ROCK MÁFIA

By autoradassa

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(CONCLUÍDA) Quando uma maldição perdura, o ódio e a lamúria trilham de mãos dadas o caminho de séculos e sécu... More

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1. Quando a música começa.
2. Quando a música incomoda.
3. Quando a música é alta e o estranho chama.
4. Quando a música soa como cena.
5. Quando a música pede a companhia de um chapéu rosa.
7. Quando a música é o início de uma nova era.
8. Quando a música é sobre borboletas pretas e Déjà Vu.
9. Quando a música é sobre arrepios a cem graus de temperatura.
10. Per secoli e secoli, amen.
11. Quando a música é sobre estrelas ao redor de cicatrizes.
12. Quando a música queima como a chama de um vermelho ardente.
13. Quando a música te leva em direção a uma noite de rock.
14. Quando a música reflete em problemas a lenda do escapismo.
15. È un'estate crudele con te.
16. Quando a música é tocada por séculos e séculos.
16+1: Quando a música toca a alma adormecida.
18. Quando a música é suave como uma manteiga.
19. A música diz: O que morreu não está morto.
20. Daniel Mancini Vitale.
21. A música tocada na ópera anuncia: Fantasmas sorriem.
22. Areia movediça de textura Dândi.
23. O lago e a profundidade de suas memórias.
24. Essa estrada tem via de mão dupla traiçoeira.
25. E desde então, sou porque tu és.
26. Vermelho Ardente.
27. Amor de existências.
28. Traga o vinho, eu levarei as recordações.
29. Consumação de Espécies PTI.
30. Consumação de Espécies PTII.
31. Zorak Bevon.
32. Paciência para contar estrelas.
33. Ruivinho danado.
34. Fuga para LA.
35. Segunda fase da rebeldia italiana.

6. Quando a música é tema do Príncipe encantado com um lado obscuro.

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By autoradassa

Olá, gente. Como vocês estão? Estão bem? Espero que sim! Não esqueçam de votar e comentar bastante, é muito significativo para mim.

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#MorceguinhoCerejinha

Park Jimin.

Eu arranquei com força todos aqueles post-its coloridos que na noite anterior havia colado por meu quadro – todo enfeitado por fotos de artistas que vinham em revistas da banca da esquina de meu colégio, os amassei e de onde estava, sentado na cadeira de couro arremessei na lata de lixo.

Reproduzi um som baixo, quase como um murmúrio de chateação quando encostei minhas costas na cadeira e encarei o teto de meu quarto. Fitei os aviões de papel que, com a ajuda de minha mãe eu havia colado com fitilhos no teto. Eles balançavam cada vez que eu ousava piscar os olhos.

O próximo passo que eu tenho é levar minha caneta preta até a boca e mastigar massivamente a tampa já maltratada por todas as vezes que fiz dela um ponto para descontar meus inúmeros devaneios. É sempre assim. Eu meio que tenho uma coleção de tampas de canetas – de todas as cores existentes, elas estão todas mordidas, mastigadas e maltratadas e ninguém sabe o porquê eu as mantenho em minha gaveta da cômoda junto a pilha de papéis com anotações inúteis de tempos atrás. Eu garanto que cada vez que anotei frases bobas que vi pelos cantos, trechos de músicas ou palavras que, naquele momento achei estontaneamente bonitas, eu tinha em mente que em dado momento poderia me ser útil.

Bem, este momento ainda não chegou. Mas isso não me faz reter. Os post-its arrancados de meu quadro e que agora residem na lixeira são meros rabiscos que fiz do que poderia ser o marco inicial da cena de meu teste. Estava uma perdição, não tive escolha. Me livrei.

Eu não tinha dado como fim de jogo, eu ainda tinha como recorrer a Taehyung e, de uma maneira calorosamente não receptível, a Jungkook. Eu não sabia como ele poderia me ajudar, todavia, isso não me levou a depositar todas as minhas em Taehyung. Eu tinha os dois, torcia para que fizessem isso da maneira certa e meu teste não fosse parar na lixeira junto com todos os meus post-its com rabiscos aleatórios.

Descanso meu olhar um última vez nos aviões de papel que balançam de um lado para o outro a medida em que o vento calmo entra por minha velha  e quebrada janela, deixo escapar um último suspiro de lamentação e levando de uma vez da cadeira antes quente e confortável. Deixo minha caneta em cima da cômoda e caminho até minha mochila em cima da cama.

Chequei o horário em meu celular e o que mal tinha pensado, ocorreu. Encarei a porta de meu quarto no exato momento em que Jihyun a abriu, colocando somente sua cabeça para dentro, o rebelde sem causa me encarou com um sorriso aberto. Estava mais feliz do que, aparentemente, ele fica.

— Preciso de um favor seu.

É tudo o que ele precisa dizer para que eu ignore o lado bondoso em mim, junte minhas coisas, jogue na mochila e caminhe em sua direção com o semblante tão cansado quanto todos os outros que ando exibindo por aí a cada dia que nasce.

— A resposta é não.

Abro a porta e ele se afasta, está com uma carranca. Posso escutá-lo sussurrar um "Cretino, eu estou sempre fazendo o que você quer."

Não é mentira, mas não chega a ser uma verdade.

Ele o faz, porque recebe em troca. E diga-se de passagem, eu raramente preciso de sua intervenção em quaisquer de meus assuntos, sou capaz de contar nos dedos todas as vezes em que precisei estar diante de um tribunal e Jihyun agir como um – péssimo advogado, porque sim, ele é péssimo.

— Qual é, Jimin?! Você está me devendo uma, eu te acobertei quando saiu com seus amigos para sei lá onde. Eu coloquei o meu na reta, babaca.

Ele me segue com seu falatório repetitivo sobre como irmãos estão sujeitos desde o nascimento a acobertarem as merdas um do outro.

— Jihyun, minha cabeça está cheia com toda essa história do teste para o clube de teatro. Você realmente precisa que eu te ajude nas suas coisas que, honestamente, não são tão mais importantes quanto as minhas? Não desmerecendo, é claro. Eu estou calculando minuciosamente cada passo de meu futuro, o seu presente está garantido. Você é cheio dos shows em bares com a Pink Hat. — desço os primeiros degraus, mas paro e viro de supetão para o pirralho atrás de mim. Por pouco não caio. Suspiro. — Um minuto, diga o que precisa em um minuto.

Volto a descer as escadas.

Geralmente eu me sinto intimidado por mim mesmo, posso ser decisivo, me impor e ter uma opinião formada sobre tudo. Entretanto, se eu me permitir vacilar por um curto período de segundos, eu retrocedo e tomo a posição de ir contra quem eu justamente pensei que fosse. Isso se aplica no caso de agora.

