[CONCLUÍDA] Overlord| Jikook

By SaikoMente

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[CONCLUÍDA] "Solidão e escuridão combinadas, podem fazer com que coisas aconteçam nas sombras." Jimin decide... More

Reinado: LIVRO FÍSICO
A Dança com o diabo ▶PLAYLIST⏩
01° Reinado: Iniciação
02° Reinado: Decisão
03° Reinado: Ligação
04° Reinado: Imersão
5º Reinado: Aproximação
6º Reinado: Construção
7° Reinado: Destruição
8° Reinado: Aniquilação
9° Reinado: Fragmentação
10° Reinado: Retaliação
11° Reinado: Inquisição
12° Reinado: Conexão
13° Reinado: Aquisição
14° Reinado: Ambição
15° Reinado: Presunção
16° Reinado: Estagnação
17° Reinado: Persuasão
18° Reinado: Submissão
20° Reinado: Regressão
21° Reinado: Ascenção
22º Reinado: Anunciação
23º Reinado: Restituição
24° Reinado: Intervenção
25º Reinado: Transformação
26° Último Reinado: FINAL + EPÍLOGO
PROMOÇÃO BOOKFRIDAY SÓ HOJE!

19° Reinado: Divisão

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By SaikoMente

CAPÍTULO CURTO, MAS EXTREMAMENTE IMPORTANTE

CONFIRA SE LEU O ANTERIOR ANTES DE PROSSEGUIR

BOA LEITURA

🐍💬obs: você pode ler ouvindo a música  :):

divisão

substantivo feminino

1linha de demarcação; divisa, limite.

2. cada uma das partes ou porções de um todo.

👑

Sentiu alguns beijos suaves no rosto, que desciam pescoço. E foi o que lhe despertou.

Apertava os olhos demorando a conseguir abri-los, mas sabia exatamente de quem se tratava, por mais que antes não o encontrasse de manhã ao seu lado. Ergueu as mãos levando até seus cabelos, acariciando os fios que costumavam ficar partidos de lado e então suavemente puxados para trás, mas estavam macios e livres naquele dia.

Um pequeno suspiro dolorido escapou de sua boca, e o Príncipe ouviu — O que houve? — Sua pergunta saiu num sussurro fraco, já que sua garganta tão forçada antes parecia desgastada. Jimin negou com a cabeça, e a manteve apoiada sobre seu peito silenciosamente, aonde continuou a receber a carícia sonolenta do mais novo.

Talvez muito tempo tivesse se passado enquanto estavam assim, porque na próxima vez em que despertou o via transitar de costas no quarto.

— Está acordado agora? — o ouviu sussurrar, enquanto tentava firmar a consciência, recebendo a ajuda dele para sentar devagar na cama. E então parou de se mexer ou reagir para olhar novamente na direção daquele que se afastou logo depois de oferecer ajuda. A claridade da janela revelava algo novo. Os cabelos novamente partidos de lado eram castanhos, e o sorriso caloroso nos lábios não chegava bem aos olhos — Bom dia.

O ar pareceu escapar de seu alcance, quando se tornou estático.

— Eu me pergunto sempre... O que vocês tem de tão especial? — ele murmurou, parecendo entretido em preparar algo na bandeja. — Quero dizer, passaram alguns meses juntos, mas foi o suficiente para você desmoronar quando perdeu tudo. Antes quando te via pelos corredores, sua mente era uma fortaleza, embora seus olhos fossem inocentes. Eu me perguntava o que se escondia naqueles olhos, e do que você era capaz. Então, essa é a resposta? Nada?

— Jimin...?

Ele parou de remexer as vasilhas de prata, suspirando uma vez. — Você sobreviveu, com condições, mas sobreviveu. Cresceu preso num luxo surpreendentemente miserável e estava contente com ele, mas agora troca por outro tipo de miséria. Você perdeu tudo, e corre o risco de perder também as últimas pessoas que realmente se importam com você então eu pergunto... — ele se virou devagar, e dessa vez seus olhos tinham um brilho amarelado, enquanto erguia sua mão — Se eu apertar seu coração, ao ponto de ser impossível respirar com a dor... que medo você vai sentir? O que você não pode perder?

