Depois do nosso momento no Roller Skating, Maeve não falou mais nada comigo. Tudo o que eu podia fazer era observá-la de longe, com o babaca do Carson no seu encalço. Como se não bastasse toda essa merda, eles finalmente haviam resolvido se assumir para todo o colégio. Era o que parecia, já que os dois desfilavam pelos corredores como um casal de verdade toda maldita manhã.
E eu precisava fingir que aquilo não me abalava a cada pergunta que faziam.
Eu conseguia, na maioria das vezes.
O professor de educação física assoprou o apito pelo ginásio, dando fim à partida de vôlei. Respirei em alívio com a vitória do meu time. Ganhamos por 2 pontos.
— 5 minutos de descanso! Nenhum a mais! — o professor gritou, e a concentração na quadra se dissipou. Caminhei até as arquibancadas, pegando minha garrafa d'água na bolsa. Haviam alguns panacas por perto, falando sobre as mesmas merdas de sempre; que eu, normalmente, nunca dei tanta assistência. Mas então eu ouço o nome da Maeve surgir em uma das conversas, e a coisa rapidamente muda de figura. Finjo beber a água enquanto me mantenho por perto para ouvi-los.
— Então quer dizer que o lance entre você e aquela garota está mesmo sério? — um dos garotos perguntou, insinuoso. Não me impressionou saber que, dentre os três babacas, estava Kyle Carson.
— Eu te disse que de difícil, ela só tinha a cara. É questão de tempo até que elas cedam. Elas sempre cedem, meu caro. — o outro falou ao fazer um toque de mãos com o garoto do seu lado, tirando risadas de todos.
É, mas a Maeve não era como as outras.
— Qual é, cara! — quem o repreende é Kyle, mas sua repreensão sai mais como um incentivo. Ele ri como se a garota em questão não fosse a Maeve. Meu sangue ferve quando ele simplesmente diz: — Ela é uma garota legal.
— Legal, é claro, e com uns peitões que meu Deus... — o panaca da segunda fala volta a falar, com malícia. Mais uma vez, todos riem, inclusive Kyle. O que me fez questionar... como ele conseguia ouvir tudo aquilo sobre a Maeve e, ainda por cima, rir? Eu queria vomitar ouvindo tudo aquilo. E socá-los. E eu realmente não me importaria de fazer isso de novo. — O que me leva a perguntar... você por acaso já passou da fase do jeans?
Fase do jeans?
Kyle soltou uma risada nasalada.
— Vamos com calma, Miles... — então Miles era o nome do otário 1. — uma coisa de cada vez.
Babaca.
— Você já foi melhor jogador, Carson. Essa garota está dando de 10 a 0 em você. — o outro comentou, recebendo um empurrão de Kyle, que ri.
— Vá se foder, Carter!
— Outra rodada! Vamos, mocinhas! — o treinador nos gritou, e eu guardei minha garrafa d'água na bolsa. A trupe de babacas fez o mesmo. Segui de volta para a quadra, fazendo questão de esbarrar propositalmente o meu ombro no de Kyle ao me posicionar no meu lugar. Eu queria que ele soubesse que eu não iria deixar barato.
— Ei, babaca! — ele me gritou, com toda a sua masculinidade exalando. Eu sabia que era para mim, mas não atendi ao seu chamado. — Você mesmo, seu merdinha!
E então eu viro meu pescoço, olhando para trás. Kyle está com seus olhos vidrados em mim, com os punhos cerrados. Ele exalava fúria.
— Você não está satisfeito com a surra que eu te dei, babaca?
Arqueei minhas sobrancelhas, confuso.
— Mesmo? Não é isso que seu olho roxo me diz.
E volto-me para a rede, me preparando para a próxima partida. Só que ela não acontece.
— Styles. — ouço sua voz me chamar de mais perto e me viro, dando de cara com um soco que me levou ao chão em questão de segundos. O choque é instantâneo e eficaz. Minha cabeça lateja com o impacto forte e um líquido viscoso escorre do meu nariz. Dói pra caralho. Alguns dos caras vêm ao meu encontro, enquanto os amigos do Kyle seguravam-no para que ele não avançasse e continuasse o que começou.
— Você! — o treinador se enfia no meio de nós, apontando o dedo para ele, rudemente: — Você está muito ferrado, rapaz! Para a diretoria, agora! — ordenou, e então, inesperadamente, apontou para mim, com a raiva lampejando em suas íris escuras. — E você, Styles, também! Os dois pra fora da minha aula! E tratem de agir como pessoas civilizadas até lá!
Perfeito, eu penso.
Me levanto com a ajuda de alguns caras, pressionando minha mão em meu nariz, que não parava de espirrar sangue. O desgraçado acertou em cheio no meu nariz. O mesmo me analisou com todo o desdém existente no mundo. Indiferente, passei pelo seu corpo sob a escolta de todos os pares de olhos presentes no ginásio. Eu precisava passar na enfermaria.
