Teen Mermaids

By _EuVitoria_

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Pertencente a dois mundos, Lydia, Rebeka e Luce precisam encontrar suas verdadeiras identidades. Seus c... More

Mudança
Festa na praia
Pulando na água
Poderes
Salva vidas
Uma nova sereia
Cardume
Uma dança
Sentimentos expostos
Doce chamado
Emboscada
Carta reveladora
Respostas
Hipnose
Visitando a vovó
Doador anônimo
O plano
Executando o plano
Livro de porções
capitulo especial - Morgana
Enfrentando tubarões
Capítulo especial - Morgana e Shelby
Evento de talentos
Malévolas
Festa na piscina
Banho de lua
Desafio
Para sempre, meu amor.
Perda de humanidade
Cupcake encantado
Recuperando a humanidade
Uma novidade em Magic city
Concha prisão
Capítulo especial - Morgana
Encontro desagradável
Capítulo especial - Morgana
Indo as compras
Capítulo especial - Morgana
Oferta
capítulo especial - Morgana
Resgate
Capítulo especial - Morgana
Primeiro beijo
Capítulo especial - Morgana
Baile de natal
Agradecimentos
Novidades

Expostas

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By _EuVitoria_

Foi uma noite divertida. Eles riram, beberam, dançaram, comeram pizzas e jogaram jogos. Mas em nenhum momento, a classe social, o grupo de amigos distintos ou as personalidades incompatíveis, os afetou. Lydia, James, Luca, Luce, Rebeka e Eduardo, pareciam um verdadeiro grupo. E todos estavam felizes. Mas enfim, a noite havia chegado ao fim. E se fosse chutar, Lydia diria que sua melhor amiga estava ficando com Luca, ou pelo menos, eles estavam se dando uma chance. Pois naquele exato momento, a garota subia sobre a garupa da moto dele e ria, alegre pelo simples fato de que o menino lhe daria uma carona até em casa. Rebeka também não passava longe, seu ar estava tão apaixonado quanto o da outra, o fato dela estar agarrada ao pescoço de Eduardo deixava isso claro feito água. Por sua vez, Lydia continuava tentando de forma falha, encontrar um Uber para lhe levar em casa. Ainda fitando o aplicativo aberto em seu celular, sentiu uma respiração suave bater contra sua nuca e engoliu em seco. Erguendo levemente seus olhos e encontrando James parado em suas costas, olhando também para a tela do aparelho.

- Por que está procurando um Uber? Eu estou de carro, te largo em casa. - ele dizia com um ar de indiferença, mas seus olhos transbordavam expectativas.

- Nem morta. - com sua típica atitude mandona, Lydia negou e desviou olhar, tentando tirar a imagem dele de seu campo de visão. Céus, era torturante ter alguém tão magnífico ao seu lado. James segurava um riso, se divertindo com a situação.

- Você está com medo de ficar sozinha comigo?

A ideia de fazê-lo pensar que tinha qualquer poder sobre suas decisões, lhe deixava frustrada. Por isso, iria no carro dele e por outro motivo bem convincente, precisava mostrar para si mesma que não tinha porque afasta-lo, James nunca seria uma ameaça, até porque não deveria haver o menor risco de sentir algo por ele. Ele era apenas um garoto. Um garoto do muito babaca.

- Eu escolho a música. - disse para não perder sua marra, quando se voltou na direção dele, ele pareceu surpreso. Mas assim que a menina se afastou a passos confiantes, lhe seguiu, soltando uma risada baixa e divertida.

- Coloque o cinto. - pediu, sorrindo de lado, com todo o seu charme. Um pouco irritada com tanta beleza, obviamente Lydia ficou atrapalhada sobre seu olhar intimidante e se embaralhou toda na tentativa de seguir a simples ordem. Percebendo seu embaraço, ele soltou uma gargalhada suave e ela corou, como uma menina. James se inclinou suavemente sobre seu corpo e colocou para ela o cinto. Seu braço roçando levemente na pele dela, mas o suficiente para lhe deixar inteiramente arrepiada.

- Pronto. Agora sim, está segura. - ironizou ele, mas havia sido realmente um gesto cuidadoso, mesmo que o tivesse disfarçado com sarcasmo. Como imã, seus olhos procuraram um pelo outro, o corpo do garoto ainda estava esticado, bem próximo do rosto dela.

- Obrigada. - as palavras quase morreram em seus lábios, ela não conseguia parar de olha-lo.

