me revelado tantas coisas... O que Taehyung queria afinal de contas?

Nossa viagem ao Norte tinha apenas um propósito, mas em questão de dias começou a ter mais forma, mais poréns... Não sabia mesmo o que esperar pelos próximos meses.

Depois de sairmos da oficina de Seokchan e Soomin me surpreender ao me dar um abraço confortante de despedida, o Alpha me convidou para um passeio a pé até o beco dos tecelões. Havia a parte burguesa do Norte, geralmente Betas que vendiam coisas das quais interessavam a realeza, como roupas. Aquelas pessoas eram menos famintas, tinham mais recursos para sobreviver, mas ainda sim eu pude observar que nenhuma delas poderia ser o mascarado que Jiwoo e Woobin haviam falado. Eles não tinham tanto assim para compartilhar com toda a população, só fazia sentido se realmente fosse alguém dentro do castelo.

Fiquei admirado com algumas peças bonitas de roupa e até mesmo me deixei cativar por elas. Decidi comprar uma camiseta de seda com botões dourados. Suas mangas eram sinuosas e sua cor era branca, quase em um transparente, mas havia me chamado a atenção. Entreguei o dinheiro ao vendedor Beta e com um sorriso agradeci, retomando nosso caminho de braços dados com o Alpha ao meu lado. Ele me explicou um pouco sobre a importação de tecidos e o que eu esperava já se confirmou, vinham todos do Oeste por meio de um tratado. Não havia matéria prima suficiente no Norte para produzir roupas, então a saída foi fazer uma troca — nada equivalente — onde o Rei Donggun oferecia madeira dos pinheiros, assim como queria fazer com o Leste. O Oeste era uma província chuvosa, sua vegetação era rica em madeira, sem contar as plantações admiráveis de algodão... Eles não precisavam disso... Por quê aceitaram?

Ainda ficava muito revoltado por certas coisas simplesmente não terem sentido algum, como estes acordos absurdos que os líderes de outras províncias faziam com o Rei Donggun. Por que abaixavam a cabeça para ele tão facilmente?

Suspirei ao voltarmos para o cavalo, montando e tendo Taehyung logo atrás de mim novamente. A espada estava na bainha e o arco em suas costas, ambos cintilando novos e prontos para o uso. Lembrei-me do outro dia quando o vi treinando... Por um instante um impulso me ocorreu.

— Taehyung...

— Sim?

— Me ensine a manusear a espada e o arco — falei rapidamente, virando meu rosto para si já esperando uma bela negação, tanto de sua expressão quanto de sua boca.

Mas este Alpha sempre dava um jeito de me surpreender.

—Seria um prazer. — Exibiu seu sorriso retangular — Mas não podemos fazer isso no castelo, você sabe. Precisaríamos achar um local apropriado.

— Espera, você concordou mesmo? — Franzi o cenho completamente desacreditado — Quer dizer, eu sou um Ômega, ninguém em sã consciência deixaria alguém como eu pegar em armas—

— E o que isso tem a ver? — Me cortou achando graça — Você tem mãos, braços e vontade. Ponto final. — Deu de ombros — Ser Ômega, Alpha ou Beta não tem absolutamente nada a ver com isso. — Riu— Vai ser uma honra ensiná-lo, Seokjin. — Deu uma piscadela e continuou guiando o cavalo de volta para o castelo.

Eu não sabia se ria de nervoso, se achava que aquilo era uma piada ou se ficava extremamente feliz por ele ter concordado. Enquanto os soldados do Leste treinavam eu ficava apenas bisbilhotando e imaginando se um dia eu poderia chegar perto de uma espada algum dia.

Aparentemente isso se tornaria real.

Dei um sorriso mínimo e não quis que ele visse a minha satisfação completa, mas era um pouco difícil de esconder quando meus feromônios estavam gritando de felicidade, então ele soltou uma risada rouca atrás de mim, ainda guiando o cavalo de volta para o castelo.

Taehyung não era do todo mal... Pela primeira vez em todos aqueles dias eu admiti isso com sinceridade. 

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