A Brand New Day | TAEJIN

بواسطة reasontaejin

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[CONCLUÍDA] [FINALISTA DO WATTYS 2021] Seokjin do Leste sempre esteve fora da curva do esperado para alguém c... المزيد

❉ Cast & Avisos
I - A New Place
III - A New Confident
IV - A New Feeling
V - A New Euphoria
VI - A New Vision
VII - A New Confession
VIII - A New Ally
IX - A New Despair
X - A New Rage
XI - A New History
XII - A New Shower Of Questions
XIII - A New Adrenaline
XIV - A New Way to Fall in Love
XV - A New Sensation
XVI - A New Revelation
XVII - A New Way to Feel Loved
XVIII - A New Predator
XIX - A New Truth
XX - A New Denial
XXI - A New Possibility
XXII - A New Way of Looking at Someone
XXIII - A New Facet
XXIV - A New Flame
❉Segunda parte do Cast & Mais avisos
XXV - New Rules
XXVI - New Friends
XXVII - New Ways To Be Affected
XXVIII - New Shared Secrets
XXIX - New Plan
XXX - New Pain
XXXI - New Punishments
XXXII - New Past
XXXIII - New Hopes
XXXIV - New Surprises
XXXV - New Souls
XXXVI - New ways to feel you
XXXVII - New Victory
XXXVIII - New Fail
XXXIX - New Victors
XL - New Future
XLI - A Brand New Day
Agradecimentos <3
ESPECIAL 20K - De volta ao Norte
ESPECIAL 40K - Fui eu quem te ensinou a lutar, não foi?

II - A New Conception

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بواسطة reasontaejin


O tempo hábil para descansarmos nossos corpos da longa viagem foi tão curto que me deixou um tanto aborrecido. Apesar da água quente do banho ter amenizado certas dores, eu ainda sentia meus olhos pesando e implorando por uma boa noite de sono, no entanto eu só teria tal dádiva depois do banquete de boas-vindas oferecido pelo rei nortista. Claro que aquela era uma oportunidade para que pudéssemos interagir com seus herdeiros - o que de fato não era algo que eu estava querendo muito -, mas não podia fazer nada sobre isso.

Jimin ajudou-me a me vestir, trajando-me com uma camiseta feita de seda escura, uma calça justa, sapatos não tão apertados quanto os anteriores e um grande casaco de pele castanho, que batia em meus tornozelos. Meu cabelo estava alinhado e macio, já seco, e meu rosto devidamente preparado, dando ênfase em meus olhos grandes com pouca maquiagem. Não era habitual para mim vestir roupas tão grossas e pesadas, mas não podia deixar-me ficar no frio que fazia no Norte, então acolhi a peça em meu corpo de bom grado.

— Você está lindo, JinJin! — Jimin sorriu ao me fitar dos pés à cabeça — Talvez seja o mais lindo entre seus irmãos. Isso chamará muito a atenção dos Alphas.

— Yoongi e Jungkook têm suas belezas particulares e singulares — comentei. — Pessoalmente, acho que o rosto doce e puro deles é uma vantagem. — Dei de ombros. — E mesmo que seja verdade o que você disse, sem querer ser rude, eu pouco me importo com o que eles vão achar ou não... Eu não tenho muita escolha mesmo.

Jimin riu e balançou a cabeça. Minha resistência quanto ao casamento só era revelada para si, na frente de todos os outros eu me mantinha firme na obediência, por mais que em minha cabeça só a vontade de sair correndo fosse magnânima.

Deu os últimos retoques em minha aparência e então eu estava apto a sair do quarto, acompanhando de um criado Beta que guiaria a mim e minha família até o salão de jantar do castelo nortista. Jimin me deu um beijinho de boa sorte na maçã do rosto e mesmo eu sabendo que nunca foi questão de sorte, abri a porta e já me deparei com o homem nos aguardando. As mãos cruzadas atrás do corpo e um sorriso mínimo marcava aquele rapaz de no máximo trinta anos. Ele tinha uma característica típica dos nortistas, da qual eu havia percebido na maioria dos habitantes dali: era extremamente branco. Claro que o clima não contribuía, é e sempre foi uma questão de genética. O rei nortista e seu primogênito, por exemplo, eram mais corados, o que me logo fez pensar que ou o Alpha era de uma outra região, assim passando a característica física para pelo menos um dos filhos.