— Você leva isso a novos extremos, cara. Relaxa.

Termino a descida saltando os dois últimos degraus, viro para Jihyun e o encaro. Ele está com um boné rosa – mais uma de suas referências a Pink Hat, enquanto eu estou de braços cruzados, pensando sobre como eu cedo tão fácil a pedidos que não faço ideia do que sejam.

— O seu tempo passou, vejo que você não queria tanto assim a minha ajuda. — dou as costas para ele quando decido procurar por minha mãe e me despedir, o horário do colégio havia chegado.

— Minha mãe saiu para a última entrevista de emprego. — minha boca forma um redondo "O" com a resposta. Saio de cena e me sento no sofá com o rebelde ao meu lado. Procuro Ametista com o olhar, ela não está por perto. — Eu só quero que você monte a playlist da Pink Hat para a festa da Jennie, você é quem mais no escuta cantar, acho que é a pessoa ideal para fazer isso.

Abro um sorriso um tanto quanto contagiante, não há como negar uma ajuda dessas.

Eu tenho um bom gosto musical, mas Jihyun também tem. Não é a toa que é guitarrista de uma banda de rock, os garotos são donos de um talento único. Todos cantam – embora Malacói seja o vocalista principal, compõem, tocam e quebram com tudo por aí.

— Isso é preguiça, não é? Tudo bem que sou quem mais os escuta cantar, mas é sempre vocês a cuidarem da playlist. — aponto o fato, olhando de relance para o corredor assim que minha gata surge caminhando tão lentamente pelo corredor. — É o único favor que você quer, Jihyun? — cruzo os braços.

Ele pondera, mas sei que logo mais dirá o que verdadeiramente quer. Eu não sou tão bobo como aparento ser, consigo distinguir o ponto principal que uma pessoa quer chegar quando diz que precisa falar comigo.

— Preciso que convença o Jungkook a assistir um ensaio da Pink Hat. — ele diz.

Fico quieto alguns segundos, só desvio o olhar quando vejo Ametista subir em cima do sofá e vir até mim, a danadinha sentou em meu colo como se tivesse acabado de deitar em sua caminha.

— Espera, o quê?

Jihyun rola os olhos e pega a mochila que estava no chão, encostada no sofá. Meu irmão que antes estava sentado no braço do sofá levanta, jogando a mochila em seu ombro.

— Ah, e o convença a ir na festa de Jennie também.

Ele sai andando pelo corredor. Encaro o espaço vazio que antes tinha a presença de meu irmão e levanto, deixando Ametista de lado. Sigo pelo corredor a procura do rebelde sem causa.

— Espere aí, do que está falando? Por que quer que eu faça isso? — questiono, há indignação em minha voz. — Eu não farei isso, faça você! — exclamo assim que o vejo mexendo na geladeira.

— Faria, mas não quero soar invasivo. Você estuda com ele, ontem ele estava na porta de casa conversando com você. É muito mais natural se o convite vir de sua parte. — argumentou.

— Isso não tem nada a ver. — afirmo. — Eu somente estudo com ele, estamos no mesmo grupo de trabalho. Eu não tenho intimidade alguma com Jungkook, diferente de você que até uma palheta ganhou dele. — rebato quando viro para pegar uma fruta qualquer que estava em cima da mesa, mas viro para acrescentar algo a Jihyun. — Aliás, você nunca me contou como isso aconteceu.

— Não faz tanta diferença, ele só me deu, porque me viu discutir com Malacói sobre eu ter ferrado com todas as minhas. — deu de ombros, no entanto, virou em minha direção. — Quebra esse para mim, Jimin. — neguei. — Não te custa nada, cara.

— Na verdade, custa sim. Custa muito! Jungkook é absurdamente difícil de lidar, você não faz ideia. Eu sinto que ele está próximo a mim, porque sabe que isso me deixa louco.

Pego uma banana e saio da cozinha, sigo até a porta, mas antes disso checo se Ametista está com comida, abro a porta e saio de casa quando vejo que está tudo certo.

Aguardo por Jihyun e seu skate, hoje eu estava sem meus patins. As rodinhas estavam desgastadas demais, o rebelde sem causa me projetou um concerto. Enquanto isso, irei de a pé para o colégio, por sorte, não é tão distante assim.

— Se você quebrasse essa para mim eu não te pediria mais nada pelos próximos dois meses. — Jihyun salta os degraus de entrada da casa com o skate nas mãos. Recuei para trás com o susto. — É importante para mim, Jimin. Eu gostaria de ter Jungkook como amigo, isso seria incrível para um caralho. Ele é foda, você já viu todas aquelas tatuagens?

Rolei os olhos, tomando meu caminho para a rua. Descasquei a banana e a mordi, pensando sobre os favores que meu irmão tinha me pedido.

— Comigo ele não é incrível. — relembro todos os nossos pequenos encontros e diálogos. — E ele me deixa receoso.

— É? Por que?

Volto a morder a banana, engulo e olho para o meu irmão, suspirando.

— Nada demais. — respondo. — Olha, Jennie já chamou Jungkook e os amigos dele para a festa.

— É, ela me disse. Mas eu penso que você reforçar o convite seria uma boa, ele pode, sei lá, lembrar que você é o meu irmão. — o skate era empurrado a medida que andávamos.

— Isso é algo importante?

— Claro. Mas e aí, vai me ajudar? — eu sentia uma enorme expectativa sendo colocada em mim quando Jihyun me olhava sorridente.

Suspirei pela décima quinta vez só naquela conversa.

— Sim, mas olha, só direi uma vez. Tanto sobre ele ir para a festa quanto ao ensaio, o resto é com ele mesmo. — digo, procurando pelo lixo mais próximo para jogar a casca de banana. — E nada de me atentar pelos próximos dois meses. — concluo, por fim.

🍒


Os portões da instituição de ensino estavam abertos e uma aglomeração de alunos adentravam com fervor para o início de mais um dia de vida escolar.

Segui meu caminho para dentro do colégio assim que Jihyun seguiu para seu grupo de amigos. Antes que eu fosse ao banheiro dar um jeito em meu cabelo e colocar minha bandana que tinha esquecido de ajeitar em casa, procurei algum de meus amigos, não encontrei. Eu era sempre o primeiro, Hoseok e Taehyung alternavam entre o segundo, e Jin ficava em terceiro, sempre chegando faltando poucos minutos para o início das aulas.

Pensamentos aleatórios giravam em torno de minha cabeça quando entrei no banheiro vazio e me olhei no espelho, molhei minhas mãos e passei por meus cabelos somente para abaixar alguns fios rebeldes que ousavam me deixar agoniado, abri minha mochila e tirei de lá minha bandana vermelha. Pensei em como a usaria hoje, estou sempre aproveitando da variedade de funções da bandana, mas por fim decidi colocá-la em volta de minha cabeça. Ajeitei em frente a testa e amarrei com o limite certo.