- Você é muito linda. Puta merda. - ainda mantendo o contato visual, James permitiu que as palavras pulassem para fora de seus lábios, talvez sequer se dando conta do que dizia. Seu olhar geralmente gélido, possuía um brilho incomum. Sem fala. Ela ficou completamente sem fala. Ele continuava perigosamente perto e sua presença era realmente marcante e lhe afetava, lhe complicando um pouco na hora de formular sua resposta. Será que era assim que todas garotas se sentiam quando o capitão estava por perto? - Desculpa, eu não quis.... - ele parecia honesto ao passo que aparentava ter odiado a si próprio por elogia-la tão descaradamente. Também ficou sem graça o que a fez rir baixinho de sua pequena timidez, o que era uma novidade. - Não ri não. - ele também parecia achar graça de si mesmo.

- Ok. Apenas me leve para casa. - ela pediu, escondendo o sorriso bobo que queria surgir em seus lábios. Talvez fosse uma honra conseguir deixar o mais ousado dos garotos, envergonhado. James era o cara que recebia elogios e não aquele que elogiava. Ele deu de ombros e começou a dirigir. Enquanto isso, a menina se ocupou em se banhar na visão. A janela do lado do motorista estava levemente aberta, o pouco ar que entrava dava uma balançada nos cabelos dele. Apesar de ser imprudente, atrás do volante, ele parecia responsável, exceto por sua posição ser um pouco largada sobre o banco, com o braço preguiçosamente apoiado sobre a janela. Deveria ser crime alguém ser tão bonito.

- Por que está me encarando desse jeito? - ele perguntou após alguns segundos, sem olha-la e com um tom divertido.

- Deixe de ser convencido. - resmungou zangada, não com ele, mas com si mesma, por não conseguir disfarçar o quanto aquele sorrisinho de lado e o cabelo geralmente impecável, lhe deixavam maluca. Era isso, tinha certeza que se continuasse próxima de James, ele acabaria lhe enlouquecendo. - Eu nem estava te olhando.

Em seguida, colocou uma música para tocar e cantou junto com Priscilla Alcantra e Whindersson Nunes a letra de Girassol. Sua voz parecia ter sido feita para isso, era a melodia perfeita e ela a cantava de uma forma tão linda e emocionante que sequer percebeu ser admirada pelo garoto que mais odiava. James ficou ali, revezando seu olhar sobre a garota e a estrada, ciente do estrago que a imagem e a voz doce dela poderiam fazer com seu coração. Sabendo exatamente do quanto ela estava mexendo com seu subconsciente, ela o fazia se sentir de uma forma nova, desconhecida e que ele nunca quis conhecer. Se sentia um idiota apaixonado por estar observando enquanto ela da forma mais espontânea e distraída, cantarolava no banco de seu carro. Não era como as outras garotas, James sabia que ela não estava tentando chamar sua atenção, na verdade, ela era tão ela, que não estava nem aí para sua opinião. O mais bonito era seus olhos, eles se abriram quando ela cantou a última nota. Para ele, não havia nada mais lindo do que o brilho esverdeado e inocente no fundo de suas iris verdes. Lydia queria ser a garota de ferro, e seu gênio correspondia a isso, mas seus olhos, eles eram tão doces... Ela não podia ser pedra, pois era feita de flor.

- Impressionante. - ele riu, e ela riu também, e o seu sorriso era tão brilhante quanto seus olhos. Por segundos mantiveram-se sorrindo, e apenas um curto tempo depois, Lydia se arriscou a olhar para James. E foi bem na hora que algo bizarro aconteceu, os olhos do capitão ficaram completamente brancos, enquanto ele fitava fixamente a estrada, parecia estar em transe e de fato, estava hipnotizado...

Abraçada a sua cintura e com a cabeça apoiada em suas costas, Lucinda podia sentir o perfume masculino de Luca. O vento jogava seus cabelos negros para trás, enquanto ela desfrutava da aproximação de seus corpos. Tudo estava extraordinário, até que sem avisar, Luca mudou a rota que estava fazendo com uma velocidade assustadora. Eles não iam mais para a casa da garota, seguiam outro caminho em disparada, o coração da jovem sereia também disparou. Não que não confiasse nele, confiaria sua vida a ele. Mas naquele momento, algo estava errado, e desesperada, ela percebeu isso.

- Por que está com pressa? - perguntou com voz trêmula, o vento batia gelado contra seu rosto. Queria saber para aonde estavam indo, mas não queria que o garoto achasse que estava lhe deixando assustada. Mas sim, estava. Não respondeu sua pergunta, não lhe direcionou palavra alguma, apenas aumentou ainda mais a velocidade, como se sua vida inteira dependesse daquilo.

