ENCONTRE-ME NO PARQUE | #1 Da...

By autoraluanaoliveira

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O ano era 1993. Barbie St. Claire havia acabado de perder prematuramente o seu adorado pai, que não bastando... More

notas+cast
dedicatória
epígrafe
capítulo um: tem nome de boneca
capítulo dois: quem muito fala, pouco faz
capítulo três: nem você acredita nisso
capítulo quatro: backgammon
capítulo cinco: mais parecidos do que poderíamos imaginar
capítulo seis: a garota do Alasca
capítulo oito: único e singular
capítulo nove: meu radar
capítulo nove.dois
capítulo dez: roda-gigante
DISPONÍVEL NA AMAZON

capítulo sete: verdade ou desafio?

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By autoraluanaoliveira

"Onde a garrafa aponta, você ouve seu coração bater
É agora, está pronto ou não?"
TRUTH OR DARE|EMILY OSMENT.

Eu definitivamente não sei no que estava pensando quando aceitei o convite de Amber St. Claire para jantar em sua casa com a sua sobrinha e com Georgina, a garçonete do Fast Rocket. Para ser sincero, estou morrendo de medo de ela só ter me convidado por educação, sem esperar de fato que eu concordasse com o pedido.

Se foi nessa intenção, eu sentia muito.

Quando cheguei no estúdio de tatuagem, pronto para deixar que a melhor tatuadora da cidade rabiscasse pelo menos alguns poucos cantos livres da minha pele, fui recebido por inúmeras perguntas e leves ameaças por parte dela, mas a loira acabou aceitando tudo numa boa quando eu garanti e jurei por todos os astros do rock que as minhas intenções com a sobrinha dela eram somente as melhores.

Tenho quase certeza que confiou em minhas palavras, pois enquanto ela me torturava com a agulha de pintura, me teve como seu fiel ouvinte e acabou desabafando sobre sua vida amorosa, sobre como os homens dessa cidade não valiam nada, e todas as coisas possíveis até decidir, muito tempo depois, mencionar o jantar com o maior sorriso hospitaleiro pincelando seu rosto coberto por uma maquiagem carregada.

No começo, fiquei genuinamente feliz por ver que ela estava aprovando a minha amizade com a Barbie e aceitei. Na verdade, eu nem cogitei a possibilidade de dizer não. Quando eu me dei conta, as palavras "Claro, Amber, eu vou sim ao jantar!" já estavam correndo por entre meus lábios ansiosos antes mesmo que o meu cérebro pudesse processar.

Agora olhando de soslaio para a garota de cabelo mais dourado que o próprio ouro comendo ao meu lado, acabo me martirizando novamente por ter feito essa estupidez.

E se ela não tiver gostado da minha surpresa?

E se a Barbie achar que eu estou parecendo um cãozinho insistente andando atrás dela?

Puta merda, se me perguntassem agora "Devin, você é um homem ou é um rato?", eu com certeza diria que sou um rato, ou que pelo menos gostaria de virar um, pois seria incrível me enfiar agora em algum buraco minúsculo da parede, e simplesmente sumir para qualquer outro lugar que não fosse essa casa.

Quando sinto a mão pequena da Barbie repousar como uma pluma em minha perna, olho instintivamente para baixo, e percebo que estou a balançando como um fodido ansioso, o que acaba me fazendo parar no mesmo instante.

— Por que está tão tenso, Leblanc? — Barbie sussurra ao meu lado, bem no pé do meu ouvido, para que só eu possa escutar. Se isso era alguma tentativa de conforto, fracassou totalmente, pois conseguiu me deixar mais tenso do que já estava. — A comida está uma porcaria, não está? — Olha para o meu prato quase intacto e depois para mim, franzindo o rosto em uma careta.

Meu Deus, minhas engrenagens estavam trabalhando a todo vapor na minha cabeça que, por estupidez minha, acabei mal tocando na comida.

— Claro que não, Barbie! Para a primeira vez, até que você tem talento. — Sorrio em uma tentativa de tranquilizá-la, pegando uma quantidade generosa de lasanha com o garfo prateado.

Quando a comida desce pela minha garganta, balanço a cabeça diversas vezes em afirmativa para as íris azuis brilhando em expectativa, tentando expressar em minha face o quanto havia gostado.

