Monótono

By Mary_baby

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Resumo Wei Wuxian morreu. Wei Wuxian morreu e ele nunca voltou, não depois de treze anos, ou cem, ou mil. O... More

Capítulo 1: Calma
Capítulo 2 : Chance
Capítulo 3: Algo
Capítulo 4 : Canção de Ninar
Capítulo 5 : Nebuloso
Capítulo 6 : Dourado
Capítulo 7: Congelado
Capítulo 8 : Vidro
Capítulo 9 : Humano
Capítulo 10: Fratura
Capítulo 11: Despedaçar
Capítulo 12: Sozinho
Capítulo 13: Mais fácil
Capítulo 14: Instável
Capítulo 15: Clareza
Capítulo 16: Borboletas
Capítulo 17 : Corroer
Capítulo 18 : Brasas
Capítulo 19: Virada
Capítulo 20: Tempestade
Capítulo 21: Nada
Capítulo 23: Redefinir
Capítulo 24: Encerramento
Capítulo 25: Reinicie
Capítulo 26: Monótono
Capítulo 27: Amanhã
Capítulo 28: Casa
Capítulo 29: Pandemônio
Capítulo 30: Caleidoscópio
☆ Surpresa ☆

Capítulo 22: Salvação

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By Mary_baby

Traduzido e revisado pela fujoshipqsim

Wangji dirige para o apartamento de Wei Ying o mais rápido possível. É quase meia-noite e as ruas estão assustadoramente silenciosas, mas seus pensamentos são um caos sem fim. Wei Ying mandou uma mensagem para ele. Wei Ying mandou uma mensagem para ele e perguntou se eles poderiam conversar. Parte de Wangji está aliviada por não estar fugindo, embora a outra parte já esteja com medo do que o confronto levará.

Ele terá que contar tudo a Wei Ying. Não há como evitá-lo agora.

Wei Ying se lembra... até que ponto Wangji não sabe - mas Wei Ying está ciente de alguma coisa, mas não sabe o suficiente para ele o deixar. Não ainda. O fato de ele ter pedido para falar pessoalmente com Wangji deve ser um alívio.

Deveria ser. Em vez disso, Wangji sente que algo tomou conta de seu coração e este parou de bater desde então.

Assim que ele chega do lado de fora do prédio, ele não fica surpreso ao encontrar o segurança dormindo na entrada. O Complexo Enterro é um edifício tão antigo que ainda não instalou a mesma tecnologia que o apartamento de seu irmão. Wangji lembra que é necessário um cartão para entrar no apartamento de Xichen, mas o de Wei Ying é apenas uma entrada guardada por um homem - que geralmente está sempre dormindo.

Ele estreita os olhos para o guarda enquanto passa, entrando no prédio. Ele irá se preocupar com a falta de segurança desses apartamentos mais tarde. Por enquanto, ele rapidamente se dirige ao apartamento de Wei Ying.

É quase meia-noite. Os corredores estão escuros, vazios, como se estivessem abandonados. Ninguém está acordado aqui. Ele é o único fantasma por este lugar, procurando o apartamnto em que Wei Ying reside. Wangji acelera seus passos assim que vê a porta trinta e três. Wei Ying está lá, esperando.

Ele para em frente a ela. É só agora que ele percebe que a porta já está aberta.

Franzindo a testa, Wangji bate suavemente.

Não há resposta.

Sua carranca se aprofunda.

"Wei Ying?" Ele chama, lentamente abrindo a porta. Está quieto, tão quieto quanto o corredor inteiro e a noite adormecida. Quando ele olha para dentro, não há ninguém na sala de estar. Wei Ying está longe de ser visto.

"Wei Ying?" Wangji chama novamente, mais alto. "Sou eu."

Silêncio. Não há nada além do aumento gradual de seu próprio pulso.

Não é como se Wei Ying tivesse o chamado para cá só para não atendê-lo. Wangji olha em volta da sala, ainda tentando ouvir algo. A televisão está desligada. O telefone de Wei Ying está no chão, ao lado da mesa.

Algo não está certo. A mesa está inclinada, quase como se tivesse sido empurrada para o lado. Wei Ying não deixaria sua porta aberta, especialmente se ele não estivesse dentro de seu apartamento. Onde ele está?

Wangji se vira, examinando o ambiente. Ele poderia revistar os outros cômodos - talvez Wei Ying esteja apenas dormindo, sem saber que deixou a porta aberta. Talvez ele esteja pensando demais. Possivelmente.

Antes que ele possa dar um passo em direção ao quarto de Wei Ying, ele vê uma mancha de cor forte no canto dos olhos. Vermelho.

Ali, atrás da porta, há uma mancha de vermelho.

Sangue.

Wangji congela. Seus olhos estão fixos no vermelho, tão brilhante contra a madeira. Sangue.

Wei Ying.

Tudo corre. Ele está correndo para os outros quartos, batendo cada porta aberta e chamando por ele. Não há nada, nenhum som, não há Wei Ying lá dentro para dizer a ele que está tudo bem. O apartamento inteiro está vazio. Wei Ying não está aqui. Onde ele está? O que aconteceu? Onde ele está?

No fundo de sua mente, ele se lembra do que seu irmão disse. No início desta noite, ele havia sido atacado por um grupo de homens desconhecidos.

Poderia ser...?

O medo agarra-o, agitando suas tripas até que ele se sinta doente. Ele não sabe o que está acontecendo ou o que deveria fazer. Wangji aperta a cabeça, tentando pensar.

Ele pode chamar a polícia - mas o que eles farão? Wei Ying está em perigo e o pensamento de confiar sua vida a estranhos não lhe dá nenhum conforto. A polícia é apenas humana. Wangji encontrará Wei Ying ele mesmo. Ele deve.

O que está acontecendo? Wangji luta para juntar tudo. Esta semana, Wei Ying tem agido de forma estranha, muitas vezes tirando proveito ou evitando-o completamente. Ele encontrou Suibian e o retrato no sótão de Wangji, mas agora ele de alguma forma foi levado - por quem exatamente? E porque?

Ele está perdendo tempo tentando encontrar respostas. Wangji sai correndo do apartamento, pegando o telefone. Seu irmão é a única pessoa a quem ele pode pedir ajuda.

Xichen atende imediatamente. Wangji volta para o carro e liga o motor, procurando o volante enquanto seu coração bate mais alto que a voz de seu irmão.

"Irmão, preciso de sua ajuda", diz ele. "Eu estou indo para o seu apartamento."

Há uma pausa e depois: "Espere, eu vou descer em breve."

Eles desligam. Em momentos como este, Wangji agradece que seu irmão possa lê-lo com tanta facilidade, mesmo quando eles não estão cara a cara. Ele dirige o mais rápido que pode, olhos fixos na estrada, mas seus pensamentos correndo em círculos. Sua mente está girando para baixo e tudo em que ele consegue pensar é que alguém pegou Wei Ying. Alguém pegou Wei Ying e Wangji não sabe quem ou por quê. Wei Ying está em perigo. Ele estava atrasado. Ele não estava lá para protegê-lo. Ele estava muito atrasado novamente.

Wangji acelera ainda mais o carro. Não. Ele encontrará Wei Ying. Não importa o quê, ele o encontrará. Ele deve.

Seu irmão já está esperando no estacionamento quando ele chega. Wangji sai correndo do carro. A confusão e preocupação no rosto de seu irmão pouco ajudam a confortá-lo.

"Irmão, ele se foi", diz ele. Ele se foi.

Xichen agarra seu ombro. "Wangji, o que há de errado?"

Tudo.Tudo deu errado.

"Wei Ying. Ele sabe. Ele encontrou Suibian e o retrato."

"Ele fugiu?"

