Teen Mermaids

By _EuVitoria_

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Pertencente a dois mundos, Lydia, Rebeka e Luce precisam encontrar suas verdadeiras identidades. Seus c... More

Mudança
Festa na praia
Pulando na água
Poderes
Salva vidas
Uma nova sereia
Cardume
Uma dança
Sentimentos expostos
Doce chamado
Emboscada
Carta reveladora
Respostas
Hipnose
Visitando a vovó
Doador anônimo
O plano
Executando o plano
Livro de porções
capitulo especial - Morgana
Enfrentando tubarões
Capítulo especial - Morgana e Shelby
Evento de talentos
Malévolas
Festa na piscina
Banho de lua
Desafio
Para sempre, meu amor.
Perda de humanidade
Cupcake encantado
Recuperando a humanidade
Expostas
Uma novidade em Magic city
Capítulo especial - Morgana
Encontro desagradável
Capítulo especial - Morgana
Indo as compras
Capítulo especial - Morgana
Oferta
capítulo especial - Morgana
Resgate
Capítulo especial - Morgana
Primeiro beijo
Capítulo especial - Morgana
Baile de natal
Agradecimentos
Novidades

Concha prisão

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By _EuVitoria_

Lydia estava grata por ter recebido aquele convite para sair, se não fosse por ele, provavelmente ficaria trancada dentro de seu quarto, lendo mais um dos mil livros nos quais fazia a pesquisa sobre sereias. Ela estava super animada para se divertir um pouco com sua melhor amiga Lucinda e Luca. A sereia era para ela, inconfundível, então assim que chegou ao lugar combinado, não demorou muito para que reconhecesse o casal abraçados próximos a entrada do cinema.

- Cheguei, pombinhos. - Fora direto até o seu casal de amigos, os fazendo pararem de se beijar. O relacionamento deles não fora oficializado, mas ainda assim já pareciam namorados.

- Eu trouxe pipoca! - alguém disse animado, chegando quase junto com Lydia, e também se juntando ao pequeno grupo.

- O que ele está fazendo aqui? - Não conseguiu esconder sua surpresa, tão pouco sua irritação ao cruzar seus braços e fitar James segurando dois potes enormes, por trás deles estava um sorriso sacana e iluminado, forçado para parecer angelical.

- Eu vim ver o filme, pequena. - Ele fez biquinho para ela, se fingindo de coitadinho com sua expressão. A garota ficou ainda mais zangada. Luca gargalhou do pequeno confronto, se aqueles dois ficassem implicando daquele jeito um com o outro, a noite seria mesmo muito divertida. Luce lhe deu uma leve acotovelada, o censurando.

- E quem te convidou? - Lydia perguntou tentando ignorar as borboletas em sua barriga, retomando para sua respeitada pose de garota brava.

- Não seja boba. Um rei não precisa de convites. - Brincou, se divertindo imensamente com a garota mal humorada. - Já te contei que você fica linda toda bravinha?

- Eu ja te contei que te acho insuportável? - Revidou, mas estava atacando daquele jeito só para não perceberem que o elogio havia lhe deixado corada e desconfortável.

- Por isso que você está apaixonada por mim. - Tornou a brincar, Luca e Luce serviam de telespectadores para aquela conversa tão infantil. O garoto até havia começado comer pipoca os assistindo com atenção. Lydia suspirou, revirou seus olhos e deu alguns passos rumo a sala aonde Fronzen 2 seria transmitido.

- Vocês não vem? - Perguntou parando de andar e olhando para trás ao perceber que o trio estava parado no mesmo lugar, lhe examinando. Todos a seguiram, esperançosos e contentes. Entraram na sala de cinema em fileira, Lydia na frente, Luce, Luca e por fim, James. Procuraram por suas cadeiras no final do corredor já quase lotado por crianças, poucos eram os jovens e a maioria dos adultos estavam ali como acompanhantes.

- Troca de lugar comigo? - A ultima coisa que Lydia esperava aconteceu, James parou em pé em frente a Lucinda, com seu famoso sorriso sedutor. Ele queria que a garota trocasse de lugar com ele para que ele ficasse ao lado da outra menina, que surtou imediatamente com a ideia.

- Luce, não ouse. - Segurou o braço de sua melhor amiga, lhe alertando de que não era aquilo que queria. Mesmo sabendo que lá no fundo, adoraria tê-lo por perto.