— Então, Devin... — Georgina limpa a garganta para chamar a minha atenção, e eu ergo meu olhar para ela, que se encontra na minha frente com as mãos entrelaçadas sobre a mesa. — Caso você não saiba, também ajudei a preparar toda a comida e quero receber meus créditos agora mesmo.

Seu sorriso divertido já dizia muito para mim. Era óbvio que estava escutando a nossa conversa minuciosamente. Eu não me importei, entretanto. Apenas retribui o seu sorriso e a elogiei, dando seus devidos e merecidos créditos.

— Caralho, Barbie, eu disse para você não colocar tanto sal na carne, mas você é teimosa. Isso aqui está sal puro! — Amber quase grita tempos depois, cuspindo a tal carne no guardanapo de tecido.

— Tia! — Barbie arregala os olhos, a voz saindo em um tom de repreensão. — Isso é jeito de falar quando estamos com visita?

Amber dá de ombros, como se fosse uma adolescente birrenta que gosta de contrariar os pais.

Fricciono os lábios um no outro, tentando inutilmente conter a risada com a cena um tanto quanto divertida. Parece que os papéis de tia e sobrinha acabaram de ser trocados nesta casa.

— Não sei a Georgina, mas tenho certeza que seu amigo Devin deve falar palavrões piores do que um simples "caralho". — Faz aspas no ar com a última palavra, rindo quando me ver rir também.

Barbie revira os olhos com o comentário da tia, suas bochechas branquinhas ganhando um tom escarlate.

Ela é realmente uma boneca. Isso era fascinante para um caralho — ops, acho que Amber está mesmo certa quanto a mim.

Isso acaba me fazendo rir ainda mais.

— Quem não fala uns palavrões de vez em quando, huh? — falei, divertidamente. Ao virar meu rosto para encarar St. Claire, continuei em um tom provocativo: —  Ou vai me dizer que você não fala?

— Falo.

Mentirosa.

— Fala nada! — Amber e Georgina soltam na mesma hora, partilhando claramente da mesma opinião que a minha.

Finco meu cotovelo sobre a mesa, descansando o queixo na palma da minha mão aberta, enquanto arqueio uma sobrancelha em sua direção. Mordo um sorriso ao capturar sua expressão nervosa.

— Fala sério, é claro que falo — continua a se defender, a voz saindo esganiçada.

— Então xinga agora — Amber comenta, os lábios se repuxando em um sorriso malicioso.

Barbie revira os olhos, sem acreditar nas provocações infantis de sua tia. Após passar os olhos por Amber e Georgina, a loira pousa suas orbes azuis em mim, e nela eu conseguia enxergar a súplica. Ela estava suplicando com os olhos para que eu a tirasse daquela e situação. Como eu não poderia perder a oportunidade, falei:

— Xinga para eu ver se é verdade, boneca.

Sua boca rosada abre e fecha à medida em que ela pisca, os longos cílios inferiores e superiores se chocando um no outro. Suas bochechas me parecem ainda mais vermelhas agora.

— Ah, façam-me o favor, eu não tenho que mostrar nada a vocês — ela diz ao arrastar a cadeira para trás, se levantando em um rompante com o prato em mãos. — Inclusive, vocês três são insuportáveis e isso aqui — Barbie aponta para a mesa e depois para nós, os olhos semicerrados — não deve mais acontecer para o bem da minha saúde mental.

Fecha os olhos e inspira, soltando o ar lentamente pela boca, fingindo que está tentando se recompor e manter a calma. Quando seu olhar encontra o meu, solta um risinho debochado e se vira, indo em direção à cozinha.

Nós três nos entreolhamos assim que ela se retira.

— Vocês dois deixaram a menina sem graça — Georgina quebra o silêncio entre nós, com uma voz fingidamente inocente. — Que feio!

— Como se você não tivesse falado nada, mocinha — agora é Amber quem diz, direcionando o olhar à loira do Fast Rocket.

— Será que ela nos odeia agora? — pergunto, brincalhão.

— Já estou acostumada com isso mesmo — Amber ri e dá de ombros. Seu cabelo curto e tingido pelo loiro está uma verdadeira bagunça, mas ela não parece se importar. Amber St. Claire é o tipo de mulher que parece não se importar com absolutamente nada.

E de lá da cozinha, Barbie grita dizendo que está ouvindo perfeitamente bem nossa conversa.