Ele balança a cabeça. "Não... eu não sei. O apartamento dele... havia sangue. Alguém o levou."

Alguém deve ter levado ele. Wei Ying pediu para se encontrar. Ele não desapareceu de repente. Não haveria sangue em seu apartamento a menos que algo acontecesse. É a única explicação.

O irmão dele faz uma careta. O aperto que ele fez sob o ombro afrouxa. "Você tem certeza?"

"Eu não mentiria sobre isso."

Deixando-o ir, Xichen suspira. "Eu sei."

"Preciso encontrá-lo, mas não sei... não sei onde. Não sei como."

Por que alguém iria querer tomar Wei Ying? E porque? Até onde Wangji sabe, Wei Ying não fez nada nesta vida para irritar alguém nessa extensão. Se Wangji soubesse quem , ele poderia começar daí e encontrá-los.

Xichen mantém o queixo pensativo. "Os ataques das gangues... Mas por que eles atacariam Wei Wuxian?"

Seu irmão disse que os ataques de gangues foram aleatórios, que ocorreram nas ruas. Não havia padrões para eles; apenas que eles eram irracionais e espalhados ao longo dos meses. Mesmo se eles fossem os responsáveis por isso, o que há de tão especial em Wei Ying que eles o procuraram pessoalmente? O que Wei Ying fez?

Todas essas perguntas são irritantes. É como se a resposta estivesse lá, diante de seus olhos, mas ele não pode entender todas essas peças expostas diante dele. Ele pensa em todas as conversas com Wei Ying; todo sorriso e riso com que ele agraciou Wangji. Eles passaram inúmeras noites conversando, aninhados nos braços um do outro enquanto Wei Ying conta histórias que seus pais uma vez compartilharam com ele quando criança.

Wei Ying raramente contava histórias sobre sua própria vida. Wangji estava disposto a esperar. Ele não queria forçar Wei Ying a compartilhar algo que só lhe causaria dor.

Mas há algo que Wei Ying compartilhou com ele. Foi durante o encontro deles na América. Eles estavam no parque, e Wei Ying confiou em Wangji o suficiente para contar a ele sobre a morte de seus pais.

"Os pais de Wei Ying foram mortos por intrusos", diz ele em voz baixa.

As sobrancelhas de Xichen sulcam. "O que você quer dizer?"

"Quando ele tinha seis anos... Ele disse que seus pais foram assassinados em sua própria casa. Os intrusos nunca foram pegos."

Isso não poderia significar nada. Wangji não conhece os detalhes por trás da morte dos pais de Wei Ying, mas as circunstâncias que os cercam são muito suspeitas para serem desconsideradas. Pode ser uma coincidência, é claro, e as pessoas que mataram os pais de Wei Ying não são as mesmas que o levaram - mas -

Wangji balança a cabeça, frustrado consigo mesmo. "Eu preciso encontrá-lo", diz ele.

Ele se vira. Seu irmão agarra seu braço antes que ele possa dar um único passo.

"Wangji, espere! Onde você vai?"

Ele não sabe. Ele não sabe para onde deve ir ou por onde deve começar.Tudo o que ele sabe é que Wei Ying está lá fora e ele deve encontrá-lo. Ele não pode perder tempo aqui, fazendo perguntas que ninguém responderá.

"Eu preciso encontrar Wei Ying", ele diz novamente.

O aperto em seu braço aperta. O rosto de Xichen o lembra de uma época que ele pensava ter esquecido. Milhares e milhares de anos atrás; naquele mesmo dia, seu irmão disse que Wei Ying havia morrido. Wangji se recusou a ouvir a razão. Não importa o quanto seu irmão tentasse detê-lo, ele deixou Gusu e correu para o Monte do Enterro, em busca de Wei Ying.

Ele não pode deixar isso acontecer novamente. Wangji range os dentes e tenta soltar seu braço do aperto.

Ainda assim, Xichen não desiste. "Você sabe onde ele está?" Ele exige. "Não podemos nem ter certeza de quem o levou!"

Ele odeia o raciocínio que seu irmão pode conjurar em um momento como este. Quando se trata de Wei Ying, todo o senso comum abandona Wangji. Ele não liga para mais nada.

"Não posso perdê-lo novamente", diz ele. Sua voz treme e treme. É preciso toda a sua força para compor o pouco de sanidade que lhe resta. "Irmão, eu não posso."

"Perder quem?"

Outra voz se junta a eles. Wangji endurece, seus olhos piscando sobre o ombro de seu irmão. Ele não percebeu o carro que estava estacionado naquele momento, nem o homem que saiu. Ele aperta os punhos, encontra olhos azuis de aço que apenas se estreitam para ele.

Jiang Cheng se aproxima, franzindo a testa para os dois irmãos. Ao vê-lo, Xichen solta Wangji e solta um suspiro que parece cansado.

"Jiang Cheng."

Jiang Cheng o ignora. Ele acena com a cabeça para Wangji. "Eu ouvi você falando sobre Wei Ying. O que aconteceu?"

Wangji não responde. Ele olha para o irmão, avaliando sua reação. Como ele, Xichen está calado. Seu olhar está fixo no chão, como se estivesse tentando ao máximo não olhar para Jiang Cheng.

"Eu te fiz uma pergunta! O que aconteceu com Wei Ying?"Jiang Cheng exige. Em menos de um segundo, sua voz sobe e ecoa através do estacionamento. Wangji não deixa passar despercebido o jeito que seu irmão estremece.

Como na vida anterior, o relacionamento de Wei Ying com seu irmão adotivo é tenso. Wangji reluta em contar qualquer coisa a Jiang Cheng. Ele nunca esqueceu que foi ele quem liderou o cerco para matar Wei Ying. Depois, dedicou a vida inteira caçando cultivadores demoníacos, deixando seu ódio consumi-lo até que ele não fosse mais nada.

Wangji não confia em Jiang Cheng. Ele nunca confiou.

Como se lesse seus pensamentos, Xichen olha para cima e coloca a mão em seu ombro. "Wangji, está tudo bem. Ele pode ajudar." Suspirando, Xichen enfrenta Jiang Cheng. "Acreditamos que ele foi levado."

A carranca no rosto de Jiang Cheng se aprofunda. Seus olhos azuis são brilhantes, penetrantes. "O que você quer dizer com levado?"

Wangji olha para ele e deixa de lado seus rancores. Ele não sabe como é Jiang Cheng nesta vida. Se seu irmão confia nele, isso é suficiente. Ele não pode perder tempo agora.

"Ele me ligou pedindo para encontrá-lo hoje à noite", responde Wangji. "Quando cheguei, ele não estava lá... Havia sinais de luta no apartamento dele. E sangue."

Ele espera que Jiang Cheng exija mais respostas, talvez o acuse de mentir. No entanto, tudo o que ele faz é respirar estremecendo, cambaleando para trás.

"Precisamos contar ao chefe Nie", diz ele. Em segundos, ele está correndo de volta para o carro. Xichen segue atrás dele, poupando um olhar por cima do ombro para acenar para Wangji.

Sem saber o que mais resta para ele fazer, Wangji os segue.

- x -

Eles seguem Jiang Cheng até a delegacia. Ele é como uma tempestade; ele bate as portas com força e leva os dois irmãos mais fundo na delegacia, ignorando os outros oficiais que exigem saber o que ele está fazendo. Faz muito tempo desde que Wangji esteve aqui. Ele se lembra de que um de seus primeiros encontros com Wei Ying terminou com a necessidade de ir à delegacia para resgatar Xichen... Parece uma vida diferente agora.

"Você voltou", diz um dos oficiais a Jiang Cheng.

Jiang Cheng mal o olha. Ele examina a estação com um olhar. "Onde está o chefe? Ele ainda está aqui? Eu preciso falar com ele."

