Contos Para Crescer

Por Mogridd

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[Esse livro contem spoilers de Você Cresceu e Nós Crescemos] Nesse conto, encontraremos narrações de outros p... Más

Dedicatória.
1: Stephan Campbell.
2: Caixinha com respostas.
3: Mudança?
5: Bife queimado e apartamento.
6: Vômito.
7: Era outono.
8: O tempo é rápido.
9: Noite de Natal.
10: Marido E Esposa.
11: Tão brilhante quanto as estrelas.
12: O crescer que procuramos.
Agradecimentos.

4: Neve e calor.

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Por Mogridd


TREVOR.

    MELANIE TINHA A PELE QUENTE, tão quente que me causava palpitações intensas. Sustentei seu corpo contra o meu, sentindo seus braços me abraçarem com força. Sua respiração pesada e desregular batia em meu pescoço, isso só estava me deixando mais nervoso.

- Melanie, nós realmente precisamos ir ao hospital - Avisei preocupado, afundando meus dedos em seus cabelos ruivos e levemente ondulados.

- Não. - Falou rapidamente, me soltando e cambaleando até a cama. - Só estou tendo uma crise de rinite com febre. - Revelou fungando.

Encarei seu nariz vermelho e seu rosto cansado. Melanie anda mal desde que voltamos da praia.

A fitei seriamente, cruzando os braços e me apoiando contra a parede.

- Mel, você mal consegue respirar - Apontei; ela rolou os olhos, se escondendo debaixo dos cobertores.

Respirei lentamente, molhando os lábios e passando as mãos nos cabelos. Meu celular vibrou, o tirei do bolso, encarando a mensagem de Din.

"Precisamos sair para comer algo."

Juntei as sobrancelhas, descendo o olhar para as outras mensagens.

"Eu e Lory passamos na faculdade. VAMOS MORAR JUNTOS."

Ri com seu escândalo, aceitando o convite. Deixei a entrada do quarto da Mel, seguindo até sua cama. Fiquei com medo de seu pai aparecer do nada novamente, mas mesmo assim, arrisquei. Melanie pareceu perceber minha aproximação, pois se remexeu na cama.

- Sai daqui, Trevor. Eu estou horrível. - Murmurou, se cobrindo de maneira mais firme com os cobertores.

Me sentei na beirada de sua cama. Melanie abaixou o coberto, deixando apenas seus olhos e seus cabelos curtos e ruivos descobertos.

- Você é tão grudento - Resmungou baixinho, com a ponta do nariz vermelha.

Admirei seu rosto assim que ela me deixou vê-lo. Não tinha resquícios de maquiagem, algumas sardas apareciam nas bochechas e o rosto estava levemente vermelho. O cabelo ruivo estava um pouco úmido, e eu podia sentir facilmente o cheiro de pêssego refrescante que vinha dela.

- Pare de me encarar tanto - Mandou chutando minha perna.

Ri, e ela me chutou novamente. Segurei seu pé dessa vez, puxando seu corpo em minha direção. Melanie arregalou os olhos, se cobrindo ainda mais.

- Me largue, Trevor - Pediu com o rosto ruborizado.

Brinquei com seus dedos, e ela riu. Apreciei sua risada, podendo sentir minhas batidas.

- Sua irmã e Din passaram na faculdade - Avisei roubando uma expressão surpresa dela. - Querem sair para comer algo, podemos ir daqui alguns dias - Avisei admirando o sorriso que se formava em seus lábios.

- Eu preciso ligar para ela agora - Me assustei quando Mel pulou da cama, correndo para fora do quarto.

Respirei fundo, brincando com um ursinho roxo que estava em sua cama. O pensamento irritante voltou a cutucar minha mente, culminando em um dor aguda e penetrante em minha cabeça. Fechei os olhos, esperando calmamente que aquela insegurança me deixasse em paz.

"Todos estão encontrando seus caminhos, e você continua perdido."