Não era ele.

Se levantou da cama depressa, pegando o castiçal pronto para acertá-lo na cabeça, irritado com as coisas que o que quer que fosse aquilo dizia. Chegou a acertar num golpe extremamente potente mediado pelos músculos firmes, mas sua matéria tremeluziu e apareceu atrás de Jungkook, segurou a mão que ainda tinha estendida, sua risada ecoando pelo quarto, no instante em que intencionava espalmar a sua sobre o coração do Príncipe— Então, está acordado agora?

Jungkook abriu os olhos, ainda em estado de alerta puxou o ar com força entre os lábios olhando ao redor. Mas não estava no quarto, nem na mansão, e sim no meio da floresta, tomada pelo breu da noite, a luz da lua mal chegando ao chão, capturada antes pela copa das árvores altas.

Seu estômago esfriou enquanto tentava fazer sua audição voltar daquele apito agudo, lentamente percebendo que estava ajoelhado ao olhar para baixo.

Soltou ambos no chão como se fossem um animal peçonhento ao se levantar trêmulo, olhando em volta na tentativa de enxergar a mansão, mas não a encontrando ao mesmo tempo em que um pensamento emergia. A memória de Jimin dizendo que o caminho era perigoso naquela floresta.

Uma sensação conhecida pesou seu coração. Há um bom tempo sua cabeça não ficava mal, e tinha a sensação da terra em seus joelhos, o ar gelado contra a pele, deviam ambos ser prova de que estava acordado. Ainda assim, como poderia ter certeza, agora que uma alucinação ou episódio de sonambulismo tinha atingido essa magnitude?

Ignorou a ardência nos olhos ao olhar para baixo e buscar enxergar o que tinha ao seu redor, que pudesse usar de alguma maneira. Como tinha terminado a noite daquela maneira, seu progresso nas traduções era nulo, mas ainda reconhecia palavras como "conjuração" e "sortilégio", na caligrafia que conhecia bem.

Não podia gritar por ajuda, mas podia tentar encontrar o caminho de volta. Foi nisso que se concentrou ao recolher os dois objetos e guardar nas roupas. O ato vicioso de buscar o colar que há muito lhe faltava no pescoço ressurgiu quando se pôs a caminhar cautelosamente.

Apesar de não existir nenhuma fonte de luz, tentava se guiar pelas frestas de luminosidade celeste. Só precisava se manter calmo, estava longe de ser alguém indefeso, e nessa verdade tentou construir sua confiança, que no entanto ruiu no momento em que um de seus passos fez barulho demais, e ainda mais quando outro e outro barulho se fez ser ouvido, ainda que ele estivesse parado agora.

Não esperou mais um segundo sequer. Usava a adaga vermelha quando começou a correr na direção oposta para cortar os galhos que literalmente se abaixavam para cobrir seu caminho.

— Jimin... — Sua voz saiu num sussurro entrecortado pelo desespero de não poder enxergar nada familiar por perto.

Mas seu corpo simplesmente foi de encontro ao chão quando sentiu algo despencar sobre ele, de pele gelada e fina, rastejando sobre seu corpo para se colocar de pé assim como ele tentava fazer, quando viu que não existia nada além da boca de ocupava todo o rosto com fileiras intermináveis de dentes, que se abriu em sua direção para rugir. O Príncipe precisou usar as mãos para manter aquela boca aberta impossibilitada de encaçapar sua cabeça inteira, medindo forças com aquela besta. Um grito escapou de sua boca e tentava desesperadamente se manter firme, porque na tentativa de alcança-lo aqui usava as garras de patas como pés de galinha para rasgar seus braços, afundando-as como lâminas afiadas e arrancando ainda mais gritos de Jungkook, que se via sem saída, sofrendo golpes que chegavam a arranhar seus ossos, destruindo músculos, nervos e tendões no caminho.

Precisava pensar rápido, e se agarrou ao fio de uma ideia quando mesmo sentindo a dor insuportável dos ataques incessantes esticou os dois braços completamente, até que pudesse flexionar as pernas entre os dois para empurrar e chutar o monstro para longe de si.