O oficial aponta um dos corredores. "Ele está conversando com o suspeito agora."

"Onde?"

"Eles o trancaram nas celas por segurança. O suspeito é..."

Jiang Cheng não espera que ele termine sua frase. Ele corre pelo corredor, seguido por Wangji e Xichen. Apesar dos olhares confusos dos outros oficiais, eles não se atrevem a detê-los, não quando está óbvio que Jiang Cheng destruirá alguém se eles tentarem fazê-lo.

Wangji vê o relógio passar correndo. Ele para por um segundo. São quase meia noite e meia. Eles estão perdendo tempo. Ele corre mais rápido.

Jiang Cheng invade uma sala. Lá dentro, Nie Mingjue está parado na frente de uma porta, com o brilho no rosto o suficiente para rivalizar com o de Jiang Cheng. Ele recua com a súbita intrusão, os olhos piscando entre os três que acabaram de entrar. Esta sala é pequena e claustrofóbica; as paredes são cinza sombrias e estão vazias, exceto por uma porta e uma cadeira solitária ao lado. Wangji acha que a porta leva a uma cela.

"Jiang Cheng! Por que você voltou? "Nie Mingjue exige. "Quem te disse que você poderia entrar aqui ?! E por que eles estão aqui?"

"Houve outro ataque", responde Jiang Cheng. É o suficiente para responder todas as perguntas.

O olhar de Nie Mingjue recua. Atrás dele, Wangji vê seu irmão lentamente fechar a porta, trancando todos eles no silêncio desta pequena sala. Há um relógio na parede que também bate, muito alto. A cada segundo que passa, Wangji pensa em Wei Ying, sozinho, em perigo.

"Outro ataque? Sobre quem? "Nie Mingjue pergunta.

"Meu irmão. Wei Ying."

Nesse momento, uma risada repentina interrompe a voz de Jiang Cheng. Ela vem de dentro das celas e ecoa, zombando de Wangji, à medida que se torna cada vez mais alto. Ele aperta os nós dos dedos até ficarem brancos como osso, tentando ver quem está dentro pela pequena janela da porta.

É um jovem, talvez não tenha mais que vinte anos. Seu cabelo está preso em um rabo de cavalo e ele se recosta na cama sem se importar com o mundo, ainda rindo.

Xue Yang, ele se lembra. Xue Yang era o suspeito que a polícia levou para interrogatório.

"Eles finalmente fizeram isso, hein?" Xue Yang diz. Sua risada diminui em sorrisos. A diversão em seus olhos é suficiente para provocar uma raiva dentro de Wangji que surpreende até a si mesmo. Ele fecha os dedos em punho, resistindo à vontade de atacar a porta e exigir respostas. Não ajuda que ele possa ver a pura diversão nos olhos de Xue Yang, mesmo de dentro dessa cela.

Ele sabe alguma coisa. Ele sabe algo que Wangji não sabe.

"Eles?", Wangji repete.

Nie Mingjue também se vira para a porta, batendo com o punho na superfície metálica. "Explique-se!" Ele grita.

O temperamento do homem não faz nada para afetar Xue Yang. Ele se recosta, cruzando os braços atrás da cabeça. Mais segundos são desperdiçados quando ele se recusa a responder à pergunta, apenas cantarolando uma música sem sentido no ar.

Agora, Jiang Cheng também está encarando a porta. "O que Wei Ying tem a ver com essa gangue? O que está acontecendo!"

Xue Yang encolhe os ombros. "Por que você está me perguntando? Estou apenas seguindo ordens."

Xichen suspira. "De quem?"

Mais silêncio. Xue Yang se senta e há um sorriso em seus lábios. Isso tudo é um jogo para ele, uma piada, e os três estão jogando direto nas mãos dele. Wangji odeia o quão inútil ele se sente, sabendo que Xue Yang poderia ter todas as respostas necessárias para encontrar Wei Ying, e tudo o que ele pode fazer agora é esperar.

"Quem é o seu líder? Quem ordenou que você realizasse esses ataques?" Xichen pergunta novamente.

Xue Yang sorri. "Wen Ruohan."

Nie Mingjue está batendo com o punho mais uma vez na porta. "Aquele desgraçado!" Ele ruge. Cada batida de seus punhos faz tremer o relógio na parede. "Ele é o responsável por esses ataques?"

Antes que alguém possa responder, Nie Mingjue se enrijece. Ele se ergue, soltando a porta como se tivesse acabado de perceber alguma coisa.

"Huaisang está com ele agora. Eles vão participar de uma premiação hoje mais tarde."

Mais uma vez, Xue Yang ri. "Por que você acha que Wen Ruohan está tão interessado em trabalhar com seu irmão?"

Em um instante, Nie Mingjue se lança à porta, gritando uma série de maldições que podem acordar a noite. Xichen passa por Wangji para se agarrar ao homem enfurecido. Demora um pouco para Nie Mingjue parar de lutar. Ele encolhe os ombros de Xichen com um grunhido descontente.

"O que Wen Ruohan poderia se beneficiar disso?", Pergunta Xichen. Sua voz é calma, calma, em comparação com todos os outros. "Que tipo de homem é Wen Ruohan?"

"Ele sempre esteve por aqui", diz Nie Mingjue. "Com a quantidade de dinheiro que ele tem, ele se destacou com celebridades e tudo isso. Meu pai desconfiava de onde ele conseguira todo o dinheiro... mas morreu antes que pudesse questioná-lo."

"Você nunca falou com Wen Ruohan? Ou deu a ele algum motivo para atacar você?"

"Me atacar? Você está dizendo que ele está usando o Huaisang para me atacar? Você sabe de alguma coisa?"

Ele exige a última pergunta, mas não recebe resposta de Xichen. Impaciente, ele se vira para Jiang Cheng, que rapidamente evita seu olhar. Ninguém diz uma palavra. A tensão nesta sala é sufocante.

Wen Ruohan, Wangji pensa. Wen Ruohan está por trás dos ataques. Não deveria ser uma surpresa, considerando como ele estava no passado - mas quais são suas razões agora? A vida é tão previsível que seus vilões se recusam a mudar?

Wei Ying não mudou. Sua vida pode ser diferente agora, mas ele ainda é o mesmo Wei Ying que Wangji se apaixonou há milhares e milhares de anos atrás. O mesmo rosto e a mesma personalidade - apenas sem as lembranças de sua vida passada.

Ou... Wangji faz uma careta. Ele olha para o chão, vendo outra visão completamente. Wei Ying mostrou sinais de que ele pode ter algumas lembranças de sua vida passada. Wangji não sabe o quanto se lembra, mas tem certeza de que as memórias de Wei Ying de antes não foram todas esquecidas. Alguma parte dele, no fundo, sabe.

Se Wei Ying é capaz de lembrar, então... não é o mesmo para os outros também? Ele olha de volta. Seu olhar oscila entre Nie Mingjue e Jiang Cheng, imaginando se eles tiveram vislumbres em suas vidas passadas. Ao lado deles, seu irmão também está olhando para o espaço.

Wangji se lembra da conversa deles algumas horas atrás. Esta noite está passando rápido. Wei Ying não é a única pessoa que foi atacada, seu irmão também foi atacado, não foi?

Hoje à noite. Xichen foi atacado hoje à noite, pela mesma gangue da qual Wen Ruohan é supostamente o líder.

Lentamente, Wangji vê uma peça de um quebra-cabeça que ele ainda não considerou. Ele respira fundo.

"Irmão..." ele chama. Xichen olha para cima, erguendo uma sobrancelha para ele. "Você disse que viu Wen Ruohan mais cedo."

"Sim?"