Eu só não sabia de onde poderia ser.

— Me chamo Eunjun e estou aqui para guiá-los até o salão de jantar — disse de forma leve assim que percebi que Jungkook e Yoongi também saíram de seus aposentos.

Não podia negar que estavam lindos. Jungkook vestia um casaco de pele parecido com o meu, mas era completamente clara. Yoongi trajava uma pele escura com tons rajados, dando ainda mais destaque à sua pele alva e seus cabelos cor de petróleo. Ambos pareciam ter passado pelo mesmo processo de produção que eu, então.

Assentimos e o criado fez menção para que o seguíssemos, andando pelo grande corredor iluminado pelas tochas até o topo da escada, onde ficava o grande mosaico com a figura do lobo. Não podia negar que todas as vezes que eu olhava, ficava ainda mais admirado.

Descemos os degraus calmamente e passamos pela sala principal, indo em direção à uma grande porta que revelava um recinto ainda mais iluminado pelas chamas vivas, uma mesa grande de madeira fina de pinheiro e cadeiras acolchoadas. O que me admirou de verdade e quase me fez abrir a boca foi a quantidade imensa de comidas diferentes dispostas. Nas Províncias Praias nós estávamos acostumados a nos alimentar de frutos do mar, peixes e poucos animais terrestres que habitavam a região, como coelhos. No entanto, ali naquele banquete, era possível ver grandes e suculentos pernis, aves - que julguei ser em grande maioria pavões -, tortas, vinhos e pães. E foi naquele momento que o grande questionamento rondou a minha cabeça: Se existia aquela fartura enorme de alimentos, por que os povos das vilas pareciam passar tanta fome?

E a resposta já estava comigo, é claro. Os nobres comiam do bom e do melhor, deleitando-se em suas mesas e em suas casas aquecidas, enquanto os pobres faziam todo o trabalho e não lhes sobrava quase nada. As injustiças da nobreza...

Eunjun nos guiou até nossos lugares, cadeiras ao lado das que já estavam ocupadas por nossa família e a família da Província da Nevasca. Rei Donggun sentou-se na ponta da mesa, trajado com seu sobretudo pesado e sua coroa cintilante, tendo sua Ômega ao seu lado. Do lado direito, seus três herdeiros já nos aguardavam sentados de frente para minha família. Sentei-me ao lado de minha mãe, assim como meus irmãos ocuparam os assentos à minha esquerda.

O rei nortista lançou um grande sorriso ao nos ver e então sua mão grande foi até uma taça grande e cheia de vinho, erguendo-a acima de sua cabeça antes de começar a discursar.

— Um brinde às futuras uniões entre os herdeiros das Províncias Praianas e dos Alphas das Províncias da Nevasca!

— Um brinde! — respondemos em uníssono, levantando nossas taças no mesmo momento e depois as levanto até à boca.

Tentei ao máximo disfarçar minha má vontade em proferir tais palavras, sabendo que a todo tempo eu tinha o olhar de minha mãe me queimando ao meu lado. Desde que era uma criança, ela havia percebido que eu saía da curva quando se tratava dos papéis de um Ômega. Isso a preocupava, claro, mas jamais havia sido rude comigo ao tentar me educar da maneira que achava correta. Ela tinha consciência de que qualquer deslize meu seria quase mortífero - tanto para mim quanto para ela -. Ora, que tipo de Ômega seria ela se não soubesse educar seus filhotes?

Passeei meu olhar por todas as pessoas ali, os monarcas nortistas e depois seus filhos. Eles comiam calmamente enquanto também olhavam, mas permaneciam em um silêncio confortável. O mais velho, Namjoon, era educado à mesa e bastante observador... Tanto que logo vi que seus olhos estavam grudados em uma pessoa em especial: Jungkook. Ao notar que era fitado, meu irmão deu um pequeno sorriso e suas bochechas coraram, fazendo-o baixar os olhos para sua comida.

Hoseok sorria com suas covinhas no canto da boca, mas não tinha um ponto fixo e exato para observar, mas ao contrário do que imaginei, quem o estava fotografando intensamente era Yoongi.

Já Taehyung não soube sequer disfarçar enquanto me encarava descaradamente. Mas seus olhos não tinham malícia e nem maldade, na verdade ele parecia estar se perguntando mil e uma coisas em sua cabeça. Isso me deixou menos incomodado, no entanto soltei um pigarro baixo e voltei a comer.

