CORRIDOR RADIO
09. Rádio corredor
— BOM DIA! – berrou James ao sentar-se na mesa da Grifinória naquela manhã.
— Inferno – resmungou Sirius, massageando as têmporas com os dedos das mãos.
— Caramba Prongs, respeita meu momento – reclamou Arabella, escondendo o rosto em suas mãos enquanto sentia sua cabeça explodir.
Potter, Lupin e Pettigrew riram da situação dos dois amigos que estavam com uma baita de uma ressaca da noite anterior.
— Eu já disse e repito, vocês deveriam repensar essa idéia de ingerir bebidas alcoólicas – comentou Remus, enquanto se servia de um pedaço do bolo de caldeirão.
— Nem vem dar um de bom moço, Moony – retrucou o Black, de mau humor — Acha que me esqueci da primeira vez que você bebeu?
— Primeira vez pra nunca mais.
— Nunca diga nunca, meu caro – foi a vez de James de brincar com a situação — E aliás, você fica bem mais divertido alcoolizado.
— Talvez seja porque eu fico mais parecido com vocês?
— Como assim? – perguntou Peter de boca cheia, recebendo um olhar repreendedor de Arabella.
— Perco o juízo – Remus disse simplesmente.
— Pois pra mim você pareceu bem ajuizado – retrucou Arabella, entrando na conversa — Até disse que queria explodir a lua – concluiu e todos caíram na gargalhada, inclusive o Lupin.
— Bem que podíamos mesmo... – sussurrou enquanto pousava seu olhar na mesa da Lufa-Lufa.
Nenhum dos outros três repararam, mas não passou despercebido por Arabella que ao notar que os olhos de Remus se fixaram em Elizabeth Abbott, instantaneamente pôs a mão no ombro do amigo, que relaxou a musculatura ao toque. A Mitchell não gostava de vê-lo daquele jeito, a licantropia não era sua culpa, e ele não precisava se afastar de quem amava para protege-los. Mas ensinar isso a ele seria um processo demorado, um processo que Arabella estava disposta a concluir, principalmente se fosse para ver um de seus melhores amigos encontrando o amor verdadeiro.
— Um dia nós iremos resolver isso! – assegurou Arabella sorridente — E basta se lembrar de que você não precisa estar sozinho... – disse piscando um dos olhos para Lupin, que agora tinha seus olhos fixos no rosto da amiga.
— O que você quer dizer com isso? – ele sussurrou para Arabella, quando notou que James, Sirius e Peter estavam distraídos com uma conversa sobre suas bebidas preferidas.
— Quero dizer que você não tem que afastar ninguém por causa do probleminha peludo – concluiu acenando levemente com a cabeça em direção a Abbott que no momento ria de alguma palhaçada que sua amiga tinha dito.
— Você não sabe como é, Butty. Eu não quero que mais uma pessoa corra riscos por mim.
— Está certo, eu realmente não sei como é – um suspiro pesado saiu dos lábios de Arabella, Remus pôde sentir a tensão do ar — Mas põem uma coisa na sua cabeça, ninguém aqui está fazendo algo por obrigação, nós fazemos porque amamos você!
— E eu sou extremamente grato por isso... Mas não quero meter mais ninguém nisso!
— Ok. Não tiro a sua razão, mas pensa bem, Moony... Você não acha que já perdeu ou deixou de fazer tantas coisas por causa desse probleminha? Não acha que merece uma chance para ser feliz?
— A felicidade não se define em uma pessoa ou em um relacionamento, nos podemos ser sozinhos e ainda sim, felizes.
— E você é feliz? – Arabella disse simplesmente e reparou que a pergunta tinha acertado o Lupin em cheio, porque ele não conseguiu responde-la.
O garoto desviou seu olhar novamente para a mesa da lufa lufa, seus olhos se encontraram com os de Elizabeth que estava encarando-o, a loura abriu um sorriso, - àquele sorriso que ativava as borboletas no estômago de Remus - e acenou animadamente. O grifino lhe devolveu o sorriso, e assentiu com a cabeça em resposta ao seu aceno, rapidamente abaixou os olhos para seu pedaço de bolo.
— E então? – Arabella retomou a conversa, incerta de que estava fazendo a coisa certa, mas precisava de alguma forma, fazer o amigo entender que a vida dele não podia parar por conta da licantropia.
— Talvez um dia eu possa te responder isso...
🔸️
As aulas particulares de poções daquelas últimas semanas, com toda certeza, aproximaram Arabella e Hector de forma consideravelmente ameaçadora para os seus melhores amigos. James e Sirius não conseguiam aceitar o fato da amiga ter Remus para ajudar e mesmo assim preferir o garoto da sonserina ou "Erick" que era como Black o chamava.