O caminho era o mesmo que os levava até a escola de Magic City. Ao pensar na instituição, Luce soube que era para lá que estavam indo. A cidade era pequena, conhecia cada rua como se ela própria as tivesse criado. O alívio não poderia ser muito, sabia o caminho mas não entendia o porquê de estarem o fazendo e pior ainda, o estarem fazendo com uma pressa apavorante. Começou a se fazer várias perguntas mentalmente, do porque ele estava fazendo aquilo e porque estava tão diferente, como se fosse um robô humano. Luce não queria sentir medo, não do garoto que amava, mas ele não estava lhe dando muitas opções. Começou a temer estar agarrada a ele, até que por fim escutou uma canção. Doce, melodiosa, atraente e poderosa...

- Luca, não... Não escuta ela... - ao compreender o que estava acontecendo, apelou para o desespero, sua voz agoniada não parecia surtir efeito sobre o rapaz hipnotizado. Mas ainda assim, ela implorava enquanto o vento jogava seus cabelos contra seu próprio rosto. - Luca por favor, me escute. Pare a moto. Não escute ela... Ela quer nos matar. Por favor...

Mas não adiantava e não adiantaria enquanto Luca escutasse o canto da sereia. Em uma última tentativa, ela se arriscou a soltar-se dele e com suas mãos trêmulas tentar cobrir seus ouvidos. Haviam acabado de chegar em frente a escola, a música ficava mais alta e ele mais hipnotizado, antes que a menina lhe impedisse de ouvir, o garoto travou a moto que parou com uma freada forte. Luce aproveitou o pequeno intervalo para pular sobre ele e por suas mãos sobre as orelhas dele, as pressionando até que nada passasse por elas. No instante seguinte, de branco os olhos se tornaram castanhos, a confusão e o reconhecimento atravessando novamente as pupilas. Luca não sabia o que estava acontecendo, não sabia que acidentalmente, havia caído em meio a uma briga familiar, cujo os membros da família eram seres mitológicos.

Apesar de ter conseguido traze-lo de volta, Lucinda acabou por descobrir que estavam mais encrencados do que ela podia ter imaginado. Pois do lado de fora, dois homens enormes lhes esperavam, ambos com as pupilas viradas e brancas. Shelby havia hipnotizado Luca até ali e também outros humanos, ela os tinha a seus serviços e os mesmos não se demoraram para pegar o casal a força e começar arrasta-los para dentro.

- Solta ela! O que está acontecendo? - diferente de Luce, ele não sabia o porquê de tudo aquilo. Em sua mente havia partes faltando, se recordava de estar levando-a para casa, somente. Mas então estava ali, sendo arrastado por um homem montanha e se debatendo enquanto via arrastarem a garota. Que se debatia furiosa. Os olhos de Luca estavam arregalados, ele não disfarçava o quanto estava assustado e de fato, não era para menos.

- Sinto muito... - ela murmurou com os olhos em lágrimas, assim que suas íris se encontraram. Luca percebeu que ela sabia o que estava acontecendo e ela estava se desculpando porque sentia culpa. Não queria envolve-lo no que quer que aquilo fosse. No que a garota que havia roubado seu coração estava envolvida? Era isso o que se perguntava ele. Traficantes? Gangster? Máfia? O que seria? Ela devia algo para alguém? Tinha algo que alguém queria? Havia irritado alguém muito poderoso? Havia feito mil teorias mas nenhuma delas passava sequer perto da verdade. Se debatia, mesmo percebendo que ela já não tentava mais se soltar. Quando por fim foram jogados no chão de dentro da escola, ampararam seus corpos com os braços. Lentamente Luce ergueu seus olhos, enquanto uma figura ia surgindo em sua frente. Dos pés a cabeça, ela fitou uma sereia do mal. Mas como Shelby havia ido parar ali e com pernas?

Sentindo dor em pequenas regiões que havia batido ao ser jogada no chão, Lucinda tentou se erguer e conseguiu com um pouco de dificuldade. Em pé fitou sua tia, cabelos negros e cacheados, olhos de fênix ferozes, ela tinha uma beleza demoníaca e um olhar assassino. Era uma boneca do mal. Luce engoliu em seco e percebeu que pela primeira vez, estava realmente em perigo. Sentiu o ar lhe faltar nos pulmões e as pernas tremerem de pavor, era difícil não sentir medo com as pupilas mais ameaçadoras sobre ela. Desviou o olhar rapidamente e se deu conta de que não eram as únicas sereias, Lydia e Rebeka também estavam ali. Todas paralisadas. Incrédulas de que sua tia havia ido tão longe a ponto de criar pernas.