- Não me mate... - Lucinda suplicou, já se levantando e dando o seu lugar para o capitão. Não era como se estivesse sendo desleal com a outra, mas sabia que para ela e James se tornarem pelo menos amigos, precisariam de um empurrãozinho e esperava que aquele que havia dado, fosse bem sucedido. Quando o garoto se sentou ao seu lado e lhe sorriu vitorioso, Lydia se ergueu, se recusando a deixa-lo sair ganhando, mais cedo ou mais tarde mostraria para aquele playboy que ela não era e nunca seria mais um dos troféus que ele conquistaria.

- O filme já começou. - Ela demorou muito tempo para entrar na sala e também não fora rápida o suficiente para sair dela. Frozen já iniciava seus primeiros segundos e James havia segurado seu pulso impedindo ela de andar pela sala escura iluminada apenas pela luz da telona. - A menos que queira estragar o filme das crianças, eu sugiro que se sente.

- Insuportável. - Resmungou, se sentando emburrada. Odiava saber que por hora, ele havia ganhado. Mas após se sentar, todos os quatro ficaram em silêncio, um silêncio que pela primeira vez para pessoas tão diferentes, parecia confortável.

O fato de estar sentada ao lado de James no cinema, lhe deixava desconcertada por vários motivos. Ele era o cara mais odiado e amado de toda Magic city, era quase como uma celebridade. Lydia tinha medo que o garoto visse o quanto ela se parecia com uma criança vendo filme, como achava graça das partes mais idiotas e ficava toda boba nas horas clichês. Não queria que ele lhe conhecesse além daquela armadura, assim como sabia que existia outra pessoa por debaixo da imagem que o capitão havia criado para si mesmo.

Ela era uma amante de desenhos animados, seu lado criança sempre ganhava quando se tratava de filmes como aquele. Por isso a vendo derramar uma lagrima para a suposta morte de Olaf, James riu, riu de uma forma espontânea, sem maldade ou deboche, seu coração amolecendo ao se dar conta que por debaixo da fera que ela passava a imagem de ser, havia uma menininha adorável.

As bochechas de Lydia esquentaram quando ela fora pegar pipoca no mesmo tempo que ele e acidentalmente suas mãos se encontraram dentro do pote. Uma conexão rolou, assim como a química que a muito tempo estava rolando entre eles dois.

- Desculpe... - James murmurou quando seus olhos também se cruzaram. Ele ficava lindo até mesmo sendo iluminado apenas pela luz da tela. A sorte de Lydia é que ela já havia tido uma decepção amorosa quando mais jovem, ou ainda seria uma pobre garota ingênua e não saberia controlar seus sentimentos.

- Tudo bem. - Sussurrou sem desgrudar seus olhos dos dele. E então ele sorriu, fazendo ela perceber que o estava encarando como uma boba apaixonada, exatamente o que se recusava a ser novamente, por isso tornou a encarar o filme. Ela olhava encantada, mas ele continuou ali, a lhe fitar com o mesmo encantamento. - Não vai ver o filme? - perguntou colocando uma pipoca na boca, começando a ficar sem graça.

- To vendo algo muito mais interessante. - sussurrou docemente, sua voz tão suave próxima de seu ouvido, fez o coração de Lydia disparar. Ela engoliu em seco e voltou a prestar atenção no filme. Em determinado momento, James fingiu se espreguiçar para colocar seus braços sobre os ombros dela. Com cautela, a garota sorriu, fora fofo. E ela não o impediu, fingiu demência para deixa-lo continuar.

Mais de uma hora se passou até que eles finalmente fossem encerrar a noite. Nessa hora, Lydia trocava o peso de seu corpo para outra perna, seus braços cruzados e ela um tanto desconfortável vendo Luce e Luca darem um beijo de cinema de despedida, ao seu lado, James analisava o mesmo clichê.

- Não vai me dar um beijo de despedida? - James cruzou seus braços e riu com humor, mas a brincadeira mexeu com o coração da garota. Assim como o sorriso esplendido que ele exibiu.

- Não. - Negou, curta e grossa, mas por dentro, adorando a proposta. Começou a se afastar, com medo de acabar entregando seus reais sentimentos, mas ele segurou sua mão e lhe impediu de ir, fazendo-a congelar no mesmo lugar.

- Nem um beijo na bochecha? - O capitão perguntou, mas sua voz estava séria. Tentando parecer o mais normal possível, ela suspirou e se aproximou, sua palma ainda entre os dedos dele, olharam-se profundamente antes dela se inclinar e beijar suavemente sua bochecha.