— E eu ainda estou a espera de um xingamento seu! — grito em resposta, me divertindo à suas custas. — Vamos, St. Claire, não seja tímida.

— Já já ela manda você tomar naquele lugar, Devin — Georgina sussurra para mim, balançando a cabeça de um lado para o outro quando percebe que a amiga não vai me responder.

Antes que eu possa falar qualquer coisa para Sanclair, a garota de cabelos cor de mel aparece para nós e revira os olhos para mim, pois estou a sorrir para ela, enquanto passo o polegar no lábio inferior.

— Agora se vocês me dão licença, crianças... — Levo meu olhar até Amber e vejo a mesma se levantar da cadeira, pegando o seu prato vazio, e lançando um sorriso sugestivo para nós. — Está na minha hora de assistir Barrados no Baile e suspirar de amor pelo menino Dylan McKay.

Nós assentimos, e Amber St. Claire passa pela gente para ir até a cozinha. Depois de alguns segundos, se direciona até a enorme escada de madeira, nos deixando para trás com um leve tchauzinho nos últimos degraus.

— Jura que sua tia assiste Barrados no Baile? — Georgina olha sobre os ombros para as escadas, tentando se certificar que a mais velha estava longe o suficiente para não escutar seu comentário, o tom de voz entregando a sua surpresa.

— Ela assiste todas as noites e não perde um episódio — Barbie ri. — Por quê?

— Porque ela tem mais cara de quem assiste aquele programa lá do Dennis Farina e Anthony Denison...  — A loira para de falar por um segundo, parecendo buscar o nome do programa na memória. — Acho que é Crime Story, se não me engano.

— Está dizendo que a minha tia tem cara de quem tem fetiche por casos de assassinos? — Barbie arqueia a sobrancelha para a amiga, mas acaba rindo antes que ela possa falar algo. — Não duvidaria se assistisse mesmo.

— Vocês são malvadas — eu digo, trazendo a atenção das duas para mim. — Inclusive, Crime Story é muito bom, vocês deveriam assistir.

— É claro que você assiste essas coisas — St. Claire solta, ironicamente.

— Não entendi a ironia, boneca.

— Não foi ironia. — Dá de ombros, morrendo um sorriso. — É só que é a sua cara também.

— Está ouvindo isso, Georgina? Sua amiga acabou de dizer que eu também me encaixo no tipo de pessoa que tem fetiche por assassinos.

— Na verdade, Devin, eu acho que ela deixou subentendido que você assiste para aprimorar seu lado sombrio e psicopata.

Solto um grito baixo, fingindo estar surpreso com a revelação da loira. Para completar a atuação, coloco a mão no peito e ergo meu olhar ofendido para Barbie, que começa a dar risada da minha expressão.

— Com certeza foi isso que eu quis dizer.— Rola os olhos, totalmente dramática. — É óbvio que o famoso Devin Leblanc, o cara do MotoClub mais odiado de Hellaware, gosta de aprimorar seu lado mau.

— Gosto que você saiba que eu sou mau, boneca. — Sorrio torto, levando a taça de vinho que Amber serviu só para mim até a boca.

Ela também devolve meu sorriso, mas logo ele se desfaz rapidamente. Assim que abaixa seu olhar para a barra da sua saia jeans de botão, começa a brincar com a mesma, parecendo desconfortável com algo. O tom púrpura começa a preencher suas bochechas novamente.

Estreito os olhos sem entender muito bem a sua reação, analisando cada traço do seu rosto. Quando eu passo novamente a frase de minutos atrás na minha cabeça, um sorriso malicioso se esforça para sair entre meus lábios, mas eu me contenho na mesma hora.

Barbie St. Claire ficou com vergonha por ter levado minha frase para um duplo sentido, e eu tenho quase certeza disso. Ao olhar para Georgina, que também mantém os olhos verdes-escuros injetados de malícia para nós dois, acaba lançando um sorriso e uma piscadela cúmplice só pra mim, me fazendo ter certeza do meu pensamento.

Isso me deixa feliz para um cacete. Saber que ela teve um pensamento malicioso comigo, mesmo que tenha sido por pouco tempo ou até involuntariamente, faz com que algo se agite dentro de mim, ou melhor, abaixo de mim.