Um gosto amargo encheu minha boca. Engoli em seco. Meu olhar correu para os cadernos de Melanie em sua escrivaninha. Ela está estudando até não aguentar mais para ser enfermeira. Pretende fazer estágios e várias outras coisas que irão favorecer seu futuro. Enquanto eu, eu estou apenas seguindo; correndo em um túnel sem fim, tentando desesperadamente alcançá-la.

Mas, o inevitável um dia irá chegar: acabarei tropeçando, sozinho, preso na mente de um adolescente sem futuro. Uma caixa escura e sufocante.

- Trevor - A voz suave de Melanie me assustou. Encarei seu corpo magro no vão da porta, rindo ao observar suas pantufas de melancia. - Vamos no Candy's hoje. - Avisou.

Juntei as sobrancelhas.

- Você mal consegue respirar. - Esclareci negando com a cabeça. - Podemos ir dep...

- Não. - Me cortou rapidamente. - Lory e Din vão embora. Não quero perder tempo. - Observei ela entrar no quarto e começar a mexer no quarda-roupa. - Se mexe. Vamos sair.

Me joguei em seu colchão, encarando o teto. Posso sentir cheiro de pêssego; tem tantos ursos aqui, além de fotos dela com todos no dia da praia. Meu coração bateu com força ao lembrar no dia na praia. Melanie parecia mais livre naquele dia, como se as ondas que batiam em seu corpo, tivessem levado seus pequenos, porém intensos, medos.

Mar. Maire. Ao fechar os olhos com calma, o rosto de minha mãe invadiu minha mente. Seu sorriso suave, seus cabelos ondulados e loiros, e até pude respirar, sentindo o cheiro de maresia que mamãe tinha. Entrei em êxtase quando me lembrei de seu abraço apertado. E, naquele momento, me senti uma pena, afundando no colchão, indo parar em um mar escuro e sem saída.

- Mãe - Murmurei com o nome rasgando minha garganta.

Controlei minha respiração, voltando a mim. Abri os olhos, buscando desesperadamente por ar. Melanie parou de mexer nas roupas e me observou com preocupação. Me sentei na cama com rapidez, atordoado ao olhar ao meu redor.

- Trevor - Melanie se aproximou, sentando ao meu lado na cama e tocando meu braço. Me acalmei com seu calor sereno e bem vindo.

Seu olhar procurou o meu, e pude ver a piedade e dor neles.

- Você está pálido. O que foi? - Indagou suavemente.

Segurei sua mão, a acariciando com calma e me acalmando.

- Não é nada. Estou bem agora. - Senti a maciez de sua pele na ponta dos dedos. Ela ainda estava quente. - V-você pode me abraçar? - Indaguei com o coração acelerado.

Sempre foi fácil tocar em alguma garota, mas com Melanie, é diferente. Tenho hesitação em tocá-la, tenho medo de sua reação e o que pode acontecer se eu fizer isso. Mas mesmo assim, a nossa intimidade está crescendo. E toda vez que a beijo, sinto fogos de artifício brilharem no céu escuro dentro de mim.

Levantei o olhar com seu silêncio, encontrando uma expressão surpresa em seu rosto. Engoli em seco, me sentindo envergonhado e idiota.

Algo acertou meu peito quando seus braços cobriram meu corpo. Foi como a maresia quente que mamãe era, estivesse me abraçando novamente. Pisquei várias vezes, não controlando uma lágrima solitária que rolou por meu rosto. Retribui o abraço. E, como uma pedra que acerta um vidro frágil, a imagem de Melanie escapando por meus dedos, foi quebrada.

Sorri, com o peito trêmulo. E, com os olhos bem fechados, apreciei aquele abraço carinhoso, que me puxava para cima.

O "eu te amo" coçou em minha garganta novamente, mas, de novo, se prendeu em uma teia de inseguranças. Insegurança essa, que estava começando a sumir por culpa de seu calor.

