Condão .

By GiordanoMochel

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A obra de ficção científica “Condão” diferencia-se pela abordagem político-técnica de um futuro onde o contro... More

Prólogo
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14

Capítulo 10

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By GiordanoMochel

Capítulo 10

Fora Jan quem primeiro se desesperara.

— Estamos no meio da rua, com 700 câmeras apontadas para a supervia! Não tem lugar pior para se esconder!

Ed já havia percebido isso também e estava raciocinando sobre uma solução. Acessou seu disco virtual na super-rede, incógnito. A senha era romântica: 51LV1@T0D050NH0T3M35P3RANC@. Verificou o tamanho do arquivo que tinha retirado do espaço da Central dois anos antes, bem como o mapa de pontos cegos que acumulara nos últimos 4 anos, por hobby. O Arquivo de mapeamento tridimensional do sistema de metrô a vácuo era enorme, cerca de 40 Petabytes. Não caberia no seu dispositivo ótico. Precisaria que a namorada baixasse no dela, com muito mais espaço de armazenamento. A menina riu ao pegar a senha e beijou Ed. Baixou o arquivo. Já o mapa de pontos cegos era pequeno e Ed pode baixar no seu próprio dispositivo.

— Procure alguma entrada para uma tubulação desativada. Quanto mais tempo atrás tiver sido inativada, melhor. – Disse à garota.

— Não tem nenhuma entrada por aqui. As tubulações passam sob o morro Dona Marta, mas estão mais de 100 metros para dentro da rocha.

— Procure pelo histórico de 50 anos atrás. Muitas tubulações que foram usadas na época estão desativadas e não aparecem no mapa.

Acessou o ambiente de histórico. Uma visão 3D muito diferente de Botafogo apareceu no seu aparelho.

— Incrível! Quando conseguiu isso?

— Há 2 anos. Verificou alguma entrada?

— Praticamente todas as ruas tinham uma na época da construção. Existem tubulações auxiliares por baixo de todo o morro e também da via. – Mexeu as mãos, avançando e retrocedendo o histórico – As entradas foram demolidas, mas não as estações auxiliares. Creio que dá para acessá-las pelas galerias subterrâneas.

As galerias eram usadas para dar manutenção na rede elétrica e na rede de tubulações coletoras de lixo. Também davam acesso às galerias de conexões de dados, mas estas tinham um espaço próprio, mais novo. As galerias subterrâneas auxiliares eram mais velhas que as primeiras tubulações do metrô a vácuo. Ed verificou o mapa de pontos cegos.

— A 700 metros daqui há uma rua com um ponto cego ao lado de toda a via direita. Vamos por ela. Deve haver um ou mais alçapões de acesso à galeria na própria calçada.

Entraram na rua esfregando as costas nas paredes dos edifícios. Duas senhoras passaram por eles, curiosas. Provavelmente achando que estavam pagando alguma prenda universitária. Fizeram questão de rir, distraídos, para que elas pensassem que se tratava realmente de uma brincadeira.

— Ali. Há uma tampa de aço no chão, junto a parede.

Puseram-se acima da tampa. Havia um dispositivo com uma caixa ao lado e um leitor de íris.

— Uma caixa de acesso. Posso conectá-la, mas não temos como entrar. Não somos da manutenção. – De repente lembrou-se. Acessou o banco de íris e colocou em modo de busca. Procurou pelo local de emprego. "Empresa Pública de Energia do Rio de Janeiro" e pelo cargo "Manutenção". Apareceu uma lista com mais de 13.000 nomes. Todos os que trabalharam lá há menos de 40 anos. Precisava de alguém que estivesse na ativa há pelo menos 10 anos. Era um pouco difícil, já que os técnicos em manutenção geralmente ficavam no cargo até completar os estudos. Escolheu 10 imagens de íris. Conectou-se à caixa no chão por acesso remoto, da sua própria lente. Usou alguns algoritmos de decriptação para acessar o ambiente de captura de imagem. Facilmente hackeável, já que não dava acesso a nada. Mas através dele poderia inserir a imagem da íris, como se o aparelho a estivesse capturando. Testou várias e somente na sétima conseguiu. Um garoto de 18 anos que agora deveria estar com 28 e ainda na ativa. A porta a vácuo se abriu mostrando uma escada. Um rapaz passou por eles achando aquilo estranho. Nunca tinha visto técnicos de manutenção tão singulares.