- O que quer de nós? - a primeira a obter coragem, fora Rebeka. Ela perguntou o que todos queriam saber, enquanto suas primas tremiam descontroladamente. O momento era demasiadamente anormal, mas a jovem ousada agia como se a presença daquela sereia no mundo mundano, não fosse algo diferente do comum. Sua pergunta fora retórica, era óbvio o que ela queria. Aquela era a cartada final de Shelby, para isso ela havia sumido, para ganhar pernas, ir ao mundo mundano e hipnotizar James, Luca, e Eduardo, para que eles levassem suas sobrinhas até ela, e então ela as mataria...

- Adivinha, querida? - sua voz era alta, grossa, e no final da pergunta, surgiu uma risada sem humor. - Por causa de vocês, o amor da minha vida se foi, tiraram o que era mais bonito em mim. Agora, eu vou tirar o que é mais bonito em vocês. O amor. Justo, não?

- Do que você está falando sua maluca? Nós nunca tiramos nada de você! - gritou com uma fúria genuína. Todos ao seu redor sentiam medo, Shelby plantava o terror. Até mesmo os garotos, sem compreender nada e presos por outros homens hipnotizados, estavam assustados. Enquanto os três se debatiam, tentavam acompanhar a história que em entrelinhas, estava sendo narrada.

- Não minta! - ela estava agitada, tal como uma lunática. Fazia movimentos acelerados, como se estivesse enlouquecendo. Mandando onda de ódio para todos presentes enquanto soltava seus pensamentos insanos. - Eu falei para vocês beberem a maldita poção. Tudo teria sido melhor para ambos os lados. Era só beberem e abdicarem de suas caudas. Mas não. Vocês tinham que ter a magia... Por causa disso, eu tive que matar Noah. Eu tinha que mata-lo porque a única forma de uma sereia ter pernas, sem ser momentaneamente como as minhas malditas irmãs tiveram, é em um feitiço que pede o coração da pessoa que você mais ama. Está vendo o que vocês fizeram? - lágrimas de dor escorriam, seus olhos refletiam o próprio inferno. - Por isso eu vim para cá, eu me escondi e investiguei vocês a cada dia. Eu sei tudo sobre suas vidas humanas, e eu sei que esses garotos humanos, são seus amores épicos. Como Noah era o meu. Por isso, vocês vão assistir enquanto eu arranco o coração deles e depois, eu vou arrancar o de vocês.

Entendendo tudo, Rebeka engoliu em seco. Estavam ferrados. Mas não podia arriscar que sua tia doente, matasse seus amigos, por isso jogaria o único jogo que um psicopata sabe jogar, fingiria não ligar, não se importar, não amar. Se Shelby pensasse que ela não tinha nada a perder ali, então procuraria outra coisa que lhe atingisse. Manipularia a rainha, usaria palavras contra ela.

- E você acha mesmo que nós amamos esses garotos? - soltou uma risada curta e varreu seus olhos pelo salão principal da escola. Fitando um por um. Todos eles agiam com confusão, talvez pensassem terem perdido a sanidade, pois estavam quietos sem sequer tentarem lutar. Apenas esperando.... - Se tivesse mesmo procurado as informações no lugar certo, descobriria que Lydia e James se odeiam. Eduardo e eu apenas ficamos e Luca e Luce, eles viveram anos na mesma escola e só foram se notar agora. Aonde está o amor nisso?

- O amor mora nos detalhes, minha cara. - disse a rainha. - No jeito que ele olha para ela, no jeito como você sorri quando está com ele e na forma como aquele garoto. - seu dedo indicou Luca. - Tentou salvar ela mesmo sem saber o que poderia acontecer com ele próprio. Você não se deu conta? Todos aqui entregaram seus corações uns para os outros. Mesmo que ainda não tenham percebido. Mas eu percebi, e o coração de todos vocês... Será meu.

