Stupid Wife (REMAKE)

By Horsinha

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Prólogo.
Capítulo 1 - Sonho Louco
Capítulo 2 - Encarando a realidade.
Capítulo 3 - Egoísmo
Capítulo 4 - Carinha.
Capítulo 5 - Diários
Capítulo 6 - Família.
Capítulo 7 - O Maldito Verão.
Capítulo 8 - Desejos.
Capítulo 9 - Dor Compartilhada.
Capítulo 10 - Aniversário.
Capítulo 11 - Recomeço.
Capítulo 12 - Reconhecer.
Capítulo 13 - Conexão.
Capítulo 14 - Primeiro beijo.
Capítulo 15 - Esperanças.
Capítulo 16 - Lugar Certo.
Capítulo 18 - Um pedaço do seu coração.
Capítulo 19 - Resposta óbvia.
Capítulo 20 - Até quando resistir?
Capítulo 21 - Minha pessoa.
Capítulo 22 - Dias melhores.
Capítulo 23 - Tudo acontece por um motivo.
Capítulo 24 - Cuidar dela.
Capítulo 25 - Na alegria e na tristeza
Capítulo 26 - Feliz natal
Capítulo 27 - O primeiro passo.
Capítulo 28 - Ponto de paz.
Capítulo 29 - O pedido dela.
Capítulo 30 - Tudo.
Capítulo 31 - Momentos.
Capítulo 32 - Diversas sensações.
Capítulo 33 - Uma lembrança.
Capítulo 34 - Pronta.
Capítulo 35 - Eu sou seu presente.
Capítulo 36 - A escolha perfeita.
Capítulo 37 - Gravidez dupla?
Capítulo 38 - FINALMENTE COMPLETAS.
Capítulo 39 - O GRANDE DIA.
Capítulo 40 - Esposa estúpida.
LIVRO!

Capítulo 17 - Familiar.

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By Horsinha

Olá meus carinhas...

Espera, isso não foi nada familiar... OLÁ CARINHAS QUE AMO E ESTAVA COM SAUDADES!!!!

Tudo bem? Estão se cuidando? Já voltaram a escola/faculdade/trabalho?

Lembrem-se que estudar não é apenas virar noites e noites com a cara nos livres. Estudem com sabedoria e cuidem da saúde em todos os âmbitos, fisicamente e mentalmente. Ok?

Esse capítulo antecede ao que muita gente gosta, e acredito que quem é antigo vai lembrar do que acontece quando elas viajam para Miami.

Espero que gostem.

...

CAMILA. 

Mesmo antes de acordar, eu sentia que tinha alguma coisa errada, como se fosse um vazio. Não sabia explicar ao certo, mas pude ter minha resposta no instante em que abri meus olhos. Viro-me de frente apenas para poder olhar para o lado e confirmar o óbvio, estava sozinha na cama. Suspiro e estou prestes a tentar dormir outra vez, mas me surpreendo ao notar algo sobre a cabeceira de cama.

Um sorriso surge instantaneamente em meu rosto. Eu não deveria estar surpresa afinal, mas fiquei de qualquer forma. 

— Lauren Jauregui... será que você não para de me surpreender?

Sem tirar o sorriso do rosto, sento-me na cama e acendo a luz do abajur para poder vislumbrar melhor a bandeja com um aparente café da manhã bem caprichado. Parecia ter sido preparado a pouco, pois o café ainda tinha fumaça saindo e o cheiro dos ovos com bacon estava bastante evidente. Meu estômago logo estava elogiando a refeição, antes mesmo que eu pudesse experimentar. 

Começo a desfrutar do meu desjejum, sentindo como se fosse a primeira vez que provava coisas das quais estou mais que acostumada. Engraçado como tudo parece com um toque a mais quando feito com carinho, né? É óbvio que Lauren fez tudo isso com extremo carinho. Se alguém me dissesse há semanas atrás, que hoje, eu estaria assim por causa de um simples café da manhã preparado por ela, eu provavelmente sugeriria uma terapia a quem quer que fosse. 

Mas contrariando totalmente a Camila do passado, aqui estou eu, completamente encantada com o tratamento que estou recebendo. E pensando bem, faz sentido eu ter me apaixonado por ela antes, se ela sempre tiver me tratado assim, faz total sentido. 