A galeria era ampla e muito limpa. Sabiam que a rede de esgotos era agora muito pequena, apenas alguns tubos. De fato, cada edifício ou loja comercial fazia sua própria reciclagem de água, reutilizando-a. Uma nova distribuição era necessária apenas para repor a evaporação. A matéria orgânica era recolhida em tubos próprios para a fabricação de fertilizantes, enviados ao interior. Com a economia de espaço da rede de esgotos, o subterrâneo pôde ser utilizado pelas galerias de manutenção com maior folga. As câmeras eram intercaladas em grandes espaços, o que permitia aos 3 se desviarem.

Andaram uns 300 metros. Sílvia apontou para a parede.

— É aqui. A entrada para a estação auxiliar.

Não havia nada. Apenas a parede.

— Devem tê-la selado. – Ed disse, aflito.

Jan passou as mãos pela superfície. Uma grossa camada de tinta metálica a cobria.

— Creio que está por baixo da pintura. – Verificou uma caixa embutida 5 metros a frente. A tampa era metálica, com pequenas dobradiças. Forçou-a para baixo e ela destacou-se da caixa com um estalido. Jan começou a raspar a tinta com força, usando a ponta da tampa, até que uma pequena fenda de 7 cm fosse aberta da superfície. Depois bastou pôr a mão por dentro da fenda e puxar a camada de tinta. Nesse momento os 3 ajudavam. A porta ficou totalmente visível. Não era a vácuo. Tinha uma tranca circular que parecia abrir com um giro. Jan girou até o fim. Puxou a porta que abria para o lado. Estava emperrada. Os três então fizeram força juntos e a porta abriu o suficiente para colocarem as mãos. Cada um puxou de uma altura diferente e a porta abriu mais 30 centímetros, o suficiente para que passassem.

— Finalmente uma porta sem segredos. – Jan disse rindo. Fizeram força novamente para fechar a porta depois de recolher toda a tinta arrancada do chão. Aquilo poderia lhes dar alguns minutos preciosos na fuga.

Lá dentro estava um verdadeiro breu. Precisavam achar a caixa de luz de emergência. Ed pediu o aparelho de comunicação do amigo. Ligou o flash da câmera.

— Até que esse dinossauro ainda serve para algo. – Conseguiu ver a caixa a 30 metros. Ligou as luzes de emergência. A estação era pequena e de um formato completamente estranho para os olhos de todos. Ainda havia blocos nas paredes. Não eram aquelas com curvas completamente concordantes das atuais estações. Eram extremamente quadradas. De redondo, só os 4 tubos de vácuo logo abaixo. Sílvia adiantou-se.

— Essa estação está desativada há 50 anos. Creio que nenhuma dessas câmeras funcionam. Com relação aos tubos, cada um vai para um lugar diferente. Um para a Barra, um para Niterói, um para Cascadura e outro para a Central do Brasil.

— Onde em Niterói?

— Aparece apenas a estação de Icaraí. Mas não dá para saber mais nada. Creio que o arquivo não abrange o bairro externo de Niterói, só a região metropolitana.

Não dava para arriscar às cegas em Niterói, mesmo porque estava em sentido contrário à reserva das Agulhas Negras. A Barra ficava muito longe da Cidade Deserta, teriam que atravessar a serra e a Central do Brasil estava obviamente descartada.

— E a estação de Cascadura?

— Está desativada há 20 anos. Muito pouca gente ainda mora lá. Fica ao lado de uma antiga estação de trem e bem próxima aos limites da cidade abandonada. Creio que devamos ir para lá!

— Certo. Mas primeiro temos que saber se o trem de manutenção ainda funciona.

O pequeno trem de manutenção era um compartimento em forma de drágea. Mais ou menos como uma pílula gigante. Tinha cerca de 20 metros. Era de uma cor prateada, completamente coberto pela sujeira. Dentro, algumas ferramentas arcaicas e apenas duas fileiras de bancos. Era usado para carga e não para passageiros. O funcionamento do trem a vácuo era simples: Retirava-se todo o ar do tubo no trajeto e soltava-se o vagão aos poucos. O vácuo se encarregava de deslocá-lo devido à diferença de pressão. Nos trens modernos, tanto o primeiro impulso quanto o freio do veículo era controlado por quantidade de ar nos compartimentos. Mas no pequeno trem de manutenção o freio era manual, agindo sob pressão no monotrilho magnético.