"Coincidentemente, você foi atacado na mesma noite pela quadrilha."

Os olhos de Xichen se arregalam.

Se Wen Ruohan é realmente quem orquestrou esses ataques, quais são as razões para atacar seu irmão - depois que ele o viu pela primeira vez? Xichen, até onde Wangji sabe, nunca havia conhecido esse Wen Ruohan antes. Wen Ruohan não tinha motivos para mirá-lo. Não nesta vida. Não se ele não se lembrasse de nada.

Jiang Cheng se vira para Xichen. "Você está dizendo que Wen Ruohan estava mirando em você?"

O irmão dele não responde. Ele ainda está olhando para Wangji. Nada precisa ser dito entre eles; Wangji sabe que entende completamente o que está tentando sugerir. Xichen pode ser um especialista em ler seus pensamentos, mas Wangji acha que ele também é bom em entender a maneira como seu irmão pensa. O Wen Ruohan original morreu por causa da Tríade Venerada. Todos, em todo o mundo da cultivação, conheciam a extensão do orgulho e da crueldade de Wen Ruohan.

Se ele ainda é o mesmo e se lembra, não há dúvida de que ele procuraria os responsáveis por sua morte passada. Xichen, Nie Mingjue e Jin Guangyao fizeram parte da Tríade Venerada. Embora tenha sido Jin Guangyao quem matou Wen Ruohan, os três foram as figuras proeminentes da campanha que finalmente acabaram com os Wens.

"Que porra está acontecendo?!" Nie Mingjue exige.

Xichen ainda não olha para cima. "Meng Yao trabalha para Wen Ruohan, não é?" Ele continua no silêncio, suas palavras lentas e cautelosas. "Você tem contado a Meng Yao sobre sua investigação esse tempo todo."

Jiang Cheng respira fundo, percebendo algo. "Meng Yao estava lá quando Xiao Xingchen foi atacado."

A raiva nos olhos de Nie Mingjue é mais contida, como se ele estivesse lutando para juntar as peças. Seus punhos se apertam gradualmente e ele resmunga baixinho, balançando a cabeça.

"Aquele bastardo. Você está me dizendo que ele também está por trás disso? Ele estava tentando se aproximar de Huaisang e de mim o tempo todo!"

O olhar de Xichen cai no chão. "Ou ele pode ser inocente."

Wangji faz uma careta.

"Meng Yao idolatra Wen Ruohan. Ele pode nem estar ciente de que seu próprio gerente é o líder por trás desses ataques-"

"Irmão!" Wangji interrompe. Seu irmão já havia sido enganado por Jin Guangyao antes - certamente ele não pretende cometer o mesmo erro? Na sua voz, Xichen se encolhe e olha para ele, um pedido de desculpas silencioso em seus olhos. Bondade é a maior característica de seu irmão e também sua maior falha. Ele vê o bem em todos e permite que ele cegue o engano deles.

"Eu sei", murmura Xichen. "Ou... eu... eu não sei." Ele balança a cabeça, evitando o olhar de Wangji.

Wangji verifica a hora novamente. Quase quinze para uma.

Nada disso responde à pergunta de onde Wei Ying poderia estar. Mesmo que Wen Ruohan se lembre, ele iria ao ponto de seqüestrar Wei Ying também? É possível, mas...

"Wen Ruohan tem filhos?" Wangji pergunta calmamente.

"Sim", responde Nie Mingjue. "Dois filhos; Wen Chao e Wen Xu."

Wen Chao.

Se houver alguém que queira prejudicar Wei Ying, seria Wen Chao.

Não importa o quanto Wangji tente respirar, seu peito está pesado de medo e pavor. Ele dá um passo em direção ao irmão.

"Irmão, eles lembram", diz ele. "Todos eles sabem."

Os Wens levaram Wei Ying. Eles também poderiam estar por trás da morte de seus pais - mas se sim, por que eles esperaram até agora para levá-lo? Eles queriam esperar até que ele fosse mais velho?

"Eles lembram o que? Expliquem-se! Você sabe algo que nós não sabemos?!"

A voz de Nie Mingjue não passa de ruído distante. Wangji enfrenta a porta da cela de Xue Yang, segurando sua maçaneta. Lá dentro, Xue Yang olha para ele, entediado.

"Onde está Wen Ruohan? Wen Chao estará com ele?" Wangji pergunta, odiando a expressão vazia nos olhos de Xue Yang. Xue Yang sempre desconsiderou a vida humana. Mesmo naquela época, ele matou cruelmente uma seita inteira e riu sobre isso. Contar com ele para obter respostas é uma aposta. As palavras que saem dele podem muito bem ser uma armadilha.

Mas esta é a única opção que Wangji tem para conseguir encontrar Wei Ying. Se é uma armadilha, que assim seja. Ele encontrará Wei Ying, mesmo ao custo de sua própria vida.

Ele agarra a porta com mais força. A única resposta de Xue Yang às suas perguntas é um sorriso irritante. "Onde. Ele. Está?"

Bocejando, Xue Yang cai de volta na cama e chuta os pés no ar. "A cidade sem noite", diz ele.

Jiang Cheng faz uma careta. "Aquele cassino em Qishan?"

Xue Yang boceja pela segunda vez. Wangji não espera que ele responda novamente. Ele gira e se dirige para a saída.

Uma mão enrola em seu braço, puxando-o para trás.

"Wangji, espere! Você pretende ir sozinho?" Xichen o segura. Seus dedos apertam o braço de Wangji quando ele tenta se afastar, encarando a saída à sua frente.

"Eu preciso encontrá-lo", diz Wangji. Ele se vira para encarar Xichen, encontrando olhos escuros que são tão teimosos quanto os dele.

Xichen balança a cabeça. "Eu sei - mas apenas espere!"

"Eu preciso encontrá-lo."

Por todos os anos em que existiram, os dois irmãos sempre guardaram as costas um do outro. Em um mundo que não entendia mais a imortalidade, não havia mais ninguém para protegê-los, a não ser o outro. Nenhum dos dois desfrutou do eterno ciclo da vida; assistindo seus entes queridos morrerem novamente, e novamente, e novamente, esperando por um fim que nunca chegou. Eles raramente conversavam sobre seus sentimentos em relação a suas vidas, mas Wangji sabia que seu irmão era tão solitário quanto ele. Ambos estavam perdidos em um mundo em que viveram por muito, muito tempo.

E ainda assim, eles viveram, porque era tudo o que podiam fazer. Eles haviam perdido muito, mas se recusaram a se perder.

Aquilo foi antes, isto é agora. Wangji sabe que seu irmão fará tudo ao seu alcance para tentar impedi-lo de fazer algo imprudente - mas isso é agora. Este é agora, e este é Wei Ying . Nada mais importa em comparação.

Como sempre, seu irmão lê todos os pensamentos que lhe passam pela cabeça. Xichen fecha os olhos e suspira, cansado. "Eu entendo que encontrá-lo é urgente, mas-"

"Eu não vou perdê-lo novamente. Não posso."

"Não seja imprudente. Precisamos pensar nas coisas!"

Wangji tenta desvencilhar seu braço pela segunda vez. O aperto de seu irmão é forte, mas ele escorrega o suficiente para Wangji se libertar.

"Estamos perdendo tempo. Eu preciso encontrar Wei Ying."

Xichen avança e se agarra a ele novamente.

"Irmão" , Wangji diz entre dentes. "Não me pare."

Pelo canto do olho, ele vê Jiang Cheng e Nie Mingjue observando discretamente a troca de palavras deles. Eles estão confusos, e com razão, esperando que os dois irmãos entendam a conversa. Wangji não perderá tempo explicando a eles; ele tem as respostas que ele precisa. Encontrar Wei Ying é a única coisa que resta a fazer.