— Rei Sangwoo, como planeja fazer a divisão depois que os casamentos forem realizados? — Rei Donggu indagou repentinamente ganhando a atenção de meu pai.

Ele pigarreou levemente para responder.

— As Províncias Praianas irão mandar metade dos suprimentos ao Norte, assim como previamente foi combinado. Em troca, receberemos madeira proveniente dos pinheiros. Correto?

O Nortista assentiu satisfeito. Eu me revirei por dentro. Aquele era simplesmente o acordo mais estúpido e injusto que eu já havia escutado em toda a minha vida. Se metade dos recursos alimentícios provenientes da pesca fosse dado ao norte, isso causaria um colapso entre os povos das vilas praianas, pois faltaria alimento. Além do mais, madeira não nos era útil, pois o Leste era uma região quente e sequer nevava, sendo assim não sofríamos de frio extremo nem no inverno. O uso da madeira era completamente inútil neste quesito.

Eu sempre soube que meu pai era um governante burro. Sim, a palavra correta para definir o Rei Sangwoo era burrice. Deixava suas alianças fracas e inconsistentes o guiarem por puro poder. Antes de firmar acordo com o Norte, meu pai teve a grande oportunidade de fazer uma aliança política e sem casamentos estratégicos com o rei do Oeste, no entanto recusou por lhe parecer rasa. Claro, deve ser extremamente raso ter metade da produção de tecidos que auxiliariam tanto à população para criar redes melhores de pesca e velas de barcos, quanto à venda da parte burguesa da sociedade.

Me deixava possesso a forma como o governante do Leste era cego. Algumas pessoas simplesmente não têm a capacidade de enxergar além do poder, quase como um burro que só consegue ver o que está na frente, sem mirar os lados e ver oportunidades majestosas, como foi o caso com as Províncias dos Tecelões. Precisei conter, com muita força de vontade, um suspiro e minha cara de desgosto, disfarçando bem enquanto mastigava um pedaço suculento de pernil.

Eles adentraram em um assunto político tão imbecil e horroroso que precisei trabalhar minha mente para fingir que não ouvia nada, pois a consequência seria um grande revirar de olhos. Concentrei-me em minha comida e em observar os outros presentes na sala de jantar, notando mais uma vez que Namjoon não tirava seus olhos de Jungkook. "Alguém já escolheu seu Ômega, pelo visto." pensei comigo mesmo.

Aquele banquete durou o que pareceu quase uma eternidade, até que os criados foram retirando os pratos e as travessas, deixando apenas nós ali. O Rei Donggun já se encontrava levemente embriagado, um pouco tonto - não em sentidos, mas na forma que agia - e se levantou nos fitando com seus olhos penetrantes.

— Seokjin, Yoongi, Jungkook... Gostaria de oferecer-lhes um pequeno passeio nas dependências do castelo, acompanhado de meus filhos. Gostariam?

"E nós temos escolha por acaso?"

— Certamente, Rei Donggun — fui eu quem respondi, tanto por ser o mais velho e por saber me portar neste tipo de situação. — Seria uma honra apreciar da companhia de seus herdeiros.

"Não seria não."

— Esplêndido! Namjoon, Hoseok, Taehyung, levem os rapazes para conhecer nossa casa.

— Sim, meu pai — Namjoon disse e ouvi sua voz pela primeira vez.

Os três Alphas levantaram-se de seus assentos e rodeando a mesa, alcançaram-nos rapidamente, puxando nossas cadeiras de forma educada para que nos levantássemos. Exagero não destacar que o mais velho deles prontamente se colocou ao lado de meu irmão mais novo, arrancando um sorriso meigo do garoto. Hoseok e Taehyung pareciam um tanto indecisos, no entanto Yoongi tomou a iniciativa de novamente fitar o filho do meio e assim ele saiu acompanhado do Alpha, tomando seu braço. E me restou o mais novo entre os três, o Alpha que tinha aroma de mar.

Tomando minha mão em silêncio, mas com um pequeno sorriso em seus lábios, Taehyung me ajudou a me levantar e ofereceu seu braço. Claro que eu estava completamente relutante em fazer aquelas coisas, mas não podia me negar, então seguimos para fora do salão.