Estou quase terminando a refeição, quando algo sobre o móvel da televisão, bem próxima à lareira embutida, chama minha atenção. Dou o último gole no suco de laranja, e coloco sobre a bandeja, empurrando-a para o lado. Coloco-me de pé e ao chegar mais perto, percebo que são alguns DVDs.

O que será que tem nesses DVDs? Tenho medo de serem coisas impróprias, mas acho que não, aparentemente Lauren os deixou aqui em cima por alguma razão, esperando que eu os encontrasse e os assistisse. 

Eles têm siglas na capa, e um deles me deixa mais curiosa por estar destacado: L+L+C = AMOR.

Sento-me na beirada da cama logo após colocar o CD para rodar, a tela fica preta durante alguns segundos, mas logo a imagem de um pequeno Louis sentado entre as minhas pernas, sobre a cama, surge. O sorriso não pode ser contido, eu amo ver coisas de quando meu filho era mais novo. 

— Um bom dia cheio de amor com a minha família linda. Hoje, meu pequeno e eu viemos acordar a mamãe Camila com café na cama. 

É a voz de Lauren, ela quem está gravando meu filho e eu sobre a cama. Louis parece muito entretido com alguma coisa presente na bandeja. Meu olhar foca nela, e eu abro um sorriso e aceno para a câmera. 

— Será que a mamãe pode largar essa câmera por alguns minutos e vir tomar café conosco? O que você acha filho?

Louis, com um pedaço de bacon na boca, bate palmas agitadamente e acena com a cabeça. Lauren e eu gargalhamos. Sinto meu coração aquecido com a imagem de nós três juntos em um momento tão bonito, mesmo que simples. 

— O que meus amores querem, meus amores tem. – Ela rapidamente se aproxima da cama, juntando-se a nós, a câmera fica virada para baixo durante breves segundos enquanto ouço sons de estalos e risadas de Louis. — Você é muito ciumento, garoto. Essa mulher é minha também, ok?

Ela volta a gravar onde estamos outra vez, e agora um Louis emburrado a está encarando. Eu gargalho, me divertindo com a clara cena de ciúme do pequeno com sua mãe me beijando, ou tentando me beijar. 

— Diz a mamãe que agora eu sou toda sua, diz filho. 

— Toda nossa. – Lauren rebate, fazendo o pequeno se jogar contra mim e continuar a encará-la emburrado. Isso parece diverti-la muito, pois se aproxima mais uma vez para me beijar. — E principalmente minha...

— Para com isso agora antes que eu bata em você.

Resmungo após empurrá-la para trás, abraçando Louis em seguida e passando a ignorar Lauren. O pequeno parece gostar de ver sua mãe emburrada e bate palminhas.

— Ok, era para ser um momento em família, mas aparentemente agora sou eu por mim mesma. 

Ela faz drama e eu reviro os olhos antes de me inclinar e segurar seu rosto, curvando-me em sua direção, aparentemente ignorando os resmungos que o pequeno solta para poder beijá-la rapidamente. 

— Eu amo você, estúpida. 

— E sua esposa, amor da sua vida. 

— Sim, minha esposa estúpida que eu amo.

Lauren vira a câmera para ela mesma logo em seguida, com um enorme sorriso em seu rosto e um brilho intenso no olhar. É possível reparar em como suas pupilas estão dilatadas, e por alguma razão isso faz eu me arrepiar. Não sou capaz de explicar como essa mulher consegue mexer comigo sem em ao menos se esforçar.

— Filho, quando você assistir isso no futuro, saiba que nós duas te amamos muito, mesmo você sendo ciumento e chato comigo quando eu tento pegar sua mãe. 

Um som alto de estalo ressoa e a câmera cai, ouço resmungos meus e então uma Lauren cabisbaixa se desculpando antes da gravação acabar. Impossível não gargalhar em seguida ao terminar de assistir aquilo. Sempre parecemos muito felizes, e em sintonia. É estranho não me lembrar desses momentos, mas ainda assim sentir, no fundo de algum lugar dentro do meu peito, como se tudo nunca tivesse realmente se apagado. 

Meu celular vibra na mesa de cabeceira, do lado que tenho dormido, e me afasto da televisão para poder pegá-lo. É uma mensagem de Sofia me perguntando como estou, ela está em semana de provas e não tem tido muito tempo para conversar. Estou ansiosa para vê-la logo, matar as saudades da garotinha, que não é mais tão pequena. Solto uma gargalhada ao ver uma foto engraçada que ela mandou, e tiro outra para enviá-la também. 