Eu gostei disso.

...*...*...

Melanie

Esperei com calma, lembrando de tudo que havia estudado hoje. As memórias ainda estão frescas em minha mente, e farei um resumo quando chegar em casa. Funguei, meu nariz está terrivelmente entupido.

- Vamos - Trevor avisou saindo de sua casa.

Analisei sua camisa social preta, que estava dobrada até os cotovelos. Trevor ajeitou os cabelos loiros, enviando um sorriso bonito para mim. Ri. Definitivamente ainda demorarei um tempo para me acostumar com seu novo cabelo, mas um Trevor loiro, continua sendo um Trevor. Extremamente atraente.

- Você está bonito - Admiti assim que ele passou o braço por meus ombros. Seu cheiro de colônia encheu meus sentidos, me deixando levemente atordoada.

- Eu sempre estou bonito - Rebateu rindo. Empurrei seu corpo com o cotovelo, não evitando de rir. - Mas você sempre me vence em tudo, beleza não seria diferente. - Comentou me abraçando com carinho.

Sustentei seu olhar, sorrindo com suavidade para ele. Nunca pensei que me apaixonaria por Trevor, o menino questionável e perdido. Porém, quanto mais o conhecia e conhecia seus medos e suas inseguranças, mais me rendia às suas imperfeições.

É estranho quando, de repente, você percebe que a pessoa mudou perante seus olhos, que ele virou uma parte fixa e necessária para você. Foi assim com Trevor, não lembro quando começamos nos aproximar, apenas aconteceu. E eu agradeço pelo destino ser tão aleatório e incompreensível, porém, tão certeiro.

- Realmente, eu também sou uma ótima conquistadora - Lhe enviei uma piscadela, roubando uma risada alta dele.

Trevor tirou seu braço de meus ombros, entrelaçando nossos dedos. Mordi os lábios, lembrando da primeira vez que fizemos isso. Trevor estava tão tímido, ele tocou meus dedos com medo, então resolvi tomar iniciativa para segurar sua mão. Foi uma cena engraçada e confortável.

O caminho até Candy's foi rápido e divertido.

- Lory - Corri até ela, a abraçando com força. - Parabéns por ter passado - Falei observando o olhar brilhante que ela possuía.

- Muito obrigado, Mel - Sorriu, segurando minha mão. - E você e Trevor? Rolou algo? - Indagou em um sussurro.

Com o rosto quente, neguei com a cabeça.

- Meu pai chegou logo quando estava juntando coragem para beijá-lo. - Revelei com o coração descontrolado.

Lory sorriu, ajeitando os fios castanhos atrás da orelha. Sempre achei o cabelo dela lindo.

- Não se preocupe - Afirmou com calmaria. - É só questão de tempo, e quando acontecer eu...

- Você quer saber de tudo - A cortei, completando a frase e assentindo com a cabeça. - Contarei - Mordi os lábios, me obrigando a não corar.

Lory abriu um sorriso grande e satisfeito, entrelaçando nossos braços e me puxando para dentro da loja. Nos sentamos á mesa onde Trevor e Dilan conversam em voz baixa. Juntei as sobrancelhas quando eles ficaram em silêncio assim que chegamos.

- Din - O chamei, me acomodando ao lado de Trevor. - Parabéns por ter passado na faculdade - Sorri, recebendo um olhar alegre dele.

- Obrigado. E como andam as coisas para você? - Indagou com curiosidade. Lory pareceu compartilhar do mesmo sentimento, pois ambos me fitaram animados. Essa sintonia deles me assusta.

- Ah... Eu... Estou... Estou estudando bastante - Logo a memória de todos os cadernos abertos em minha escrivaninha encheram minha mente. - Muito mesmo - Um suspiro cansado saiu de meus lábios.