- Boa noite. - Murmurou as palavras próxima do ouvido dele, seus rostos se roçaram levemente e quando se afastaram, Lydia olhou novamente dentro daqueles olhos lindos, James ficou parado feito estátua, como se não soubesse reagir. Após o beijo, ela fez menção de se afastar, mas fora puxada de volta por ele e embalada por seus braços, ao passo que de forma desesperada o capitão lhe roubava um beijo. Um beijo bom.

- Boa noite, pequena - murmurou ele contra seus lábios. Para a sorte da garota, teve uma saída de escape, pois seu Uber logo encostou e ela correu para dentro dele, sem olhar para trás uma única vez, se antes era difícil não se apaixonar por ele, tinha certeza que depois daquele beijo, seria impossível. 


                                     ☀️

A noite fora incrível, porque ela estava apaixonada por um garoto incrível. Um que lhe fazia se desligar dos dramas do mundo e de qualquer problema, um que lhe fazia amar e se sentir amada, Lucinda havia conquistado algo que poucos possuem o privilégio de ter, o tal amor reciproco. Mas na manhã do outro dia, os problemas voltaram e sua história sobrenatural não havia acabado e estava longe de acabar. Enquanto não encontrassem uma forma de deter a rainha do cardume laranja, estariam sempre em perigo. As pesquisas não estavam adiantando em absolutamente nada, apesar das três se esforçarem bastante para obterem resultados, a forma de acabar com Shelby de uma vez por todas, continuava oculta.

Devido aos fatos, elas resolveram se reunirem todas na casa de Margareth e procurarem por outra solução. Mas do jeito que as coisas estavam, não poderiam ficar. No momento ela estava sumida, mas quanto tempo demoraria até que retornasse e as atacasse novamente, ou pior, colocasse as pessoas que elas amavam em risco?

Luce se arrumou tranquilamente, pensando no quanto as coisas haviam mudado em um só ano. Ela conhecera duas melhores amigas, mantivera sua amizade com seu melhor amigo, e conhecera diversas pessoas, tornando-se amiga dos mais improváveis. Tornara-se líder de torcida e conquistara o garoto dos seus sonhos. Tudo estaria perfeito se não fosse pelo fato de ter ganho uma cauda e poderes, não que esse fosse o problema, o problema todo era seu passado, ou melhor, o passado de sua legitima família. Mas estava determinada a colocar um ponto final em tudo aquilo, a resolver o que tinha que resolver com Shelby, afinal de contas, as aulas estavam a pouco tempo para acabar, e ela não queria iniciar suas férias de verão lutando contra uma tia do mal.

Depois que se aprontou, abandonou sua casa o mais silenciosamente que pode, pois ainda era muito cedo e como metade dos cidadãos daquela cidade pacata, sua mãe ainda dormia. Poucas pessoas transitavam por ali, o sol não estava tão ardente ainda, pois não fazia mais de duas horas que havia surgido. No caminho para casa de sua avó, cumprimentou alguns velhos vizinhos, o percurso fora calmo e ela o cursava com fones de ouvidos. Assim que chegou na casa, bateu diversas vezes na porta antes de ser recebida pela senhora elegante, que deu um bocejo prolongado, parecendo sonolenta.

- Bom dia. - a garota cumprimentou, meio sem graça por a estar incomodando tão cedo, mas por outro lado, sabia ser preciso. Encolheu seus ombros e sorriu amarelo.

- Bom dia flor do dia. - cantarolou, renovando sua animação enquanto caminhava para sua cozinha, como fazia em todas manhãs e tardes que suas netas iam visita-la. - Quer chá?

- Claro. - concordou, já se sentando e esperando Margareth lhe servir. Adorava os chás maravilhosos que ela preparava.

- E as outras? - Perguntou a senhora lhe oferecendo seu melhor sorriso. Logo em seguida arqueou as sobrancelhas, pois a campainha fora ecoada do lado de fora. - Eu já volto. - Murmurou se encaminhando para atender os recém chegados.

- Agora que vocês chegaram, podemos finalmente tratar dos assuntos pendentes. - Disse Luce, mal lhes dando tempo de sentar, sem saber qual de fato eram os tais assuntos, apenas sabia que tinha de ser resolvido com urgência.

- Bom dia para você também. - resmungou Rebeka, se sentando. Dava para ver nitidamente por sua aparência e o tom de voz, que havia virado a noite e não estava muito bem. Talvez fosse consequências de uma ressaca.