Estava prestes a correr vendo a criatura ser lançada, mas ela lhe pareceu perdida por um momento, já que não tinha olhos.

Cessou sua respiração ofegante, grato pelo cheiro de sangue também ser indiferente para quem era apenas uma bocarra ambulante, porque exceto pelos respingos em seu rosto, todo o restante de seu corpo estava banhado nisso.

Seu corpo queria ceder e apagar, mas ele se forçava a resistir aos olhos piscando longamente. Não pode pensar mais, ouvindo passos atrás de si, de alguém se aproximando na escuridão — Jimin? — sussurrou, ao ver ele se aproximar. Mas ele não reagiu, e quando seu rosto ficou visível notou a ausência da cor normal em suas íris, o olhar coberto pela escuridão que parecia emanar dele e de suas mãos totalmente tomadas também. E seus passos estavam mais determinados na direção de Jungkook, de maneira que o fez querer correr imediatamente dele.

O que era aquilo?! Não importava a resposta, sentiu que ainda que chamasse, nenhuma voz humana lhe responderia.

Sabia que não devia, se tratando de uma besta, e estava cercado entre ele e a outra. Mas não poderia lidar com ele ou usar a adaga que tinha em mãos. E os passos de distância que ganhou da criatura cheia de dentes já estavam sendo perdidos. Não tinha o que fazer além de escolher um dos lados, olhando para trás tentando ver a distância entre os dois. Aquela coisa corria, se pendurando nas árvores que pareciam mexer junto com ela, alguns galhos a segurando, outros lhe dando impulso. E ele também vinha, calmamente, mas como podia ser que parecia estar ainda mais perto?

Já não podia correr e mal enxergava suas mãos quando as ergueu para checar suas condições, porque sua visão tinha se tornado turva. Tudo que poderia fazer era se manter parado e esperar pelo monstro devorador, para empalar na adaga vermelha quando pulasse sobre ele novamente.

Era como uma dança alucinada e enevoada, seus pés falhando em lhe manter parado, e o som de seu coração bombeando a todo vapor, apenas desperdiçando o sangue que continuava perdendo. Por que aqueles dois pareciam um time contra ele?

Cerrou os dentes, e com um grito se virou na direção e momento exatos em que a besta saltou das copas — Jungkook, não mate ele! — gritou exasperado ao vê-lo pronto para usar a adaga para se defender, parecendo ficar ainda pior encarando seu corpo ensanguentado, notando que o sangue era de Jungkook. Seus olhos estavam claros, na cor cinzenta quando ergueu também a outra mão, dessa vez para usar magia e levantar a criatura, suspensa no ar.

Um golpe rápido demais, acontecimentos rápidos demais.

Jimin parecia lúcido de novo quando explodiu aquela coisa em cinzas que se dissiparam, formando um montante empoeirado de algo que já não existia mais. Jungkook olhou para ele, mas se sentiu surpreso ao encontrar uma expressão triste e desapontada.

Não se permitiu apagar nem mesmo quando foi aparado antes de cair, mantendo seu estado de alarde o máximo possível, mas ainda assim depois de um longo piscar estava pisando nos degraus da mansão.

Ele retirou a própria camisa, amarrando em um dos braços de Jungkook, e pareceu frustrado ao notar que não seria o suficiente, murmurando algumas palavras que já não conseguia compreender, com as mãos estendidas para os ferimentos. A cabeça do Príncipe latejava, mas sentia frio no corpo todo, com aquelas feridas tão profundas abertas.

Um tempo se passou assim, e a dor parou. Tudo parou, e só se a respiração fraca naquele quarto.

— O que você estava fazendo — sua voz não soou como uma pergunta — Por... por que estava lá?

O outro o encarava, tentando se manter acordado.

Não era fácil perceber a diferença entre sonho e realidade, tudo parecia confuso e misturado em uma única coisa. Mas a certeza de que sentiu muito medo ao invés de alívio ao ver Jimin se aproximar gelou seu coração.