Ambos se encararam, parecendo que estavam se comunicando com os olhos. Por um momento, cheguei a cogitar que eles estavam com pena de mim, mas chutei essa ideia estúpida para longe quando Trevor entrelaçou nossos dedos por baixo da mesa, me puxando novamente para a realidade com seu toque.

- Minha irmã Emy falou que achou seu irmão muito fofo, Lory. - Trevor mudou de assunto, e lhe enviei um sorriso suave e agradecido, recebendo um olhar cúmplice do mesmo.

Ele apertou minha mão com carinho. Uma camada quente cobriu meu coração. Foi um sentimento bom e confortável. Sorri com calma, agradecendo por estar me achando no meio desse vôo turbulento.

Lory e Din nos contaram mais sobre a cidade que iriam morar. Era incrível ver os olhos brilhantes, a empolgação na voz, os olhares amorosos que um enviava para o outro. Os olhando, dá para ver claramente o futuro deles dois; provavelmente um casamento; filhos calmos e inteligentes; uma vida divertida e cheia de amor.

Engoli em seco, me odiando por estar sentindo inveja deles. Tentei afastar a angústia em meu peito, mas está claro que não sei o que estou fazendo, pois eu não me vejo daqui dez anos. Respirei com calma, pedindo licença para ir ao banheiro. Trevor me olhou com preocupação, e só pude ignorar seus olhos verdes que mexem tanto comigo e seguir até o banheiro.

Podia escutar a música antiga vindo de fora. Candy's sempre foi um lugar doce, porém, eu estou poluindo o ar com minha acidez.

Outro pensamento estúpido girou por minha mente. Me foquei em meu reflexo no espelho, e mesmo que tenha me esforçado tanto para deixar aquela Melanie insegura e perdida para trás, ainda posso vê-la. Eu tentava me encontrar na nicotina, e por um momento, dentro daquele banheiro solitário, senti o cheiro da droga ao meu redor. Porém, continuava atormentada pelo túnel sem fim, sem luz.

    Joguei água no rosto, amarrando meu cabelo ruivo e encarando meus olhos azuis no reflexo. Sai daquele lugar, deixando aqueles pensamentos de lado novamente. Me foquei no sentimento de esperança, na placa quente que cobria meu coração. 

    Encarei Dilan e Lory que comiam rosquinha rindo. Juntei todas as forças para me controlar, mas sou impulsiva e imatura demais para saber ter controle sobre mim.

— Eu preciso ir. – Avisei sonoramente, saindo do Candy's com rapidez.

   O cheiro de rosquinha ficou para trás, e  segui pelas ruas cobertas de neve. Abracei meu corpo, tentando me livrar do frio de um inverno, porém, tudo ainda era tão gelado.

— Melanie – E, então, o calor me tocou. Me virei, encontrando os olhos verdes de Trevor.

     Nunca achei que neve pudesse contrastar tão bem com a cor das esmeraldas.

Trevor puxou meu cotovelo, não falando nada antes de me abraçar de forma firme. O impacto do seu corpo com o meu, pareceu o suficiente para meus medos derreterem como flocos de neve, descendo por meus olhos. Respirei fundo quando seus braços me cobriram, e ele sussurrou que estava tudo bem. Me perdi em seu cheiro, e deixei, mesmo que secretamente, seu calor curar a acidez dentro de mim.

  Me sentia patética por estar soluçando de tanto chorar no meio da rua. Flocos de neve deixavam o céu, cobrindo todo meu cabelo ruivo. Escolhi ruivo, pois amo vermelho, amo a maneira que contrasta com o branco.

— O que aconteceu? – Indagou Trevor. Seu sussurro rouco me causou pequenas palpitações.

   Fechei os olhos, me acalmando contra seu corpo. Pude sentir ele tentando tirar os flocos de meu cabelo, e como uma criança, acabei rindo.

— Podemos ir para minha casa primeiro? – Indaguei, sabendo que Dilan e Lory estava de longe, observando todo meu pequeno surto.