- Vocês querem chá?. - Perguntou Margareth, fazendo barulhinho ao beber de sua própria xícara.

- Um café eu aceito. - Beka murmurou como alguém que estivesse morrendo, cruzou seus braços sobre a mesa e enterrou sua cabeça nele, em desanimo, suas próximas palavras saíram abafadas. - Bem forte, de preferência.

- Levanta, ninguém mandou você beber. - Como sempre, mandona e controladora, Lucinda lhe repreendeu e Lydia segurou um riso pelo sermão que sabia que a outra levaria. Conhecia a garota bem demais e não queria estar na pele de sua prima. - Se tivesse pensando antes de ir pra balada, estaria bem descansada agora e poderia tratar dos assuntos SÉRIOS que temos que resolver, mas você não se impõe limites, precisa parar de agir dessa forma imprudente...

- Tá, já me levantei, pronto, para de gritar... - Reclamou Rebeka, interrompendo o discurso detalhista e severo de sua prima racional, ao passo que erguia seu corpo, fazia de tudo para fugir das garras do discurso sobre responsabilidade de Luce, até mesmo se esforçar ao máximo para se manter acordada no meio de uma conversa chata e estressante.

- Perfeito. - Sorriu satisfeita por ter conseguido a atenção para si. Entrelaçou suas mãos como uma líder e se sentou, perguntando: - Alguém tem algum plano para que possamos deter Shelby?

- Poderíamos matar ela. - Lydia disse casualmente, como quem sugere que filme iriam assistir em um sábado a noite. Deu de ombros enquanto analisava suas unhas bem feitas, quando ergueu seus olhos, três sereias lhe encaravam incrédulas e apavoradas com sua sugestão. - O que? Ela é do mal. - disse em sua defesa.

- Matar é um pouco extremo. - Luce murmurou, sentindo seu corpo estremecer com a ideia de virar uma assassina. O plano era retomarem suas vidas normais o mais brevemente possível, e isso não incluía matar sua tia maluca. - Se existisse algum tipo de prisão...

Existe algo no mundo que se chama "gatilho", ele desperta coisas através de outras palavras, atitudes, vislumbres, músicas, momentos. A palavra gatilho naquele dia, fora usada para trazer uma lembrança para Margareth.

- Claro! - A velha sereia se ergueu em um impulso, andando de forma afobada dentro da residência, atropelando as palavras. - Como-eu-pude-me-esquecer-da-concha-prisão...

- Calme. Repita com calma. - Pediu Lucinda, sem conseguir acompanhar as palavras que voavam para fora dos lábios de sua avó. - Não estamos entendendo nada...

- Tudo bem... - suspirou profundamente, tentando se conter, olhando para suas netas que mantinham seus focos e curiosidades sobre ela. - A concha prisão. - Repetiu calma e pausadamente, para que não houvessem dúvidas. - É um mundo mágico criado a muito tempo atrás para aprisionar o pior dos piores monstros do mundo marinho. Diz a lenda que aquele que encontrar a concha prisão, poderá com a ajuda de uma bruxa vidente, aprisionar qualquer sereia ou tritão que tenha feito algo obscuro em sua vida

- É isso! - Após o fim da explicação, Lucinda se ergueu em um pulo, com esperança brilhando em seus olhos castanhos. Revezava seu olhar de uma para outra. - O que estamos esperando para buscar esse mundo sei lá do que e aprisionar a pior sereia que conhecemos?

Da mesma forma que a garota, as outras garotas fitaram Margareth, animadas e com expectativas elevadas, mas o semblante no rosto dela, não era dos mais seguros.

- Bem... - Havia cautela em sua voz e gestos. - Não é tão fácil assim, essa concha nunca foi encontrada, não a provas concretas de que ela realmente exista. Pode ser apenas uma lenda.

- Mas e se não for... - Lucinda continuava eufórica, era tarde demais para que sua avó pudesse desfazer as expectativas que havia plantado no coração daquelas três. - E se essa concha realmente existir? Margareth, ela pode ser a solução para todos os nossos problemas.

- Bom, se vocês quiserem, podemos tentar. - A senhora nunca havia visto suas netas tão animadas e esperançosas como naquela vez, elas viviam com medo de Shelby e sem esperanças de que pudessem detê-la, mas naquele momento ambas as três estavam confiantes e Margareth não queria tirar aquilo delas. - Mas a busca pela concha pode durar dias, não sabemos realmente o que vamos encontrar no caminho...