Faziam alguns minutos desde que Kyle entrou na sala no diretor. Ele queria conversar com cada um a sós, para saber o ponto de vista de cada um; depois, nos juntaria para conversar e decidir nossos castigos. Entretanto, esse era o menor dos meus problemas no momento. O saco de gelo que a enfermeira do colégio tinha me dado para aliviar a dor estava começando a derreter no meu nariz.
Mas tudo piorou quando vi Maeve andando pelo corredor, vindo na minha direção. Porra, pensei. As notícias correm com rapidez nesse colégio, pelo visto. Ela parecia tensa, preocupada. Eu só não sabia se sua preocupação estava direcionada a Kyle ou a mim.
— Harry... meu Deus, o que aconteceu? — ela me perguntou, aflita, ao parar diante de mim.
— Não foi nada...
— Nada? Eu ouvi que você e o Kyle brigaram de novo na quadra. Você está com o nariz quebrado, Harry! — ela protestou, brava pelo fato de eu minimizar tal problema.
— É só um inchaço. Vou ficar bem. — a despreocupo, e ela parece irritada com isso, pois cruza seus braços e reprime os lábios.
— O que aconteceu? — ela indagou de novo, mais séria do que o habitual.
— Pergunte ao seu namorado.
Sou inconscientemente sarcástico.
Quando se trata dele, as palavras saem com uma facilidade assustadora. Eu simplesmente me cego para a possibilidade de machucar qualquer outra pessoa com as minhas palavras.
— Ele não é meu namorado, Harry.
— Ainda. — ressalto, olhando-a nos olhos.
Ela balança a cabeça em desaprovação, piscando os cílios e colocando uma mecha de seu cabelo castanho atrás da orelha. Ela não confirma, mas não nega. Sinto que a deixei tensa com esse assunto.
Será que rolou alguma coisa?
— Por que vocês brigaram?
Porque ele não se importa com você como eu.
— Coisa de garotos.
Eu sabia que não iria adiantar de nada falar sobre o que aconteceu no ginásio. Quando o assunto era Kyle, Maeve se cegava para tudo e qualquer coisa a seu respeito. E não era de hoje. Ela nunca acreditou nas minhas palavras. Por que acreditaria agora?
Ela solta uma risada nasalada, desacreditada.
— É sério, Harry?
— Você não precisa se preocupar comigo, Maeve. — digo, um pouco mais rude do que eu esperava. — E se quiser saber mais, eu tenho certeza que ele vai fazer questão de te contar tudo.
Nesse instante, a porta do diretor se abre e os dois aparecem na soleira. O diretor Fields repousa sua mão sobre o ombro de Kyle, com um olhar compreensivo, e Kyle assente para o homem de meia-idade. Em seguida, o diretor volta-se a mim, assim como Kyle.
— Styles, você é o próximo.
Eu me levanto, ficando de frente para o corpo da Maeve. Seu cheiro de baunilha chicoteia em meu rosto, me trazendo boas recordações. Eu sentia falta daquilo.
Ela me olha debaixo, através de seus cílios longos e curvados, como uma menininha indefesa e frágil. Ela umedece seus lábios carnudos e rosados pra mim e, por um instante, me perco nessa imagem instigante pra cacete.
Não, não pense isso, meu subconsciente me repreende. E é tudo o que ele faz desde o incidente no seu quarto, quando eu a vi pelada, em todas as vezes que me perco nela e em todos esses... detalhes. É possível começar a ver a pessoa que você praticamente cresceu de forma diferente? Eu sabia que ela não era mais a menininha de anos atrás, mas vê-la daquele jeito me fez entender o porquê de Kyle ser tão fissurado nela. E me fez sentir raiva, logo em seguida.
O canto da minha boca repuxa-se ligeiramente em um sorriso fechado, e eu sigo meu caminho até a porta do diretor sem esperar qualquer reação em troca.
Eu também não olho para trás.
As palavras do Harry não pararam de me atormentar pelo resto da manhã e da tarde toda. Eu não parava de rebobinar a cena que aconteceu no corredor, tentando descobrir o que deixei passar. Por que eu senti certo deboche quando ele falou "E se quiser saber mais além, ele vai fazer questão de te contar tudo"? Será que ele sabia de algo que eu não sabia? Ou será que era sempre a mesma bobagem de sempre a respeito do Kyle?
Kyle me explicou toda a situação. Aparentemente, Harry havia esbarrado o ombro propositalmente no seu e iniciado a briga do nada. Kyle, é claro, não deixou barato. O que resultou no que eu vi: Harry com o nariz machucado. Mas, apesar da sua explicação, eu não me sentia 100% confiante das suas palavras. Era como se houvesse mais naquilo tudo. Quero dizer... Harry nunca foi do tipo rebelde sem causa. Por que ele seria agora?