"Não sabemos do que Wen Ruohan é capaz!" Xichen diz a ele. "Você não pode ir sozinho."

"Ele é apenas humano", diz Wangji. Mesmo se Xue Yang está mentindo, ele vai encontrar um caminho. Ele não desistirá até Wei Ying estar seguro.

"E o que? Se você o encontrar, pretende invadir? O que você fará se for pego? O que então?"

Wangji pode apenas balançar a cabeça. "Não posso perder Wei Ying novamente", ele diz novamente. Nada mais importa. Ele esperou quase três mil anos para ver um vislumbre do rosto de Wei Ying. Ele não vai - não pode - perdê-lo novamente.

"Do que vocês dois estão falando?" Nie Mingjue se intromete. "Já cansei disso. O que você sabe? Vocês dois estão escondendo alguma coisa!"

Os dois irmãos ficam em silêncio. Eles trocam olhares, procurando no rosto do outro por um sinal do que devem fazer. O aperto de Xichen em seu braço afrouxa, mas pela primeira vez Wangji não se move. Há algo nos olhos de seu irmão que o impede.

Estou começando a pensar que vivemos por muito tempo, Wangji, seu irmão havia dito hoje à noite. É impossível continuarmos vivendo assim.

Mas o que resta para eles? De que outra forma eles deveriam viver?

Xichen o solta. Ele se vira para Nie Mingjue.

"Meu irmão e eu somos imortais", diz ele. "Estamos vivos há quase três mil anos."

Os olhos de Wangji se arregalam. O choque do que ele acabou de dizer em voz alta o impede de agarrar seu irmão e perguntar por que, por que -

"Do que diabos você está falando? Isso é uma piada pra você?" Nie Mingjue segue em direção a Xichen, tremendo. Xichen se mantém firme e não se encolhe de vista.

Wangji examina rapidamente a sala. Não há câmeras aqui onde eles estão, mas ele não duvida que haja uma na cela de Xue Yang para monitorá-lo. Seu irmão está arriscando tudo o que eles viveram neste momento preciso.

"Pergunte a Jiang Cheng", diz Xichen, apontando para o outro oficial. Ao contrário de Nie Mingjue, Jiang Cheng fica em silêncio. Ele estremece assim que Nie Mingjue se vira para encará-lo. "Fui atropelado pelo carro hoje à noite, mas isso não me afetou. Você viu o capô naquele carro. Eu fui a causa disso."

"Isso é verdade, Jiang Cheng?" Nie Mingjue pergunta.

Jiang Cheng estreita os olhos para Xichen. "Eu... eu..."

"Eu fiz-lhe uma pergunta!"

Xichen se move para ficar entre eles, colocando a mão no peito de Nie Mingjue. "Um dos homens foi esfaqueado com algo por todo o corpo", continua ele. "Eu fiz isso. Eu o esfaqueei com uma espada."

"Você está falando bobagem!"

Xichen abaixa a mão e franze a testa no chão. Wangji deseja que ele olhe para cima. Ele quer implorar ao irmão para parar, sair com ele, encontrar Wei Ying - qualquer coisa - qualquer coisa, menos se expor assim. Eles viveram por muito tempo, muito tempo, para tudo desmoronar agora.

Seus olhos piscam para a saída. Eles precisam ir. Ele precisa ir embora, mas não pode deixar o irmão. Não quando agora há tanto em jogo. Ele está bem se arriscando, porque sabe que, se algo acontecer com ele, Xichen será capaz de escapar junto com Sizhui. Eles ficarão bem sem ele.

Que hipócrita ele é. Ele não hesita em procurar perigo e fica irritado quando seu irmão tenta impedi-lo. Agora que Xichen está se arriscando também, Wangji acha que ele é louco. Eles realmente são as Duas Jades de Lan.

Como ele, Xichen não pode ser parado quando ele pensa em algo. Ele encontra o olhar inabalável de Nie Mingjue e convoca sua espada.

Shuoyue aparece em um piscar de olhos. Ela brilha na mão de Xichen, cercada de energia que dança ao seu redor como vaga-lumes azuis. Ao redor deles, a pequena sala é transformada com um brilho espiritual que parece bonito, calmante, mas tudo o que faz é encher o peito de Wangji com agulhas.

Nie Mingjue cambaleia de volta. Jiang Cheng olha para Xichen como se doesse vê-lo.

Xichen abaixa Shuoyue com um suspiro cansado. "Chefe Nie, você acredita em vidas passadas?" Ele pergunta. "Você acreditaria em mim se eu dissesse que te conhecia antes? Você era o líder de uma seita, e nós... éramos irmãos jurados, junto com Meng Yao - ou Jin Guangyao como ele era conhecido na época. "

Nie Mingjue balança a cabeça. "O que...?"

"Houve uma guerra. Todas as seitas se reuniram para acabar com a seita Qishan Wen. Nós três... Trabalhamos juntos para matar Wen Ruohan - bem, Jin Guangyao o matou." Um sorriso amargo aparece nos lábios de Xichen. "Se há uma chance de que Wen Ruohan agora se lembre, então... é compreensível por que ele estaria tentando nos atingir."

"O que isso tem a ver com Wei Ying?", Diz Jiang Cheng. "Seja lá o que diabos... vocês dois são... Por que Wei Ying está sendo arrastado para isso?"

Wangji encontra sua voz novamente. "Wen Chao." Ele cospe o nome como se fosse ácido.

"O filho de Wen Ruohan, Wen Chao..." Xichen murmura. "Ele foi brutalmente assassinado por Wei Ying em sua vida passada."

Jiang Cheng zomba, mas não alcança seus olhos. "Por que Wei Ying mataria alguém?"

"Wen Chao matou seus pais naquela época", responde Xichen, em voz baixa.

Jiang Cheng se encolhe como se tivesse sido atingido. Wangji lembra que Wei Ying disse a ele que Jiang Fengmian e Yu Ziyuan também estão mortos nesta vida. Quão cruel é esse destino por se repetir dessa maneira.

"Então, você está me dizendo que você e seu irmão estão vivos há milhares de anos..." Nie Mingjue diz lentamente. "E Wen Ruohan, de alguma forma, lembra que uma das minhas vidas passadas estava envolvida em sua morte há tantos anos atrás?"

Xichen esconde Shuoyue de volta em sua manga. A sala volta ao seu sombrio cinza, quase como se o momento tivesse sido um sonho simples. "Eu não espero que você acredite em mim, mas se minha teoria estiver correta, então..." Ele respira fundo, calmamente olhando Nie Mingjue nos olhos. "Wen Ruohan está usando Huaisang para atrair você. Ele também pode ter orquestrado esses ataques para irritá-lo ainda mais."

"Você é louco."

"Chefe Nie. Sei que não lhe dei razão para confiar em mim agora... Mas eu não mentiria para você."

Segurando a cabeça, Jiang Cheng dá um passo à frente com a carranca habitual gravada no rosto. "Como recuperamos Wei Ying?", Ele pergunta. "Eu não ligo para o que aconteceu em suas vidas passadas. Não é isso que importa. Wei Ying não fez nada aqui e você está dizendo que ele foi sequestrado por algo que aconteceu em outra vida?"

Nada brilha na expressão de Wangji para trair o choque que ele sente pelas palavras de Jiang Cheng. Ele parece estar aceitando a noção de que realmente existem vidas passadas, além de deixar de lado seus sentimentos em relação a Wei Ying. Wangji relembra todos os rumores anteriores que ouviu sobre Jiang Cheng; que ele torturou cultivadores demoníacos e não permitiu que deixassem o Pier Lotus, que passou todos os dias de sua vida ressentindo-se de Wei Ying, permitindo que aquilo o torcesse e o destruísse até que muitos especulassem que ele morreu de desvio de QI.

