Eu me aproximo mais, ficando sentado na beira da minha mesa, ainda seguro sua mão, então a puxo e a beijo. Largo sua mão e seguro em sua cintura, nosso beijo começa calmo, as mãos dela vão para meu cabelo, ela aprofunda o beijo, pedindo passagem com sua língua que eu cedo sem nem pensar.
Eu me levanto, sem quebrar nossos beijos, suas mãos passam agora pelas minhas costas nuas, a arranhando, depois ela passa suas mãos por meu abdômen. Eu seguro sua trança, inclinando sua cabeça para o lado me dando acesso total ao seu pescoço, então desço beijos por ele, enquanto minhas mãos passeiam pela sua cintura e depois pela sua bunda. Então o telefone da sala dela começa a tocar.
“Merda o que estou fazendo?”
“Deixando as coisas acontecerem...”
Não acredito que acabei de trair minha esposa! Depois de nove anos, nove anos, sendo fiel a Ângela. Uma mulher que eu conheço a menos de vinte e quatro horas faz meu mundo virar de cabeça para baixo. Nunca senti uma atração tão forte por outra mulher, nunca pensei que eu fosse trair Ângela em algum momento. Nosso casamento não é perfeito e está em crise, mas nunca cogitei a ideia de procurar outra. E agora mesmo estava aos beijos com minha nova secretária.
- Senhor Gross, é sua esposa! – Ela fala meio irônica e me estendo o telefone, eu a olho espantado.
“O que ela quer?”
Pego o telefone da sua mão e suspiro.
- Se não se importa estou indo embora – Ela diz indo até sua sala.
- Ângela o que deseja? – Eu pergunto logo de cara.
- Porque fez aquilo? – Ela pergunta gritando e com raiva – Porque bateu no Alan?
“É claro que ele iria contar.”
- Obrigado por perguntar se estou bem – Eu falo debochado.
Luhísa sai de sua sala e me olha.
- Um momento Ângela – Eu digo e Ângela fica gritando alguma coisa na linha – Luhísa precisamos conversar...
- Amanhã... – Ela diz depois de suspirar – Boa noite senhor Gross. – Ela diz e sai da minha sala.
“Droga! O que eu fiz?”
“Vai atrás dela!”
“Não!”
- Theodor – Escuto o grito de Ângela, e me lembro de que ela está na linha me esperando. – Você é um idiota, não tinha nada que ter batido no seu irmão.
- Ângela, primeiro fala baixo comigo! Segundo se ligou para defendê-lo é melhor desligar! E terceiro você poderia ter me dito que iria viajar com ele e não o deixar fazer isso. – Eu digo ríspido, frio e sério.
- Theo, eu não sabia que ele ia ir ai. – Ela diz com a voz mais calma e suspira – Eu não contei mais cedo devido a nossa discussão, e quando liguei a tarde para avisa-lo da viagem, achei melhor omitir essa informação para não discutirmos novamente – Ela diz. – Me desculpa?
- Ângela você sabe que ele gosta de me tirar do sério e você deu a ele o que ele queria não me contando que ele ia junto. – Eu digo tentando me acalmar.
- Me desculpa amor, não foi minha intenção – Ela diz suspirando – E se você quer saber, por causa da surra que você deu nele, ele não irá viajar hoje, só na quarta.
- Que bom – Eu digo suspirando – E ele está bem? – Eu pergunto, apesar de tudo ele é meu irmão, me preocupo.
- Não, mas vai ficar, e você está bem? Se machucou? – Ela pergunta preocupada.
Levo meus dedos até o canto da minha boca, e é impossível não lembrar da sensação do beijo dela, os lábios dela sobre os meus, seus toques, a sensação...
“Você adorou...”
- Não muito – Eu digo afastando as lembranças.
- Que bom amor, amor eu volto no domingo pela manhã, sinto muito não poder te acompanhar no jantar do Alberto na quarta – Ela diz suspirando.
Droga havia esquecido, o jantar com meu amigo Alberto é importante, e ele sempre está acompanhado de Juliana sua esposa, aparecer sem Ângela será um desastre.
“Leve Luhísa, todos irão gostar dela tenho certeza...”
- Você podia levar sua nova secretária, sei que você não gosta de ir sozinho nesses eventos – Ela diz.
“Concordo com ela, leve Luhísa, ela deve ficar linda num vestido de noite!”
- Vou pensar, amor preciso desligar, já estava indo embora – eu digo.
- Também preciso ir, já estão anunciando meu voo, te amo – Ela diz.
- Também, boa viagem – eu digo e desligo.
Dou um longo suspiro e volto a tocar em meus lábios lembrando a sensação de beijar Luhísa.
“Estou louco!”
“Pela Luhísa... Sim, completamente louco...”
Quando enfim sai do serviço, liguei para Charles, ele me comunicou que não levou Luhísa, o que me irritou. Mas resolvi deixar pra lá. Desci aéreo, sai do prédio aéreo, só pensava naquele maldito beijo, tanto que mais uma vez levei a mão ao meu lábio. Porra! Preciso tirar isso da cabeça.