- Essa não... - Rebeka se lamentou, sabendo dos vários motivos pelos quais não poderiam embarcar naquela aventura. - Não temos tempo. Não podemos desaparecer, as pessoas desconfiariam, se preocupariam, Shelby descobriria que algo está errado, e além do mais, não podemos perder aulas, nos ausentamos muito dado aos acontecimentos... Precisamos de toda nota possível.

- Morgana. - Do outro lado da sala, Lydia deu a cartada final. Era novidade ser ela a bolar o plano, geralmente era Lucinda. - Ela pode ir em busca da concha. Nós ficamos e mantemos a discrição.

A solução estava ali, mas elas tinham as mesmas incertezas de antes. Morgana poderia ser a heroína daquela história, no fim das contas?

                                        ☀️

Rebeka abandonou a sala de aula, se misturando no meio da multidão de alunos, junto com suas primas. Ambas andavam quietas e com expressões levemente preocupadas.

- Vocês estão bem? - perguntou, sabendo a verdade. Tudo o que haviam conversado com Margareth também estava martelando em sua cabeça, mas diferente delas, Rebeka era melhor em ser indiferente para coisas importantes.

- Sim. - Lydia fora a única que respondeu, apesar de ser bem forte, sua resposta não parecera muito sincera. Beka suspirou e parou de andar, as duas deram apenas mais alguns passos até notarem sua ausência e se virarem para encara-la.

- Olhem em volta de vocês. - pediu ao ter a atenção das duas, não era o tipo de garota que fazia discursos motivacionais, mas sabia que naquele momento era preciso. - Todos estão concentrados no baile de natal da escola. Estamos a menos de um mês das férias. E eu sei, eu sei que é muito difícil. Mas esse ano já parecemos anormais demais, vamos por favor ter um final de ano normal. Como garotas do ensino médio normais. Nós merecemos isso depois de tudo o que passamos. E qual é, superamos o fato de sermos adotadas, lutamos contra tubarões mutantes, descobrimos um passado sobrenatural, enquanto lidávamos com problemas e dramas adolescentes. Luce, você foi humilhada e exposta. Mas de uma vez. Lydia, você se mudou do dia para a noite, teve que se adaptar a uma escola nova, uma cidade nova, uma vida nova. Sua família passou por altos e baixos... E eu... Eu tive o meu coração partido. - suspirou novamente. - Acho que podemos lidar com qualquer coisa.

Ela estava emocionada com suas próprias palavras e ao fim delas, suas amigas que também eram suas primas, se entreolharam e lhe envolveram em um abraço triplo. Paradas no meio do corredor, enquanto os outros alunos lhes olhavam curiosos e desviavam seus corpos dos delas. Ninguém entendia o que acontecia ali, mas aquelas três garotas estavam aliviadas por terem uma a outra. Elas se confortaram com aquele abraço e mesmo sem dizer nada em palavras, concordaram que deixariam seus medos presos em um lugar dentro de suas cabeças e viveriam os últimos dias e o baile de natal, como meras estudantes do ensino médio.

- Tudo bem. Chega dessa ceninha, eu tenho que encontrar minha mãe. - Beka brincou depois de um minuto de abraço, as outras duas riram e ela se afastou, enxugando discretamente seus olhos molhados por lágrimas. - Eu tenho que ir, mas nos vemos mais tarde.

- Nos vemos mais tarde. - Luce concordou e sorriu, depois do discurso da amiga, aparentava estar mais tranquila.

Rebeka sorriu para as duas e se afastou, pegando o caminho do restaurante no qual almoçaria com sua mãe. Odiava aqueles encontros formais que tinha com a fotógrafa, por isso não se deixou chegar atrasada, porque quanto mais rápido começasse, mais rápido acabaria.

- Beleza mãe? Estou morta de fome. - fora dizendo assim que chegou a mesma mesa que sempre ocupava com a mulher, não se deu ao trabalho de olhar em volta e foi logo retirando sua bolsa de cima de seus ombros. Ana pigarreou, chamando sua atenção.

- Rebeka, esse é Otis e Navid. Cavaleiros, esta é a minha filha. - Fez uma apresentação formal, a menina arqueou suas sobrancelhas finalmente observando os três ocupantes das cadeiras. Seu coração congelou. Havia ido em uma festa com Danna noite passada e acabado na cama daquele rapaz.