— Espero não estar lhe incomodando. — Foi a primeira vez que ele disse algo, quando já estávamos longe de todos.

Ele tinha a voz suave, porém grave. Seu tom era coberto de gentileza e cuidado, o que me estranhou, pois geralmente Alphas são mais truculentos e não se importam sobre sua comodidade ou não.

— Não há incômodo algum — respondi simplista ainda olhando para frente enquanto caminhávamos até o pátio do lado de fora do castelo.

— Você não precisa fingir que está feliz ao meu lado, Seokjin — disse parando e me fazendo parar também para fitá-lo com uma das sobrancelhas erguidas. — Sua expressão pode enganar nossos pais e irmãos, mas é de fácil leitura que não concorda com tudo isso... Assim como eu.

Sempre pensei que eu sabia disfarçar bem meus descontentamentos sem ser descoberto, no entanto, naquela hora, fui pego de surpresa. Meu coração acelerou-se levemente e fiquei por um tempo sem palavras.

— Não se assuste, não estou lhe repreendendo. — Sorriu gentil — Minhas convicções quanto a este acordo e matrimônio político já foram alvo de várias brigas com meu pai, no entanto eu não tenho para onde fugir a não ser concordar calado. Assim como você.

Confesso que aquilo me afetou de uma forma negativa. Um Alpha sempre tem voz, sempre tem razão, como ele poderia se comparar com Ômegas que literalmente foram criados para satisfazer as vontades de pessoas como ele? Meu rosto se contraiu e meu cenho se franziu com tal afirmação, demonstrando minha infelicidade diante de suas palavras.

— Você é um Alpha. Você tem poder de escolha — falei de forma petulante. — Eu não.

Para minha surpresa, ele não se enfureceu. Pelo contrário, sorriu.

— Reconheço meus privilégios como Alpha, mas sendo filho de um líder, só me resta acatar com o que ele diz. — Deu de ombros — Não acho certo que eu me case com alguém que meu pai escolheu, no entanto já que precisa ser assim, farei da melhor forma possível, seja com quem for. - me fitou profundamente.

Suas palavras já me davam a impressão de que ele simpatizara comigo e era sua possível escolha. Bem, eu ainda não havia conhecido Namjoon e Hoseok, não podia dizer que dentre todos ele era o menos pior, até porque eu não estava me esforçando nenhum pouco para agradá-los. Porém ele me pareceu... Flexível demais.

— Suponho que está escolhendo bem entre nós três então — falei ainda em tom desafiador.

E novamente ele sorriu.

— Eu já escolhi. Não precisei pensar muito. Resta saber se este Ômega também me escolherá. — Deu de ombros.

Maldito Alpha.

Olhei para o céu e fiquei momentaneamente frustrado por só ver a nuvem pesada que pairava ali, cobrindo as estrelas. Que droga de destino era esse onde eu deveria me casar com pessoas que eu mal conhecia? Em que eu deveria ver meu pai levando nossa província à ruína aos poucos e não podia falar nada? Era este o significado da vida de um Ômega, apenas ver um castelo de cartas despencando bem diante de seus olhos?

Eu queria poder vociferar e dizer a ele que eu não queria, de forma alguma, casar-me e lhe dar filhotes, me submeter a seus desejos e suas satisfações carnais, mas permaneci criando um nó cheio de raiva em minha garganta. Era perigoso, por mais que Taehyung dissesse que concordava com minhas convicções. As pessoas mentem, elas enganam, te ludibriam para poder nos obrigar a fazer o que elas querem. Por trás daquele rosto calmo e cheio de leveza, um Alpha truculento e impiedoso poderia se esconder.

— Então este é um dos Ômegas do leste? — Uma voz desconhecida ecoou ao longe, fazendo-nos olhar para trás imediatamente.

Uma silhueta grande saía da penumbra e vinha caminhando em nossa direção. Tinha cheiro de ferro, como sangue escorrendo... Era enjoativo, meu olfato logo ficou sensível demais. Era um Alpha de cabelos curtos e negros, pele incrivelmente branca e rosto quadrado. Diferente dos herdeiros do rei, ele não tinha nenhuma característica que poderia me fazer repensar duas vezes em seu julgamento, sua expressão entregava sua verdadeira essência de Alpha.

