GORGEOUS | Spin-off ✓

By PricillaCaixeta

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© 2020 por pricilla caixeta | todos os direitos reservados. Olhos azuis oceânicos, olhando nos meus. Sinto co... More

sinopse extendida
1.carson
2.lilly
3.carson
4.lilly
5.carson
6.lilly
7.carson
8.lilly
9.carson
10.lilly
11.carson
12.lilly
13.carson
um ano é só uma fatia do tempo
14.lilly
16.lilly
17.carson
18.lilly
19.carson
20.lilly
21.carson
seven heavens
GORGEOUS

15.carson

725 132 70
By PricillaCaixeta


Felicity Avra Lincoln é uma incógnita. Depois de um ano sendo a minha namorada tudo o que tenho dela é o nome completo, seu novo endereço em um apartamento que divide com mais duas meninas românticas e malucas pelo meu irmão e o fato de que nunca sei como ela está sentido de verdade.

Todo esse tempo em que estivemos juntos ela me contou o quanto a sua vida foi uma merda. Mas ela nunca me dizia como se sentia em relação a isso. Eu deduzi absolutamente todo o sofrimento pelo qual ela passou. Mas só Felicity, com seu irônico nome que significa intensa felicidade, pode entender ela mesma. E esconder tudo de mim para que eu acredite que ela está bem na maior parte do tempo.

Seus olhos cinzentos estão deitados sobre as pernas cobertas por uma calça jeans preta. Toda a sua roupa é nesse tom. Infelizmente, não posso dizer que seja por causa do rock. Lilly está de luto porque seu pai morreu de um jeito muito ruim: overdose.

Nós nos separamos por três semanas e elas foram um inferno. Não existe mais nenhuma possibilidade de que eu seja o mesmo Carson de antes de conhecê-la. Suponho que Lilly se culpe por certas coisas. Minhas notas ruins, meu novo hábito de fumar, as noites em que eu fico em claro para acompanhá-la em algum bar.

Eu acho que ela se incomoda até com o fato de Seth não ser o garoto fofo que ela conheceu há um ano. Mas não é culpa dela que ele descobriu que sexo é bom. Sem nenhum compromisso, pode ser melhor ainda. Porque, pessoalmente, acho relacionamentos complicados. E se Lilly Avra fosse qualquer outra pessoa eu já teria terminado tudo e seguiria os passos do meu irmão.

― Lilly. ― Eu a chamo. ― Há alguma coisa que eu possa fazer por você?

Já faz algum tempo que ela está sentada no nosso sofá, olhando pela janela. O meu pai está em casa hoje e ele ergue os olhos da mesa da cozinha quando eu a chamo. Cruzo os braços, permanecendo encostado na parede.

― Não. ― Ela finalmente olha para mim e depois para o meu pai. ― Obrigada por me deixarem subir.

― A sensação dá perda é cruel no início. ― O meu pai toma um gole do seu chá e ensaia um sorriso para ela. ― Mas aos poucos a vida faz com que você se acostume com ela. Dói o tempo inteiro, mas seus nervos ficam mais fortes e aprendem a lidar.

― Eu entendo o que o senhor quer dizer. Mas quando fala de sua esposa. Porque não consigo pensar no meu pai assim. Nós não construímos muito afeto. Minha mãe me deixou com ele quando eu fiz dez anos. No entanto, apesar de esquisito e drogado, ele sempre procurou me manter longe da carnificina que era sua vida. E me deixava dormir trancada na cabine do trailer, protegida do mundo lá fora e de seus amigos drogados. Não sei se era o jeito dele de demonstrar um pouco de amor por mim. Ou se ele era apenas decente. Considerando o histórico dele com brigas, agressões e ocorrências policiais, prefiro pensar que ele me amava um pouquinho.

― É claro que ele amava você. ― O meu pai continua. ― Você era a filha dele. Talvez ele não soubesse muito bem como lidar com uma garotinha. Mas você está aqui, não está? Há mérito dele em sua existência.

Lilly desvia os olhos, voltando a fitar a janela. Eu sei que o meu pai só quer ajudar, mas balanço a mão para ele como se fosse ceifar o assunto. Acho que a única contribuição do pai de Lilly foi o espermatozoide. Ela teria tido uma vida mais digna se ele a deixasse em algum abrigo. Ao menos não estaria tão quebrada quanto agora.