Deixo o banheiro e sigo para as escadas, mas antes disso vejo a biblioteca aberta. Tomo o rumo dela e entro, não havia ninguém, nem mesmo a bibliotecária. Caminho pela sala e entro em alguns corredores, meu olhar vagava pelos livros. Prestes a adentrar a um novo corredor, vou até a janela e espio o movimento no estacionamento. É nítido quando vejo o carro de Jungkook ser estacionado, aguardo mais um pouco e observo seus amigos abandonarem o veículo. Eles conversavam sobre algo, Lisa é a primeira a seguir para o colégio, seguida por Yoongi e por último, Namjoon. Jungkook não saiu do carro, mas eu consegui ver quando o tatuado clássico falou algo em sua janela antes de seguir com os outros.

Isso me leva de volta à noite anterior, de volta ao momento em que meu celular notificou a existência de uma mensagem por parte de um número desconhecido. Eu sou capaz de jurar que foi Jungkook a me mandar a mensagem, posso sentir verdade em meu achismo. Não havia como ser outra pessoa.

Eu respondi ao que me foi mandado. Respondi ao "A pink hat for my sweet child", mas não obtive resposta. A mensagem nem havia sido visualizada, e se eu verificasse agora, estaria do mesmo jeito. Bem, de qualquer maneira, tudo o que respondi foi um "Jungkook?."

Sendo ele ou não, eu tentaria descobrir hoje.

Deixei a biblioteca e fui a caminho da saída do colégio, falaria com Jungkook. Não sobre a mensagem, talvez em outro momento. Falaria sobre a festa de Jennie e o ensaio da Pink Hat, estava tirando coragem de onde eu nem ao menos sabia que tinha para falar com o garoto do suspensório.

Por isso, sou rápido quando passo por algumas pessoas que estão entrando, saio de uma vez, desço os poucos degraus e caminho até o estacionamento. O carro de Jungkook está em minha vista, sinto-me tão nervoso de repentino que consigo ver o carro subir e descer, como quando você está andando tão rápido que consegue notar tudo ao seu lado se mover.

Talvez eu esteja ficando louco. Talvez Jungkook me deixe assim.

Próximo ao carro, eu me dirigi até a janela do motorista e me abaixei na altura dela, respirando fundo e criando coragem para bater com calma. Bati. O vidro é escuro, não dava para ver Jungkook, mas eu sabia que ele estava lá dentro.

Tão certo de meu pensamento que não demorou para que a janela abaixasse e o rosto bonito e tatuado de Jeon estivesse próximo ao meu, recuei, espantando.
Por Deus, a beleza de Jeon Jungkook não facilitava para que eu agisse como uma pessoa normal.

Veja bem, eu somente precisava reforçar o convite da festa e o do ensaio, mas agora estou aqui, sentindo-me intimidado com o olhar de Jungkook em mim.

Ciao, Park.

Raciocine, Park Jimin. Raciocine. Você nem ao menos sabe o que ele disse, esse engomadinho é incrivelmente chato apenas por não falar o meu idioma. Ele fica aí, fazendo joguinhos com a minha cara.

— Hm, oi.

Eu encarei o chão do estacionamento, travando uma batalha maçante contra mim mesmo. Evitava olhar Jungkook, pois sabia que me perderia, começaria a ter um daqueles panic e pronto, tudo ficaria uma tremenda de uma coisinha.

— Eu posso ajudá-lo com algo? — ele tinha um sorriso ladino. Aliás, ele sempre carregava consigo esse sorriso.

Eu fico impressionado. Ele é irremediavelmente interessante. Sou capaz de chegar ao ponto máximo do absurdo de analisar Jeon Jungkook o dia inteiro. E se ele permitisse, por mais horas, dias, meses ou ano. Isso pode chegar a ser estranho de dizer, mas ele bagunça a minha cabeça. Eu não acho que isso seja algo bom. Mas é nítido, está óbvio. Jungkook ganhou a minha atenção, ele a tem.

— Bem, eu... — fiz uma pausa, arrastando a sola de meu sapato no chão. O barulhinho das pequenas pedrinhas que entravam em contato com ele me fez levantar o olhar para Jungkook e observá-lo. As mãos estavam pousadas sob seu colo, cada dedo preenchido por um anel. Ele usava aquelas argolas pequenas nas duas orelhas e seu preto básico estava ali, protegido pela jaqueta, também, preta. Oh, Deus. Eu não estou reparando nisso, estou? — É que, lembra da festa de Jennie?

O assisti inclinar a cabeça para o lado, seu olhar correu por qualquer outra pessoa que passasse na frente de seu carro, durou pouco tempo, logo tive sua atenção em mim.

— A líder de torcida, estou certo? — a mão tatuada do garoto foi em direção ao volante, agarrando-o.

Isso me leva a crer que ele não sairá do carro. Não que eu exija isso, mas por um momento acreditei que fôssemos conversar de uma maneira mais formal. Quer dizer, minhas costas agradeceriam.

— Sim, ela mesma. — perco-me no movimento que a mão de Jungkook fazia ao subir e descer pelo volante.

Deus...

— O que há com ela?

— Não há nada. — respondo, desviando o olhar para Jeon. Respiro fundo, apoiando meu braço no teto do carro. — É sobre a festa dela. A banda de Jihyun tocará. — digo, planejando minuciosamente cada palavra a ser dita à Jungkook.

— Hm, eles são ótimos. — assinto em confirmação ao que foi dito. — Bem, no que posso ajudar?

Tão impaciente, Jungkook me faz rolar os olhos e tirar o braço do teto do carro, levo minhas mãos até os bolsos do casaco de Hoseok e as deixo ali.

— Você disse que os veria tocar algum dia, disse que assistiria ao ensaio. — sou cauteloso quanto ao que digo, Jungkook me parece ser explosivo, não quero que ele aja na defensiva quando estou arquitetando em minha cabeça tudo o que devo falar para não sair de maneira errada.

— Sim, eu disse. Por que?

Agora os olhos de Jungkook corriam por meu corpo, presumo que não tenha tido intensão alguma em disfarçar, já que não o fez.

— Eles terão de ensaiar para tocar na festa. Você podia, hm... Aparecer lá em casa para assistir. Isso deixaria Jihyun feliz. — faço uma pausa quando decido analisá-lo, aproveito que ele está em silêncio, provavelmente pensando sobre o que eu disse, então, continuo. — Ah, tem a festa também. Seria legal se você fosse, hm, ao menos para vê-los se apresentar. — Jungkook me encarou, eu tive de fechar os olhos e apertá-los com força para não acabar perdido neles. Só tornei a abri-los quando consegui prosseguir com a minha fala. — Sei que Jennie já convidou você e seus amigos, e até onde eu sei, Lisa irá. Porém, acho que reforçar o convite não é uma má ideia.