— Meu Deus! – Exclamo assustada ao ver que quase enviei uma foto errada, parece antiga, e tenho certeza que sou eu nela. Meu coração acelera e fecho a conversa com minha irmã. — Quando eu me tornei tão provocadora? 

Questiono a mim mesma, abrindo minha conversa com Lauren para vasculhar as mídias antigas. Não me surpreendo ao ver quantas fotos sensuais tem, mas também tem muitas do meu filho, e outras de documentos e outras coisas que parecem ser contas. Procuro pela foto em questão e a encontro, está datada de meses antes de eu acordar sem minhas memórias.

"Hoje eu quero dançar assim para você. Esteja preparada.”


Imagino que coisas assim devem ser normais, e não fico tão assustada quanto no inicio de tudo, mas ainda assim é impossível não sentir vergonha. Lauren parece despertar o meu lado mais safado, e isso de certa forma mexe com minha autoestima. Pelas respostas dela, parece que sempre me colocava para cima, mesmo que com pouco. 

"Você consegue ser gostosa em todas as cores, até em preto e branco. Como pude ter tanta sorte?"

"Não imagina as coisas que vou fazer com você hoje à noite. Espero que você esteja pronta."

Um pequeno sorriso surge em meu rosto, mas ao mesmo tempo minhas bochechas ficam vermelhas e quentes, tamanha a minha timidez, ao imaginar o que devemos ter feito na noite citada em questão. Largo o telefone para levantar da cama, chega de ficar vendo essas coisas, e também preciso procurar o que fazer. Não vou passar o dia todo deitada procrastinando. 

Entro no closet para pegar uma troca de roupa, e quando estou procurando uma calcinha, noto que em uma das prateleiras tem uma foto minha e de Lauren. Não a tinha notado antes, mas agora sorrio ao vê-la. Parecemos bem mais novas, pego o retrato emoldurado em minhas mãos e percebo que tem algo escrito com letras bem desenhas. Obviamente não deve ter sido eu quem escreveu. 

Feliz 2008, nossa primeira virada do ano como mulheres casadas, mi suerte.

Nossa, há quantos anos já estamos casadas. É ruim demais não me lembrar disso, metade da minha memória está apagada, e tenho uma sensação de vazio horrível dentro de mim, mas ao mesmo tempo, sinto como se nada tivesse saído daqui realmente. É estranho, não tem como ser exata na explicação, mas é como se minha mente tivesse algo parecido com arquivos, e alguns deles estão com defeitos. 

Tenho sensação de ter vivido tudo isso, mas não me lembro. 

Estou parada em frente ao enorme espelho que temos no banheiro, observo meu corpo, apenas de calcinha e sutiã, enquanto seco meus cabelos. Meu corpo mudou bastante durante os anos, eu criei mais massa muscular, meus seios obviamente cresceram, e a barriga curvada de antigamente deu lugar a uma reta, com pequenos gomos de músculos. Tenho certeza que esse corpo definido é graças à dança. 

— Amém dança. 

— Amém mesmo. 

Meus olhos quase saltam das órbitas ao ouvir uma segunda voz comigo no banheiro, olho para trás assustada e me deparo com uma Lauren sorridente, recostada no batente da porta, olhando diretamente em meus olhos. 

— Você um dia me mata do coração, sabia?

— Jamais faria isso, pequena. – Ela ajeita sua postura e caminha em minha direção, seus olhos não desgrudam dos meus em momento algum, e estou muito presa em seu olhar para ter qualquer outro tipo de reação que não seja encará-la de volta. — Consegui voltar mais cedo para te fazer companhia. O projeto que estou fazendo está quase terminado, finalmente. 

— E você não vai me falar sobre? 

Minha voz quase não sai, ela está muito perto de mim, sua mão direita acaricia meu rosto, descendo até o pescoço. Parece tão natural, não tenho vontade de me afastar, mesmo estando nervosa. 

— Você vai saber em breve. 

— Já é a terceira vez que me fala isso. É tão secreto assim que você não pode contar a sua esposa?

Lauren parece surpresa com a forma a qual eu me refiro a mim mesma, mas tenta parecer tranquila quanto a isso. Ela tem uma pose de poder absurda, mas qualquer coisa que eu faça, por menor que seja, desmonta ela por completo. 