Wangji se pergunta se, no fundo, Jiang Cheng só queria encontrar Wei Ying pelas mesmas razões agora; para garantir que ele esteja seguro, que ele esteja em casa.

Ele encontra os olhos de Jiang Cheng. "Eu o encontrarei."

A carranca em seu rosto não vacila. "Por você mesmo? Isso é estupido. Você pode ser imortal ou o que diabos você deveria ser - mas você sabe o quão grande é a gangue de Wen Ruohan? Você matará Wei Ying e Huaisang se for sozinho."

Xichen descansa a mão no ombro de Wangji. "Eu vou com ele."

Wangji olha para o irmão, surpreso.

Jiang Cheng cruza os braços. "Dois de vocês dificilmente vai mudar alguma coisa."

Ele está errado. São dois imortais que viram tudo o que este mundo teve a oferecer. No passado, eles foram expostos. Eles enfrentaram vilas inteiras de humanos supersticiosos que desejavam matá-los por medo. Eles correram e desapareceram ao vento, escondendo-se até todos que os conheciam desaparecerem para a história. Eles lutaram e mataram, deixando de lado as regras dos recessos da nuvem para permanecerem vivos.

Quando eles eram jovens e mortais, todo cultivador sonhava em alcançar a imortalidade. Esse poder daria a você tudo que seus maiores sonhos jamais poderiam imaginar - e eles estavam errados. A imortalidade deu aos irmãos poder suficiente para segurar este mundo em suas mãos, mas lhes roubou tudo o mais. A imortalidade muda tudo.

"Você não sabe nada", diz Wangji.

Os olhos azuis de Jiang Cheng estão frios, jogando punhais em sua direção. Wangji não se mexe.

Um gemido frustrado rompe o ar. Nie Mingjue se vira para a porta da cela de Xue Yang, espiando pela janela.

"Como sabemos que você está dizendo a verdade?" Ele rosna. "Por que você está revelando tudo isso?"

De dentro da cela, Xue Yang encolhe os ombros. "Não tenho mais nada a perder."

Sendo essa a única resposta satisfatória que ele receberia, Nie Mingjue resmunga e deixa o suspeito em paz. Ele acena para Xichen, as linhas profundas de sua testa para sempre gravadas em uma careta. "Se isso está certo... Se o que você diz não é besteira completa, os Wens têm dois reféns com eles no momento."

Xichen cantarola em resposta. "Iremos ao cassino."

Jiang Cheng fica mais reto. "Eu vou contigo."

"Jiang Cheng"

"Eu não vou ficar parado e não fazer nada enquanto esses bastardos tiverem meu irmão", interrompe Jiang Cheng, olhando para Xichen.

O cassino... Wangji o viu no noticiário várias vezes. Houve inúmeras disputas por lá, mas isso é esperado em um local onde os gananciosos se reúnem. Agora, faz mais sentido se este também é o lugar que Wen Ruohan usa como sede de sua suposta quadrilha.

Qishan fica a algumas horas de Gusu. Mesmo se eles adotassem um método de transporte mais rápido, como voar, é difícil prever se Wei Ying estará lá.

"E se eles não levaram Wei Ying para o cassino?", Pergunta Wangji. "Ele foi levado apenas agora. Eles podem levá-lo para outro lugar..."

O riso irrompe da cela de Xue Yang. "Wen Chao é um covarde. Ele não enfrentará nenhum de vocês sem a proteção da gangue de seu pai."

Ele ainda está rindo quando Jiang Cheng fala. "Por que você está dizendo tudo isso? Isso é uma armadilha."

Xue Yang descansa de volta em sua cama, sua risada desaparece em um suspiro exagerado. "Talvez sim. Talvez não."

Wangji estreita os olhos. É impossível avaliar o que Xue Yang poderia beneficiar se permitir ser pego de propósito e compartilhar informações com eles. É provável que ele esteja dando informações falsas ou levando-os diretamente a uma armadilha. De qualquer maneira, eles não têm tempo suficiente para pensar em alternativas.

"É a única informação que temos", diz ele, e odeia.

Nie Mingjue passa a mão pelo cabelo curto. Toda a raiva em seu rosto se foi, substituída por uma expressão que o faz parecer mais velho do que ele. "Huaisang foi para Qishan há três dias. Ele ainda está lá agora" ele diz em voz baixa. "Wen Ruohan deve ter pego Meng Yao e ido para Qishan também."

Xichen assente lentamente. "Vi Meng Yao se encontrar com Wen Ruohan."

Virando-se para ele, Nie Mingjue olha para Xichen com um olhar que lança Wangji de volta à Campanha da Queda do Sol. Ele era um homem formidável conhecido por seu temperamento difícil, mas continuava sendo um líder forte de quem muitos dependiam quando mais precisavam dele. Há uma determinação de vidros duros em seus olhos escuros. Sem os cabelos curtos e o uniforme da polícia, Wangji quase pode ver o velho líder da seita Qinghe Nie na frente deles mais uma vez.

"Se você está dizendo a verdade... Você pode me responder uma pergunta?" Nie Mingjue pergunta.

Xichen assente antes de saber qual é a pergunta.

"Você diz que costumava conhecer eu e Meng Yao", diz Nie Mingjue. "Conte-me, Meng Yao pode ser confiável?"

Wangji ouve a respiração aguda que seu irmão assobiar. Ele o observa pelo canto dos olhos, observando como suas mãos se fecham lentamente em punhos.

"Não", responde Xichen depois de um tempo. Ele esconde a careta tarde demais. "Não, ele não pode ser confiável."

A expressão de Nie Mingjue fica sombria. "Nós nos infiltraremos no cassino. Vou ligar para meus homens assim que protegermos os reféns, depois fecharemos o local."

Xichen franze a testa, balançando a cabeça. "Nós? Não, deixe meu irmão e eu..."

"Não me diga para ficar para trás", retruca Nie Mingjue. "Se meu irmão está envolvido em tudo isso, então isso é pessoal."

Wangji lentamente se afasta deles, fixando os olhos na porta. Infiltrar-se no cassino não será difícil. Se, por algum milagre, Xue Yang disse a verdade, será fácil encontrar os Wens. Como Xue Yang estava disposto a fornecer essas informações, não há dúvida de que isso também é uma armadilha - mas o que eles podem fazer para prejudicar Wangji e Xichen? Os Wens morreram na Campanha do Queda do Sol, eles não podem ser imortais. Eles não podem fazer nada com eles.

O maior risco seria se expor. As reações de Nie Mingjue e Jiang Cheng foram contidas, mas não há dúvida de que o pânico se seguiria se as grandes massas do cassino testemunhassem alguma coisa das Jades.

Não importa. Nada importa além de trazer Wei Ying de volta.

"Então está resolvido", diz Xichen. Seu olhar viaja por todos eles, permanecendo por último em Wangji. "Partiremos para o cassino."

Jiang Cheng olha para o relógio na parede. É quase uma da manhã. "Agora?"

Nie Mingjue assente. "Agora."

- x -

A cidade sem noite não dorme. Wen Ruohan se recosta na cadeira, ouvindo o interminável murmúrio de conversa e música. Ele mantém os olhos fixos no copo de vinho em sua mão, observando o líquido ondular enquanto o move para frente e para trás. Seu cassino está tão ocupado agora quanto quando o sol nasce. Todas as noites e todos os dias, as mesmas pessoas se acumulam, desperdiçando suas vidas na esperança vã de ganhar algo muito maior do que elas. Eles nunca o fazem e se destroem com o desapontamento, apenas para voltar no dia seguinte.

Wen Ruohan acha engraçado. É tão fácil controlá-los.

