Após bater incessantemente na porta de Ella a garota finalmente abre a porta para Mille.
- O que você estava fazendo e porque me deixou pra fora? - A loira pergunta irritada para a amiga.
- Dormindo. Fechei a porta porque o Ben está com mania de entrar aqui e jogar água em mim para me acordar. - Antonella fala se jogando de volta na cama.
Mille sorriu, seria engraçado ver a amiga acordando assim, ela é sempre irritada quando acorda.
- Não ouse rir Camille, eu sei onde você mora querida! - Ella joga um travesseiro na amiga, que desvia e faz careta.
"Aparentemente os Torres sabem onde moro e amam aparecer por lá" Camille lembra da aparição repentina de Benjamin em seu quarto hoje.
- Não sou querida de ninguém Antonella! Muito menos de vocês Torres irritantes... - Camille fala olhando sorrindo e olhando para a amiga que só da de ombros como se não estivesse nem aí.
- Mille, sei que você vai odiar, mas não quero mais sair, você viu o calor que está fazendo lá fora? - Antonella fala sentando na cama e observando a loira andar pelo quarto e parar para fuzilar Ella com o olhar.
- Odeio vocês Torres, são muito preguiçosos, vamos Ella, prometo que não vamos demorar, só preciso trocar umas roupas que minha mãe comprou para mim e não serviram. - Camille pede para a amiga caminhando até ela e segurando seu rosto para que a encarasse.
Antonella grune e concorda com a cabeça, avisa a amiga que vai se trocar e pede para a Loira a esperar no andar de baixo.
Mille se sente bem na casa da amiga, sempre foi bem acolhida pelos Torres, bom por quase todos eles. Benjamin e ela nunca tiveram tanto contato, um sabe da existência do outro, mas só. A loira nunca se sentiu atraída pelo jeito do garoto, ele é legal, mas ela o julga como pessoa que não faz o tipo de amizade que ela gostaria de ter. Principalmente agora sabendo que ele não gosta de ler.
Pega no celular para avisar a mãe que vai ao shopping trocar as roupas que não serviram, mesmo sem esperar respostas ela espera que seus pais se preocupem o mínimo com ela.
- Ora, ora, ora, quem temos aqui invadindo minha casa? - a voz grave do garoto ecoa no tímpano de Camille e fazendo revirar os olhos.
- Só estou esperando sua irmã, que nem se arruma tanto para demorar esse tempo. - a loira rebate sem olhar para Ben.
Ele sorri e chuta os pés dela para chamar sua atenção. E ri quando ela chuta sua canela como resposta.
- Parece que eu te irritei falando sobre os livros, - Benjamin começa - eles são importantes para você? Tipo você tem que admitir que depois de um tempo eles são só um peso na sua estante. São árvores que foram mortas para escrever histórias que você poderia baixar online. - conclui com a atenção da menina voltada para ele.
"Até que ele sabe argumentar para um idiota" Mille pensa enquanto Ben fala.
- Sabe, eu fico sozinha por tanto tempo que acabo me fechando em um mundo próprio, os livros me transportam para outros mundos além desse e isso é tão com reconfortante. - Camille fala acompanhando Ben com o olhar. O garoto se senta em um banquinho ao lado do sofá.
- Mesmo assim não justifica matar as árvores para isso. - Ben fala praticamente ignorando tudo que ela havia lhe dito.
Camille finge não estar ouvindo, ela sabe que o garoto não ia mudar de opinião e ela não tem paciência com esse Torres.
- Deixa eu adivinhar, ele está falando de livros não é mesmo? - a voz de Antonella surge e enche a sala, fazendo com que Benjamin fizesse uma careta.
Camille sorri e levanta a sobrancelha para Ben que continuava com a careta.
- Cuidado Ben, ou seu rosto vai ficar feio assim para sempre... - Mille fala piscando para o menino que ignora a piscada e responde com um beijo no ar.
- Você tem é inveja da minha beleza e inteligência Camille! - Benjamin retruca.
- Como se ela fosse burra a seu nível Ben... - Antonella defende a amiga e puxa do sofá. - vamos Mille, quero voltar logo para casa.
As garotas saem no sol e se arrependem no mesmo instante.
···
Já em casa Camille se preparava para jantar mais uma noite sozinha, preparou a janta e separou os potes de frutas cortadas para sua mãe levar como aperitivo para o trabalho no dia seguinte.
Quando pequena, ela chorava por um irmão ou irmã, hoje ela agradece a Deus por não ter permitido isso, porque sabe que ela teria que criar a criança sozinha. Perderia toda a liberdade que tem, mas teria alguém pra dividir a mesa e a cozinha.
A garota se senta na mesa para comer, seus pais ainda não tinham chegado e seu estômago estava implorando por comida. Assim que começa a comer ouve batidas em sua janela da frente, assustada ela se levanta e caminha devagar até a sala.