— Minha esposa vai saber em breve. 

Sua voz sai rouca, em um tom baixo e arrepiante. Quase estremeço, ela se aproxima um pouco mais e deposita um beijo em minha testa. Suspiro, sentindo muita vontade de beijá-la outra vez, mas me contenho, pois ainda não me sinto a vontade para fazer tal coisa. O que aconteceu há dias atrás foi em um impulso, causado por um misto de emoções conflitantes entre o passado e o presente, e hoje, não tenho desculpa alguma para beijar essa mulher outra vez.

Mesmo desejando muito sentir esses lábios nos meus outra vez. 

Solto um pigarro ao me recompor e saio do banheiro, quase solto uma exclamação de surpresa ao vê retirar suas roupas antes de entrar no closet. Desde que voltamos a dormir algumas vezes na mesma cama, ela tem se demonstrado mais confortável aqui dentro. Olho para cima da cama e fico chocada, ao só então me dar conta de que estava seminua esse tempo todo. Lauren fica tão natural perto da minha nudez, ou quase nudez, que eu nem percebo as coisas.

Bom, somos casadas há anos, certo? Ela deve estar mais do que acostumada a me ver sem roupa. 

— O que vamos fazer? 

— Depende... você quer ficar em casa mesmo ou prefere fazer alguma coisa na rua? 

Ela sai do closet e caminha em direção ao banheiro enquanto prende seus cabelos, esbanjando sensualidade ao caminhar somente de calcinha, como se fosse a coisa mais natural do mundo ficar com os seios de fora. Não que seja algo simplesmente absurdo, mas fico nervosa ao redor dela. Minhas bochechas estão quentes, e tenho certeza que ficaram vermelhas. 

— Podíamos assistir alguns vídeos, Doutora Brooke me mandou uma mensagem mais cedo, pedindo para eu estimular minha memória. Eu percebi que você deixou alguns DVDs ali em cima.

— Sim. Você os assistiu? 

Surge na porta do banheiro, e não olho em sua direção, pois imagino que já deva estar completamente nua. 

— Só vi um e depois fui tomar banho. 

— Tudo bem, podemos assistir os outros quando eu terminar meu banho. Já volto.

— Ok...

Respondo baixinho, olhando de soslaio em direção a ela, bem a tempo de ter um vislumbre de seu corpo nu. Engulo uma bola de saliva, que desce parecendo querer rasgar minha garganta. Eu não sei o que ela tem, mas existe uma coisa que me faz ficar presa de tal forma, é inevitável. 

O resto do meu dia foi assim, assistindo vídeos nossos junto a ela. Lauren fazia questão de comentar sobre todos os momentos, me deixando familiarizada com tudo. Vimos muitas coisas nossas com o pequeno Louis, também com nossas famílias e amigos. Foi bom ter vivenciado isso, mesmo que em forma de gravações. Dinah ligou perguntando se o Hunter poderia buscar meu filho no colégio junto ao Toni, e nós autorizamos, embora eu estivesse cheia de saudade. 

Curioso o fato de que, dias atrás, eu mal conseguia respirar o mesmo ar que ela, quem dirá me comunicar e passar um dia inteiro junto, e hoje, tudo que eu mais quero, mais e mais, é poder aproveitar um pouco mais de sua companhia. Lauren me passa segurança e conforto, ela é extremamente inteligente e madura, também sabe ser divertida e parece uma criança birrenta quando perde algo, ou simplesmente faz manha quando precisa de alguma coisa. É engraçado eu estar reparando tanto nela, eu não a odiava?

Eu acho que nunca a odiei realmente, ou talvez seja só esse efeito que ela tem sobre mim mesmo. 

— Hunter está trazendo o carinha, ele perguntou se tem problema Dinah, ele e o Toni ficarem um pouco aqui. Eles estão com saudades da gente também. 

Lauren diz ao retornar da cozinha para a sala, onde tínhamos acabado de assistir a mais um filme, esse foi de comédia, ela tem pavor de filmes de terror. Não que eu também não tenha, óbvio. 

— Ele não tem que pedir permissão para isso, é óbvio que eles podem. Também estou com saudades de vê-los, Dinah se ocupa tanto que mal consigo trocar mensagens com ela. 