— Claro. – Assentiu com rapidez, se despedindo de Lory e Din, enquanto eu escondia meu rosto com as mãos.

   Não consegui soltar Trevor até chegarmos á casa. Me sentia desprotegida sem ele. Foi assustador perceber como as coisas haviam mudado entre a gente. É primeira vez que estou tão íntima de alguém, tão íntima dele.

  Fechei a porta atrás de mim, observando o menino sentando em minha cama. Trevor tinha os olhos verdes intensos sobre mim. Fiquei nervosa ao observá-lo.

— Vem. – Pediu abrindo espaço para eu me sentar ao seu lado. Analisei suas roupas escuras, seus olhos e seus cabelos agora loiros. Tudo parecia combinar tão bem com ele.

    Sentei na cama, de frente para ele, fungando. O silêncio reinou, e remexi o corpo, me sentindo tão desconfortável com tudo.

— Melanie – Sua voz soou rouca.

   Me obriguei a levantar o olhar e sustentar o peso brilhante de suas íris verdes.

— Estou ficando para trás – Soltei, sem nem ao menos esperar. — Estou perdida, tentando me encontrar em um mar de pensamentos tóxicos.

       Respirei fundo. Uma risada amarga e contida saindo de minha garganta ao analisar minha situação.

— Acho que nunca irei evoluir. Vou sempre continuar sendo essa pessoa sem caminho.

   Não controlei as lágrimas que rolaram por meu rosto. As limpei com rapidez, passando a língua pelos lábios e tentando não me focar no gosto amargo.

Trevor riu. O som fez meu corpo vibrar, e juntei as sobrancelhas, não acreditando que ele estava mesmo rindo.

— Temos mais em comum do que imaginei. – Declarou, pegando-me de surpresa.

   Sua mão tocou a minha, me cobrindo com uma dose doce de calor. O ar escapou trêmulo por meus lábios.

— Ao fechar os olhos, só vejo o futuro, e no futuro, ainda sou o adolescente confuso e perdido. – Analisei seu rosto, procurando algum vestígio de brincadeira naquilo, mas só via a pura e sincera verdade. — Ao fechar os olhos, vejo minha mãe; seus cabelos; seu sorriso, seus olhos que pareciam ver um menino com um futuro brilhante pela frente, e me puxo para baixo.

  Coração batendo rápido. Ele parecia frágil, senti se apertasse sua mão com mais força, iria quebrá-lo.

— É como se tivesse uma versão minha cheia de riscos negros pelo corpo. Ele me puxa, me faz chorar, me afoga em dúvidas. – Me aproximei de seu corpo, querendo desesperadamente tirar aqueles pensamentos dele.

    Toquei a lateral de seu rosto. Trevor me encarou, os olhos iluminados com raios de sol que não sabia que existiam no inverno. Verdes brilhantes.

— Sua pele é quente, Mel. – Revelou, e seu timbre grosso foi o suficiente para fazer minhas batidas errarem. — Seu calor tem sido a única coisa que me puxa para cima.

     Sua entonação determinada tocou minha alma.

— E no futuro, quando fecho meus olhos, só te vejo sendo sua melhor versão. Uma mulher segura, incrível, e com intensos par de olhos azuis, aqueles que invadem os pensamentos por anos. – Sorri com suavidade, acariciando seu rosto morno e deixando, lentamente, aquilo pesado se  esvair de meu corpo.

— Eu penso o mesmo de você. – Sussurrei. Nunca vi o rosto de Trevor tão calmo, tão amoroso.  Um sorriso tímido e bonito surgiu em seus lábios, e Trevor acarinciou meu joelho com calma.

     Acho que naquele momento, havia atingido bruscamente o ápice de amor. Uma maresia calma que estava trazendo uma doce sensação. Sorri para ele, lágrimas em nossos olhos.

