No lugar certo (pausado)

By ValentinaCarter234

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Tudo o que ela queria era esquecer e seguir em frente. Quando Alexia deixara Londres com a certeza de nunca m... More

Recadinho
Prólogo
Capítulo 1
Capítulo 2
Capítulo 3
Capítulo 4
Capítulo 5
Capítulo 6
Capítulo 7
Capítulo 8
Capítulo 9
Capítulo 10
Capítulo 11
Capítulo 12
Capítulo 13
Capítulo 14
Capítulo 16
Capítulo 17
Capítulo 18
Capítulo 19
Capítulo 20
Capítulo 21
Capítulo 22
Capítulo 23
Capítulo 24
Capítulo 25
Capítulo 26
Revelação de capa: No lugar certo

Capítulo 15

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By ValentinaCarter234

"Você me disse que eu nunca vou mudar
Então, eu apenas não disse nada
Não importa aonde eu vá, sempre vou te querer de volta."

Want you back – 5 Seconds of summer

Alexia

Não era assim que Alexia planejava acabar sua noite.

Eles estavam à meia hora sentada de frente ao consultório esperando o médico.

Edward estava com dor no estômago e começara a ficar febril. Tudo isso graças ao seu "babá". Sabia, assim que cruzou a porta de casa, que era um erro. Deveria ter cancelado a entrevista ou mesmo adiado para jamais ter que pedir ajuda ao seu ex... Irresponsável. Pensava com raiva. A culpa pelas mentiras que contara durante todos esses anos estava encoberta por outros sentimentos muito mais fortes. Seu filho era tudo o que tinha e vê-lo daquela maneira afloraram seus extintos de mamãe urso assassina.

— Me lembre de nunca mais pedir para cuidar do meu filho novamente. — dizia com raiva.

— Eu já pedi desculpas, Lex. — o escutava dizer enquanto andava de um lado para o outro.

Ambos estavam preocupados. Edward estava deitado e mantinha as mãos em sua barriga e Alexia podia ouvi-lo gemer baixinho.

— Ele comeu uma caixa de donuts, Ryan. UMA CAIXA INTEIRA! — Alexia se exaltava atraindo olhares para eles.

— Não pensei que teria problemas ele comer um doce. Eu imaginei... — ela o interrompia.

— Exatamente. Você não pensou. Você não pensa nunca nas conseqüências. Você apenas... Age.

Nunca sentira tanta raiva na vida. Mantinha suas mãos na cintura em uma pose repreendedora e o olhava como se ele fosse o alfinete que tanto incomodava em uma prova de roupas. Ou até mesmo o inventor daquelas malditas galochas que sua chefa tanto amava.

— Não é nada demais, Lex. Apenas uma dor de estômago.

Ryan tentara se aproximar dela para acalmá-la, mas ela se afastava bruscamente. O contato, arrepios em sua pele e coração acelerado eram tudo o que não precisava agora. Conhecia a si mesma, sabia que cederia.

— Eu avisei Ryan, nada de doces, ele só tem cinco anos! Tem noção do que essa quantidade de açúcar faz no organismo de uma criança? Mas não. — Começava a andar de um lado para o outro — Você não se importa com nada. É um irresponsável. Imaturo. Não sei como fui cogitar a ideia de pedir a sua ajuda. Como eu sou burra.

​A mulher no balcão olhava feio na direção dela. Não ligava. Estava muito brava e temerosa. Edward gemia mais uma vez e sente seu coração doer e seus olhos arderem.

Quando se é mãe seus pensamentos nunca estão sozinhos. Você pensa por dois, sente por dois, planeja por dois, vive por dois e ama incondicionalmente.

— Você já pensou em tentar dar outra coisa que não seja brócolis? Ele odeia! Só come para te agradar. Eu não ia enfiar a comida a força na boca dele. — dizia exasperado.

Era só o que me faltava. Já não bastava toda a complicação que era estar com o pai do seu filho, por quem ainda nutria sentimentos, frente a frente e ter o peso da mentira e da culpa crescendo diariamente, agora ele dizia como agir com o Edward.

Parada no meio do corredor ela o fuzilava com os olhos castanhos em chamas.

— Não me diga como criá-lo. Você não o conhece. Não sabe nada sobre ele.

— Eu não estou dizendo o que deve ou não fazer. Apenas que brócolis não é o único legume do mundo.

— Tudo isso é um grande erro. Essa "trégua", essa amizade. Não da Ryan. Eu sou mãe agora. Edward é minha prioridade. Dois dias com você e já sou chamada na escola por causa de brigas, palavrões, peitos enormes em desenhos e agora isso...

— Qual é Lex. Sabe que jamais faria algo para machucar o garoto. Foi apenas um... Um... Acidente. Eu não achei que isso fosse acontecer.

— Eu avisei você. Qual o seu problema?

— Você está sendo injusta comigo. Eu fiz um favor a você hoje. Estava muito bem acompanhado, com minha noite encaminhada, mas eu larguei tudo por você. Porque você merece ser reconhecida, merece uma chance. E eu sei que fiz merda, ta legal? E não preciso que você grite comigo e esfregue na minha cara para que eu me sinta mal.