— Dinah se dedica muito a empresa dela, vocês devem ter conversado, ela construiu tudo do zero, sem precisar da ajuda de ninguém, nem mesmo do meu irmão. E Hunter tentou ajudá-la, mas minha cunhada é independente demais. 

— Ela sempre gostou muito de ter mérito próprio, as poucas vezes que a vi aceitar ajuda de alguém para alguma coisa, era apenas quando foi realmente necessário. 

— Eu a admiro bastante ela. Lembra-me você nesse quesito, o seu estúdio de dança é todo mérito seu. Ninguém além de você mesma fez esforço para abri-lo. 

Um sentimento de orgulho cresce dentro de mim ao ouvir tais palavras, ela já tinha comentado sobre isso, mas é tão bom ouvir outra vez. Não existe nada nesse mundo que se compare a sensação de você ter conquistado algo com o seu esforço, é a melhor coisa do mundo. Mesmo não me lembrando de tudo o que passei até chegar onde estou, fico orgulhosa pela minha caminhada. 

Sei que minhas ambições eram diferentes quando eu era mais nova, mas se estou onde estou hoje, é porque tinha que ser assim. 

O clima na casa passou de calmo para extremamente agitado quando Toni e Louis chegaram, acompanhados de Dinah e Hunter. Os cumprimentamos, e eu abracei meu filho rapidamente, bem menos do que eu gostaria porque ele estava muito animado para continuar brincando com o primo. 

— Quer dizer que as madames ficaram sozinhas o dia todo? 

Uma curiosa Dinah questiona, sentada ao meu lado no sofá, enquanto eu me sirvo de uma taça de vinho tinto e ela com suco recém preparado por Lauren. Dou uma golada em minha bebida e a encaro, sem entender, ou não querendo entender, aquele tom sugestivo. 

— Sim, assistimos filmes e vídeos nossos.

— Oh, assistiram vídeos de vocês? – Ela cruza suas pernas, fazendo o sobretudo bege e felpudo que está cobrindo seu corpo subir um pouco, revelando suas pernas lisas. Ergo minha sobrancelha, desafiando-a continuar sua fala. — Imagino o conteúdo dos vídeos. 

— Você só pensa besteiras?

— Quando se trata de vocês duas? Sim. Eu passei anos da minha vida sendo obrigada a ouvir sobre o sexo fenomenal entre vocês duas. Inclusive você tem a obrigação de me permitir assistir algumas sex tapes, a curiosidade ela mata e corrói, sabia?

Estou chocada, com as bochechas vermelhas, extremamente envergonhada. 

— Você vai se afogar nessa curiosidade, mas nunca saberá como era o sexo entre nós duas. 

— Eu posso persuadir a tofu para me mostrar alguns, sabe disso, né?

— Lauren jamais mostraria essas coisas a você. 

— É o que veremos.

— Trouxe alguns petiscos para vocês. – Lauren vem até nos de repente, me impedindo de responder minha melhor amiga, e trazendo consigo uma travessa repleta de salame e cubinhos de queijo e presunto. — Você precisa comer algo enquanto está bebendo para não passar mal. 

— Eu sei, obrigada. 

Eu a agradeço pela preocupação com o meu bem estar e ela sorri, acariciando meu rosto antes de voltar a nos deixar sozinhas. Não posso evitar encará-la enquanto ela sai da sala, rumando em direção à cozinha, seu quadril se move de uma forma hipnotizante, e não tenho certeza se suspirei ou acabei pensando alto.

— Vocês acabaram de flertar sexualmente?

— O que?

— Meu Deus! Vocês duas transaram, tiraram as teias de aranha, eu não acredito que-

Interrompo suas palavras animadas, cobrindo sua boca rapidamente após deixar minha taça de vinho sobre a mesinha de centro. Ela gargalha de forma abafada, eu reviro meus olhos, retirando as mãos de sua boca.

— Pare de ser pervertida. Não flertamos, e muito menos transamos.

— Ainda...

— Dinah!

— O que? Estou sendo sincera, não vou me surpreender se acontecer em breve. Vocês sempre tiveram muita tensão sexual, e muito fogo nesses rabos. Além do mais... – pausa para bebericar seu suco — com uma esposa dessa eu faria de tudo para não sair da cama com ela. 

— Você não tem vergonha de falar isso sobre a sua cunhada? É casada com o irmão dela, pervertida.