Eu sorria de nervoso, isso estava óbvio. Jungkook me encarava, talvez estivesse analisando tudo o que eu disse e observando o quão besta eu sou. Isso me fez sentir vontade de correr, mas me mantive ali parado com as mãos nos bolsos do casaco.

— Você quer que eu vá a essa festa, Park?

Oh, por que ele gosta de complicar tudo? Não é mais fácil apenas responder se irá ou não? Ah, que coisa.

— Jungkook. — respiro fundo. O olho e ele está sorrindo curto. — Leve como um convite de Jihyun, é ele quem deseja sua presença, eu só estou fazendo o que ele não tem coragem. — dou de ombros.

— Certo, então não há resquícios algum de vontade de sua parte para que eu vá a essa festa? — a mão não estava mais no volante  havia voltado para a coxa.

— Bem. — ponderei, pensando sobre a mensagem de ontem, a entrada de Jungkook para a ajuda do teste do clube de teatro e nossas aleatórias e curtas conversas. — Seria legal conhecer você, Dândi.

Ele manteve o olhar fixo em mim, assim como eu mantive o meu nele. Se ele procurava por alguma mentira no que eu disse, não encontraria. Fui sincero.

— Jimin! — sou chamado por Jin. Levanto minha cabeça e o encaro do outro lado do estacionamento, ele acenava com ânimo. Aceno de volta.

Afasto-me do carro de Jungkook uma vez que ele também está a olhar para Seokjin, arrumo minha mochila em meu ombro enquanto penso em uma maneira de me despedir.

— Eu pensarei sobre os dois convites. — responde. — Estou ciente de ter dito que iria assistir ao ensaio da banda, mas tenho estado ocupado, mais do que o habitual. — ele não olha para mim enquanto diz, seu olhar vaga pelo fluxo de pessoas que perambulavam de um lado para o outro. — Eu darei um jeito, de qualquer maneira. Confirme com ele minha ida ao ensaio, mas não a festa. Eu não tenho ânimo para esse tipo de evento, muito menos tempo. — agora ele me olha, tinha uma das sobrancelhas arqueadas. — Algo mais?

Nego, nego rapidamente. Meus movimentos de negação são rápidos, e eu me apresso em me afastar ainda mais do carro alheio.

— Obrigado por me ouvir, eu direi ao Jihyun. — sorrio agradecido, embora Jungkook não tenha expressão alguma em seu rosto. Ele não faz nada, apenas me observa sair de fininho, virar as costas e correr até Jin.

Ainda me atrevi a olhar para trás quando segui até meu amigo, apenas para ter a certeza de que Jungkook estava me olhando, bem, ele estava. Não contenho um sorriso pequeno.

— E aí. — abraço Seokjin assim que próximo a ele.

— Hm, o que eu perdi? — ele atiça minha vontade de sair contando sobre minha conversa com Jungkook quando nos colocamos a caminhar para o colégio.

— Fui reforçar o convite da festa de Jennie.  — é perceptível que Jin me encare espantado ao me escutar, os olhos arregalados me fitam com precisão. — A Pink Hat tocará, você sabe. Jihyun quer ser amigo de Jungkook, me pediu que eu falasse sobre a festa e sobre o tatuado ir à um ensaio da banda.

Subo os degraus de entrada com Jin em minha cola, ele está exasperado enquanto gesticula em movimentos não simétricos sobre a conversa de minutos atrás. Eu o escuto em silêncio, projetando caretas a cada vez que ele aumenta a situação ocorrida no curto período de tempo atrás.

— É estranho. — Jin fala, o que me faz levar a atenção para ele. — Jimin, você tem certeza de que era Jungkook no topo da escada?

— Sim, eu tenho. — a resposta é óbvia. Sou capaz de reconhecê-lo de distância.
— Ele já deveria ter falado algo sobre isso, não é possível que não vá falar nada. Por Deus.

Transitei pelo corredor até chegar a escada e subi-la ao lado de Seokjin. O fluxo estava intenso, havia alunos por toda a parte, uns indo de encontro a suas salas e outros conversando. Eu seguia com Jin pensando sobre quais aulas eu teria, tinha de pegar meus livros no armário.

— Você não é o único a achar estranho todo esse silêncio por parte dele. — digo ao que desvio de uma pessoa aleatória que invadiu meu espaço. — Acha que Namjoon e Yoongi sabem que fomos nós a invadir a mansão? — paro de andar quando chego em minha sala.

Jin suspira, seu olhar corre por todo o corredor antes de me puxar pelo braço. Entramos de uma só vez na sala, noto a presença de Hoseok, mas volto minha fixação para Seokjin.

— Eu acho que sim. — ele se coloca a ir até sua mesa. — Honestamente, é impossível que não saibam. Qual é? Eles moram na mesma casa, só acho que estão combinando de manter em segredo.

Transtornado, hesito em sentar. Sinto vontade de correr até os três tatuados e pedir desculpas pela invasão a atual casa deles. Todavia, vontade não é a mesma coisa que coragem, então somente sento e cumprimento Hoseok.

— Sobre o que falavam? — Jung comia exasperadamente uma barrinha de cereal, seus olhos pairavam em uma atividade qualquer de uma matéria que não tenho ânimo em saber qual.

— Do lance do Jungkook saber sobre nossa invasão. — Jin responde, verificando as repostas de Hoseok na atividade. — Estávamos em discussão sobre os outros garotos, Namjoon e Yoongi. Acha que eles sabem que fomos nós?

A pergunta é repetida, dessa vez para Hoseok. Vejo e observo o garoto de cabelos claros se exaltar e passar de calmo a agoniado, ele mastiga de forma rápida e, consequentemente, engole. Sua demonstração de nervosismo com o assunto é nítido quando o vejo bater as mãos contra a mesa, atraindo olhares das poucas pessoas que pertenciam ao grupo "Chego no colégio e vou direto para a sala."

— Eu tenho a plena certeza de que sim, eles sabem. Todos eles. Isso ficou óbvio para mim, tipo assim, quando você chegou falando do tal trato que Jungkook quis fazer com você. — Hoseok se dirigiu a mim. Durou pouco, logo ele estava terminando de devorar a barra de cereal.

Suspirei baixinho, um pouco medonho. Meu rosto expressava isso ao que eu peguei um lápis da mesa de Jung e comecei a fazer rabiscos aleatórios numa folha de papel que estava sob a mesa de meu amigo. Meus traços eram grossos, meio que usei isso para descontar a ansiedade que habitou em mim quando tive minha mente inundada pelos pensamentos da noite em que invadimos a mansão.