- Bem... Boa sorte. - Rebeka não era burra, desde o início quando percebeu o que estava acontecendo naquela noite, venho planejando algo. Por isso a distraiu com toda aquela conversa, para chegar perto o suficiente e utilizar um de seus truques de defesa pessoal. Soqueando Shelby em um ponto bem específico, que não só lhe fez se encolher e engasgar, como deu a todos eles a oportunidade de fugirem. O soco havia sido certeiro em sua faringe. - Vamos! Corram! - gritou para seu grupo de amigos que mais pareciam um bando de estátuas. Ela entendia porque eles não reagiam, os rapazes estavam perdidos e não sabiam o que estava acontecendo. Ouviam coisas estranhas, como sereias, poções... Coisas impossíveis que estavam os fazendo questionarem todo aquele "encontro". As garotas sabiam que estavam em uma situação da qual poderiam realmente morrer e serem expostas para seus supostos pares. Todos tinham seus motivos para surtarem, mas não havia tempo para isso. Por isso, se livraram dos capangas e correram juntos.

Os seis correram lado a lado, todos familiarizados com a construção enorme de sua escola. Subiram lances e mais lances de escadas, procurando fugirem daquela maldita situação. A cabeça dos garotos fervilhavam com muitas perguntas e poucas respostas, elas por suas vezes, sabiam exatamente tudo o que precisavam saber. Shelby as havia vigiado por semanas, e agora, finalmente estava ali para mata-las.

- Esperem. - Foi Luca quem parou de correr, a respiração ofegante e o rosto carregando certo pavor. Todos pararam, as meninas que estavam mais a frente, tiveram que virar para trás. - Quem vai nos contar o que está acontecendo aqui? O que é aquela... Aquela mulher... E o que ela quer de vocês?

- Luca. Eu prometo que nós vamos lhes contar tudo... - Luce tomou partido da situação, com o choro engasgado na garganta pois não sabia como começaria a contar para ele as verdades de seu mundo mitológico. - Mas agora eu preciso que você por favor, corra. Ou não sobreviveremos para contar nada.

- Tic tac sobrinhas. - a voz de Shelby ecoou alta pela escola vazia. Fazendo tudo parecer uma cena típica de um filme de terror. - Eu estou chegando...

Eles continuaram com o clima de tensão, agora mais do que nunca, pois a primeira pista havia sido dada. "Sobrinhas". A curiosidade pulsava nos olhos de cada garoto presente. Eles não entendiam nada, mas como em um filme de terror, ainda assim se colocaram a correr pela escola escura e vazia, que passou a ter um ar mal assombrado e sombrio durante a noite, cada mísero som ecoava por cada canto.

- Acho melhor a gente se separar. Vamos confundi-la. - dessa vez foi a vez de Lydia parar e fazê-los acompanha-la. Apesar do medo notável em suas íris, a pequena garota insistia em parecer firme e durona. Não havia tempo para que ninguém discordasse, a cada momento, mais e mais a equipe assustadora da rainha se aproximava. Se separaram rapidamente em duplas, James não se demorou ao se pôr do lado dela. Afinal, estava estranhando tudo, mas seu desejo de mantê-la segura do mal que os perseguia o fez agir por impulso e segurar a mão trêmula e gelada da sereia. Assim que seus dedos se entrelaçaram, seus olhos se encontraram e ele pensou que talvez ela fosse soltar sua mão, mas a garota simplesmente apertou-as ainda mais e juntos, correram para o lado oposto ao dos outros dois casais.

Luce e Luca também correram por um bom tempo, até que finalmente se arriscaram a entrar em uma sala e parar, o coração de ambos podiam ser ouvido tamanha era o nervosismo. Ela sabia que aparentava estar com medo, Luca também não estava muito tranquilo. Mas ainda assim, após calçarem a porta com uma cadeira, ela escondeu seu rosto entre as mãos que tremiam. O garoto podia estar com medo, mas diferente dela, ele não fazia ideia do que estavam enfrentando.

- Luce? - ele chamou todo carinhoso e preocupado. - Você está bem?

Ela até tentou não parecer desesperada, mas falhou miseravelmente quando ele conseguiu expor seu rosto e as lágrimas que rolavam por ele.

- Não. - deixou a verdade escapar. Ficando espancada por ela. Porque sim, sua vida era complicada. Quando finalmente tivera atenção do garoto dos seus sonhos, sua identidade como sereia estava correndo riscos de ser revelada e eles... Mortos. - Aquela mulher... Ela vai matar você. Por minha causa. Porquê eu...

- Por que você o que? - apesar de sua cabeça estar um caos no momento, ele ainda era atencioso e botava o bem daquela garota acima do seu. Poderia lhe bombardear com perguntas, exigindo uma resposta para tudo aquilo, afinal de contas, era a sua vida que estava em risco. Mas não, apenas queria cuidar dela e tirá-la dali. Para só então, descobrir o que se passava.