Meu pai mexe os ombros, agarrando sua xícara e batendo no meu braço ao se retirar para o próprio quarto. Estou meio sem saber como continuar a nossa conversa depois de três semanas sem vê-la e reencontrá-la em estado de luto batendo à minha porta.

O silêncio mórbido é salvo por Seth, entrando com toda sua tralha vermelha do Liverpool e estacando ao nos ver em cena.

― Ei, vocês. ― Ele acena. ― Tudo bem por aqui?

― Por que você parece um tomate com bandeira? ― Lilly ergue as sobrancelhas. ― Arrumou um emprego de Ketchup em alguma lanchonete? Ah, desculpa. Eu acabei de lembrar que vocês não precisam disso.

― Seu humor está mais ácido do que um tomate podre, Lilly. Mas estou muito bem, obrigada, porque o meu time venceu.

― Seth. Cai fora.

O rosto de Seth se contorce em confusão. Ele arrasta sua camisa vermelha até o meio do caminho e então Lilly diz.

― O meu pai morreu, seu estúpido. É só por isso que o meu humor está mais ácido do que um tomate podre.

Há um certo constrangimento em Seth. Talvez esteja surpreso com a rispidez com que Lilly o trata, já que eu também estou. Ele decide não dizer nada e nos deixa sozinhos. Quando ouço a porta do quarto dele fechar, me aproximo dela.

― Você não precisava falar assim com ele.

― Eu sei. Eu sinto muito. Eu vou pedir desculpas. É só que... Meu irmão é tão ridículo. Ele nem sequer foi ao velório. Só eu fui. E eu vi o seu irmão aqui e ele é um bom irmão. Eu senti raiva. Que foi canalizada para ele. Sinto muito, Carson.

As lágrimas brotam dos olhos dela tão rápido que não consigo pensar direito. Tudo o que eu faço é me sentar ao seu lado e deixar ela chorar. Afago o seu rosto para ajudar com o fluxo de lágrimas. Gostaria que ela me dissesse o que está sentindo, mas acho que nem mesmo Lilly entende.

― Como está a sua vida? ― Ela pergunta com a voz completamente abafada. ― Eu achei que você fosse me procurar.

― Eu achei que você não quisesse. Mas a vida continua a mesma. Exceto que ela é muito pior quando você não faz parte.

― Carson. ― Sua mão encontra a minha. ― Você é tão maravilhoso. Eu devia ter dito isso na sua cara no momento em que vi você fazendo uma playlist antes da festa do metrô. Mas eu não consegui porque estava muito furiosa e... Olhe só para você. Você é maravilhoso de um jeito que dói.

― Como algo maravilhoso pode doer, Lilly? Só dói se você quiser que doa.

― Não é simples. Eu não posso ter você, entende? Eu sou a raposa. Um dia você irá voltar para a sua rosa.

― Eu não estou entendendo.

― E eu vou sofrer demais porque você me cativou.

― Lilly. ― Escorrego os braços ao redor dela, abraçando-a. ― Isso é só uma história boba. Não somos príncipes e raposas e nem nada disso. Eu nem chego perto de parecer um lorde. E não gosto de rosas, em todo caso. Nunca gostei de flores. Elas me lembram o caixão da minha mãe. Então não voltarei para nada.

Ela não diz nada e ficamos abraçados por um longo tempo.

― Eu acho que vou voltar para a minha casa. Milk está me esperando.

― Milk? ― Ela se afasta, ficando de pé. ― É sua nova companheira de apartamento?

― Não. ― Lilly enxuga as últimas lágrimas e sorri. ― É a minha gata. Eu a resgatei em uma noite em que fui cantar em um bar. Ela é branca como leite. Então dei esse nome a ela.

― Vai me deixar conhecer a Milk?

― Eu estava planejando voltar para casa sozinha. A menos que você queira vir comigo.

Não consigo conter um sorriso e ele atravessa o meu rosto, empurrando a timidez de Lilly para fora. Quando seguro sua mão, ela não reclama. Pego as minhas chaves e os nossos casacos. Ainda não conheço a Milk. Mas já gosto dela só por ser a desculpa perfeita para, quem sabe, Lilly e eu acertamos tudo entre nós.

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