— Mas hoje é domingo, desde quando você estuda no domingo? – o Potter perguntou parando na frente de Arabella, impedindo-a de continuar seu caminho pela passagem da mulher gorda.
Já passava das duas da tarde e a Mitchell estava um pouco atrasada para sua aula particular com o Gaunt, mas parecia que seus amigos pouco se importavam com isso.
— Desde quando eu quero ter um futuro e para isso, preciso tirar um O em todas as matérias? – respondeu em sarcasmo, tentando passar por James, mas tendo a passagem bloqueada por Sirius.
— Nerd... – rebateu o Black cantarolando, enquanto rapidamente puxava o livro de poções avançadas das mãos da amiga.
— Sirius Black me devolva isto já!
— Me obrigue – disse em um tom deveras debochado, Arabella puxou a varinha da cintura e apontou-a para Sirius.
— Vocês são tão infantis! – James não segurou a risada e recebeu de ambos amigos olhares irritados.
— Olha quem fala – Arabella e Sirius disseram em uníssono e o Potter olhou de um ao outro, surpreso.
— Vocês foram feitos um para o outro! – sussurrou, mas ainda sim foi possível escutar — Eu apoio o casal!
— Ah cala boca – Sirius respondeu de imediato, revirando os olhos.
— Para de falar asneira, Prongs. E você, – apontou para o Black que riu em resposta — Me devolve isso, eu estou atrasada.
— Ótimo saber que você prefere estar com o Erick do que com seus melhores amigos, estou decepcionado – o tom do grifino era de drama puro, o que fez Arabella soltar a risada que estava prendendo desde o início.
— É Hector, Sirius. E vocês dois são péssimos amigos, deveriam estar me apoiando ou melhor, estudando também! – rebateu e tanto James quanto Sirius fizeram caretas — É sério, as provas já estão quase aí e eu não esqueci da nossa aposta Padfoot.
— Ah minha cara Butty, nem eu. Se prepare para perder! – assegurou estendendo o livro para a amiga, que pegou imediatamente.
— Vai sonhando! – fez língua para ele, que riu em resposta.
Então finalmente ambos os amigos se afastaram e permitiram que a Mitchell passasse.
— Só pra constar, ele tem um cheiro ruim – o Black rebateu, fazendo Arabella se virar para olha-lo.
— Não tem nada de errado com ele, Sirius.
— Meu faro nunca se engana, Butty. E aquele ali fede a idiota!
— Aé? Pois o meu também não... – a metamorfomaga respondeu prontamente, modificando seu nariz para um focinho de cachorro — E nesse momento estou farejando um panaca e um cachorro molhado! – concluiu e viu James fazer uma careta de indignação e Sirius balançar os cabelos umidos.
— Eu posso feder a cachorro molhado, mas você não pode negar que meu cabelo é melhor que o seu! – disse o Black descontraído, recebendo uma careta da amiga.
Eles riram logo em seguida, e Arabella dando-se por satisfeita, virou-se e fez seu caminho ao sair da comunal da Grifinória, rumo a sala de poções onde Hector Gaunt a esperava ansiosamente.
🔸️
— Desculpa a demora, sabe como é, amigos complicados! – disse Arabella ao abrir a porta da sala de poções e entrar com tudo, Hector que estava concentrado em sua leitura, quase foi parar no teto com o susto que havia levado.
— Por Merlim, Mitchell – disse o sonserino levando uma mão ao peito esquerdo, causando uma risada nasal na garota que agora havia se sentado ao seu lado — E na realidade, eu não sei como é – disse em um tom deveras arrogante, abaixando o olhar para as palavras do livro aberto em sua mão. Ele estava visivelmente irritado.
— Do que você está falando? – perguntou Arabella erguendo uma sobrancelha.
— Que não sei como é ter um namorado complicado.
— Espera aí, cobrinha. Eu disse a.m.i.g.o.s complicados, não namorado.
— Todos já sabem que você e Sirius Black estão juntos, só espero que não passe a se comportar com tamanha irresponsabilidade como ele – despejou as palavras rapidamente, causando uma expressão confusa na Mitchell.
— Eu e Sirius? – indagou segurando a risada, o que fez Gaunt olha-la de relance — Quem anda dizendo coisas assim?
— A rádio corredor.
— Rádio corredor?
— Garotinhas irritantes e entendiantes que não tem nada de melhor pra fazer além de vigiar e fofocar sobre a vida alheia, eu as nomeio de rádio corredor.
— Brilhante! – disse Arabella, segurando a risada.
Hector no entanto continuava olhando de relance para ela, o que a fez ajeitar a postura e formular muito bem a frase a seguir.
— Eu e Sirius somos apenas amigos, nada mais. Não, calma, somos irmãos. Isso, bons irmãos.
— Tanto faz – apesar do que havia dito, o tom de Gaunt indicava alívio e a Mitchell não podia perder a oportunidade de zoar com isso.