- Porque eu amo você, Luca. - revelou após anos guardando aquele segredo. Seus olhos castanhos imediatamente procuraram os dele. - E ela quer que eu perca o amor da minha vida. Como ela perdeu o dela.

O garoto piscou várias vezes tentando processar as palavras dela. "Eu amo você, Luca" havia saído de forma tão natural e ao mesmo tempo inesperada. Era como se ela tivesse nascido para dizer aquelas palavras e depois de ouvi-las, ele compreendeu: Lucinda era o seu amor épico. Sempre fora ela.

- Uau. Precisou nossas vidas estarem em risco para você admitir que me ama. - ele riu espontâneo, radiante. Suas mãos pegaram o rosto dela, acariciando os mechas negras de seus cabelos. Os olhos brilhando alegres. - Aonde você esteve todo esse tempo?

- Esperando o destino cruzar nossos caminhos. - ela disse docemente, fitando-o com doçura. Era incrível como nunca se cansava de olha-lo e como depois de anos, ainda o amava como se fosse a primeira vez. Sua história havia dado mil reviravoltas, mas naquele momento, estavam exatamente aonde precisavam estar, nos braços um do outro.

O momento lindo fora interrompido pelos Sprinkler que começaram a liberar água, sabotados obviamente pelo poder de Shelby. O chuveiro automático preso ao teto da instituição, servia para a segurança dos alunos, caso houvesse um incêndio. Mas naquele dia, a tarefa dele fora por a identidade das sereias diante dos olhos daqueles que lhe acompanhavam.

Foi como um pesadelo, não deu tempo dela reagir ou evitar, a água tocou sua pele e a luz branca lhe envolveu. O pânico se espalhou por seu corpo enquanto suas pernas eram substituídas por uma cauda. Bem diante de um humano, bem diante do seu humano. O desespero lhe dominou por completo, as íris de Luca lhe fitaram em sua verdadeira natureza. Os olhos do garoto se arregalaram chocados, a boca dele se abriu e fechou, ele recuou alguns passos para trás ao dar-se conta de que estava diante de uma sereia. Uma lenda. Uma Lucinda cheia de magia. Um trilhão de pensamentos e sentimentos invadiram o pobre garoto, e se fundiram em seus olhos com uma expressão a qual Luce não conseguiu decifrar. Ela apenas ficou parada ali, trêmula, exposta, enquanto ele continuava lhe fitando com espanto e descrença. Os olhos dela se encheram de lágrimas, não tinha mais nada o que pudesse fazer, do que adiantaria tentar? Era tarde demais. Agora ele sabia quem ela era, o que era, só bastava esperar o momento em que o amor da sua vida fugiria dela.

Após alguns segundos congelado no mesmo lugar, com uma expressão tão pálida quanto o gelo, Luca se aproximou do ser mitológico parado à sua frente, se agachou próximo a ela, completamente embriagado pela curiosidade e o ao mesmo tempo, surpreso:

- Vo-vo-você é-é linda. - gaguejou.

- Você não está com medo de mim? - impressionada era pouco para como a sereia se sentia. Esperava qualquer atitude, afinal de contas, ela não era humana. E humanos não acreditam na magia, mas os olhos de Luca brilhavam, dessa vez, sem medo. Para ele, parecia que ela sempre fora daquele jeito.

- Eu amo você. - ele disse fazendo com que o coração dela batesse da forma mais frenética possível. Lutando contra tantos sentimentos ao mesmo tempo. - Eu amo você. - repetiu para ela e para si mesmo. Era complicado acreditar no que via. Claro que era. Qualquer um duvidaria da existência de sereias, mas não tinha como duvidar estando diante de uma. - Não sei como será daqui para frente. Eu não sei realmente como isso... - apontou para cauda dela. - É possível. Mas não me importa, Lucinda. Não me importa porque eu te amo e eu estou disposto a aprender lidar com o que quer que tudo isso signifique. Se para amar você eu tenho que acreditar em magia, então por mim, tudo bem. Eu só... Preciso de você. E não vou desistir da gente agora.

Embasbaca e boquiaberta ela ficou quando Luca concluiu. O amor realmente era magnífico. Ele viu um lado seu que ela tentou esconder, ele viu um lado seu que não era humano, ele viu um lado seu que faria qualquer um sair correndo e perder a sanidade, ele viu um lado seu que ninguém deveria ver, ele viu esse seu lado e ainda assim, permaneceu ao seu lado.