Suspirava fundo. Em parte a culpa havia sido dela. Ele era a pessoa menos preparada para uma tarefa como aquela. Assim como ela era no começo, Ryan estava completamente perdido. Ela tirara aquilo dele, a chance de aprender. A culpa pesava novamente sobre ela.

Ele não precisava saber o caos que fora no começo, totalmente sozinha em um país desconhecido. Amigos distantes, família rejeitada, sem sua avó, sem Ryan. Sem a Alexia que ela costumava ser. Tivera que aprender tudo desde preparar uma mamadeira até tirar a temperatura da água para o banho. Agradecia todos os dias pelo destino ter-lhe enviado à senhora Willis.

A mulher no balcão sinaliza para que falassem mais baixo. Contrariada, Alexia sentava-se no banco ao lado de seu filho, o envolvendo em um abraço. A febre parecia ter aumentado.

— Você não sabe como é ter que lutar por algo. — ela dizia ainda se deixando levar pelo fervilhar em suas veias. Olhava para a parede branca a sua frente — Ter alguém que dependa unicamente de você para tudo. Você se tornar, de uma hora para outra, o mundo de alguém, enquanto você está sozinha à deriva em algum lugar.

​Ryan acaba se sentando do outro lado de Edward. Ficara calado de repente. Sabia que suas palavras o magoaram, mas não conseguira evitar. O desprezo dele pelas regras a enlouquecia.

​A idade chega para todos. A maturidade, infelizmente, não.

— Eu só quero que essa noite acabe. — dizia ao ouvir outro gemido de seu filho.

— Eu não pedi para estar aqui. — Ryan tinha a cabeça apoiada na parede atrás de si.

— Acha mesmo que eu conseguiria dirigir até aqui com meu filho assim?

— Não me refiro ao hospital. E sim a essa noite.

— Como eu disse. Um erro.

​Ele se remexia inquieto no assento. Mexia nos cabelos em total preocupação. Uma busca inútil por uma utilidade das mãos.

Alexia notava o quão preocupado ele estava. Os olhos azuis astutos que tanto amava não desgrudavam da figura pequena no banco entre eles.

Ele se desculpava com Edward enquanto afagava levemente seus cabelos. Aquela cena fora o suficiente para ir dissolvendo sua raiva pelos minutos que se seguiram.

​A porta do consultório a frente se abre e um homem de meia idade sai por ela, chamando o nome do seu filho com a voz grave.

​O resultado, como já era o esperado, fora uma sobrecarga do estômago por comer muito, muito rápido. Ou seja. Dor de estômago.
​Cinco minutos depois, já estão de volta ao corredor com várias cadeiras enfileiradas. Tanto tempo de espera para uma consulta tão rápida. Edward fora medicado e podia ser tratado em casa.

​Alexia pisava firme para fora daquele cúbilo monocromático. Em suas mãos vários panfletos que o doutor lhe dera para a "conscientizar" sobre os cuidados que deveria ter com seu filho sobre a diabete e obesidade infantil. Ótimo, agora mais um a achava uma mãe incompetente.

De volta ao apartamento, Alexia colocava um Edward adormecido em sua cama. O caminho de volta fora de extremo silêncio. Não sabia se ficava feliz ou preocupado por Ryan estar tão calado.

​Alexia ao fechar a porta do quarto do filho se depara com Ryan parado no corredor. Tinha as mãos enfiadas nos bolsos da calça jeans e uma expressão tão arrependida que por pouco não o envolvera em um abraço.

— Lex... — Suspirava fundo. Mexia as pernas em desconforto ao cutucar o tapete com a ponta do sapato — Eu assumo que errei quanto aos doces. Eu sinto muito. — dizia verdadeiramente arrependido — Mas você não viu, nós brincamos muito, nos divertimos e ele comeu demais. Só isso.

— Você tem noção do que poderia ter acontecido?

— Eu sei. E eu sinto muito. — se lamentava.

— Eu não devia ter ido à entrevista.

— E perder a chance da sua vida?

— Edward é a minha vida.

— Você pode ser mãe e ainda ter sonhos.

— Antes tudo isso era mais fácil. Sonhar acordada. Mas então um dia a vida te joga na realidade. E a minha foi pilhas de fraldas sujas e noites mal dormidas. — Ela se encostava à parede, cruzando os braços — Você se lembra quando a gente sonhava na faculdade? Quando achávamos que tudo seria para sempre?

​Ele imitava a pose dela.

— Às vezes. — ele dizia após uma pausa — Você se arrepende de algo?

​Seus olhares se encontram. Iluminados pela meia luz que vinha da sala.

​Se pudesse responder aquela pergunta com toda a sinceridade. Se pudesse sobrepor o medo com a verdade. Se não tivesse tanto receio sobre as conseqüências, tudo seria diferente. Mas o medo sufocava as palavras.