Eu me sentia entrando em algo que me daria uma tremenda de uma dor de barriga, digo isso, pois estou sempre a parar no banheiro quando o nervosismo bate a porta.

— Eu aceitei. — murmuro, isso me leva a ter a atenção dos dois garotos. Eu nem precisava olhá-los para ter certeza de que a curiosidade e confusão transparecia em seus rostos. — O trato de Jungkook, eu aceitei. Ele está dentro, me ajudará com o teste para o clube de teatro.

Jin não pisca e Hoseok mantém o restante de sua barrinha na boca, descansando suas duas mãos sob a mesa. Soltei meu milésimo suspiro ao que encostei minhas costas na parede, me encolhi e levei minhas mãos até meu rosto. O tampei para abafar uma série de resmungos que começaram a sair de minha boca uma vez que notei a burrada que havia feito.

— Bem. — Seokjin pigarreou. — Hm, não deve ser algo tão horrível. Quer dizer, o que ter a ajuda de Jeon Jungkook significa?

Afastei minhas mãos, meus cabelos estavam saindo para fora da bandana, eu podia apostar que ela tinha subido e agora estava torta. Isso pouco me importou.

— Eu não sei. Presumo que ele me ajudará na escolha da cena, do casal e... — fiz uma pausa quando vi uma cabeleira azul invadir a sala com extrema rapidez e grande animação. Era Taehyung. — Espera, o que aconteceu com você? Desde quando seu cabelo está assim? Até ontem estava castanho. — apontei, sorrindo curto.

Analisei a forma com a qual Tae jogava seus cabelos para trás enquanto cada passo era dado até nós, ele estava filmando tudo. Por relances eu alternei meu olhar entre Jin e Hoseok, eles estavam tão sorridentes quanto eu.

— Gostaram? — a pausa em minha mesa foi essencial, digno de uma pose um tanto nada convencional. — Eu perdi um desafio que fiz com meus inscritos. Mas fala sério, eu fiquei um gato. Gostei desse meu novo estilo. — sorriu. Ele se olhava na câmera, gravando e ajeitando o cabelo.

— Eu gostei, acho que combinou. Ficou muito bonito. — digo.

— Você descoloriu? Parece o trabalho de um profissional, está muito bem feito. — Jin tocou nos cabelos de Tae assim que teve a oportunidade.

— Tive que descolorir ou não pegaria. Fiquei com um puta medo de estragá-lo, mas deu certo.

— Eu não vejo diferença entre o antes e o agora. Você sabe, continua lindo. — Hoseok me fez arquear as sobrancelhas e tapar a boca, me esforcei para não rir. Porém, Taehyung o fez, levou as mãos até as bochechas de Hobi e apertou, ganhou caretas em troca.

Chega a ser fofo esses rabugentos.

— O que você dizia, Jimin? Já sabe no que Jungkook ajudará? — Jin trouxe o assunto a tona, outra vez.

Tirei de dentro de minha mochila meu caderno e meus post-its, peguei minha caneta e comecei a riscar um. Outra vez, meu vício estava de volta. Poxa, é tão bom anotar tudo.

— Farei exigências. — afirmo. — Ele quer ajudar, em troca me devolverá meu crucifixo. Eu não entendi o ponto, sabe? Ele só tinha que me devolver o que é meu, mas enfim... — suspiro. — Se ele não me devolvesse, eu invadiria a casa dele.

— O quê? Ficou louco? Outra invasão? — a indignação veio por parte de Hoseok, que deixou de lado as provocações de Taehyung e focou em mim.

— É. — amassei um post-it branco e o deixei de lado. Peguei um rosa. — Ele deve ler pensamentos ou sei lá, adivinhou que eu faria o que preciso fosse para ter o que é meu de volta, e... Inventou esse trato, ele sabia que eu aceitaria.

— Você não cria coisas demais nessa sua cabeça, Jimin? — Taehyung perguntou, rolei os olhos. — Sua imaginação é criativa. Eu prefiro acreditar que ele somente quer saber sobre o nosso perfil, entende? Se somos o tipo de jovens que saem por aí em uma noite, invadindo casas e derrubando bolos de cereja no chão. — solto um riso baixo, me dando por menos medroso quanto ao assunto. — Oh, e que fogem de morcegos, vale lembrar.

— Por favor, não me lembre disso. Achei que fosse morrer do coração. — Seokjin exclamou. — Eu realmente pensei que fosse, não sabia se chorava por ser morto por um bando de morcegos ou se por passarmos semanas escapando das mãos dos tais assassinos para morrer pelas presas de animais.

— Sabe o que deixa tudo ainda mais estranho em relação ao Jungkook e esse trato? — atraí a atenção dos meninos quando aderi a um tom sério. — Ontem ele esteve lá em casa, bom, na porta. Nos esbarramos quando fui chamar Ametista, ela tinha fugido de novo. Enfim, Jihyun estava ensaiando com os garotos, Jungkook me disse que havia parado lá por conta disso, porque a música que eles estavam tocando era uma de suas favoritas. — relembro o ocorrido do dia anterior. — O momento sinistro foi que às três horas da madrugada, eu recebi essa mensagem.

Trêmulo, eu pego o meu celular e procuro pela recente mensagem. Assim que acho, entrego o aparelho nas mãos de Taehyung. Junto aos outros dois garotos, ele analisa.
Enquanto isso, continuo a deslizar a caneta pelo papel rosa, sem me dar muita conta do que escrevia ali.

— "A pink hat for my sweet child"? O que isso quer dizer? — Jin questiona, estava explodindo em curiosidade.

— A música que estava tocando era Sweet Child O' Mine, a banda de Jihyun é a Pink Hat. Olha, eu não tenho certeza de que foi Jungkook, mas eu penso que seja... Então, eu não sei... Talvez ele só tenha feito um jogo de palavras, uma metáfora. Eu não sei. Na quadra, ele disse que queria o meu número, mas eu não cheguei a passar. Namjoon estava esperando para conversar com ele, o assunto parecia meio sério, não quis ficar mais tempo lá. Fora que eu fiquei tão, tão nervoso que, definitivamente, não consegui raciocinar. — desabafo, talvez coberto por uma sensação de alívio, justamente por estar falando sobre isso com meus amigos.

— Cara, ele está tão na sua. — a afirmação, um pouco patética, no caso, veio de Kim Taehyung.

— Rabugento... — sussurro, fechando os olhos com força.

— Sei lá, cara. Há possibilidade, entende?

— Eu não vejo dessa forma. — rebato, estando sob o olhar de meus três amigos. — Acredito quando você diz que eles querem saber nosso perfil, assim como acredito quando Jin fala sobre Jungkook querer ferrar com o meu teste. Eu me permito acreditar em tudo...