Não, Rebeka não esperava por aquilo. Não esperava virar um peixe gigante diante de Eduardo. A forma que o garoto reagiu, ela sim foi esperada. Ele se afastou com pressa, como se ela fosse ataca-lo, como se ela fosse algo pior do que uma aberração. Ele não sabia se acreditava, não sabia se corria, se ela era real ou se não era. Ele simplesmente não sabia. Não entendia absolutamente nada do que estava acontecendo ali e como podia ela, a garota de cabelos ondulados, olhos marcantes, ousadia e valentia admirável, beleza estonteante, ser realmente uma sereia.

- Eu fui drogado? - quis saber, começando a sentir medo e se questionando o que de fato estava errado. Aquela criatura diante dele só podia ser fruto de sua imaginação. Algo ilusório.

- Não, vagabundo... - em sua forma de sereia, Rebeka tentou lhe explicar. Mas como diria a ele algo que nem mesmo compreendia? Era uma espécie que a humanidade não acreditava, sua existência para eles era surreal. - Eu sou uma sereia. - engoliu em seco, não havia mais como negar o óbvio, não é mesmo?

- O que? - o garoto deu passos para trás, como se a resposta dela tivesse lhe nocauteado. Não conseguia acreditar no que via e ouvia. - Você só pode estar me zoando! E se for isso, não tem graça...

- Não. Eu não estou. Olhe para mim... - ela apontou para seu próprio corpo, revelando sua cauda. Sentia como se tivesse perdendo o controle da situação, tudo estava escapando por entre seus dedos. Todos os dias incríveis que passou ao lado dele, depois de vê-la como realmente era, Eduardo lhe acharia uma farsa. - É quem eu sou. Eu entendo você, não quero que entenda tudo agora de cheio... Acredite, quando eu descobri, foi assustador para mim também...

- Pare! - ordenou lhe interrompendo. Sua mente se negando a acreditar no que ela dizia. - Não estamos falando de uma doença ou uma gravidez, algo cientificamente possível. Você está dizendo que é uma sereia, e você está parecendo uma sereia... - estava confuso e nervoso, compressível...

- É, eu sei... - E sabia mesmo o que ele estava tentando dizer. Era absurdo a hipótese de existir magia naquele mundo. As palavras pareciam engasgadas em sua garganta, com dificuldade ela as soltou. Eduardo engoliu em seco, ainda lhe olhando da mesma forma que ela um dia temeu ser olhada: como se ela fosse uma nova espécie, se tornando estudo de cientistas. Apenas ficou ali, exposta, esperando que algum milagre acontecesse e os últimos minutos desaparecessem. Mas não, agora mais alguém sabia de seu segredo.

- Não. Você não sabe. - negando com a cabeça, ele ia dando passos de costas enquanto se afastava ainda mais dela. Agindo como se a garota fosse um bicho de sete cabeças, a incredulidade refletindo em seus olhos. Quando ele desnorteado abandonou a pequena sala que os escondia de Shelby, foi como um soco no estômago para Rebeka e pela primeira vez em muito tempo, ela se sentiu desesperada. Como as coisas seriam dali para frente? Bom, se preocuparia com isso mais tarde, porque naquele momento tinha que impedir que sua tia malvada encontrasse o seu amado.

Próximo dali, outro garoto também abandonou a sala atônito, em parte por sentir medo, em outra, por não compreender o que via. Lydia também havia sido exposta e assim como Eduardo, a reação de James diante do desconhecido, não fora boa. As sereias tentaram não entraram em pânico, mas como evitar? Afinal de contas, seus segredos estavam revelados, e não era algo pequeno, era grande o suficiente para que os garotos não conseguirem lidar. Eram sereias, vivendo na terra. Seria demais pedir para alguém compreender isso com facilidade .

- É uma ilusão. É uma ilusão... - o capitão de School Magic saia correndo enquanto surtava, com a imagem da pequena garota em sua mente. Lydia se apressou em retornar a sua forma humana e saiu correndo atrás dele. No momento, o medo de que Shelby o pegasse era maior do que o medo que sentia dela. Naquela escola vazia, tudo o que se ouvia era gritos. Nomes. Porque assim como Lydia, Rebeka também chamava por alguém. A gritaria toda trouxera Luce e o Luca para os corredores e agora havia pessoas em muitas partes da escola, como se fosse um labirinto. O único que soubera lidar e acreditará na magia que viu, fora Luca, embora ainda estivesse confuso e duvidoso, estava mantendo sua mente aberta para a crença de novos mundos.