— Você é a pessoa mais incrível e intensa que já conheci. Já vi você passar por tantas coisas, desde o momento que você chegou em sua casa, pequeno, um menino que havia acabado de ser adotado, se tornando meu vizinho, até o momento que sua mãe morreu. Eu deveria ter tentado te conhecer antes, mas nunca me permiti conhecer ninguém.  – Sussurrei, apenas para ele.

    Trevor analisou meu rosto com cuidado, um sorriso bonito crescendo no canto dos lábios e revelando uma covinha solitária.

— Mas devo admitir, eu sempre te achei bonito. – Revelei rindo, e ele me seguiu.

     O som estremecendo meu coração, me forçando a parar de tentar engolir o que a muito tempo queria sair.

— Eu também sempre te achei perfeita.
  
   Pisquei, sentindo minhas forças escapando pelas pontas dos dedos.

Era a primeira vez que me falavam isso.

— Mel – Sua voz me puxou de meus pensamentos. Tremi ao observar seus olhos sobre mim, firmes e intensos. — Melanie – Repetiu, e jamais, meu nome havia saído de maneira tão intensa e amorosa dos lábios de alguém. — Você é importante para mim. Muito importante.

       Me atingiu como uma pedra; não podia mais segurar. Eu não podia mais encará-lo, observar seus traços tão lindos sem, sem querer, quase deixar isso escapar.

Respirei fundo.

...*...*...

Trevor.

— Acho que te amo.

   A voz suave dela encheu meus ouvidos, correu por meu corpo, me derrubou de todos os pedestais que eu havia construído, quebrou todas as barreiras. Eu tremi, o Trevor cheio de riscos negros sendo pisado pela menina de cabelos de fogo.

— Mel – Sussurrei, procurando desesperadamente forças para conseguir falar. — Melanie. – A puxei para um abraço apertado e necessitado. Aquele abraço me ajudou a confirmar que ela estava ali, que não era mais um de meus sonhos. Não consegui controlar tudo que estava se desmoronando dentro de mim, e soltei: — Eu te amo.

    Saiu rasgando, acabando com todos as teias de insegurança que estavam em minha garganta. Agora tudo tinha gosto de pêssego, tinha o seu gosto.

Fechei os olhos, me perguntando há quanto tempo não falava isso para alguém, a frase até soava estranha. Mas o que fez meu coração bater rápido, o que me derrubou, foi quando percebi há quanto tempo ninguém falava isso para mim.

— Eu te amo – Sussurrei acariciando sua pele, sentindo a pressão de seu corpo contra o meu.

    Ela tremia. Eu também. Não conseguia controlar minha respiração, meu coração. Me afastei, capturando seus olhos azuis, azuis tão suaves, tão profundos.

— Eu amo você, Trevor. – A voz doce, a frase tão sincera, entrando por meus ouvidos e mandando vibrações por meu corpo.

       Analisei seu rosto com atenção, levando minha mão até seu rosto. Logo seu calor irradiou para minha pele.

Porra, Mel, você é tão quente. – Estava perdendo a voz. Seu cheiro me embriagando, me livrando de tudo que tive medo. Eu estava atordoado com a maresia rara de amor.

— Trevor – Sussurrou meu nome, e meu coração pulou com seu timbre baixo.

    Me inclinei em sua direção, e toquei seus lábios com os meus. Uma necessidade que estava guardada se libertou. Eu estremeci. Uma onda avassaladora cobrindo minha pele. Rapidamente minhas mãos correram para suas costas, subiram para seus cabelos ruivos e se afundaram entre os fios, trazendo seu corpo para mais perto do meu. Tinham flocos de neve neles. O toque de seus lábios era preciso e constante; seus lábios eram doces, podia sentir o gloss de pêssego. Sua língua contra a minha estava varrendo todo o cuidado que estava precisando ter para me controlar, mas seu calor era tão viciante.

— Mel – Gemi sem perceber quando as pontas de seus dedos tocaram meu abdômen.