— Sílvia, verifique se há alguma conexão deste tubo com o sistema. Se nos descobrirem aqui estaremos ferrados como ratos em uma gaiola. – Disse Ed, lembrando-se que vira ratos apenas em filmes e desenhos antigos.

— Não há conexão. Como esse, existem ainda 900 tubos desativados e cerca de 3000 tubos de manutenção ativos, apenas na região metropolitana. Se não souberem onde estamos, dificilmente vão relacionar nossa fuga ao uso desse trem. Claro que não dá para abusar da sorte. Quanto mais cedo sairmos daqui melhor.

— Ok. Vou esvaziar o tubo. – Dirigiu-se ao painel de controle. Era muito diferente dos atuais, mas estava razoavelmente bem sinalizado. Clicou no botão "Vacuolizar". Funcionou.

Ouviram o barulho de sucção de ar e pularam para dentro do trem. Travaram a porta.

— Espero que não haja vazamento. Se esse trem parar no meio do caminho teremos que continuar o trajeto a pé. Não fico nem um pouco à vontade andando quilômetros em um tubo a vácuo.

Uma luz verde acendeu no painel.

— Solte o freio e vamos embora, Ed. Disse Jan, com certa apreensão.

— Bem que eu queria. Mas a alavanca está emperrada.

— Vamos tentar juntos.

Fizeram uma enorme força. A barra de freio se soltou e o trem deu uma arrancada tão violenta que jogou os três para trás do vagão.

— Temos que chegar ao painel! No vácuo a aceleração é quase ilimitada. Podemos chegar a 1.000 km/h em menos de 60 segundos!

Arrastaram-se, com enorme dificuldade para vencer a força da aceleração. Naquele momento o trem já estava próximo dos 900Km/h. Jan foi o primeiro a chegar.

— Devagar Jan! Se frear bruscamente seremos jogados pela janela da frente!

Com cuidado o professor foi descendo a alavanca. A velocidade recuou para 400Km/h.

— Pode reduzir mais. Chegaremos em menos de 3 minutos.

Felizmente havia alertas digitais de proximidade. A distância caia rapidamente. Quando chegou a 1000 metros já estavam a menos de 150 km/h. Uma luz amarela acendeu. Jan recuou para apenas 10 km/h. Havia uma porta fechada a frente. Pararam a apenas 20 cm dela. A porta se abriu e o vagão foi impulsionado pelo próprio trilho.

A estação parecia tão velha quanto à outra, com a diferença de que as luzes de emergência já estavam acesas. Na verdade não era a estação de Cascadura, mas uma estação de manutenção subsequente. Já estavam prontos para procurar a saída quando uma porta metálica se abriu.

— Parem!

Uma loura de quase 1,80 m passou pela porta seguida de 8 homens armados. Edwardo fez menção de voltar ao trem, mas seria inútil. O painel vacuolizador estava entre os dois. Imediatamente achou que haviam sido pegos e morreriam naquele momento. Mas esse pensamento se afastou logo depois. Nem a moça nem os homens ao seu lado usavam o uniforme oficial do Comando. Além disso, nenhum drone estava com eles.

— Você causou uma grande confusão hoje, Edwardo. – Ela falou sorrindo.

Sabia seu nome. Deveria ser uma oficial disfarçada. "Estamos mortos". Olhou para Sílvia. Uma lágrima descia dos lindos olhos da menina.

— Ninguém vai matá-los. Estamos do mesmo lado, agora. Abaixem os braços. Vamos sair daqui, não podemos perder tempo. Vistam estes uniformes.

Virou-se para inspecionar o trem e lembrou-se:

— Outra coisa: de forma alguma tentem acessar a super-rede.

Sem entender quase nada os três vestiram a pesada farda dada pela moça e seguiram-na pela porta, que foi fechada assim que passaram. Uma enorme estação surgiu a sua frente. Cascadura. As luzes de emergência também estavam acesas. O sistema contava com 28 tubos ligados a vários pontos da cidade. Todos desativados. Estava deserta.

— Não podemos deixar nenhuma pista de que estivemos aqui. Para todos os efeitos, vocês saíram sozinhos e estão tentando chegar a algum lugar fora dos limites da cidade abandonada.

Os homens desligaram as luzes de emergência. Na ponta das armas acenderam as lanternas. Foram para a saída. Na rua tudo estava extremamente escuro. Não havia uma alma viva. E todos os edifícios pareciam ruínas.