Sempre foi assim. Ele toca os lábios na borda fria do copo, deixando o vinho escorrer pela garganta. Desde jovem, ele conseguia se lembrar de uma vida diferente, muito mais viva do que a que está vivendo atualmente. Quando criança, ele sonhava com mortes brutais, todas causadas por sua ordem. Ele dizia uma palavra e muitos caíam de joelhos ou morriam. Ele sonhava com fogo e sangue, com famílias suplicantes e casas queimadas, e acordava e não sentia nada além de nostalgia. Ele viveu sua vida através de lembranças, não do presente.

Quando ele cresceu, ele entendeu. Ele já havia morrido antes, muito cedo, e ele teve outra chance de ressuscitar das cinzas. Ele reconheceu os rostos que costumava conhecer e os guardou na memória, sem nunca deixar ir. Os anos se passaram. Ele viveu sua vida como qualquer humano faria, mas agitou a loucura de seu passado por dentro. Seus dois filhos voltaram, ingênuos e sem lembranças de suas vidas anteriores. Cimentou ainda mais a crença na cabeça de Wen Ruohan de que ele era especial, de que somente ele era concedido com o privilégio de se lembrar de tudo.

Wen Ruohan não podia ter seus filhos crescendo em um mundo para o qual não estavam preparados. Ele contou tudo a eles: da guerra, de sua casa, das pessoas que os mataram. As mortes, especialmente, ele lembrou. Ele os descreveu como uma história para dormir. Wen Xu havia sido decapitado por Nie Mingjue, e Wen Chao torturado por meses por Wei Wuxian. Como ele, ele encheu a infância com lembranças bárbaras do passado. Eles ouviram, entenderam e, é claro, temeram. Wen Xu cresceu tão insensível e silencioso quanto antes, prestando atenção a cada palavra com vazio nos olhos. Wen Chao estava tão patético como sempre, olhando por trás do ombro a todo custo, caso o Patriarca Yiling retornasse para ele.

Por sorte, Wei Wuxian foi a primeira encarnação que ele encontrou. Ele era apenas criança; jovem demais para causar qualquer ameaça - mas ele estava vivo, e era um lembrete de que toda essa vida era um jogo para Wen Ruohan. Ele queria ver com que facilidade as peças se encaixariam se ele brincasse com elas. Ele viu Wei Wuxian com sua família, vivendo uma vida que parecia tão diferente de seu passado.

Naquela época, ele sabia que Wei Wuxian era órfão. Wen Ruohan devolveu essa vida a ele. Ele matou seus pais e riu de como tinha sido fácil. De fato, sua vida foi um exercício para Wen Ruohan testar o poder que possuía. As pessoas eram fáceis de manipular se você prometesse o que elas queriam e, com o tempo, ele tinha seguidores quase tão formidáveis quanto sua seita passada. Nem de longe tão grande, mas foi o suficiente.

Ele só precisava de uma ordem para matar os pais de Wei Wuxian e outra para matar os Jiangs. As mortes foram rápidas e ainda mais rápidas para serem encobertas. Wen Ruohan sentiu como se nada pudesse tocá-lo.

Tudo está como estava, e ainda assim, Wen Ruohan não terminou. Ainda não.

"Xeque-mate", diz Meng Yao do outro lado da sala. Seguiu-se um gemido cansado de Nie Huaisang, que está sentado ao seu lado.

Wen Ruohan os observa silenciosamente. Seu olhar permanece em Meng Yao.

Seu rosto é o que ele mais lembrava. Foi a última coisa que ele viu antes de morrer, um par de olhos castanhos sem emoção olhando para ele sem remorso. Toda vez que ele imagina, ele quer torcer o pescoço de Meng Yao com as próprias mãos, para vê-lo morrer exatamente como ele.

Ainda não, ele pensa. Foi um golpe de sorte encontrar Meng Yao tão facilmente e com muita vontade. Ele era jovem e impressionável, e Wen Ruohan achou fácil ganhar sua confiança, dando a ele tudo o que ele sempre sonhou. Matá-lo seria muito rápido. Misericordioso demais.

Nie Mingjue foi mais difícil. Seu pai era um tolo, tanto no passado quanto agora. Matá-lo novamente não era problema - mas matar Nie Mingjue precisava de mais tempo. Em vez disso, Wen Ruohan brincou com ele. Wen Xu organizou pessoalmente os ataques, certificando-se de que não revelassem nada, mas eram selvagens o suficiente para chamar a atenção da polícia. Por meses, eles assistiram Nie Mingjue e seus homens correrem em círculos, sem ter idéia de quem ou o que estavam enfrentando.

Lan Xichen... Lan Xichen o pegou desprevenido. Por todos esses anos, ele não o viu uma vez, a ponto de começar a pensar que nunca o faria - até agora. Assim que avistou o Primeiro Jade, Wen Ruohan percebeu que estava na hora. Todos os três estavam aqui. As peças estão no lugar. É por isso que ele renasceu com todas as suas memórias, apenas para isso.

Ele bebe o resto do vinho e saboreia a amargura que enche sua boca. Antes dele, Meng Yao e Nie Huaisang continuam a perder tempo, sem saber o que agita sua mente. Ele os convidou para seu cassino hoje à noite, sob o pretexto de relaxar antes do evento de premiação mais tarde.

Wen Ruohan olha para a hora. Quase uma da manhã, e ainda estão todos acordados.

Ele não está cansado. Não essa noite.

"Não é comum você perder", diz Meng Yao, juntando as peças de xadrez. "Há algo em sua mente?"

Nie Huaisang geme pela segunda vez. Ele deita a cabeça na mesa e enche esta sala com seus gemidos irritantes. "Da-ge e eu brigamos. Eu queria que ele viesse para os premiação, mas ele disse que não tinha tempo."

Meng Yao olha para ele com olhos simpáticos. "O chefe Nie está muito ocupado com todos os ataques que ocorrem em Gusu agora."

"Eu sei", Nie Huaisang suspira. "Eu... eu deveria ligar para ele agora. Me sinto mal por gritar com ele mais cedo."

Meng Yao para de pegar as peças de xadrez. Franzindo a testa, ele olha para o relógio. "Está tarde."

"Da-ge tem um turno tardio hoje à noite. Ele ainda deve estar acordado."

"Ele não vai estar ocupado?"

Insistente, Nie Huaisang balança a cabeça. Ele não vai ficar parado, já pegando o telefone. "Será apenas uma ligação rápida. Não consigo me concentrar em nada nesse ritmo."

Suspirando, Meng Yao aponta para um copo de vinho intocado. "Tome uma bebida primeiro", ele pede. "Você precisa se acalmar."

Nie Huaisang olha o copo como se esperasse que ele o mordesse. "Você está certo", ele murmura e relaxa de volta em seu assento. Ele pega o vinho, tomando um pequeno gole. "O que é isso?"

Meng Yao sorri. "O preferido do gerente Wen."

"É muito amargo", comenta Nie Huaisang, apertando os olhos para Wen Ruohan. No entanto, ele bebe de volta a coisa toda com uma careta.

Cansado de seu sotaque inútil, Wen Ruohan se serve de outro copo. Após o evento de premiação, tudo se encaixará. Ele pensara nos pequenos detalhes, obcecado por cada consequência que deveria surgir.

Com a crescente popularidade de Meng Yao, é muito fácil virar toda essa fama contra ele. Nie Huaisang é um bom peão para sacrificar. Ele se agarrou a Meng Yao quando era necessário, e hoje à noite não seria diferente.

Wen Ruohan só precisava matar Nie Huaisang e enquadrá-lo em Meng Yao. Depois disso, Meng Yao perderá tudo, assim como Wen Ruohan tinha quando ele rasgou a lâmina por todos esses séculos atrás.