— Exato, e justamente por isso eu afirmo que não perderia a chance de gozar horrores. Da mesma forma que faço com o irmão dela, ou você acha que o Toni e essa criança que está na minha barriga foram feitos através de contato mental? Muito sexo é o charme Jauregui. 

— Eu não estou ouvindo isso.

— Diz isso agora, mas quando voltar a aproveitar o corpo daquela mulher extremamente gostosa, sua opinião vai mudar. 

— Você está falando da minha esposa, sabia? – Não consigo evitar as palavras de saírem da minha boca, e logo assim que paro de falar, Dinah me encara com sua expressão de divertimento que tanto tem me irritado. — Eu não...

— Shhh, tudo bem, Chancho. Eu também marcaria território se fosse casada com a Lauren. 

— Mulheres lindas que eu tanto amo, será que poderiam acabar com o momento fofoca e vir até a cozinha nos fazer companhia? 

Hunter surge na sala, impedindo-me de responder aquela idiota, e ela, sonsa do jeito que é, levanta do sofá como se não estivesse infernizando a minha vida, fica de frente ao próprio marido e o beija de forma... extremamente obscena. Faço uma careta e desvio o olhar, pego minha taça de vinho e olho em volta da sala, apenas para verificar se nenhuma das crianças está presenciando esse momento constrangedor. 

— Viu, Camila? É assim que fazemos quando encontramos um Jauregui. 

— Uau...

Hunter sussurra, boquiaberto, e obviamente mexido com o beijo que a esposa dele lhe deu. Dinah mexe em seus cabelos de forma convencida e se vira para sair dali. Eu fico encarando o vão do corredor que leva a cozinha, por onde ela acabou de passar, sem acreditar muito que tudo isso aconteceu na minha frente. 

— Como você a aguenta?

— Eu a amo.

Ele abre um sorriso extremamente apaixonado, e seus olhos brilham. Apesar de Dinah me irritar quase sempre, fico feliz em saber que ela encontrou o amor ideal. 

— Hunter Jauregui!

O chamado, ou melhor, o berro vindo da cozinha, desperta não somente ele, mas a mim também. Encaro Hunter e acabamos gargalhando um para o outro, é, nós amamos essa doida. Ele me estende o braço e entrelaço o meu ao dele, caminhamos juntos para a cozinha enquanto conversamos sobre coisas triviais.

É, o dia foi mesmo bom e não poderia terminar de outra forma.

— Posso dormir com você essa noite de novo?

Lauren me pergunta ao sair do banheiro, todos foram embora, e um esgotado Louis mal saiu do banho e já dormiu. Dinah, Hunter e Harry ficaram até tarde conosco, isso me fez sentir muito renovada. Mas agora, aqui estou eu e meu novo dilema favorito: a mulher que me casei.

— Não precisa mais me fazer essa pergunta. Esse quarto também é seu, e hoje eu entendo isso. Além do mais, gosto dos carinhos que você me faz até eu dormir.

Lauren solta uma risadinha, cruza o quarto para apagar as luzes, ficando apenas nossos abajures acesos, e em seguida vem para a cama.

— Me alegra saber que você está conseguindo conviver melhor comigo, e apesar do quarto realmente também ser meu, é o seu bem estar que eu prezo, ok? Se não estiver tudo bem, sabe que pode me dizer.

— Eu sei disso.

É tudo que eu digo, virando-me de lado, de frente para ela para poder ter uma visão melhor de seu rosto. Lauren demora um pouco a notar que a estou encarando, mas quando o faz, sorri após desligar seu abajur.

— O que foi? 

— Nada, é só que... Esse seu jeito me encanta. 

Ela fica me encarando durante alguns segundos, e então, um tempo depois, se aproxima sorrateiramente. Meu coração dispara com a proximidade, mas ao mesmo tempo me sinto tranquila, pois sei que Lauren jamais ultrapassaria meus limites. 

— Só meu jeito te encanta?

A pergunta é feita com um tom de voz baixo, rouco e extremamente sedutor. Quase surto quando ela acaricia meu rosto, indo até o pescoço, ameaça segurá-lo, mas volta outra vez para o rosto.

— Eu sei o que você está fazendo...

— Sabe? E o que eu estou fazendo?

— Lauren... 

— Boa noite, princesa. 