“Você precisa é beija-la de novo, não só isso, mas como…”
Balanço a cabeça afastando os pensamentos, antes de entrar no meu carro. Passo o caminho pensando na merda que fiz. Como pude me deixar envolver? Como pude beija-la? Estremeço ao lembrar novamente dos seus lábios nos meus e de suas mãos passeando pelo meu corpo. Porra!
Pego meu celular e resolvo mandar uma mensagem ela, preciso resolver isso.
Theo Gross: Luhísa precisamos conversar sobre o que aconteceu hoje!
Chego em casa, e ela ainda não respondeu. Sou recebido por Poke, latindo como sempre. Me abaixo e afago seu pelo, ele rosna, mas logo aceita o carinho.
- Acho bom, porque você está nas minhas mãos por uma semana - Resmungo me levantando.
Ele começa a latir e sai correndo, como eu não vou atrás dele, logo ele volta e morde minha calça, xingo-o mentalmente e o sigo.
- Porra Ângela! - Grito.
Ela não colocou comida e água pra porra desse viado de cachorro.
- Tô pensando seriamente em te levar pro pet shop seu diabo - Resmungo indo até o armário, pra pegar comida. - A sua mãe tem titica de galinha na cabeça, por esquecer de te dar o que comer…
Porra! Agora até eu tô falando com a merda do cachorro. Coloquei a comida no pote e pus no chão, o capeta sair correndo e comeu como um desesperado. Resmungando peguei a tijela de água e fui em direção ao filtro. Sim, a porra do filtro, porque esse CACHORRO, não no sentindo animal, é tão fresco quanto a dona, e não toma água da torneira.
Assim que coloquei a vasilha com água, ele bebeu pelo menos metade. Sentei no chão e fiquei vendo ele comer e beber. Peguei meu celular e bufei ao perceber que Luhísa não me respondeu, então resolvi mandar outra mensagem.
Theo Gross: Realmente precisamos conversar sobre o que aconteceu, se puder me ligar...
Me levanto e encho novamente os potes e depois largo ele lá, já dei atenção demais pra ele, que nem agradeceu. Posso com isso? Balanço a cabeça, acho que a porrada que levei do meu irmão fez soltar um parafuso, só pode. Primeiro beijo Luhísa e agora tenho um momento com meu cachorro.
“Aposto que mesmo se tivesse com todos parafusos em ordem, você a beijaria…”
Ignoro meu consciente e vou para o escritório, trabalhar sempre me ajuda a esquecer os problemas. Eu até que tentei nas primeiras horas, mas sempre que eu parava pra respirar ou pensar em algo, ela vinha em minha mente. Olhei mais uma vez a droga do meu celular e nada. São duas e vinte da manhã e ela não me respondeu. Resolvo mandar outra mensagem, mas uma que tenha a ver com o nosso trabalho também, pra ver se ela para de me ignorar.
Theo Gross: Luhísa você terá que ir uma reunião comigo as oito da manhã, não se atrase! E lembre-se precisamos conversar.
Tentei novamente me concentrar, mas eu simplesmente não conseguia. Eu não dormi, foi impossível, na verdade eu nem tentei. Assim que os primeiros raios de sol surgiram, subi para meu quarto e tomei um banho. Desci e encontrei a mesa do café já posta tomei meu café da manhã e deixei instruções para Poke, se essa porra fica doente, Ângela me mata.
Luhísa não me respondeu nenhuma de minhas mensagens e isso me preocupou muito. Cheguei no trabalho mais cedo do que o habitual e adiantei bastante coisas. Olhei no celular e percebi que faltavam quinze minutos para a reunião, e ela ainda não chegou, será que ela não viu minha mensagem? Estou arrumando os documentos necessários para reunião, quando minha porta se abre. Perco o folego quando eu a vejo, ela está linda, está sorrindo, falando com alguém ao telefone.
“Linda? Se ontem ela estava gostosa, eu não sei classifica-la hoje!”
Meu Deus tem como ela não chamar atenção? Ela está linda assim, um visual impecável. Ela usa uma blusa meio azul com gola alta, com uma saia um pouco acima do joelho, de botas e meia rastão, seus cabelos estão soltos, é lindo, seus olhos estão escondidos nos óculos escuros, ela está sorrindo. E esse sorriso? Quando ela me nota, fica sem graça.
- Preciso desligar, nos vemos mais tarde Mike – Ela diz caminhando até sua sala sem ao menos me dar bom dia.
Olho para sua sala, ela tira seu sobretudo e pendura na cadeira, retira os óculos, e depois coloca seus cabelos de lado, pega alguns documentos e sai de sua sala.
- Bom dia senhor Gross – Ela diz sem me olhar – Onde será a reunião?
- Bom dia, será na principal... Luhísa... – Eu tento dizer algo.
- Senhor Gross, depois conversamos, se não iremos nos atrasar – Ela diz e vai em direção à porta.
“Eu sou muito burro mesmo, porque eu a beijei?”
“Burro por não beijar ela agora de novo e mostrar quem manda, isso sim...”
Bufo e a sigo, inconformado por ela não querer conversar comigo, mas isso não vai ficar assim! Não mesmo!