— Você enterrou as cinzas? — conseguiu sussurrar — pareceu se importar muito com ele, arrependido quando matou.

— Não enterrei ainda. — ele murmurou, e a maneira como engoliu pesadamente deixou claro que Jungkook não estava errado em pensar que ele só os matou porque era entre o Príncipe e eles. Pensou em oferecer ajuda para enterrar, mas sua voz não voltou a sair, nem voltou a olhar nos olhos dele. E não conseguiria de qualquer maneira, o que estava cogitando? — Mas agora, me escute, por favor. Eu preciso que beba isto. — ele disse, empurrando a taça de prata no móvel ao lado da cama, com a voz pesada — Por favor. Eu prometo que não vou voltar a tocar você nem vou ficar aqui, e posso fazer tudo que você quiser. Só beba, pra conseguir se curar. Sangrando assim, se eu deixar assim você não...

— Eu quero ir embora dessa mansão. Voltar ao palácio. — falou, cortando o que ele dizia.

Os movimentos de Jimin congelaram — Jungkook.

— Você me ouviu. Eu... Eu realmente pensava que ficar aqui iria garantir minha sanidade, garantir que eu pudesse proteger você, e você me proteger de volta. Que eu iria entender o que está acontecendo em algum ponto, e conseguir te ajudar. Mas eu não posso.

O silêncio perdurou entre os dois por um tempo, antes que ele se afastasse alguns passos, em direção à porta. — Não. Você não pode ir agora, nós devemos ficar juntos até a sua coroação.

— Que coroação?! — falou, sendo interrompido, engasgando ao sentir sangue chegar aos montes na boca, o Suserano se remexeu no lugar para vir lhe socorrer, parando quando usou o restante de sua força e estendeu a mão para ele.

Ele apertou a porta, enquanto parecia decidir algo consigo mesmo — Beba o que eu te dei, é a única coisa que eu te peço. E sim. Eu sempre vou fazer o que você quiser. Mas não dessa vez.

O Príncipe o encarou em descrença, antes de se voltar para a taça de onde subia um aroma ferroso e adocicado ao beber, e só então o outro pareceu sossegar, ao fechar os olhos — Como a forma que age agora, é diferente de como meu pai agia no palácio? — Sua voz no entanto saiu num sussurro esforçado, que escapou entre os lábios pálidos — Me ordenar, me manter cativo banhado numa passivo-agressividade que nenhum de nós precisamos. Você sofreu e morreu por minha causa, e eu me sinto à beira da loucura de novo apenas ao falar algo assim. A questão é que sua vingança não é contra mim, nós nos amávamos e isso nem você pode negar. Diz tanto odiar o Rei de Belo Monte... Mas está agindo exatamente como ele. Aqui não é seguro pra mim, eu não sei o que estava fazendo, e se você me machucasse? E se eu te machucasse? Como nós poderíamos viver depois disso?

Jungkook tinha mais a dizer, porém se calou, porque não conseguia falar mais. Parte dele nunca queria retornar, enquanto a outra ainda se preocupava com seus familiares, mas suas palavras pareciam ter surtido um efeito irreversível em Jimin, que lentamente baixou o olhar. Sua expressão insatisfeita que poderia ter mudado várias vezes, naquele momento ele simplesmente se manteve estática, ao encarar os braços e o peito de Jungkook, ambos demorando a fechar. E as palavras do Príncipe, o posicionando perfeitamente alinhado ao ser vivente que mais detestava no mundo.

Não esperou mais um segundo sequer, ao abrir o móvel, separando roupas e capas quentes, antes de dar a volta pela cama e passar a evaporar o sangue de Jungkook ao estender a mão — O que está fazendo?

—É apenas natural que você quisesse ir embora em algum ponto. Estou surpreso na verdade que tenha resistido por tanto tempo. Está com frio? Eu tinha me esquecido de que você sente frio — Ele dispensava as palavras rapidamente, antes de parar por um instante — Quando...

...Quando nos encontramos... Despertei ao sentir uma presença forte no derredor, mas não a encontrei. E não pude sair do estado em que estava também. Isso significa que o que quer que tenha atiçado minhas percepções pode estar na floresta, então você não pode cruzá-la sozinho. Mas se estiver comigo... É claro que eu não te deixaria morrer, nem em um milhão de anos.