     Meu rosto estava quente, o ar faltava.

— Precisamos parar – Avisei não reconhecendo minha voz, quando ela sentou em meu colo e começou a explorar meu corpo com suas mãos mornas.

     Fechei os olhos com força, não sabendo certamente se era isso que meu coração acelerado queria. Eu não queria parar, queria mostrar para ela, queria tocá-la com amor, fazer ela me sentir nas partes mais escondidas de seu corpo.

— Eu acho que quero isso. – Seu hálito quente chegou em meu pescoço.

     Encarei seu rosto, surpreso. Me sentia em chamas, minha pele palpitando. Molhei os lábios secos, procurando algum sinal de brincadeira em seu rosto, mas só encontrei desejo e carinho em suas íris azuis-claras, porém, agora, se aproximavam de um lilás hipnotizante.

— Mel – Suspirei bruscamente, tocando sua cintura e deitando seu corpo no colchão.

      Meu corpo pairou sobre o seu, o pressionando mais do que deveria.

— Trevor – Fechei os olhos quando sua mão tocou a lateral do meu rosto. O dedos finos tremiam. — Eu quero você na minha vida. Quero crescer com você.

      Sua voz era baixa e fraca. Senti meu corpo estremecer, se arrepiar. Com o coração descontrolado, analisei seu rosto. Um sorriso tão suave em seus lábios, os olhos azuis cintilantes, o ruivo espalhado pelo colchão.

— Eu também. – Beijei seu pescoço, me embriagado em seu calor. — Quero você, Mel.

     Escutei seus suspiros trêmulos com atenção, tentando não gemer. Ela estava mais quente, e aquilo podia ser considerado um pecado para mim.

Porra – Beijei sua pele morna, sentindo Melanie arqueando as costas contra meu corpo. Eu estava eufórico, meu peito parecia querer sair pela boca. E caralho, ela estava tão corada, com uma expressão que me fazia pensar tantas coisas.

    E enquanto sua pele entrava em contato com a minha, percebi como tínhamos nos aproximado, como aquela briga ridícula com Din tinha mudado toda minha vida. Ela estava ali, embaixo de mim, gemendo meu nome e me deixando tocá-la. E mesmo tonto e entregue a ela, só pensava em não machucá-la, em ir com calma, em protegê-la. Me sentia vivo. Podia sentir o frio do inverno invadindo aquele quarto, batendo em meu rosto, eu tinha me encontrado em seu toque e calor.

       Pensei em como tudo seria diferente se a chegada de Din não tivesse nos aproximado, em como eu poderia estar jogando minha vida fora sem Melanie ao meu lado. E, com o coração em brasas, agradeci pelo destino ter me juntado á ela.

— Eu te amo. – Sussurrei, acariciando suas costas, enquanto ela gemia, o suor deixando a pele brilhante. E, depois de anos, aquela frase parecia ser a mais perfeita do mundo.

...*...*...

Melanie.

— Lory? – Indaguei segurando o telefone com as mãos trêmulas. O cheiro de Trevor ainda está em mim, no meu quarto e em meus cobertores.

— Oi, Mel. Você está melhor? – Sorri, escutando a água que caia de dentro do banheiro. — Melanie? Você ainda está aí? Aconteceu algo?

— Aconteceu. – Me aninhei nos cobertores, os cheirando. — Eu e Trevor tivemos nossa primeira vez.

Era noite quando eu e Lory gritamos juntas. Estava feliz, e senti que, finalmente, tinha encontrado a parte que faltava em mim.

— Fofoqueira – Trevor censurou, parando no pé da porta e me analisando.

   Fitei seu corpo forte, e depois, seus olhos verdes que guardavam meu amor neles. E, como a pessoa grudenta que nunca pensei ser, joguei o celular na cama, pulei da mesma, fui até ele e o beijei. Sentir seus braços ao redor de meu corpo era tudo que eu precisava, agora, e para sempre.

         

    

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