— O que houve aqui? – Indagou Sílvia espantada. – Esse bairro ainda é habitado! Vejo frequentemente na TV algumas notícias daqui.

— Ah. A mídia... – Suspirou a loura. – O que não fez nesses últimos 70 anos? Na pressa creio ter sido indelicada. Permitam-me que me apresente. Meu nome é Celeste. – Disse, sem parar ou ao menos diminuir o passo. Os meus amigos são: Cassiano, Geraldo, Clemente, Gui, Renato, Frei, Quiz e WP.

Os homens acenaram com a cabeça. Ed reparara agora que todos pareciam ter mais de 55 anos, ao contrário da loura, que aparentava ser mais nova que Sílvia. Quem mais reparara nela fora Jan, agora praticamente um convertido, já que Deus dera a mostra da sua existência mais uma vez no mesmo dia. A loura era linda. E Celeste.

Chegaram a alguma espécie de veículo. Tinha rodas de um tipo de substância preta viscosa.

— Entrem na van.

Os três entraram, não sem demonstrar uma enorme desconfiança.

— Um automóvel! – Disse Jan. – É elétrico?

— Sim. Deve ter uns 60 anos. Mas funciona suficientemente bem.

Estranhamente não havia assentos. Sentaram-se no assoalho. O veículo moveu-se. dando um pequeno susto nos 3 amigos. Não era muito rápido mas chegava a 60 km/h. A moça dirigia completamente no escuro. Provavelmente com a lente em modo infravermelho. Já haviam andado cerca de 5 minutos pelas ruas desertas da cidade quando viram um clarão vindo da estação, 3 quilômetros atrás. Sobre ela, o maior drone que Ed já vira.

— Um superdrone escâner de feixes gama! Podem reconhecer qualquer coisa em um raio de 10 km por radiografia, mesmo através das paredes. Vocês não são apenas hackers que invadiram a Central. Existe algo mais. De qualquer forma, essa roupa é imune aos raios e aos detectores de calor. Rápido, deitem na van, o mais próximo que puderem. Vamos fazer com que todos pareçam uma massa única e despistar o feixe.

Celeste se jogou de frente e caiu por sobre Ed. Quase rosto com rosto. Sílvia arregalou os olhos. O rapaz ficou sem fala. A loura pareceu ignorar. De repente virou-se por sobre o corpo de Jan.

— Coloquem os capuzes. Não se mexam de forma alguma! Os raios gama podem detectar o movimento de uma antena de barata.

Jan praguejou para si mesmo. Como assim nenhum movimento? A mulher mais linda que já vira estava deitada de costas sobre ele. Havia partes do corpo cujos movimentos não eram facilmente controláveis. Começou a pensar no xadrez, as piores derrotas que sofrera. Aquelas incrivelmente humilhantes. Não estava adiantando. Corria o risco de morrer por um feixe eletromagnético e mesmo que escapasse teria que encarar a loura depois daquilo. Morreria de vergonha! Pensou na barata e sua antena. Nunca tinha visto uma, só nos documentários 3D. Imaginou-se mordendo a barata, comendo suas asas. Quanto mais asquerosa melhor. Não estava adiantando! Então o feixe passou por eles. Continuaram imóveis. Menos Jan. Pelo menos uma parte dele. Um minuto depois ela se levantou, aparentemente ignorando o professor, que suava dentro do uniforme.

— Se tivessem nos detectado já estariam aqui. Estávamos a 500 metros da entrada. Não conseguiríamos mesmo chegar. Foi bom termos agido assim. – Disse a loura.

Todos haviam tirado os capuzes, menos Jan. Respirava pausadamente, ainda imóvel. Pelo menos parte dele.

Entraram no esconderijo. Era apenas uma garagem subterrânea, nada demais. Pararam em uma vaga. Uma porta a vácuo abriu-se para um enorme corredor. Continuaram, ainda dentro da van e a porta fechou-se atrás deles. Seguiram por pelo menos 500 metros. Às vezes para baixo, às vezes para frente. Chegaram a um grande salão circular e o último acesso se fechou. Havia dezesseis portas na enorme parede em volta do salão.

Outra loura os esperava. Quando a van se abriu, Jan se surpreendeu. Era exatamente igual a Celeste!

