O dia do baile da Taylor chegou. Sam estava muito ansiosa e durante todo o nosso expediente na cafeteria, não parou de falar sobre.
Já eu, estava nervosa.
– Lie, você está tão linda.
Meu vestido era branco e tinha uma espécie de véu por cima da saia com alguns detalhes, o que fazia com que o vestido ficasse mais longo.
– Obrigada, Sam, você também.
Sam vestia um vestido vermelho longo com mangas caídas e detalhes na frente do vestido.
Quando chegamos ao local, muitas pessoas já haviam chegado e algumas delas conversavam com outros convidados. Penso em como seria difícil achar a Taylor aqui.
Mas para nossa sorte, logo a achamos.
– Ai Meu Deus! Estou tão feliz que vocês vieram - disse Taylor me abraçando e fazendo o mesmo com Samantha - Vocês estão lindas.
– Obrigada Taylor, você também está linda.
Bem na hora, um dos fotógrafos apareceu e tirou uma foto de nós três juntas.
- Meninas, sintam-se à vontade e divirtam-se. Vou ter que ir falar com o resto das pessoas.
– Tudo bem, fica tranquila.
– Olha, eu também vou dar uma volta para ver se acho alguém conhecido...você vai ficar bem? - Sam perguntou.
– Claro, não se preocupe.
Vou até a mesa em que estão algumas bebidas e pego uma taça de champanhe. Não costumo beber, mas acho que hoje vou abrir uma exceção.
Observo as pessoas à procura de algum rosto familiar, mas logo me arrependo quando meu olhar se encontra com o dele.
Não tinha notado que ele estava me olhando. Eu sabia que azul combinava perfeitamente com ele, mas o preto...combinava ainda mais no terno que ele vestia.
Senti meu coração bater mais forte e um arrepio percorrer meu corpo.
Merda!
Desvio o olhar rapidamente. Termino de beber o resto do champanhe e procuro algum lugar onde eu possa tomar um ar.
(coloquem a música)
Subi as escadas que encontrei e me deparei com um terraço. Respiro fundo e sinto o vento bater no meu rosto. Escuto a música tocar lá embaixo e fecho meus olhos para apreciar a melodia.
– Anne.
Ah não.
– Oi, Shawn.
– O que você está fazendo aqui? Vai morrer congelada.
– Precisava de um pouco de ar.
Um silêncio se instalou entre nós dois e ficamos nos encarando sem saber o que dizer.
– Desculpa pelo o que eu te disse, lá na Itália. Eu não quis dizer aquilo - digo - Uma parte de mim estava com raiva por...- interrompo-me quando percebi o que estava prestes a dizer.
– Por?
– Nada, apenas estava com raiva.
– Também tenho que pedir desculpas, você não é nem de longe igual ao seus pais. Você é mais do que eles, você é...maravilhosa.
Sorrio.
Ficamos em silêncio, exceto pela música que tocava e pelo barulho da cidade, estava tudo silencioso.
– Dança comigo - Shawn esticou a mão para que eu a pegasse.
– Vai me deixar cair?
– Nunca.
Peguei em sua mão e Shawn me puxou para perto de si mesmo. Shawn colocou minha mão esquerda no seu ombro e segurou a direita. Sinto um arrepio percorrer meu corpo quando ele colocou sua mão em minha cintura.
Shawn me guiava conforme o ritmo da música. Lembranças aparecem em minha mente do dia em que tentamos dançar e Shawn quase nos derrubou.
Sorrio ao lembrar.
– Por que está sorrindo? - Shawn perguntou sem tirar os olhos dos meus.
– Lembrei de uma coisa.
– Quer me contar? - Shawn pegou em minha mão direita e me girou.
– Lembrei do dia em que saímos...quando você quase me derrubou enquanto nós dois dançávamos.
Shawn sorriu.
– Eu era um péssimo dançarino.
– E o que te faz pensar que ainda não seja?
– Cala boca - Shawn brincou e eu ri - Senti falta da sua risada. Na verdade, eu senti falta de você.
– Também senti sua falta - sorrio envergonhada.
Ficamos em silêncio durante alguns instantes apenas dançando conforme a música.
– Lie...eu...quero que saiba que...o que eu sinto por você, não mudou.
– Shawn... - faço menção de me afastar mas Shawn me segura.
– Esses meses que ficamos sem nos ver, eu não parei de pensar em você em nenhum instante. Não consigo tirar você da cabeça.
– Shawn, você sabe que...
– Sim, eu sei que você está com o Connor e que você o ama, mas, você mesma sabe que ainda sente algo por mim. Se eu não desisti de tentar, é porque eu sei que você gosta de mim.
- Como você pode ter tanta certeza assim?
- Porque eu vejo, e outras pessoas também percebem isso.
– Shawn nós dois não daríamos, certo. Temos rotinas muito diferentes.
– Eu sei. E nós teríamos que trabalhar nisso todos os dias, mas eu quero isso, porque eu quero você.
Paramos de dançar.
– Shawn, o que nós dois tivemos no começo, ou melhor, o que quase tivemos, foi maravilhoso. Você não sabe o quanto eu estava feliz...você me fazia feliz. Mas infelizmente, isso não deu certo, e está tudo bem...
– Não, não está tudo bem. Será que você pode, por favor, deixar de ser chata e admitir, pelo menos uma vez na vida, que você gosta de mim?
Permaneci calada. Pude ver as lágrimas brotarem dos olhos de Shawn, e sem que eu percebesse, também estava chorando.
Shawn passou as mãos pelo cabelo e respirou fundo.
– Tudo bem, vamos fazer o seguinte, eu te dou uma semana para decidir se você quer ficar comigo, caso contrário cada um segue com sua vida.
– Você está mesmo me obrigando a decidir?
– Não estou obrigando, eu só...preciso tirar você da minha cabeça.
– Shawn...
– Você sabe onde me encontrar.
Shawn saiu me deixando sozinha ali.
Limpo as lágrimas que ainda escorriam pelo meu rosto e depois de alguns instantes, desço as escadas.
O baile ainda ocorria animado e várias pessoas estavam dançando. Não vejo Shawn, e talvez seja melhor assim por enquanto.
Procuro por Sam e a vejo conversando com algumas pessoas. E quando nossos olhares se encontram, ela percebe que algo havia acontecido.
Sam vem até mim e me abraça.
– Vem, vou te levar para casa.
Tento disfarçar o máximo possível quando me despedi da Taylor e fingi estar sentindo uma cólica muito forte. E por conta disso, não poderia ficar.
Quando cheguei em meu apartamento, Sam não me questionou nada e agradeci mentalmente por ela ter feito isso.
A última coisa da qual me lembro, é de chorar até finalmente adormecer.