Acabo balançando a cabeça negativamente, tentando tirar qualquer tipo de pensamento sujo com aquela garota implantado em minha cabeça levemente maldosa. Nós dois somos amigos, e eu não posso ter essas coisas passando pela minha cabeça nem por um segundo, mesmo que seja extremamente difícil.

— Vocês querem sair daqui? — pergunto, tentando mudar o foco dos meus pensamentos, assim como quebrar o silêncio e o tédio instaurado sobre nós.

— E o que você sugere, bonitão? — Georgina rebate com a sobrancelha arqueada, cruzando os braços em frente ao peito. Nesse meio tempo, Barbie se desencosta da parede e se senta agora ao lado da loira.

Também cruzo os braços, descansando as costas na cadeira. Tento pensar em algumas coisas legais para fazer nessa cidade, mas nada vem na minha cabeça. O melhor a se fazer é convidá-las para irmos ao rancho. Quando juntarmos todo mundo possa ser que seja divertido.

— O rancho? — devolvo a pergunta, incerto. — Sua tia acharia ruim, boneca? — Barbie nega com a cabeça, e eu assinto, animado.

— E como a gente iria? — St. Claire olha para mim. — Você só está com a sua moto, não tem como levar a mim e a Georgina.

— Eu posso usar o seu telefone para ligar lá para casa e pedir para o John vir buscar a Georgina. Que tal?

As duas confirmam na mesma animação, e Barbie me conduz até a sua sala, entregando-me o telefone fixo cor de rosa. Disco o número rapidamente, sendo atendido pela voz doce de Kara, que logo passa a ligação para John, a quem eu explico toda a situação. Meu melhor amigo acata a ideia de prontidão, dizendo que vai passar para comprar packs de cervejas antes de vir para cá.

Quando John chegou mais ou menos uma hora depois com as cervejas, nós dois seguimos para as nossas respectivas motos com as nossas respectivas garotas.

Bom, não que Barbie seja a minha garota, mas dá para entender o que eu quis dizer.

Agora, nesse exato momento, estamos todos sentados na grama em um círculo e ao redor de nós estão os nossos trailers meio velhos e desbotados.

Barbie está sentada em posição de yoga ao meu lado, uma garrafa de cerveja sendo envolvida por suas mãos pequenas. Insisti para que tomasse algum refrigerante, supus que não gostasse de álcool, mas a garota negou firmemente e fez questão de tomar o líquido espumante e amarelado. Porém, se ela deu mais de dois goles na cerveja foi muito, já que a mesma se encontra quase intacta na garrafa de vidro.

Georgina, por outro lado, está deitada entre as pernas de John com a jaqueta preta dele sobre os ombros e tem um pirulito rosa na sua mão, assim como uma garrafa de cerveja na outra.

Quem está na minha frente é Violet, conversando com Kieran e Kara sobre coisas que deveríamos fazer agora. Pelo que me parece, os três estão dispostos a encontrar algum jogo divertido para jogarmos.

— O que vocês acham de jogarmos verdade ou desafio? — Kara sugere, os olhos verdes cintilantes analisando cada um de nós. Seu cabelo cacheado está preso em um rabo de cavalo firme no alto de sua cabeça, e ela veste uma camisa amarela de botões por dentro de sua calça mom jeans. Os coturnos escuros balançam de um lado para o outro à medida que aguarda ansiosamente uma resposta.

— Isso não é brincadeira de criança? — Georgina se pronuncia com uma interrogação pairando acima de sua cabeça, levando o pirulito à boca com uma expressão de puro tédio.

— Você tem sugestão melhor? — rebate, arqueando a sobrancelha grossa e escura. Sua voz soa calma e serena como sempre, sem pretensão alguma de ser rude.

— Na verdade, não — a loira diz, por fim. — Você tem, Barbie?

Barbie desvia os olhos do céu — que estava extremamente estrelado e brilhante esta noite —, agora encarando a amiga. Seus lábios se remexem de um lado para o outro, pensativa.

— Acho que devemos jogar verdade ou desafio. —  O tom de voz é firme, decidido, e vira o rosto em minha direção logo depois. Seus olhos azuis estão mais escuros sob a luz do luar, o que acaba me deixando ainda mais hipnotizado por eles. Eu já disse alguma vez como eu amo o fato do cabelo dela combinar perfeitamente com a cor dos olhos?