— Estou detectando um sinal de alívio no seu tom de voz. Estava com ciúmes, cobrinha?
— O quê? – Hector respondeu de imediato, sua respiração automaticamente agitou-se e ele se forçou olhar para a garota sentada ao seu lado, que continha um sorriso indecifrável nos lábios — Claro que não. Pra mim tanto faz você estar ou não com ele, só espero que isso não nos atrapalhe. E pare de me chamar de cobrinha!
— Uh – a Mitchell soprou — Que mal humor.
— Só... estou estressado com alguns assuntos da sonserina.
— Que seriam? – indagou curiosa.
O Gaunt que ainda encarava-a, observou como a grifina ficava bonita quando estava curiosa, suas duas sobrancelhas arqueavam-se, um leve sorriso maroto surgia em seus lábios, ‐ os lábios que chamavam cada vez mais a atenção do sonserino - e em como seus olhos fixavam-se nele, afim de extrair qualquer informação. E foi isso que o despertou do transe, ela queria informações e isso era algo que Hector jamais, em hipótese alguma, poderia lhe dar.
— Nada – respondeu indiferente e observou a feição de Arabella mudar completamente — Assunto de cobrinhas – brincou na tentativa de distraí-la, o que funcionou.
— Sabia que você adorava esse apelido!
— Tá sabendo errado – Arabella riu, o que fez Hector se permitir rir também.
Hector Gaunt se sentia totalmente fora da caixinha em meio aos sonserinos, mas seu sobrenome era carregado de coisas ruins e ele pensava que talvez elas o tornava ruim. O único momento em que se sentia ele mesmo era com Arabella. O que era bem contraditório, ele deveria se sentir intimidado ou até mesmo envergonhado por gostar tanto da companhia de uma grifina, mas era praticamente impossível não gostar de Arabella Mitchell.
Enquanto as horas passavam, o vento gélido adentrava pelas gretas das janelas da sala de aula, causando leves arrepios em Arabella e indicando que o inverno chegará com tudo. Gaunt caminhava a meia hora envolta da mesa circular em que estavam praticando, o que fez a grifina parar com suas anotações e lançar ao garoto um olhar repreensivo.
— O quê? – ele perguntou ao nota-la irritada — Está com dúvida em algo?
— Você pode por favor parar de rodar essa mesa? Está tirando minha concentração.
— Foi mal – disse-lhe apressando-se em sentar perto dela.
O olhar de Hector parou na janela a sua frente, imediatamente o garoto notou algo cair do lado de fora, o que ele reconheceu como neve.
— Pare tudo que está fazendo! – disse um pouco mais alto do que o normal, dando um susto em Arabella que parecia bastante concentrada.
— Caramba, Gaunt – arregalou os olhos visivelmente assustada.
— O doce gosto da vingança – indagou e viu Arabella revirar os olhos — Está nevando e nem tinhamos reparado! Vamos lá para o pátio, mais tarde continuamos a aula...
— Pensei que não quisesse ser visto comigo fora do horário das aulas...
— O quê? – indagou incrédulo.
— Desculpe, mas as suas companhias me fazem pensar que você não gostaria de ser visto com uma aluna da grifinória...
— Quanta baboseira. Você anda com babacas e eu não te julgo babaca como eles!
— Ok, você está certo...
— Vem logo! – Gaunt se pôs de pé e estendeu a mão para a garota, que aceitou-a imediatamente.
Em instantes os dois estavam parados do lado de fora do castelo, olhando para cima e rindo como se nunca tivessem presenciado o cair da neve.
Aquela noite estava visivelmente e incrivelmente bonita, a lua minguante brilhava no céu, não havia estrela alguma mas isso não fazia perder o encanto do momento. Arabella so se libertou do transe quando algo pesado e gelado bateu contra seu braço, assustada a garota se virou para ver quem havia feito.
Hector estava com um sorriso que ela nunca tinha visto em seus lábios antes. Um sorriso maroto.
— Você vai ter desejado não começar essa guerra comigo... – pausadamente, proferiu as palavras enquanto abaixava-se e apunhava uma boa quantidade de neve afim de formar uma bolinha.
— Aé? – indagou o sonserino enquanto jogava uma bola de neve para cima — Vamos ver...
🔸️
01.09
🔸️
~ Malfeito, feito!
Oi sumidos rs
(Fazendo a egípcia, fingindo que nem fui eu que sumi né kkkkk)
Voltei novamente kkkkkk por favor não desistam de mim! To de férias, então sim, terão atualizações frequentes (quem amou) eeeeeeeehhhhh!
Desfrutem desse belo capítulo de 2000 e mais umas 100 palavras! Espero que gostem e logo estarei postando os outros.
Um grande beijo da Loony, até a próxima bruxões e bruxonas! 💙