Era exatamente o que Jimin diria. Mas as palavras pareciam incapazes de atravessar sua garganta, como se a passagem estivesse carregada de pedras feitas de orgulho — Quando estiver pronto, vou te levar de volta.

👑

— O que significa isso? — O Duque pareceu confuso ao entrar na mansão e encontrar os dois que desciam, um deles armado até os dentes contra o frio da neve que caía lentamente do lado de fora naquele fim de madrugada.

Jimin chegou ao último degrau e ergueu a mão para oferecer ao outro, mas imediatamente se deu conta, e deu as costas, acelerando os passos ecoando pelos saltos das botas — Jungkook está indo embora.

— Oh... mesmo? — ouviu sua voz cheia de ironia. — Que infelicidade. O que houve? — sentou no sofá de couro, cruzando as pernas longas.

Jimin parou de caminhar e retornou o caminho, voltando a estender a mão para o Príncipe, até que ele estivesse no piso, mas não parou ali, ao passar por ele na direção das escadas — Você pode ir na frente. Há algo que preciso pegar antes de partirmos — Anunciou de costas, e subiu sem olhar para trás.

— Não vou te emprestar meu cavalo. Lide com ir junto dele durante a viagem. Não será longa, de qualquer maneira, ele deve com certeza pegar o caminho mais curto já que depois da floresta é dia. Provavelmente quer acabar com isso depressa. Mas se diga, tem prazer em torturar Jimin?

O Príncipe que seguia ao lado dele para fora do Lar Vermelho não respondeu, enquanto seus olhos escuros miravam as paredes de bordas queimadas pelo incêndio antes provocado no lugar.

— Quero que responda sinceramente, ao menos uma pergunta, sem rodeios, sem meias verdades — Pediu — Ele... Ainda existe uma maneira de fazer com que volte a ser quem ele era? Sem aquela criatura, sem essas atitudes frias?

Os olhos de um vermelho pacífico o observaram por um instante — Não sei, Jungkook. Você consegue voltar a ser quem você foi um dia?

Jungkook o encarava seriamente, antes de perceber o outro colocar algo entre seus dedos ao puxar sua mão para fora da capa. O papel estava em branco, mas vi diante de seus olhos quando as primeiras letras foram surgindo e desaparecendo à medida que lia, num feitiço que parecia ser fraco e tremular, funcionando o suficiente apenas para que conseguisse ler.

"Tentei enfraquece-lo na floresta, mas não funcionou com o seu resgate. Vamos tentar trazê-lo de volta a si, no fim do equinócio que começa hoje. Resgatar a alma"

Os olhos escuros do Príncipe se carregaram com emoção e expectativa ao olhar para o outro, mas imediatamente precisou desfazer sua expressão e secar os olhos, ao ouvir os passos de Jimin, que logo chamou o cavalo que agora tinha uma aparência normal.

Apenas um momento depois, os dois cruzavam os portões, que se fecharam lentamente, o Duque acenando ao ficar para trás.

— O que pretende fazer, quando chegar? — A voz de Jimin o surpreendeu no caminho ao qual seguia devagar, guiando o animal.

— ...Vai depender do que encontrar.

— E o que você quer encontrar?

Era uma aflição vê-lo desse ponto de vista, porque costumava andar lado a lado, e quando à cavalo, antes de tudo aquilo acontecer, ia em Hanu junto dele, ou naquele mesmo, abraçado à ele. Naquele momento, não conseguia se obrigar a tocá-lo. Por mais que soubesse que a falta de sentir seu calor, seria a primeira a lhe acometer, assim que ele partisse. Queria encontrar paz. Queria encontrar tudo como fora antes. Queria ter aulas com ele durante as tardes, e que Chung-hee viesse se despedir de mim, antes que fosse dormir. queria... — Quero pescar com Seokjin. — continuou em voz alta, piscando com força, enquanto sua visão ficava escassa por conta das lágrimas que insistiam em vir, embora continuassem prisioneiras cada vez, seu coração ainda aceso pelas palavras do Duque — Quero ouvir as histórias que Chung-hee tem para contar. — prosseguiu — E dizer cara a cara para o meu pai que não estou disposto a viver como ele queria que vivesse.