— Minho — Taehyung disse com a voz neutra. — Seokjin, este é nosso primo do Sul. Ele está morando conosco por um tempo, pois logo assumirá o comando do exército nortista.

Minho se aproximou de nós e curvou-se diante de mim, logo depois tomando minha mão e deixando um selar nela. Ele se demorou até demais me analisando como se eu fosse um pedaço de carne, depois inalando meu cheiro como se aquilo o satisfizesse das melhores formas possíveis. E nojentas também.

Ele exalava guerra. O aroma de sangue em si me lembrava miséria, truculência e violência. Era horrível, sua aura era pesada demais para querer estar no mesmo ambiente.

— É um prazer conhecê-lo, Seokjin — disse com a voz cortante. — Ouvi dizer que os herdeiros do Leste eram todos belos... Não disseram mentira alguma.

— Obrigado — respondi curto.

Quando olhei para Taehyung, sua expressão de leveza havia sumido e ele tinha o maxilar trincado. Era como se algo em Minho não o agradasse em nada, como se fosse uma ameaça. Claro que era, dois Alphas disputando a atenção do pedaço de carne que eu era... Patético.

— Estou interrompendo algo? — ele indagou dissimulado.

— Seokjin e eu estávamos passeando pelo castelo — respondeu firme. — Nos conhecendo melhor.

— Ah, isso é ótimo! — disse com uma falsa felicidade. Ele era tão odioso... — Deixarei-os à vontade. Quem sabe daqui alguns meses não poderemos ver este casal com um belo filhote, hm? — Entregou um sorriso descarado e então deu as costas, sumindo novamente no escuro e deixando Taehyung com o punho cerrado.

Quando o Alpha já não estava mais em nosso campo de visão e seu cheiro horrendo já não irritava meu olfato, vi Taehyung deixar-se relaxar. Ele massageou a têmpora tentando retomar sua postura antes calma e virou-se para mim.

— Me desculpe por isso. Minho é o pior tipo de Alpha que existe... Se por acaso o encontrar por aí e estiver sozinho, apenas saia. Ele não tem o mínimo respeito por ninguém que não seja Alpha.

Pendi minha cabeça para o lado tentando processar suas palavras. Eu esperava que ele falasse algo como "se vê-lo por aí, me chame", no entanto reconheci que ele sabia que eu tinha autonomia o bastante para me resolver sozinho caso isso acontecesse.

— Como assim não tem o mínimo de respeito? — indaguei curioso.

Taehyung trincou o maxilar novamente.

— Seokjin, diferente do que lhe foi ensinado por toda a vida e do que falam, nem todos os Alphas são agressivos, possessivos e desrespeitosos. Existe um limite muito grande quando se trata do instinto híbrido, principalmente para nós. Nosso lobo interior não nos domina por completo, assim como nossa parte humana também não. Basta saber equilibrar para poder ser alguém normal. No caso de Minho, ele nunca se preocupou com isso. Por ser um Alpha, ele acha que os Ômegas têm de satisfazê-lo e nada mais. É repugnante.

— Babaca. — Deixei escapar enquanto olhava a penumbra, onde Minho estive há poucos instantes. Porém, depois que percebi o que havia dito, imediatamente fitei Taehyung com os olhos arregalados, mas lá estava ele sorrindo outra vez.

— Sim, ele é um idiota — disse de forma leve mostrando um sorriso retangular. — Eu espero não estar sendo um agora também.

Tendo em conta de que ele poderia mesmo ser só um lobo mau disfarçado diante de toda a gentileza, eu tinha que reconhecer que Taehyung não era de todo o ruim. Mas ainda não o bastante para me fazer cair como um idiota em toda a farsa do casamento e me prender na mesma bolha que Jungkook.

— Não está. — Pontuei — Mas já que me deu a liberdade de dizer meu verdadeiro ponto de vista... — Mordi o lábio inferior — Não estou de todo contente com isso também, principalmente no que se diz com este acordo entre os dois reis. Mas não posso fazer nada sobre, apenas ver dando miseravelmente errado.

Ele me analisou por um tempo sem tirar o sorriso do rosto.

— Suas noções de política são inteligentes. Concordo com você. Acho que nos daremos bem.

— Veremos se isso é possível — respondi me permitindo dar um pequeno sorriso pela primeira vez desde que cheguei às Províncias da Nevasca.