Ah porra, é claro que eu já disse.

— Se Barbie falou, então está falado! — John soa animado, e retira cuidadosamente a garota em seu colo, que passa a se sentar ao seu lado.

Meu amigo pega uma garrafa vazia de cerveja perto de seus pés, e coloca no centro do círculo, pedindo para para que alguém tome a iniciativa de girar.

— Eu giro — Violet bufa, vendo que ninguém havia se disponibilizado para começar o jogo. — Pelo amor de Deus, se nós vamos fazer isso, pelo menos que façamos direito.

Antes que alguém possa falar algo, ela gira a garrafa de cerveja, levando nossa atenção totalmente para os seus movimentos ritmados.

A garrafa gira.

Gira.

E gira.

Quando ela finalmente para, está devidamente apontada para Georgina Sanclair.

— Verdade ou desafio? — Violet pergunta lentamente, esboçando um sorriso carregado de maldade.

A loira tira o pirulito da boca de forma extremamente provocante e sexy, estalando a língua no céu da boca antes de dizer:

— Desafio, óbvio!

Mohn sorri satisfeita ao ouvir a resposta de Georgina, que lhe acaba retribuindo o mesmo sorriso. A tensão sexual se instala perto de nós como uma redoma, completamente palpável. Olho para John só para flagrar suas expressões, e me deparo com o meu melhor amigo tão hipnotizado com a cena como todos nós.

Certeza que está adorando tudo isso, principalmente o que vem em seguida quando Violet abre a boca para falar:

— Eu desafio que você me beije.

A única reação da garota é piscar uma, duas, até três vezes.

— Pode ser selinho, se preferir — completa, preocupada.

Georgina apenas ri desacreditada ao ouvir a frase, entregando o pirulito cor de rosa para John segurar para assim conseguir ficar de joelhos.

— É bom que você saiba que eu nunca dou só selinho, Violet.

A minha amiga solta uma risada anasalada, visivelmente surpresa com a fala que acabara de escutar, assim como eu e o resto do pessoal. Segundos depois de processar a frase, engatinha até Georgina, e também opta por ficar de joelhos. As duas se olham por um breve momento, os glóbulos de ambas faiscando luxúria, e Violet enterra a mão por entre os fios da loira à sua frente, puxando-a para um beijo completamente feroz e selvagem.

Nós garotos começamos a assoviar, batendo palma para a cena que se desenrola espetacularmente para nós.

John também entra nessa, mas diferente de nós, se remexe desconfortavelmente sobre o gramado, e seus olhos castanhos-escuros não desligam do que está acontecendo nem por um mísero segundo. A boca se entreabre gradativamente, e eu posso jurar que falta pouco para ele babar, ou até mesmo para pedir para entrar no meio das duas.

Deixo o beijo para trás ao focar toda minha atenção em Barbie, que parece tão chocada quanto eu com o que está vendo.

— Não sabia que Georgina também gostava de garotas — sopro baixinho ao me aproximar dela, recebendo uma risadinha fofa como resposta.

— Eu me surpreenderia se ela não gostasse — comenta, voltando o olhar para as duas.

Após Kieran mandar elas procurarem um quarto para continuar o que começaram, se separam o suficiente para trocarem sorrisos sujos uma para a outra.

— Até que ela beija bem mesmo, John — Violet olha para meu melhor amigo, claramente o provocando. Ela passa a pontinha da língua sobre a região vermelha e inchada do seu lábio inferior, mordendo um sorriso logo depois.

Scott revira os olhos com o comentário, recebendo uma piscadela assim que ela volta a se sentar no seu lugar. Georgina, observando toda a interação dos dois, pega seu pirulito de volta e o coloca na boca.

— Agora roda você, Johnny — Violet pede ao dar continuidade com a brincadeira, indicando a garrafa com o queixo.

John assente com um manear de cabeça, girando a garrafa de vidro. Ela dá umas boas giradas, e quando para, aponta para Violet, o que acaba fazendo os dois rirem na mesma hora com a coincidência.

— Eu vou escolher verdade, Scott. Não beijo você nem fodendo.

— Ok, furacão — John diz em um tom malicioso, revelando a todos o apelido que ele dera a ela muito tempo atrás. — Você sabe que a única pessoa a perder com isso é você. Então, é verdade que você fez isso só para me excitar?