— Então, comece a acreditar no interesse que o príncipe encantado com um lado obscuro tem por você. — Tae responde.

Não digo nada, isso porque o silêncio de Hoseok e Jin me levam a olhar para frente e enxergar Jungkook, Namjoon e Yoongi entrarem na sala. As poucas pessoas que antes conversavam, agora exalam silêncio – inclusive, eu e meus amigos. Contive-me quanto a olhar para trás e continuar o assunto ao que me deparei com o post-it rosa que eu havia riscado. Não era qualquer besteira ali, ou um devaneio qualquer que anotei quando minha mente vagava pelos recentes acontecimentos em minha vida. Estava ali, diante de mim, a mensagem que, na madrugada de hoje, eu havia recebido.

Detalhada e tão bem escrita que, eu não pude, em hipótese alguma, não olhar para trás e buscar por ele. E, então, eu tive a retribuição do que eu queria, do que eu buscava todas as vezes que o olhava. Talvez fosse sua atenção, seu sorriso ladino que tanto ganhava meus batimentos cardíacos ou para piorar, seu olhar. Eles me prendem.

Isento-me de qualquer receio quando percebo que não tenho em mim a atenção de meus amigos, confortável para continuar a observá-lo, eu o vejo mirar o olhar em mim. Carregados de seriedade, concentração e fissura, eu me vejo perdido nas cores que alternam em sua íris. E deixo-me cair num poço de grandes e intermináveis perguntas, mas com a certeza de seus olhos são a resposta.

Por que tão selvagens? Olhá-lo me trás uma sensação estranha, um sentimento novo. Ansiedade e excitação, sem malícia envolvida. Olhá-lo é como entender que uma vez de joelhos para Deus, não será Ele a interceder por mim.

Oh, Deus. Eu acho que tenho uma queda por esse menino.

🍒

O livro a minha frente prendia minha atenção, O crime do Padre Amaro fazia morada em meu armário há um longo tempo, quando digo longo, sou completamente capaz de mapear cada dia em que o fiz esperar por mim no fundo do local em que mantinha os meus materiais.
Acontece que, tecnicamente, aceitar Jungkook em meu teste não teve alteração alguma entre o que era antes, para o que é agora. Bom, ele não falou nada mais sobre isso comigo, eu não fui atrás. Aliás, eu não irei. Estou lúcido.

Entretanto, eu tinha de seguir com meus planos, com ou sem Jungkook. Meu único impedimento para trilhar meu caminho era a falta de pavimento. Eu não tenho ideia alguma, muito menos o casal. Eu estou prestes a jogar tudo para os ares, porque até Deus desistiu de minha causa.

— Oh, finalmente eu te achei. Estamos sendo liberados mais cedo, está sabendo?
Jennie saltou alguns degraus quando sentou ao meu lado, exasperada por ter corrido tanto, pude-a ver instantes antes de me perder na imensidão de meus pensamentos.

Eu havia ido para a quadra, porque sabia que o movimento ali seria inexistente. Todos estavam em aula, mas eu só queria escapar delas e pensar.

— Sério? Caramba! Eu não percebi, estou meio, hm, concentrado no livro. — mostrei, sorrindo amarelo. Jennie me lançou um olhar sugestivo.

— Para o teste? Tae me disse que você está pilhado por conta disso.

— É. — bato meus dedos contra a capa do livro, buscando por palavras que não sejam tão pessimistas quanto as que tenho soltado por aí desde que decidi tentar uma vaga para o clube. — Não é nem pilhado, só... Pensativo. Meu foco está nisso.

— Pois bem. — a líder de torcida pegou sua mochila, assisti ela mexer em tudo ali dentro antes de tirar de dentro de um saquinho transparente uma pulseira vermelha. — Eu vim aqui para te entregar sua pulseira, é com ela que você entrará em minha festa. — entregou-me.

— O que houve com sua lista de convidados? — puxei o elástico da pulseira, parecia um balão.

— Eu desisti, ah, é uma burocracia. Prefiro trabalhar com pulseiras, muito mais prático. — ela ajeitou o cabelo enquanto eu guardava com cuidado a minha entrada para uma festa jovial louca. — Eu já entreguei aos meninos, incluindo os garotos da Pink Hat. — vi ela levantar, arrumando a saia do time. — Vamos?

Somente assenti, pegando minha mochila e jogando ali o livro. Arrumei em meu ombro e segui Jennie até o portão.

— Uh, e quanto aos novatos? Você os convidou, não é? Acha que, sei lá, eles podem aparecer por lá?

O meu comentário é feito com cuidado, trabalho meu tom de voz para que não fosse evidente meu interesse na questão.

— Cara, eu não sei. Eles são, hm, na deles, nós já percebemos isso. Na real, eu não sei bem se eles curtem festas. — passamos pelo portão, Jennie seguia cumprimentado pessoas que passavam em nossa frente. — Quando entreguei a pulseira de Lisa, deixei com ela as deles. Se eles quiserem ir...

Ela deixou no ar, encontrou com um grupo aleatório de estudantes e iniciou um assunto com estes. Incomodado por não saber socializar, me despedi da menina e saí a procura de meus amigos. Tínhamos sido liberados a pouco tempo, é certo de que eles ainda estejam no colégio.

Eu tive a certeza disso quando saí de dentro do ambiente escolar e os vi rodeados de algumas pessoas, incluindo Namjoon. A princípio, estranhei, me aproximei aos poucos e fui recepcionado por Jin.

— Onde estava?

— Quadra. — respondo ao que passo os olhos pelos indivíduos e noto a feição fechada de Hoseok e a seriedade de Namjoon ao confortá-lo. — O que aconteceu?

— Yoongi. — Taehyung foi quem respondeu, ele deu um suspiro antes de dar continuidade. — Ele fodeu com a bike de Hoseok.

— O quê? Como assim? — encaro mais a frente, enxergando o carro dos tatuados do outro lado, no estacionamento, logo a frente estava a bike de Hoseok. Oh... — Caramba.

— Ele destruiu a minha bichinha, Jimin. O que eu farei? — Hoseok me encarou e eu senti uma tremenda de uma vontade de ir até Yoongi e fazê-lo reconstruir a bike de meu amigo.

— Faça-o pagar! — exclamo quando me vejo tomando as dores de Jung. — O concerto ou uma bike nova.

Cruzo meus braços, olhando fixamente para o sem sal que habitava o banco do passageiro.

— Ele pagará o concerto, Park. Não tenha dúvidas. — quem diz é Jungkook assim que se aproxima de onde estávamos.

Sinto-me intimidado para respondê-lo ao que lembro da conclusão que cheguei hoje mais cedo. Eu tenho uma queda por ele, mas ninguém poderia saber.