Nie Mingjue virá, assim que ele perceber que seu irmão está morto. Wen Ruohan já deu a Wen Xu a tarefa de matá-lo.

Ele esconde o sorriso atrás do copo, engolindo o vinho amargo. Claro, ele sabe que Wen Chao tomou o assunto por conta própria e foi direto para Wei Wuxian. Ele é inútil e seu medo do passado o impedirá, mas Wen Ruohan pouco se importa com o que acontece com Wei Wuxian. Ele o matará tão facilmente quanto matará todos.

Lan Xichen é a única peça que ele não considera há muito tempo. Ele coloca a taça de vinho de volta na mesa, estreitando os olhos ao refletir. Ele fora imprudente, rápido demais em tomar sua decisão de atacá-lo. Ele não se importava se acabaria matando o Jade muito cedo, ou mesmo se falhasse por enquanto. Wen Ruohan sentiu que precisava fazer alguma coisa, e ele fez.

Ele ainda não teve notícias de seus homens. Ou Lan Xichen agora está morto, ou ele de alguma forma evitou o ataque. Wen Ruohan olha de volta para a hora. Por que seus homens ainda não o ligaram de volta?

Outro gemido de Nie Huaisang interrompe seus pensamentos.

"Eu... eu não me sinto bem", murmura Nie Huaisang. Segurando a cabeça, ele se levanta.

Ele dá apenas um passo à frente antes de cair direto no chão, mole e sem vida.

Wen Ruohan faz uma careta. Ele também se levanta. Nie Huaisang não move um músculo. Não poderia ter sido o álcool, ele só bebeu aquele copo a noite inteira.

Lentamente, Wen Ruohan se vira para Meng Yao. Ele ainda está sentado em sua cadeira, bebendo calmamente seu próprio copo de vinho enquanto observa Nie Huaisang com uma expressão vazia.

É o mesmo olhar que ele tinha quando matou Wen Ruohan. Em um instante, Wen Ruohan sente o fogo queimando por todo o corpo, uma raiva que ele manteve por toda a sua existência.

"O que você fez?" Ele pergunta, cada palavra misturada com ácido.

Meng Yao termina o vinho, ainda olhando para o homem inconsciente no chão. "Nie Mingjue estará chegando em breve."

Wen Ruohan estreita os olhos.

Finalmente, Meng Yao se vira para ele. "Não fique tão chocado, gerente Wen", diz ele. "Eu sempre soube. Por que você acha que tenho passado tanto tempo com Nie Mingjue e Huaisang?"

Ele deveria saber. Ele deveria saber que os sonhos de Meng Yao não eram nada além de um ato. Aqui ele pensou que o estava manipulando o tempo todo, usando suas próprias aspirações para cegá-lo do verdadeiro objetivo de Wen Ruohan. A raiva de Wen Ruohan o consome. Ele quer esmagar o pescoço fino de Meng Yao. Seu orgulho queima como ele não sabia durante todo esse tempo, ele pensou que Meng Yao estava alheio. Todo esse tempo.

"Explique-se", ele força com os dentes cerrados.

Meng Yao senta-se. O rosto dele é desprovido de qualquer emoção, nem mesmo aquele sorriso irritante que ele fingia o tempo todo. "Os ataques sem sentido, você sabia que isso irritaria Nie Mingjue. No começo, pensei que você estivesse fazendo isso porque o pai dele já havia tentado expor você antes..." Ele balança a cabeça e ali... esse sorriso agora aparece. "Mas então você viu Lan Xichen ontem. Eu sei que você o reconheceu."

Wen Ruohan range os dentes. Meng Yao só percebeu ontem, então?

"Isso me fez pensar... De todos, você me observou. Eu não era nada, e você me escolheu." O sorriso no rosto de Meng Yao se amplia. Não alcança seus olhos. "Foi porque você me conhecia antes, não era?"

Wen Ruohan não responde.

Meng Yao assente como se ele ainda entendesse. "Você se lembra de tudo, Wen Ruohan. Assim como eu."

Ele se lembra também. Ele lembra.

Um sorriso agudo surge nos lábios de Wen Ruohan. De repente, ele quer rir de como o destino distorceu tudo. "Então você deve saber por que você está aqui agora."

"Você está tentando trazer Da-ge e Er-ge aqui?" Meng Yao inclina a cabeça. "Nos reunindo para que você pudesse nos matar, assim como nós o matamos? É isso?"

Mais uma vez, Wen Ruohan se recusa a responder. Os olhos de Meng Yao são grandes, inocentes demais para alguém como ele. Cerrando os punhos, Wen Ruohan se mantém firme e observa Meng Yao se levantar.

"Eu disse a Xue Yang para parar o ataque que você planejava contra Er-ge. Ele vai atrair Da-ge e Er-ge aqui. Eles devem chegar em breve ", diz Meng Yao. Ele faz uma pausa, como se lembrando de algo. "Se Wen Chao levou Wei Wuxian também, então... Lan Wangji também virá."

Wen Ruohan não consegue tirar o cenho do rosto. "O que você está planejando?"

Quando Meng Yao olha para ele novamente, seus olhos estão frios, vazios. "Assim como você se lembra de quem matou você, eu também me lembro de quem me matou" ele diz. "Se você quer me matar, tudo bem, Wen Ruohan, mas deixe-me pegar Lan Xichen primeiro."

Assim, seu desejo de vingança coincide com o de Wen Ruohan. O destino é realmente uma coisa engraçada. Wen Ruohan permite que um sorriso de escárnio escape dele. Ele seria um tolo em confiar em Meng Yao uma segunda vez, mas se ele estiver atraindo as mesmas pessoas que Wen Ruohan quer matar, ele jogará seu joguinho. Por enquanto.

"O que você quer?", Ele pergunta.

Meng Yao sorri. "Fechado."

Wen Ruohan só pode rir.

- x -

No meio da noite, Wei Ying se perde em sonhos e memórias que se misturam. Ele não consegue acordar e não consegue ver onde está. Ele está preso em um vazio de preto que não termina, não responde a ele quando pergunta o que está acontecendo, onde estou? Estou morto?

Ele não pensa que é. Ele se lembra, agora, como é a morte. Não é nada disso. A morte era pacífica e ele não queria que terminasse. Ele nunca quis voltar.

Ele era outra pessoa e ele havia morrido. O homem no retrato de Lan Zhan. Ele. Era ele.

Eu, Wei Ying pensa. Era eu.

Ele respira no frio abismo deste sonho. Ainda não há nada que o cumprimente. O silêncio é alto, e ele acha que está tentando lhe contar todas as respostas que ele procura. Não importa o quanto ele ouça, tudo o que ouve são suas próprias perguntas frustradas.

Ele não pode acordar, mas ele não está morto. Ainda não. Wei Ying está preso em um limbo, onde ele nem sabe mais se ele é Wei Ying .

No meio da noite, ele dorme e teme que o sol nasça.

Notas da autora:
Eu fiz uma commission para a fic de uma arte da Mina e ela desenhou a fanart para Monotone enquanto eu escrevia minha oneshot 'Desiderium' para ela em troca!! AGRADEÇA A MINA SE VOCÊ ESTIVER LENDO ISTO, XOXO

Também mais fanarts de Monótono aqui:



Obrigado como de costume por todo o amor e apoio <3

Notas da tradutora:
Se vocês acharam esse capítulo muito tenso, com um final angustiante e cheio de coisas ruins acontecendo então não se preocupem, no próximo fica pior kkjjkkkkkfjfjfjkk mas é sério, fica mesmo!
É isso por hoje gente, espero que tenham gostado de passar por todo esse sufoco que foi esse capítulo, até a próxima!!!

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