Taehyung me falou sobre as vilas que rodeavam o castelo, o exército nortenho e como ele funcionava. Apenas homens Alphas eram soldados, mesmo as mulheres eram proibidas de de fazer parte das tropas, o que me deixou incomodado. Há muito não havia guerra, no entanto algumas províncias independentes sempre insistiam em reivindicar direitos por terras que os reis como Donggun ou meu pai batiam o pé e insistiam em ser propriedade da monarquia, o que levava a conflitos sangrentos.

Me explicou que a população era composta em sua grande maioria por betas e ômegas. A taxa de mortalidade infantil era grande, pois muitos não tinham condição de criar seus filhotes diante do frio intenso, devida a falta de recursos básicos. Ele comentava tudo isso com um semblante extremamente triste e preocupado, como se ele realmente estivesse incomodado com a desigualdade causada pela má gestão de seu pai.

Me dava uma enorme tristeza saber que além da população estar necessitada, ela não tinha voz. Era como se uma grande mão de ferro apertasse suas gargantas as impedindo de dizer o que necessitavam e de reivindicar os frutos de seu próprio trabalho. Aquilo tudo só me fez criar um grande asco pelo Rei Donggun.

Ainda com os braços dados, Taehyung guiou-me novamente para o interior do castelo, levando-me até a sala de jogos. Ele sorriu dizendo que era ali que gostava de passar a maior parte de seus dias, jogando cartas com seus irmãos. No entanto fazia bastante tempo em que não se dava a este luxo, pois com o anúncio do acordo, seu pai ordenou que eles se preparassem para uma vida diferente, onde jogos bestas não lhes ensinariam a ser os Alphas dignos.

— Taehyung — uma voz chamou e nossos olhos guiaram-se até o som, reconhecendo Hoseok que vinha acompanhado de meu irmão do meio. — Você poderia levar Yoongi a um passeio agora? Gostaria de ter a oportunidade de conversar com Seokjin — disse sorrindo.

Um sorriso estranhamente iluminado e feliz.

— Claro! — ele disse e logo então se curvou diante de meu irmão, beijando sua mão.

Yoongi parecia imensamente decepcionado pela permuta.

Hoseok se aproximou de mim e me cumprimentou da mesma forma, oferecendo seu braço logo em seguida.

— Foi um tempo muito proveitoso, Seokjin — Taehyung disse-me educadamente. — Obrigado pelo passeio.

— Foi uma honra — respondi e ele sorriu ao captar a petulância em minha voz.

Talvez ele não fosse tão ruim assim. Mas eu ainda não queria me casar com ninguém.

— Seokjin, posso lhe mostrar as dependências internas? — Hoseok indagou com educação sem deixar aquele sorriso estranho.

— Claro.

Nós começamos a caminhar, porém diferente de Taehyung, Hoseok não calava a boca momento algum. Ele tagarelava sobre a construção do castelo, sobre os tapetes, as pinturas, o teto, o chão... Era um tagarela. E o cômico de tudo era que ele mal se importava com meu silêncio quando eu apenas assentia com a cabeça, lhe entregando um sorriso quase agoniado para que ele calasse a maldita boca. Hoseok gostava de ter alguém para lhe ouvir.

— Aqui é a cozinha — disse me mostrando um enorme recinto onde mulheres ômegas e betas limpavam restos de comida. — Essas são nossas cozinheiras, Woobin e Jiwoo.

Eram duas mulheres baixinhas e corpulentas, vestidas com aventais sujos. Os rostos estavam suados, porém ao me verem, fizeram uma reverência e me sorriram enormemente. Elas pareciam ser tão simpáticas...

— Seja bem-vindo, príncipe — a que se chamava Woobin me saudou. — Pequeno Hobi, já o levou até a adega?

Meu cenho franziu no mesmo momento. Ela parecia ter tanta intimidade com ele, problema algum em lhe chamar de uma forma tão... Cuidadosa. No Leste, meu pai nunca permitiu que nos misturássemos com os criados. Ele dizia que o máximo que poderíamos ter era nossos criados pessoais, como Jimin. Em suas percepções, este tipo de mundo não se mistura, o que para mim era uma baboseira enorme. Querendo ele ou não, sempre escapuli por entre os salões de nosso castelo e passei horas a fio ao lado das cozinheiras do Leste, pois elas me tratavam como filhos, me davam um amor que eu realmente não conseguia captar de meus pais.