Nem mesmo eu.

Sufocaria tanto isso dentro de mim que, uma hora ou outra, deixaria de existir.

— Espero que isso não atrapalhe nosso combinado de hoje. — Jin comenta, atraindo minha atenção.

— Qual combinado? Marcaram algo?

— Sim, você estava na quadra quando marcamos. — respondeu. — Nos reuniremos hoje a tarde aqui no colégio para fazer o trabalho de biologia.

— E eu dei a ideia de virmos para tratar sobre o teste. Amanhã temos de entregar tudo planejado para Kyu.

A fala veio de Taehyung, mas eu encaro a Jungkook. São poucos segundos até que ele retribua e nós iniciemos o costumeiro joguinho de ficar encarando um ao outro. Arrepiado dos pés a cabeça estou, mas sem vontade alguma de quebrar o contato.

— Tudo bem para você?

— O quê? — viro para Tae assim que sou cutucado.

— Vir para cá hoje a tarde, está de boa? — concordo repetidamente, sentindo o nervosismo se aflorar em mim. — Beleza, nos vemos mais tarde. Estou vazando, você vem?

Ele me olha, agarrado a bike. Aéreo pelos recentes acontecimentos, coço minha nuca e assinto, me juntando ao garoto de cabelos azul.

Antes de ir e após me despedir de meus amigos – e um tchau tímido demais para Namjoon, passo por Jungkook e o olho cuidadoso. Não há muito o que fazer ou algo a ser dito, por isso, finalizo meu tempo ali e escapo para casa na companhia de Taehyung.


🍒


Fiquei livre depois que almocei, minha mãe já havia chegado, mas estava no quarto, descansando. Eu me enfiei em meu mundinho, encolhido sob a cama na companhia de Ametista. A gata estava deitada, toda molenga, se a casa estivesse pegando fogo, ela certamente não daria a mínima para isso.

Em minha mão estava as recentes anotações que Taehyung tinha me entregado, sugestões de cenas e possíveis casais. Ele estava empenhado nisso, o que de certa forma me animava.

Coloquei um ponto fixo nesse teste, teria representatividade. Tae se encarregou de procurar por duplas que estivessem a par disso, ele trouxe até mim nomes de futuros atores que são da comunidade LGBTQ+ e os que não são, mas que atuariam como sendo. Todavia, eu queria um casal que fosse, de fato, da comunidade. Teríamos que decidir isso hoje.

Sentia-me um pouco desanimado, talvez fosse o sono. Por pouco não me entreguei ao sono, a causa do meu despertar foi meu celular vibrando com notificação de mensagem. Fui rápido em pegá-lo e verificar que se tratava de meu grupo com Hoseok, Jin e Taehyung. Falavam sobre a reunião no colégio.

Cancelado de hoje: Todos.


TaeFilm 🎬: troca o cancelado de hoje para o Jimin, esse rabugento matou aula

| Enviado às 13:14 |

Eu precisava de uma folga de vocês, é diferente.

| Enviado às 13:15 |

Jindíneo: Perdeu o atropelamento da bike do Hoseok, quase que ele chora. Só não fui pra cima do Yoongi, porque Namjoon discursou sobre manter a calma 😤

| Enviado às 13:15 |

Jungkook disse que Yoongi pagará pelo concerto, não é?

Onde está Hoseok?

| Enviado às 13:16 |

"TaeFilm 🎬 alterou o nome do grupo de "Cancelado de hoje: Todos" para "Cancelado de hoje: Yoongi."

TaeFilm 🎬: pelo que ele me falou, iria resolver esse lance do conserto da bike, só não sei como

| Enviado às 13:17 |

Jindíneo: Podemos ir para o colégio? Quero logo fazer esse trabalho!

| Enviado às 13:17 |


Você quer ver o Namjoon, isso sim. Assuma.

Eu estou de olho em você, Jin.

Acha que eu não percebo, hm?

| Enviado às 13:18 |


Jindíneo: Calado! Você fica da mesma forma por Jungkook, a diferença é que disfarça melhor 😡

| Enviado às 13:18 |

Mais uma de suas gracinhas, não é, Jin?

| Enviado às 13:19 |

TaeFilm 🎬: não enrolem, já estou indo para o colégio

| Enviado às 13:19 |

Bloqueio a tela do celular e salto da cama, corro pelo quarto para arrumar minha mochila e trocar de roupa. Finalizo e saio do quarto, desço as escadas e passando pela cozinha deixo um recado para minha mãe, informando que tinha ido para o colégio.

Lamento baixinho quando saio de casa e noto que Jihyun não está, pediria que ele me levasse, não estava a fim de ir sozinho. Nem tudo são flores, presumo que ele esteja metido na casa de um de seus amigos, meu achismo me faz criar caretas enquanto ando a caminho da rua.

Chuto as pedrinhas que estão espalhadas pelo chão quando calmamente me coloco a criar coragem de seguir meu caminho até o colégio. Minha falta de ânimo e o peso na mochila com os vários livros que enfiei ali dentro me deixa a um passo de achar que estou alucinado quando vejo um carro preto deixar a última casa da rua.

Jesus de ré pra Salomé.

Viro meu rosto com rapidez quando o carro toma caminho, começo a soar pelo nervosismo.

Era ele. Jungkook.

Dessa vez, o tatuado estava sozinho. Obviamente, não fiquei parado no canto da rua. Apressei meus passos enquanto escutava o carro se aproximar aos poucos de mim, meu coração estava tão acelerado que por um momento eu pensei em parar, colocar a mão sob meu peito e pedir ajuda.

Olhei de canto de olho ao que vi o carro desacelerar, involuntariamente, mordi meu lábio com força ao que identifiquei Jungkook. Ele estava com o braço apoiado na janela, a mão no volante e, para o meu azar, a atenção estava em mim.

— Precisa de algo, Jeon? — questiono, olhando-o de canto.

Tentei manter minha respiração calma, embora dentro de mim estivesse acontecendo toda uma confusão. Meu Deus, meu coração parecia querer explodir a qualquer momento.

— Bem, eu não. — ouço sua voz soar longe, mesmo assim sinto meus pelos arrepiarem. — Mas vejo que você, sim.

O carro para. Eu o olho. Desço meu olhar pelo que era permitido ver pela janela, observo com cautela, alterno entre meu crucifixo em seu peito e seu rosto tão sereno.

— Na verdade, eu estou muito bem. Não preciso de nada. — encaro o chão, sentindo meu rosto esquentar pelos olhares nada discretos vindo dele.

Tudo bem, eu também não sou nada discreto. Porém, Jungkook é intenso demais, me intimida.

— Entra. — escuto um suspiro. — Eu te dou uma carona.