- Me solta! Me solta! - os gritos desesperados e zangados vieram do saguão principal. De onde cada qual estava, entraram em estado alerta e correram para a mesma direção. Ao resgate de James Alves que havia sido pego. Se encontraram no centro da escola, o lugar aonde de manhã geralmente estava lotado de adolescentes cheios de energia e animação. Mas naquele momento tudo o que viram fora quatro homens hipnotizados e uma sereia do mal. Assim que colocou seus olhos sobre o capitão, Lydia não conseguiu segurar o grito de pavor, ele estava preso por braços musculosos enquanto a rainha lhe ameaçava com uma lâmina presa a sua garganta. Ela enfiou suas mãos nos cabelos sedosos dele, e puxou sua cabeça para trás, expondo ainda mais o pescoço. Apertando ainda mais o punhal dourado contra ele. Eduardo, Luca, Luce, Lydia e Rebeka, gritaram em coro, indo instantaneamente para a frente. Mas parando no mesmo lugar assim que a ordem ameaçadora venho:

- Se derem mais um passo, eu mato ele.

- Tudo bem... - Lydia fora a que tomou a palavra, suas mãos levemente erguidas. Ela recebia o apoio de seus amigos que ficaram a todo momento ao seu lado. Sabia que o que tentaria fazer era arriscado, ou impossível, pois tentaria chegar aos sentimentos de alguém que não tinha sentimentos. Ainda assim, o faria, pois estava sofrendo com a imagem que via. - Eu entendo. Você está atacando porque foi atacada. - lembrou-se brevemente da conversa que tivera com James no jardim. - Mas você está fazendo isso por amor. Os olhos não mentem. Você nos culpa pelo o que aconteceu com Noah, mas nós não fizemos nada, Shelby. Nós não queremos nada de você, nem o seu reino, nem a sua coroa... Só queremos viver em paz como humanas. Suas irmãs já estão mortas. Você já conseguiu o que queria. Mas por favor, não precisa machuca-lo. Ele é importante para uma de suas sobrinhas.... Não sei se isso quer dizer algo para você, mas... - precisou muito esforço para que concluísse. - Somos uma família.

A risada rouca e maquiavélica fora instantânea, fazendo todos suspirarem e suas esperanças irem pro fundo do poço. Luce apertou gentilmente a mão de Lydia, dando suporte para que a garota não desanimasse.

- É lindo você achar que eu me importo com a família, sobrinha. Mas sério, fiquei ofendida. Você subestima a minha inteligência achando que pode me deixar comovida.

James estava imobilizado, enquanto sua vida estava em risco, tentava compreender os ocorridos até ali. Mas nada daquilo fazia muito sentindo. Sereias... Magia... Mas só o que ele conseguia pensar era que não queria que aquela mulher machucasse ela, sendo uma sereia ou não, ele não conseguia esquece-la.

Os amigos dele estavam ali, observando tudo com o mesmo espanto, Luce teve que esconder seu rosto no braço de Luca, desviando o olhar. Porque a cena de violência era forte demais para ela. Sua mão segurava a mão de Lydia, Rebeka também segurava a mão da garota, Eduardo um pouco mais afastado do grupo, tentava encontrar uma forma de tirar seu amigo playboy daquela situação. Depois surtaria com todas as descobertas, primeiro tinha que se certificar de que todos sairiam daquela escola a salvo.

- Diga adeus para o seu verdadeiro amor, querida. - o sorriso era diabólico. Mas o pior era o movimento que ela fez, movendo aquele punhal de forma a deixar claro que o mataria mesmo. Não era brincadeira. Em segundos aquilo rasgaria a garganta de James e a cidade de Magic City, perderia o seu astro.

A noção de que ela não veria nunca mais, de que o seu babaca morreria, lhe causou um medo tão grande que desencadeou algo dentro de Lydia. Soltando as mãos de suas melhores amigas e primas, ela deixou sair de dentro de si um poder avassalador. Suas palmas liberaram duas espécies de raios que na velocidade da luz chegaram até Shelby, atingindo a rainha dos oceanos no coração e levando ela ao chão, inconsciente. Os homens que lhe acompanhava também caíram.

James caiu, tossindo, seus dois amigos correram até ele. Lhe ajudando. Logo os três ergueram levemente seus olhos, encarando três meninas esplêndidas, mas elas não eram apenas garotas bonitas, eram sereias poderosas. E a forma que aqueles três humanos lhe olharam, lhes fizeram entender que havia muito que a humanidade precisava saber sobre os seus mundos

- Se acomodem rapazes. - Rebeka sorriu. - Eu vou lhes contar uma história.

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