Mohn rola os olhos de forma teatral, e bufa para o nosso melhor amigo.

— Não acredito que você gastou a sua vez com essa estupidez — ela balança a cabeça, rindo desacreditada. — É claro que não, palhaço. Fiz isso porque, venhamos e convenhamos, ela é gata para um cacete.

John ri, dando língua como uma verdadeira criança no jardim de infância. No final, acaba concordando.

— Você perdeu a sua vez, Scott — digo, dando um leve empurrão no meu melhor amigo. — Agora é a minha vez!

Não demoro para girar a garrafa, assim como ela não demora para apontar para Kieran. Automaticamente meus lábios se repuxam em um sorriso sacana para ele, pronto para arrebentar caso escolha desafio.

— Verdade ou desafio, McAllister?

— Desafio — responde, convicto.

E é aí que eu o desafio a virar uma garrafa cheinha de cerveja de uma vez, sem parar ou vomitar.

Ele manda eu me foder quando escuta as palavras sairem dançando por entre meus lábios, mas aceita o desafio sem muito mais reclamação, e quase acaba colocando tudo para fora quando o líquido começa a descer pela sua garganta, o pomo de adão se movimentando rapidamente. Ele respira profundamente, conseguindo beber o frasco todo. Quando termina, abre os braços e sorri como um vencedor, arrotando logo depois.

— Boa, McAllister! —  John, que estava gritando palavras de incentivo todo o tempo, dá tapinhas nas costas do negro, e o mesmo bate um high five com ele. — Mostra para o marica do Leblanc como é que faz.

— Cala a boca, filho da puta! — Mostro o meu dedo do meio para ele, que apenas chacoalha os ombros para cima, como se não se importasse. Barbie ri com a minha pequena falta de educação, e eu a olho, a admirando instintivamente. — Você está linda, boneca — declaro, do nada.

Droga, deve ser a bebida fazendo efeito.

Ela sorri sem descolar os lábios, levando um pouco do cabelo dourado para trás da orelha.

— Você também não está nada mau, Devin. — Esconde o rosto ao colocar a bebida na frente, sorvendo o gosto da cerveja direto do gargalo.

Meu coração idiota se agita dentro do meu peito, mas eu não consigo lhe dar completamente atenção, pois a garota ao meu lado consegue se encarregar de invadir todos os meus pensamentos.

Alguém repete a rodada novamente, mas eu não também não consigo prestar atenção, já que estou ocupado demais observando minuciosamente cada traço da boneca.

É então que, de uma hora para a outra, chega a sua vez de entrar na brincadeira, a garrafa sendo cruelmente apontada para John Scott. Um arrepio percorre o meu corpo quando ele me lança um olhar sugestivo, esboçando um sorriso maldoso logo em seguida.

— Querida Barbie, você aceita verdade ou desafio? — cantarola, os olhos brincando de ping pong ao ir de mim até ela incontáveis vezes

Aceite verdade, boneca.

Não aceite desafio.

Ele vai botar para a gente se...

Eu escolho desafio! — Barbie soa animada, assim como todos ao nosso redor, que começam a bater palma por conta da sua escolha.

John me olha intensamente por breves segundos ao passar o dedo indicador e o polegar pelo queixo, mas acaba levando toda sua atenção para Barbie, que espera animadamente para cumprir seu desafio.

— Eu desafio você a brincar de 7 minutos no céu com o Leblanc. Trancados no trailer dele, a propósito.

Filho de uma mãe.

NOTA DA AUTORA:

PRIMEIRAMENTE, OBRIGADA PELO 1K DE VIEWS!!!!!!! eu tô MUUUUITO feliz! Espero que possamos chegar ainda muito mais longe!

Oiiiiiii amores, desculpa pela demora, muita coisa aconteceu, mas consegui terminar o capítulo e eu espero do fundo do meu coração que vocês gostem.

E aí, o que acharam da Violet e da Georgina? Não sei vocês, mas elas são TUDO pra mim.

Também me contem aí as teorias de vocês sobre o que acham que vai acontecer no próximo capítulo.
Não esqueçam de adicionar a história na biblioteca, apertar na estrelinha e comentar.

Sério, eu amo quando vocês comentam e interagem com a história!
Beijos, e até a próxima! ♥️

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