- É um prazer conhece-la. - o mais novo deles lhe estendeu sua mão, a garota lhe encarou, mal acreditando na cara de pau do garoto com quem havia passado a noite trocando beijos e caricias, e agora ali estava ele, agindo como se estivessem se vendo pela primeira vez. Como se não fosse o suficiente, sorriu para ela de forma falsa e provocativa. Cafajeste.

Entrando no jogo dele, Rebeka apertou sua mão contra a do mesmo e o avaliou descaradamente. Um sorriso, uma expressão impecável de alguém responsável, elegante, maduro. Poucos traços ela reconheceu daquela noite em que estiveram juntos, aquele Navid sentado a sua frente, não se parecia com o Navid que ela havia conhecido noite passada. Ali ele parecia tão formal, concentrado, sério...

- O prazer é todo meu. - retrucou o fuzilando com os olhos, seus pais sorriam satisfeitos com o resultado daquela educação mutua. Ingênuos.

- Disso eu não duvido. - Ele riu de forma ainda mais sacana, ela não era boba, compreendeu o duplo sentido.

- Navid estuda direito, filha. - Sua mãe disse, elogiando o rapaz com o tom de voz. Navid não pareceu constrangido ou desconfortável, Rebeka arqueou suas sobrancelhas. Realmente, ele e o garoto que Danna havia lhe apresentado não pareciam a mesma pessoa. Quando o conheceu, jamais diria que aquele menino tão alegre, aventureiro, festeiro e alcoólatra, seria um engravatado no futuro.

- Realmente surpreendente. - ironizou para o garoto com sorriso safado. "cara de pau, sem vergonha" o xingava mentalmente.

A noite toda a garota ficou sem reação, enquanto Ana e Otis elogiavam e idolatravam Navid, diante dos adultos ele parecia ser algum tipo de menino prodígio, o exemplo da geração. Ele se divertia abertamente com o desconforto dela, continuando a agir como se não tivessem passado uma noite inteirinha se conhecendo. Era inacreditável como até o modo de falar dele havia se tornado mais adulto e sofisticado.

Raramente ela havia interagido com eles no decorrer da noite. Havia mantido sua boa educação mas não se esforçara nenhum pouco para soar simpática. Provavelmente todos na mesa perceberam sua falta de vontade de estar ali, sua mãe parecia um pouco envergonhada com a filha, mas Otis fingia não perceber as atitudes da menina rebelde, enquanto fazia questão de elogiar seu filho de incontáveis maneiras.

Em determinado momento, sem se importar em parecer rude, ela cortou a fala dele e pediu licença para ir ao toalete. Todos lhe encaravam embasbacados enquanto sem ligar ela se erguia e saia da mesa em meio a refeição e a conversa mais entediante que já tivera em anos.

Colocou sua bolsa sobre a bancada chique da pia, retirou seu batom e retocou levemente seus lábios. Satisfeita com o resultado, resolveu tirar uma Self, sorrindo para a câmera. Parecera feliz, mas ao passar sem querer para a imagem ao lado, se recordou de que não estava. Na verdade, estava sofrendo, sofrendo por amor, sofrendo por Eduardo.

Na fotografia, eles sorriam e ele lhe abraçava. Seu coração doeu, a saudade estava piorando. Cada vez mais ela sentia falta dos beijos, dos abraços, dos momentos que passaram juntos. Cada vez mais a distancia que os separava a destruía, porque ela ainda o amava e amar alguém que escolheu ir embora, doía. A partida dele havia lhe partido também.

Ela bloqueou a tela de seu celular e desestruturada apoiou um braço seu de cada lado da pia, chorando baixinho e sozinha, sofrendo por um garoto que já havia seguido em frente, sem ligar em lhe deixar para trás.

- Filha?- Ana adentrou no recinto, brava, mas recuou ao ver que de cabeça baixa, a jovem chorava. - O que houve?

- Nada mamãe. - mentiu, secando de mansinho suas lágrimas. Erguendo suas defensivas: - Podemos voltar para lá para que você possa continuar me vendendo como um troféu.

- Do que está falando? - quis saber enquanto sua menina lhe dava as costas e se afastava. A mulher parecia realmente não estar entendendo nada.

- Não se faça de idiota! - Gritou em seu limite, parando de andar e virando para encara-la. - Acha que eu não vi como está tentando me fazer gostar de Navid. Qual é o próximo passo? Me casar com ele?

- O que? - Ana ficou séria por segundos, mas então caiu na gargalhada. - Você entendeu tudo errado. Estou querendo fazer você gostar de Navid, porque estou noiva de Otis. Vamos ser uma família...

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