Ela sussurra e se aproxima mais, meus olhos descem até sua boca, mas a dela ruma em direção a minha testa, fazendo-me fechar os olhos assim que sinto o contato. Lauren sorri ao se afastar, porém, seguro em sua nuca e selo nossos lábios, a pegando totalmente de surpresa.

— Boa noite, Lauren. 

Eu apago as luzes e me aconchego em seus braços, ela demora um pouco para reagir, mas logo sinto sua mão em meu cabelo. Suspiro, feliz por estar recebendo seu carinho, e também, além do beijo que demos, a sensação de paz que ela me traz é imensa. 

Não sei em qual momento eu dormi, mas uma coisa é certa; nunca dormi tão bem quanto quando eu durmo com ela. 

— Camila, fazer terapia não é fácil, e existem diversas maneiras de confirmar isso. O preço que se paga para tentar ter uma boa saúde mental é alto, não somente em questão de quanto se gasta, mas também em quanto nos abrimos para um desconhecido. Não é somente sentar do lado de uma pessoa e simplesmente despejar tudo, é raro alguém conseguir isso, e te garanto, eu mesma tenho minhas travas durante as minhas. 

Ouvir Ally confidenciar que também tem seus problemas em se abrir, me faz sentir um pouco mais tranquila. Realmente, nunca pensei que fazer terapia fosse tão difícil, principalmente agora, depois de tudo o que aconteceu. Olho para a Doutora Brooke e ela me abre um belo sorriso, transmitindo uma paz sincera. 

— Às vezes sinto uma angústia profunda, como se houvesse algo muito errado e eu não consigo descobrir. 

— Você acha que pode estar relacionado à sua amnésia?

— Acho que tudo começa a partir dela. Todos os meus medos e traumas, qualquer coisa, por mínima que seja, tem a ver com essa maldita amnésia.

— Como tem estado o seu casamento? Você me contou que estão se dando bem, e até mesmo se beijaram duas vezes.

Meu rosto esquenta de vergonha e desvio meu olhar dela, incapaz de encará-la ao pensar em Lauren. Lembrar-se de seu rosto, seu toque, seu cuidado, tudo me faz sentir em paz. É incrível como ela tem mesmo algum tipo de poder sobre mim, mas isso está cada vez menos assustador. Para ser sincera, gosto de saber das coisas que ela me causa.

— Lauren é incrível, e me deixa tão confortável. Estamos indo devagar, e não sei o que vai acontecer amanhã ou depois, mas estou muito feliz.

— Vejo essa felicidade sendo refletida em você cada vez mais, em todas as nossas consultas. Está outra pessoa, Camila.

— Você acha que ela nota?

— Bom, a julgar pela forma que você relata que ela te trata, tenho certeza que sim. Não a conheço de outra forma que não seja pela sua visão, mas é notável o quanto ela ama cuidar de você. 

— Ela cuida tão bem do Louis, sabe? Fico encantada de ver quão boa mãe ela consegue ser. É engraçado, porque as lembranças que tenho dela sempre me fizeram imaginar que seria totalmente o contrário. 

— E como esposa?

Puxo bastante o meu fôlego, suspirando de forma audível. Lembranças dela cuidando tão bem de mim e sendo paciente, momentos nossos que estão cada vez mais familiares, a forma que ela me olha... tudo é simplesmente...

— Perfeito. Ela é perfeita como esposa.

O restante da consulta foi tranquilo, deixando-me mais confiante e menos apavorada. Dra. Brooke sabe como lidar bem comigo e me confortar. Como ela disse, fazer terapia não é fácil, se abrir com alguém é muito difícil, principalmente um desconhecido, mas às vezes conseguimos abrir coisas para um estranho que jamais diríamos a um conhecido. O medo do julgamento que alguém que conhece você é maior do que alguém que não te conhece. 

Estou prestes a pegar meu telefone e chamar um motorista pelo aplicativo, quando a pessoa que eu realmente falei sobre durante a consulta, resolva me ligar. Um pequeno sorriso surge em meu rosto, é engraçado como ela parece sentir as coisas.

— Alô?

— Camz? Já terminou a consulta?

— Sim, eu acabei de sair dela e vou chamar um Uber.

— Posso te levar para almoçar? Estou no meu horário agora, pensei em irmos juntas a algum lugar comer e depois te deixo em casa, hoje sairei tarde do trabalho.