Não consigo não abrir a boca, absurdamente surpreso. Minhas mãos soam e meus pensamentos parecem estar a um ponto de gritar.

— Não, não precisa. Eu estou bem, estou aproveitando para fazer uma caminhada.

— Vamos lá, danado. Não se retenha. Entre. — as portas destravam. — Como pode observar, eu estou sozinho.

Exatamente! Esse é o X da questão.

Você está sozinho, eu acabei de cair em mim e descobrir sobre meu interesse por você.

— Jungkook... — choramingo. Eu não sei, sinto como se ele soubesse que está em meus pensamentos.

Ele indica para o banco do passageiro, acenando como quem diz "Entra." E eu o faço, dou a volta pelo carro e abro a porta, timidamente eu entro e a fecho com todo o cuidado do mundo.

Jungkook sorri satisfeito, faço uma careta em resposta e coloco o cinto. Tudo isso em um silêncio agoniante.

Receoso, olho Jungkook e observo ele acelerar o carro, seguindo o percurso até o colégio. Meus olhos uma vez nele, agora correm pelo automóvel chique. Meu Deus, esse carro deve ter sido caríssimo.

Há detalhes dele que eu cravo em minha mente, tipo o conjunto de chaveiros de todos os tipos, mas me vi gostando de várias guitarrinhas ali, no cantinho. Os bancos são de cor creme, espaçoso. Eu poderia dormir facilmente.

— Algo de errado, Park?

Sou pego no pulo com minha mania de olhar e analisar tudo, encolho meus ombros, sem jeito.

— Notei a ausência de Namjoon e Yoongi. — digo a primeira coisa que vem em minha cabeça.

— Namjoon saiu para resolver alguns assuntos, hm, Yoongi está com seu amigo. — sem humor, Jungkook responde.

— Hoseok? Ele está com Hoseok? — o encaro.

. É o dono da bicicleta atropelada, certo?

— Sim. — respondo, passando os dedos pelo cinto de segurança, corro com eles para cima e para baixo. — Jungkook?

— Hm?

Suspirei, maltratando meu lábio inferior. Jeon estava centrado, era bom de analisá-lo tão concentrado como estava.

— Foi você quem me mandou mensagem hoje de madrugada, não é? — tiro de dentro de mim uma coragem gigantesca para perguntar.

Observando-o com calma, posso ver o sorriso de canto ali. Instantes depois, vejo-o ligar o som do carro, baixo, Sweet Child O' Mine começa a soar pelo automóvel.

Instantaneamente, arregalo meus olhos e começo a brincar com meus dedos. Desvio meu olhar para a rua com pouco movimento, foco minha atenção em casa pequena coisa que fica para trás quando o carro passa.

— Sim, fui eu quem enviei. — sou rápido em voltar a olhá-lo, embora soubesse que tinha sido, ter Jungkook confirmando me deixava nervoso. — Não pensei que você fosse responder, Park.

— Ah, bem... Eu respondi. — coço a nuca, sem jeito. — Achei que quisesse falar sobre o teste.

Minto, porque em hipótese alguma considerei isso. Apenas quis puxar assunto com Jeon. Que Deus me perdoe, eu não fiz por mal.

— Isso é um assunto de colégio, Park. Que permaneça lá, não aqui. — ele é direto quando me responde.

— Oh... Eu não entendo, então. Por que me mandou mensagem?

— Eu disse que queria o seu número, não é? — embora a estrada fosse seu foco, por segundos eu tinha os olhos selvagens dele me encarando.

— Sim, mas eu não passei. Não deu tempo. — relembro minha saída da quadra. — Como conseguiu?

— Eu consigo tudo o que eu quero, Jimin. — meu nome é dito minuciosamente, remexo-me sob o conforto do banco, sem muito o que fazer. — Por que seria diferente dessa vez?

Levo minha atenção até o tatuado, respirando fundo.

— Gostaria que tivesse vindo até mim, Jeon. Eu passaria sem problemas algum.

— Podemos recomeçar, então. Que tal me passar seu número, Park? — o olhar que ele me lança é divertido.

Sem outra saída, me entrego ao riso. Escondo meu rosto, tentando não soar tão entregue ao que ele diz.

— Pare, por favor. — sorrio, ele para o carro me olhando. Oh.

— Por que demorou a aceitar minha ajuda?

Olho em volta e concluo que estamos parados em frente ao colégio, no estacionamento. Cuidadoso, penso no que poderia ser minha reposta para Jungkook.

— Não entra em minha cabeça você querer ajudar alguém como eu. Você não ganhará nada com isso, Jeon. — a resposta sai rápida.

— Mas eu posso tentar, não é? — olhou-me sugestivo.

— O que quis dizer com isso?

Ele nega, sorrindo travesso. Escuto as portas serem destravadas e Jungkook apoiando as mãos no volante do carro, ele me encara, deixando que os fios de seus cabelos caiam sob seus olhos.

— Eu estou curioso sobre você.

— Certo, você pode matar essa curiosidade agora mesmo. — é o que digo, arrastando minha unha pequena em minha calça jeans.

Ele ri, agora afastando com a mão os cabelos, de relance vejo a argola em sua orelha.

— Estou curioso sobre quem você é, sobre as pessoas próximas a você, sobre sua mania, irremediavelmente, de me encarar, sobre suas bandanas e a banda de punk rock de seu irmão, sobre sua mania, tecnicamente, ansiosa de suspirar o tempo todo e o motivo pelo qual você está, verdadeiramente, em meu carro.

— Dândi... — sussurro.

— E sobre como eu me surpreendo com meu autocontrole a cada vez que o ouço dizer meu nome dessa maneira. — os fios voltam a cair sob seus olhos, e tudo o que ele tem de resposta de mim é meu corpo sentado de lado para venerá-lo como eu estava fazendo. — És um maldito de um loirinho danado, hm?

— É, talvez eu seja. Estou descobrindo isso agora.

Ele riu, algo que pareceu bobo, mas que me deixou ainda mais preso a ele.

— Vamos, nós temos uma vaga a disputar.

Dito isso, eu o vejo se desfazer do cinto e abandonar o carro, levando consigo o chaveirinho lotado de guitarrinhas e minha atenção que, felizmente ou infelizmente, não o deixou até que eu pudesse sair do carro e ser abordado por meus amigos.

Eu acho que não preciso de prova alguma, estou ciente de minha queda por esse menino.

🎬

Nota para vocês: Dândi calcula qualquer passo que dá, dessa vez não é diferente.

Qualquer questionamento, busca por interação e boiolagem, eu estou no Twitter como: "@_vodkaart", Dândi está como "RockJJK" e Jimin como "RockPJM."

É isso? É isso.

Até mais.

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