— Quer conhecer nosso acervo de vinhos? — ele indagou me olhando.

— Seria um prazer.

"Não seria não, mas eu não tenho escolha."

— Até mais Woobin, Jiwoo! — Ele levantou a mão dando um pequeno tchau e as mulheres lhe sorriram.

Hoseok parecia ser carismático. Fiquei pensando comigo mesmo o que havia de tão errado com aqueles três para destoarem totalmente do meu entendimento sobre Alphas. No Leste, eles eram irredutíveis, horrendamente violentos e desrespeitosos. Lembro-me bem de um Alpha que fazia parte da guarda real, um homem grande e barbudo que andava de um canto para o outro vigiando as dependências de nosso lar. Um dia, em seu período de cio, ele tentou atacar Yoongi à força. O choro e os gritos dele me deixaram em um misto de vontade de matar aquele homem e chorar ao mesmo tempo. Os outros guardas o contiveram, pois sendo da nobreza, nossos corpos apenas estão disponíveis para alguém do mesmo patamar... Eu sempre pensei que deveria estar para quem bem entendessemos. Mas foi este pensamento retrógrado, pelo menos, que salvou meu irmão do meio e levou o Alpha barbudo à guilhotina.

Não sou uma pessoa a favor de violência e muito menos amargo, contudo nunca fiquei tão feliz em ver um cadáver em praça pública.

O Alpha nortista me levou até uma adega onde várias garrafas de vinho dispostas deixavam o clima parecido com o de uma taverna. Novamente Hoseok voltou a tagarelar sobre a exportação da bebida, que vinha do Sul, e quais tipos de vinho ele mais gostava. Céus, como ele falava pelos cotovelos...

Apenas fiquei concordando com um sorriso amarelo, até que ele finalmente bocejou e eu me senti grato por ele dizer que estava cansado e precisava dormir. Sendo assim, disse que me levaria até meus aposentos para que eu descansasse também.

Não tive a oportunidade de conhecer o primogênito dos Alphas, Namjoon, contudo enquanto fazíamos o caminho até a escadaria, pude ver ele sorrindo gentil para Jungkook, que estava completamente derretido. Definitivamente ele já tinha escolhido seu ômega.

Deixando-me na porta de meu quarto, Hoseok se despediu de forma cordial e suspirei aliviado quando adentrei os aposentos e encontrei Jimin tricotando alguma coisa. Soltei um suspiro e revirei os olhos, para depois jogar meus sapatos e deitar na cama de uma vez só.

— Problemas, JinJin? — ele indagou rindo de minha feição.

— Muitos — resmunguei. — Eu estou cansado, morrendo de sono e tive que escutar um monólogo intenso e completamente irritante de Hoseok sobre as melhores uvas para se fazer um vinho. Céus, que Alpha tagarela!

Jimin soltou uma risada e se aproximou de mim, ocupando o espaço no colchão e acariciando meus cabelos.

— Você não gosta mesmo dessa ideia de se casar, não é, Jin? — Sussurrou afagando meus cabelos.

— Não — respondi balançando a cabeça. — É tão... Sufocante. — Admiti em um suspiro — Não que eu seja contra a ideia de um dia casar-me e ter filhotes, no entanto eu acho que isso deva ser de minha vontade, entende, Jiminie? Que eu deva me apaixonar por alguém e escolher por minhas vontades, não por ser obrigado para unir duas nações com interesses...

Jimin me ouvia conseguindo captar bem o que eu pretendia dizendo tudo aquilo. Eu realmente não era contra casamento, de jeito algum. Só que em minha mente, outras questões rondavam e me preocupavam. Eu ainda ficava triste e preocupado pela desigualdade social, pela voz calada de ômegas mulheres e homens e sobre o poder patriarcal que os Alphas tinham sobre nós. Naquela altura, me casar à força, como me estava sendo imposto, só me fazia ter mais certeza de que essas coisas estavam em evidência.

Eu não era uma pessoa fria e sem sentimentos, me apaixonar por alguém não era algo fora de questão... Mas não era imediato, não era uma necessidade.

Jimin me ouviu por algum tempo até que me ajudou a colocar minhas roupas de dormir e me afagou até que eu caísse no sono. Meu coração estava apertado no peito por tudo isso que acontecia e eu sentia que isso não iria passar tão cedo.

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