— Olá. Meu nome é Núbia. Vamos ao comando. Sigam-me. – Atônitos, seguiram-na por uma das portas através de um corredor. Conseguiam distinguir Celeste pelas pesadas roupas, mas logo isso seria impossível. Na primeira sala em que pararam tiveram que deixar o pesado uniforme. Quando a loura o tirou, Jan comparou as duas: Eram exatamente iguais. Apressou-se em tirar a pequena carteira do bolso. Dentro, havia um minúsculo talo de cerca de 7 cm. Uma caneta. Usava-a para desenhar. Ninguém entendia aquilo, já que usar programas holográficos e projetados era muito melhor, sendo possível sentar-se em frente à torre de Pizza e pintar a Monalisa se quisesse, com os softwares de realidade aumentada. O mais difícil para Jan era arrumar papel, produto escasso, incomum há anos. Saltou em direção a Celeste. Pegou sua mão. A moça assustou-se.

— Desculpe-me, eu sou meio estranho mesmo. Mas se não fizer isso vou ficar tão confuso que parecerei mais estranho. – Desenhou uma pequena cruz nas costas da mão esquerda de Celeste. – Assim não terei como confundir as duas irmãs na hora de dirigir-me a vocês. – Olhou apenas para Celeste, com um ar completamente abobalhado e um sorriso de criança.

A moça, a princípio, ficou séria. Depois deu uma pequena risada.

— Bem, pelo menos você conseguirá me distinguir das outras 11. As que tem a minha idade.

Jan não entendeu, mas assim que abrira a boca para falar entrou outra loura idêntica na sala.

— Celeste, o Patriarca quer que volte à superfície e monitore os drones na torre do Catonho. Desligamos todas as câmeras de segurança da cidade abandonada para não criar rastros. – Virou-se para os três amigos. – Desculpem-me. Meu nome é Glenda.

— Clones! Disse Ed. De repente ficou vermelho de vergonha. Não sabia se elas encarariam aquilo como uma ofensa. Sílvia beliscou-lhe. Núbia riu.

— Sim, clones. Somos 12 dessa geração. Seguem-se mais 21 gerações com 12 clones idênticos a nós. Uma geração a cada 9 meses.

"São clones", pensou Jan, "mas as personalidades são totalmente diferentes". Estava certo. Núbia era muito amável. Glenda era mais técnica e séria. E Celeste era um verdadeiro soldado seguindo normas rijas. Sabia exatamente por quem estava apaixonado.

— Não precisava ter riscado minha mão, caro Jan. Olhe no bolso da minha camisa.

Apesar de não reparar tanto no bolso quanto no busto da loura, Jan distinguiu um pequeno círculo branco no lado esquerdo. O de Núbia era rosa e o de Glenda preto.

— Apesar disso, gostei do gesto. Vou manter a cruz. – Deu um sorriso para Jan, quase desmontando-o – Mas por que esse símbolo?

— Para lembrar que Deus existe – Falou, em transe.

Seguiram Núbia enquanto Celeste se despedia, voltando ao Salão. Jan ficou arrasado. Olhava as irmãs de Celeste como se fossem totalmente diferentes dela. Não lhe davam nenhuma atração.

No corredor foram cruzando com outras salas. Moradias. Todos os habitantes eram idosos. Acima de 60 anos. Nenhuma criança, nenhum jovem, nem mesmo um adulto de 50 anos. Logo depois algo que lhes parecia com uma escola. Identificaram assim pelo quadro-negro na parede. As escolas da cidade não usavam mais quadro-negro, mas uma lousa hiperinterativa e projeções holográficas 3D que transformavam a sala de aula no ambiente que os professores queriam. Se estudavam sangue, colocavam a projeção simulada, mostrando hemácias nadando ao lado do aluno na sala. Se fosse História Antiga voltavam ao período e mostravam a simulação de uma batalha histórica. Na EV isso era mais intenso ainda, pois a própria escola era em realidade virtual. Mas ali era diferente. Apenas um quadro e uma espécie de pedra que soltava um pó branco. As alunas eram todas louras. 12 em cada turma com idades variadas. Os clones das novas gerações.

Chegaram à sala de comando. De costas, um senhor de cabelos brancos os aguardava.

— Então esse é Edwardo... O rapaz que colocou o Comando e a Central do Rio de Janeiro em polvorosa.

Virou-se. Era extremamente idoso, como se passasse dos 100 anos.

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