Depois de tanto tempo como faria aquilo? Depois de negar varias vezes a ele a verdade como faria isso?

Então opta por meia verdade.

— Sim. Claro que tenho. — não contém a curiosidade — E você?

— De muitas coisas. Várias eu queria poder mudar se tivesse a chance. — Seus estavam presos nos dela. ​

— Tipo o que?​

​Ryan reflete por um tempo. Algumas vezes o vira se preparar para dizer algo, mas repensar logo em seguida, não falando nada.

— Bem. Para começar eu não teria, na festa do último semestre, ido até a parte de trás da biblioteca e visto o pau do Billy, ou melhor, a falta dele. É algo que não se esquece com facilidade.

​Ela sorria seus lábios escondidos pelo escuro.

— O que mais? — Não se contenta apenas com aquilo. Talvez se soubesse que ele se arrependia de algo entre eles fosse mais fácil para ela admitir a verdade sobre tudo.

— A lista é bem extensa na verdade.

Não podia ver o azul divertido dos olhos dele. No momento eles eram duas esferas com um pequeno ponto de brilho dourado da luz ambiente. Sentia aquele brilho a queimar e percorrer por ela.

Não sabia ao certo o que queria ouvir dele. Que confissão tanto aguardava, mas ela almejava aquilo. Queria ouvir o que ele tinha a dizer.

— Me arrependo de não ter te impedido de fazer isso com o seu cabelo.

​Ela ri. Como só ele sabia como fazer. Se controlando para não ser alto demais por conta de Edward.

— Você é um idiota, sabia?

— Sim. Eu sei, mas disso eu não me arrependo.

— De ser um idiota?

— De te fazer rir.

​Sorrindo como uma adolescente boba ela se aproxima dele.

​Ryan podia ser muitas coisas erradas em um só homem. Podia ser imaturo e irresponsável. Podia precisar mudar em algumas coisas, mas esse jeito, essa brisa leve que ele sempre trazia consigo e que conseguia carregar o seu coração, ela desejava que nunca mudasse.

— Eu lhe devo desculpas por hoje. Pelas coisas que eu te disse. Estava tão nervosa que eu... Não pensei na hora. — dizia constrangida. Estavam mais próximos agora. — Me desculpe.

— Você não me deve desculpas. Eu errei. Sou um completo desastre com crianças.

— Obrigada pela ajuda hoje. Com tudo.
​Um toque rápido do celular dele quebra o contato que eles ainda faziam.

​Alexia se afasta alguns passos, não percebera o quanto suas pernas traidoras se aproximaram.
​Ele respondia a mensagem, mas antes que possa guardar ele no bolso outra chega.

— Algum problema? — ela lhe perguntava.

— Não é só o Luke. Combinei de... Ah... De... Combinei de ajudá-lo com uma coisa.

— Tenho medo de perguntar o que seria. — Ele digitava com pressa no aparelho — Acho melhor eu tomar um banho e me deitar. Foi uma noite longa.

— Tem certeza que não precisa de mais alguma coisa? Eu posso... — O celular toca — Mas que merda, Luke. — Ele nega a ligação e enfia o telefone no bolso.

— Eu estou bem. Amanhã Edward estará bem melhor. Não se preocupe.

​Assim que ele sai pela de seu apartamento, a porta vizinha se abre e uma mulher baixinha, rechonchuda e com cabelos completamente brancos sai por ela.

​Judith Willis para abruptamente ao encarar a companhia de Alexia. Sua bochechas, dignas de uma fada madrinha de desenho animado, coram e seus olhos castanhos super atentos fitam os dela após uma varredura em Ryan. Ela sabia quem ele era. Alexia percebera no mesmo instante que sua vizinha sabia. Ela sempre sabia de tudo.

​Após cumprimentá-la com seu sorriso que fazia qualquer dizer sim para as idéias mais loucas, Ryan se afastava atendendo o celular dentro do elevador.

​Sentia os olhos de sua vizinha a queimarem, e via as dezenas de perguntas que queria fazer, mas sabia muito bem qual seria a primeira delas.

— Então. Você contou a ele? — perguntava esperançosa ao se aproximar com um pote de plástico que, sabia muito bem, continham biscoitos com gotas de chocolates dentro.

​O peso da mentira de repente é demais para suportar e ao invés de responder as lágrimas falavam por si.

— Querida. — Ela vem ao seu apoio a abraçando. Ela a lembrava tanto de sua avó que a saudade aperta seu peito — Venha. Vou te preparar um chá. O seu favorito.

​Afagando suas costas Judith a guia de volta para seu apartamento.

***

Olá meus queridos leitores, tudo bem com vocês?
Obrigado por não desistirem de mim, sei que demorei mais do que o esperado :( tenho passado por um bloqueio horrível e felizmente acabou :) então estou de volta e espero que tenham gostado e me contem o que acharam nos comentários tá?! Já ia esquecendo "A anatomia do amor"está grátis na Amazon hoje!

Até a próxima semana! Ou não haha

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