Dia VI
A chuva mais uma vez castiga as janelas, e esconde o som dos mortos na rua; A manhã é cinzenta e raios cortam o céu seguidos por trovões, os infectados estão esbarrando uns nos outros na rua, as calçadas estão encharcadas e uma água vermelha escorre pela Avenida.
Annah e Marcus jogam Xadrez e ele está ganhando outra vez.
10:45 da manhã.
A tarde a chuva ainda se mostra irredutível; Annah olha a cidade afogada em morte da janela do quarto de Marcus.
Os prédios apontam para o céu como lanças e as nuvens negras por cima do Cristo parecem lutar entre si.
Marcus a vê na janela, aproxima-se dela ,afasta o cabelo pra alcançar seu ouvido e sussurra.
— "Se as pessoas fossem chuva..."
—" Eu seria a garoa ela o furacão."
Ela diz:
— Eu também lia antigamente sabia?
Ele encosta o rosto no cabelo dela e diz.
— Annah
— O quê?
— Hora de fazer o jantar.
Depois de sujar a cozinha inteira o Strogonoff está pronto, eles se sentam no chão a luz de velas que iluminam a sala naquela noite de chuva.
E dispõem os pratos sobre a pequena mesa de centro.
Henrique trás uma garrafa de vinho envelhecido, coloca na taça de Annah.
— Regalias no meio da pandemia majestade.
Ela rir.
23:30 o jantar acabara e a garrafa de vinho se foi quase toda. Eles abandonaram a sala e foram ao quarto de Marcus.
Annah lhe conta uma história de sua adolescência quando o mundo parecia fazer sentido. Ela termina a história e é surpreendida por um beijo.
Annah
Aquele beijo foi leve e torto, os lábios dele tremiam e o coração pulsava forte contra o peito dela.
Quando acabou Anna queria muito mais.
Marcus
Beijar Anna era como abrir uma janela e deixar a primavera entrar.
Os lábios dela eram macios e seu rosto ainda tinha uma coisa que lembrava uma praça cheia de árvores.
Esperava que ela continuasse.
Então ela o empurrou de leve contra a cabeceira da cama e sentou no colo dele.
Segurou seu rosto com as duas mãos e o beijou outra vez.
Esse foi diferente, com mais vigor, fogo; Ainda era macio.
Ele colocou as mãos por baixo da blusa dela e tocou em baixo do contorno do sutiã.
Ela tirou a blusa e jogou em cima da cômoda do Lado. Ele de pronto tirou a camisa e estremeceu quando ela correu um dedo pelo seu peito até o pescoço.
Em poucos segundos,roupas foram arremessadas pra todos os lados, um gemido leve se ouviu e as velas se apagaram.
Lá fora a chuva, os trovões, os infectados e o mundo inteiro parou.
Dia VII
Marcus se veste no quarto. Annah está fazendo algum desastre na cozinha, ele pensa.
Ele termina de vestir a calça quando um baque forte na porta o assusta e faz Annah derrubar algo de vidro na cozinha.
Ele pega a arma na gaveta da cômoda, sai do quarto, faz sinal para que Annah não faça barulho.
Chega perto da porta e outro baque se ouve, esse mais forte e alto que o primeiro.
Marcus olha pelo olho mágico e vê o corredor cheio de infectados.
Eles se distanciam e correm em direção a porta se atirando de cabeça nela.
A porta e as trancas não vão aguentar por muito tempo -Como eles descobriram onde eu moro?- Ele olha pra Annah ,ela está assustada.
Ele vai a cozinha, agarra o braço dela.
— Temos que sair daqui agora!
— Como sairemos a única saída não é aquela porta?!
— A sua falta de fé é perturbadora.
Diz ele entrando no quarto.
— Me ajuda a tirar esse guarda roupa do lugar.
Eles derrubam o guarda roupa revelando uma passagem que dar para o fosso do elevador.
Ele bate na cabeça com o indicador.
— Plano de fuga, espero que saiba escalar.
Eles chegam ao térreo e descem pra dentro do Elevador; Henrique abate rapidamente três infectados que estavam na entrada e guia Anna aos fundos, até uma espécie de quadra cercada , está tudo cheio de entulho.
— Eu deixei um carro aqui pra emergências, vem rápido!
Eles correm pela quadra abandonada .
Marcus para e segura Anna pelo braço, gesto que a faz tropeçar, ele segura para que ela não caia.
— Que foi?!
— Tem algo errado.
Nesse momento infectados saem do meio dos entulhos,dos prédios ao redor ,uma orda imensa; antigos moradores ainda com seus ternos e vestidos antigos, rasgados e ensanguentados. Eles estão cercados.
— Como? Eles...não!
Diz Henrique, lembrando que lhes restam apenas 2 balas na arma que carrega.
Os infectados que os cercaram param.
Silenciam e uma voz macia e meio grave se faz ouvir no meio dos infectados.
— Como? Você pergunta.
Um homem de calças surradas e jaqueta preta sobe em um carro, tira o capuz mostrando um cabelo liso , totalmente branco em contraste com seu rosto totalmente jovem e seus olhos; um azul outro verde.
Marcus e Annah reconhecem a figura que antes aparecera em cima do antigo prédio dos correios.
— Anna e Marcus. Eu sou Yan Stendorov é um imenso prazer.
Vocês realmente achavam que eu não conseguiria sentir o fedor de vocês,as batidas dos seus corações?
Ele diz, lhes olhando fixamente.
— Foi complicado no início, mas depois de certo tempo meus meninos ouviram e eu tinha que ter certeza e conseguir sentir o fedor do sentimento podre de vocês.
— Quem é você? O que quer?
Diz Marcus, Annah se coloca atrás dele segurando-o braço.
— Eu lhes ofereço Salvação. Purificação.
Olhem meus filhos, todos foram purificados de suas fraquezas. É o que lhes ofereço.
— Acho que não.
Diz Marcus sacando a arma e disparando dois tiros na direção do homem em cima do carro, no mesmo instante, 2 infectados pulam na frente do homem e recebem os tiros no seu lugar.
O homem meneia a cabeça olhando os 2 infectados mortos.
— Resposta errada.
Ergue a mão e em seguida a fecha.
— Matem!
Os infectados disparam em direção ao casal.
Anna olha Marcus nos Olhos, o tempo passa devagar ,o ruído faminto dos infectados chega mais perto a cada segundo.Os dois se beijam e o beijo é Interrompido por uma mordida no ombro de Marcus
Yan
Ele coloca o capuz novamente, o céu ameaça despencar outra vez. Ele sai andando, lá atrás se pode ouvir o som dos infectados se alimentando.
Ele enfia as mãos nos bolsos. Para um instante quando sente o cheiro do sangue escorrendo no chão da quadra, olha pra trás e vê o bolo de Pessoas famintas.
— Purificados.
Ele volta a caminhar e some na manhã cinzenta.