Ao chegar encontra Benjamin preso na janela, metade do corpo pra dentro e com as pernas para fora. Camille começa a rir não entendendo o porque raios o idiota do vizinho estava lá, e o que deu na cabeça dele de tentar pular a janela, mas rapidamente pega o celular e tira uma foto.
- O que você está fazendo Mille? - Benjamin fala irritado, causando mais risos na menina. - Me ajuda a sair daqui! - o loiro implora ainda se equilibrando na janela.
Com jeito ela puxa o fecho da janela que estava travada e abre para dar mais espaço para o garoto sair de onde estava preso.
- Benjamin, o que deu nessa cabeça de vento para tentar entrar pela janela entreaberta? E porque tá querendo entrar na minha casa de novo? Não tem mais como usar a desculpa da garota te perseguindo agora. - Camille pergunta cruzando os braços e arqueando a sobrancelha direita.
Benjamin não tinha motivos para ter entrado de novo na vizinha, só teve vontade de irritar a garota, já que Ella, a irmã do menino, estava tomando banho e portanto não seria tão facilmente irritada. Então ele apenas da de ombros com um sorriso irritante no rosto fazendo a loira querer prender ele novamente na janela e socar o sorriso presunçoso dele que estava naquele lindo rosto.
Mille conhecia a "fama" que o vizinho tinha, ele era conhecido pela cidade toda, mais de cinco mil seguidores no Instagram e metade desses eram garotas com fogo nos olhos. Após os jogos que ela ia, sempre que ele jogava contra a escola dela assim que o juíz soprava o apito finalizando a partida as garotas que conheciam ele iam correndo para o campo. Segundo Ella, ele nunca tinha namorado mesmo ou apresentado ninguém aos seus pais. Mas Camille não era tonta, Benjamin é o garoto mais bonito que ela conhece, sem dúvida ficou com várias, assim como os garotos da idade dele.
- Vai embora Ben, eu tenho que jantar e limpar a cozinha antes que meus pais cheguem do trabalho... - Mille diz suspirando.
- Você fez janta? - Ben sorri. - Entrei na melhor hora, posso comer também? - Ele parecia feliz, ela sorriu.
- Não! - diz vendo o sorriso do menino morrer. - Vai pra casa Torres. - Camille fala fechando totalmente a janela e trancando para que o menino não tentasse sair pelo mesmo lugar e ficasse preso de novo. - E da próxima vez, use a porta. Elas foram criadas para entrada e saida de pessoas.
Ben finge estar ofendido.
- Por favor Camille, eu prometo que te ajudo a limpar a cozinha. - ele implora. - Lavo toda sua louça.
Ele junta suas mãos em cima do peito e faz um biquinho, tentando miseravelmente fazer uma cara fofa.
Mille bufa, ele não ia embora tão fácil assim, sabia o quanto os Torres são teimosos. E a taurina na sala era ela e não o garoto.
- É bom você me ajudar mesmo Benjamin, ou você nunca mais vai ter minha ajuda quando estiver fugindo de garotas. - ela fala puxando o menino pela mão para a cozinha.
Lhe entrega um prato e talheres, ele se serve enchendo seu prato. E se senta ao lado dela com um sorriso enorme no rosto.
...
- Não sabia que cozinhava tão bem Mille, - Ben começa a falar, não que ele tivesse parado um segundo. Durante todo o jantar ele tinha falado. - se eu soubesse tinha pulado aqui muito tempo antes. Queria que minha mãe soubesse cozinhar tão bem quanto você. - ele fala rindo.
Era verdade, Elena cozinhava tão bem quanto Antonella se vestia. Nenhuma delas era boa nisso. Ao menos Ella sabia cozinhar e Elena se vestir.
- Não se empolga Ben, hoje foi o primeiro e último dia que você apareceu aqui pela janela e janta ainda. - Camille fala enxugando com rapidez a louça que estava na pia.
"Gosta de se iludir" Benjamin pensa, solta uma risada e olha para o rosto da amiga.
- Ata. Você que pensa Alvez. - o garoto fala jogando um pouco de água na menina que desvia e ri da falha tentativa do vizinho.
...
Assim que ela fecha a porta para Benjamin, vê o carro de seus pais entrando na garagem. Solta um suspiro sem notar e vai para seu quarto tomar um banho enquanto seus pais jantam.
Todas os dias eram assim, iguais. Bom, hoje não. Depois que seu vizinho entrou pela janela, - duas vezes - seu dia mudou completamente. Ela gostou, nunca vai deixar ninguém saber disso.
Benjamin nunca saberá disso. Muito menos Ella. Ela nunca iria isso em voz alta. Não admitiria que estava errada sobre poder ter amizade com o vizinho.
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Voltei depois de muito tempo e prometo tentar não sumir até terminar mais esse pequeno livro! ☺️
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Rah❣️