Haviam pontas soltas naquela história. E eu queria saber quais.
Kyle me deu uma carona até o café, depois da escola, mas não trocamos muitas palavras. Eu estava bastante aérea e, de alguma forma, Kyle notou.
— Entregue. — ele anunciou, quando parou o seu carro em frente ao café da minha mãe. Tirei o cinto de segurança, me voltando à Kyle. Ele parecia bem, mas mudou sua feição quando me notou estranha. — Ei. Tá tudo bem, gata?
Suspiro pesadamente.
Aquela história não iria parar de martelar a minha mente até que eu soubesse de tudo. Eu sabia disso.
— Kyle... o que realmente aconteceu? — tentei ser cautelosa. Queria que ele se sentisse à vontade para se abrir comigo de verdade.
Decepcionado, ele suspirou e se virou para frente, encostando sua cabeça no encosto do motorista.
— Maeve, eu já te expliquei...
— É, mas eu conheço o Harry. Ele não iria brigar com alguém sem motivo. Ele não é assim.
— Será que você realmente conhece ele? — ele me arqueia a sobrancelha, e a sua pergunta quase me faz gargalhar. Como assim? Eu o conheço praticamente a vida toda. — Olha, ele simplesmente esbarrou em mim de propósito. Ele queria me testar, Maeve, porque está irritado porque estamos juntos. Você sabe disso.
É, ele realmente está, mas a esse ponto?
Por um lado, faz sentido. O outro, por outro lado, não consegue acreditar.
Olho para baixo, não sabendo o que pensar.
— Gata, — ele suspende meu queixo com os dedos, delicadamente, sorrindo de canto para mim. — não se preocupe com ele. Se preocupe com nós dois, ok?
Eu deveria fazer isso. Deveria parar de tentar procurar motivos e mais motivos para entender as ações do Harry, quando, no final, não haviam explicações.
Eu não prometi a mim mesma parar de pensar nele?
Forço um sorriso, porque não me sinto bem o suficiente para dá-lo de coração.
— Tudo bem. — concordo, por fim. Kyle me dá um selinho e se afaste com um sorriso charmoso. — Eu preciso ir agora.
— Claro. — peguei minha bolsa, me preparando para descer do carro.
— Ei, Maeve. — ele me chama e eu o encaro. Ele coça a nuca, meio desajeitado. Sinto receio da sua parte. — O que acha de conhecer meus pais?
Sua pergunta me pega desprevenida. Nem em mil anos eu poderia esperar por isso. Na verdade, bem, nossa "relação" estava indo de vento em polpa, e era mais agradável do que eu já imaginei. Apesar de detestar todos esses holofotes sobre nós, já que Kyle sempre foi muito popular, não era um grande obstáculo para mim. Mas conhecer seus pais? Nós já estávamos nessa etapa? Será que eu realmente queria isso?
— Eu... Eu...
Não sei o que dizer, penso.
— Olha, não precisa ficar tensa. — ele tenta me tranquilizar quando me nota nervosa, rindo baixinho. — É que a Summer acabou tocando no seu nome e, bem, é tudo o que eles têm falado desde então. Querem te conhecer.
Uau.
— E você quer isso? — pergunto. Parecia uma etapa à ser pensada com mais cautela. Eu nunca conheci os pais de um cara, porque, bem, eu nunca tive um de verdade.
— Só se você quiser. — ele disse, acariciando a minha coxa. — Será um jantar, amanhã. Você pode me dar a resposta hoje à noite, se quiser.
Assinto, esboçando um sorriso sem mostrar os dentes.
— Eu vou pensar a respeito.
— E eu espero que vá. — ele disse, com um sorriso tão amável que fez meu coração se apertar.
Dou um selinho de despedida e desço do carro sentindo uma tonelada de sentimentos sob meus ombros, e eu não sabia onde despeja-los.
Eu estava ferrada.
volteeeei com mais um cap! vcs estão bem? como anda a quarentena de vcs? bebendo muita água e hibernando bastante? então, esse cap foi meio curtinho, mas foi só com a intenção de bagunçar a mente de vcs mesmo kkkkkkkk o que acham do harry, agora? e o kyle? quero saber se a opinião de vcs ainda é a mesma ou mudou kkkkkkkkkkkk quis dar mais ênfase ao harry nesse cap, tambem, pra mostrar mais como ele se sente. e hmmmmmm o que acham, hein? e a maeve? tá certa em ficar com uma pulga atrás da orelha ou deve parar de se importar com o que o harry diz? me digammmmm!
o prox será bem divertido. esse jantar promete! e aos apressadinhos.......o grande momento está chegando amados, preparem o
core.
até o próximo, bebes!
um beijo,
duda❤️