— E isso é tudo? — questionou, com a voz mansa.

Sentiu naquela longa inspiração o perfume daquelas árvores o preencher, se embriagando com seu cheiro, enquanto ouvia as folhas secando prontas para cair fazendo barulhos pelo vendo que passava por elas no alto de tudo, pensando. Sua garganta se tornou pesada demais, e seus lábios tremiam enquanto se lembrava de cada momento com ele, desde a primeira vez que se viram. Mas mesmo assim, de alguma maneira, conseguiu dizer — É só.

Tudo só deixou de ser uma floresta fechada de eucaliptos, quando ouviu o barulho do rio, que corria mais lentamente, resfriado.

— Tem uma barreira aqui. Se prestar atenção nas sensações, pode sentir cócegas — Murmurou, no momento em que disse, de fato era possível perceber uma mudança sutil no ambiente.

Então ambos conseguiam ver.

Do outro lado, estava a margem do rio, na qual costumava brincar. O rio, no qual costumava pescar. A paisagem estava pacífica como um retrato, apenas a água corria, calmamente. Naquele horizonte, o céu deixava de ser azulado, para tomar os tons da noite. Ele lentamente deu a volta pelo caminho mais fácil, sobre as pedras sem vacilar, parando na outra margem depois de minutos atravessando aquela longa extensão.

O mais novo se abraçou ao descer, pensando que iria embora, mas ele permaneceu ali, antes que apontasse com a cabeça, e começasse a caminhar com Jungkook, para atravessar aquela curta porção de árvores, que dariam do outro lado.

E apenas o silêncio e o som da natureza os cercavam durante o pequeno percurso.

Milhares de pensamentos corriam sua mente ao mesmo tempo, tinha muitas perguntas, mas sobre todas as coisas a despedida o fazia incapaz de falar.

Através das árvores, via as luzes e abóbodas do palácio. Mas não continuou olhando para lá, porque seus olhos queriam se fixar nele, que também se virou para Jungkook, para então colocar uma das mãos no bolso, retirando algo de dentro.

A adaga vermelha e o livro pressionados contra as roupas grossas pareciam um peso de culpa à medida que sua expectativa crescia, até que de seus dedos caísse um cordão preto, com o totem de um turquesa profundo.

Aquilo o fez abaixar a cabeça imediatamente, e sons de choro deixaram seus lábios, enquanto tudo em Jungkook doía por dentro, quando uma lágrima finalmente escapou. Não conseguia expressar mais que aquilo, tantos sentimentos presos em seu interior brigavam por espaço, para decidir quem gritaria mais alto e mostraria a face. E entre seus milhares de pensamentos, a ideia de pedir para que ele esquecesse aquilo e os levassem de volta ricocheteava nas paredes da sua mente o tempo inteiro.

Por azar ou sorte, esta tinha paredes que se blindaram com o tempo e os acontecimentos. Mas não conseguia, ainda assim, esconder sua tristeza.

Sentiu quando colocou o colar nele, e o fez erguer o rosto, secando seus olhos com os polegares delicadamente, arrumando seus cabelos e dando um passo para trás. Não... — Jimin... — chamou, ganhando aquela distância com um passo em sua direção.

— Jungkook. — ele respondeu, seu tom no entanto era uma negação. Comprimiu seus lábios com ainda mais força, segurando o totem com sua mão livre, pendurado em seu pescoço com força, desejando que de alguma maneira se ajudasse, o vendo se afastar e começando a segui-lo — Não me siga. — ele murmurou, e aquela frase o fez paralisar.

Não podia evitar que as lembranças de seus traumas se reverberassem em tudo, sangrando por toda parte em cada evento de sua vida — ...Pode me abraçar? — falou, e ele o encarou por alguns segundos, sua face ilegível.

Mas tudo que fez foi dar as costas, sumindo no meio das árvores, e da escuridão noturna.

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