— Ah... sim, claro. Vou te esperar aqui em frente.

— Tudo bem, chego ai em alguns minutos. Beijos.

— Beijos.

Ao desligar o telefone, percebo que tem algo dentro de mim bem incomodado com o fato de que Lauren chegará tarde em casa outra vez. Essa semana toda tem sido assim, ela nem ao menos conseguiu ir ao meu estúdio para dançarmos outra vez, meus alunos tem pedido bastante a presença dela, por ser muito carismática, conquistou a todos. Sua justificativa tem sido dois ensaios enormes que ela está produzindo e um projeto que falta pouco para ser finalizado.

Ela não me contou sobre esse projeto, mas parece ser algo grande.

De qualquer forma, meu filho tem sentido muita falta de ter bastante tempo com ela, pois vive resmungando que a mãe chega muito tarde e ele já está dormindo. Isso me incomoda, não gosto de vê-lo triste.

E confesso, também sinto a falta dela mais tempo em casa.

Lauren chega rápido, avisto seu carro virar a esquina e me levanto, caminhando até a calçada para esperá-la. Não tenho tempo de abrir a porta quando ela estaciona, pois se estica no banco e por conta própria ela mesma abre para mim.

— Demorei?

— Na verdade não, você foi bem rápida. Veio correndo?

Lauren segura minha mão esquerda e leva até sua boca, depositando um delicado beijo nas costas da mesma. Sorrio para o ato, fazendo o mesmo com a mão dela.

— Não corri, princesa, fique tranquila. Estava aqui por perto, fui buscar algumas lentes novas. 

Aponta para o banco de trás, onde tem algumas caixas empilhadas e perfeitamente presas com o cinto de segurança. 

— Ah sim... 

— Está com vontade de algo especial?

— Camarão seria perfeito, faz dias que tenho desejado.

— Por que não disse? Eu teria comprado e feito para você. 

— Você tem andado muito ocupada, Lauren. Não iria atrapalhar com coisas superficiais. 

— Gosto de te agradar, você sabe disso. E realmente, tenho estado ocupada, mas em alguns dias ficarei mais livre para aproveitarmos, você, eu e o carinha.

— Hoje você chega muito tarde?

— Infelizmente sim. – Suspiro e desvio meu olhar dela, estou chateada, mas não sei exatamente o motivo. Eu acho que me acostumei a presença constante dela, e agora parece que falta algo. — Como foi a consulta hoje?

— Começou tensa, mas depois fomos conversando e acabei me sentindo melhor.

— Isso é bom, princesa. Fico feliz de ver você conseguindo evoluir bastante. 

— Também estou feliz.

Ela concorda com a cabeça, sem desviar a atenção da estrada. Ficamos em silêncio, e não é constrangedor, na verdade é relaxante. Aproveito esse tempo para reparar nela, jaqueta marrom que parece aquecer bem, calça jeans apertada como de costume e uma touca preta em sua cabeça, seu nariz está vermelho na ponta, provavelmente por causa do tempo frio. 

— Você tem algum compromisso para o final de semana?

— Não que eu lembre.

Quase faço uma piada tosca sobre eu estar acostumada a não me lembrar de nada, mas não tenho certeza se ela irá achar graça desse acontecimento trágico, então me calo.

— Vamos para Miami, tudo bem para você? Meus pais querem te ver. 

— Tudo bem, eu acho...

— Fica tranquila, eles te adoram.

Lauren parece notar meu nervosismo e brinca, tentando me deixar mais tranquila, porém estou apavorada com o simples pensamento de estar com os Jauregui. Nem me lembro de ter tido mais contato com eles, quando era mais nova, os via apenas no colégio algumas vezes. 

Espero que dê tudo certo.

..........

Como estamos???

Nossa, eu espero muito que tenham gostado, mesmo ele não tendo muitas coisas. Sempre bom lembrar que essa fanfic é focada no relacionamento delas como um todo, isso inclui os familiares também.

Vão vir mais dois capítulos nos próximos dias, não vou dar datas, mas eles vão sair e isso é uma promessa muito séria.

Queria agradecer ao anjo da minha vida, Rebeca, por ter revisado esse capítulo para mim, pois eu nunca faço e provavelmente iria demorar uma vida para fingir que fiz e postar, então agradeçam a ela, ok?

Bom, era só isso, nos vemos em alguns dias. ❤🖤

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