OUR DEMONS - ᴛʜᴇ 100

By _ImAnna

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Como um planeta que fora dominado pela radiação durante quase um século poderia transmitir um ambiente acolhe... More

Da autora
GALLERY
Vocês serão enviados à Terra
We're back, bitches! (Pt. 1)
We're back, bitches! (Pt. 2)
Minha salvadora
Nightmare
Ele merece morrer
Shooting stars
Hallucinations
Começaram uma guerra
I became the death
Não sou tão horrível quanto pensa
It was a mistake
É o único jeito
We are grounders (Pt. 1)
We are grounders (Pt. 2)
Onde estão todos?
You're under arrest
Não entregaria sem lutar
Get me out of here
Acampamento Jaha
We're... What?
Névoa ácida
Jus drein jus daun
Chamas de adeus
First act
Erros acontecem, querida
Containment breach
Vermelho reluzente
Do not leave me
Segunda posição
Your own hell
Seres infames
Silence
Manhã vazia
Run
Raven
The flame
Último suspiro (Pt. 1)
Último suspiro (Pt. 2)
Dark age
Girassóis para a chuva
Radioactive pond
A morte clama
I prefer to get high
Desconhecido
Loneliness hurts
Me prometa (Pt. 1)
Me prometa (Pt. 2)
Don't be my opposite (Pt. 1)
Don't be my opposite (Pt.2)
Cairemos juntos
I'll be here
Você?
Dirty invaders
Cortante chuva
Don't talk
Infiltrada
Natural disaster
Traição
Can't resist
Sempre e para sempre
Grey sky
Prevalecer
We can't say goodbye
Agradecimentos

Ela sabe o que faz

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By _ImAnna

—Raven, algum sinal da Arca?—pergunto tentando evitar o nervosismo.

Caminho até a mecânica mordiscando o nó do meu dedo indicador enquanto Clarke estuda a melhor maneira de retirar o objeto cortante.

Suas mãos posicionam e reposicionam os botões do rádio precisamente enquanto chama pela estação.

—Ainda não.—avisa com o tom da voz se sobrepondo às falas alheias e à tempestade—Estação da Arca, aqui é Raven Reyes! Por favor, responda!—repete intensamente ao microfone.

O metal da nave se estremece com a força avassaladora da natureza.

Mantenha a calma. Uma voz sussurra na minha cabeça e encaro o chão.

Ra... Ra-ven?—a fala cortada de um homem soa no equipamento.

Nossos olhares voam em sua direção como se a última chama de esperança ganhasse força antes de se desfazer ao vento. Afasto meu dedo da boca e me viro na direção da morena com olhos atentos.

—Sim! Preciso falar com a doutora Abby Griffin urgente, um de nós está gravemente ferido!—e como se a mulher estivesse nos ouvindo, ela toma o controle do rádio.

Raven, querida, o que aconteceu?— questiona com rapidez. O som em um chiado.

Clarke enrijece o corpo.

—Mãe?—pergunta com um bolo se formando na garganta.

Silêncio durante segundos agonizantes, ou ao menos seriam sem o barulho do equipamento.

Clarke? Você está bem?

A loira massageia seu pulso ainda marcado pela pulseira e me olha cabisbaixa.

—Mãe, podemos fazer isso outra hora. Preciso que me ajude a salvar a vida de Finn.—corre os olhos pelo chão e volta ao garoto.

Retorno para o lado da maca. Finn está fraco e pálido, o pano ao redor da faca fincada em seu abdômen foi completamente inútil, o sangue escorre livremente para o restante de seu corpo causando manchas escarlate. Percebo que minhas mãos se assemelham ao mesmo tom avermelhado. Sangue seco. Se eu tivesse problemas com isso já estaria com certeza com a pressão fraca.

Clarke, o Wells está com você?—a voz do Chanceler Jaha surge.

E como um tiro meu peito dói. Passo o lado de trás da mão na minha testa aos acontecimentos me invadirem com rastros de flashes. Não podemos esconder o que de fato aconteceu, portanto Clarke suspira em posição de se pronunciar.

—Sinto muito, Chanceler. O Wells... não resistiu.

Suas palavras são o suficiente para transmitir a mensagem.

Um raio atinge a região ao redor da nave, fazendo pessoas gritarem e nós nos tocarmos que a tempestade poderá se tornar outro obstáculo para nosso sucesso; os delinquentes aglomerados deixam o ambiente apertado e impossivelmente esterilizado.

Clarke, preciso que me passe exatamente como está o ferimento.—a doutora volta a falar.

A Griffin passa a situação com termos que entendo apenas superficialmente e mesmo que queira não consigo prestar atenção.

Leva sua destra até a têmpora de Finn. Está com febre. Mas para a nossa sorte, se encaixa em um dos efeitos do trauma. Ela apoia as mãos na cintura e encara o teto repetindo cada instrução que a mãe diz.

Sei que a loira pode fazer isso.

—Bia e Raven, preciso que esterilizem as mãos e me ajudem a segurar o Finn.

Assinto rapidamente e a mecânica toma das mãos de um delinquente uma garrafa de álcool. Molhamos as mãos com o líquido e nos posicionamos uma em cada braço do garoto.

Resmungos escapam da boca de Finn e ele agita o corpo se dando conta do estado em que está.

—Segurem ele firme!—Clarke ordena. Procuro imobilizar seu braço e evitar que seu tronco se mexa perigosamente—Finn por favor, tente ficar parado o máximo que conseguir, vamos tirar a faca!

—Bom plano...—cicia ele em um sopro.

—Vai ficar tudo bem, eu prometo!—Raven deixa que lágrimas duras rolem em seu rosto em meio à expressão obstinada que procura sustentar. Seus olhos se prendem aos dele como se quisesse induzi-lo em um transe indolor.

A Griffin segue as orientações da mais velha. Suas mãos se mantém firmes e exigentes, trilhando à risca cada passo requisitado. Gotas suaves de suor surgem em sua face em decorrência do calor e da tensão que é alimentada a cada milímetro que a faca é manuseada. Qualquer movimento a mais pode ser fatal.

Finn grita de dor.

Já me viu em procedimentos piores do que esse, querida. Assim que a faca sair, a pior parte já se foi.—a doutora incentiva.

—Vamos, Clarke. Você consegue.—murmuro quase inaudível.

Eu e Raven procuramos reduzir a moção ao máximo, até que somos capazes de ver a ponta da faca reluzir em vermelho diante a luz.

Com um estrondo, somos todos jogados ao chão.

Me sento com as mãos apoiadas no metal ao lado do corpo.

Clarke segura a faca em sua mão encarando o corpo de Finn e sua reação.

Clarke? O que aconteceu? Conseguiu retirar a faca?

O garoto cobre o ferimento com a mão e respira pesadamente. Meneia sutil com a cabeça positivamente para a loira.

—Ela saiu.—Raven anuncia e eu abro um sorriso, assim como a Griffin um pouco desacreditada.

Nos levantamos e ajeitamos ele de volta na maca. Clarke começa a dar os devidos pontos no ferimento, agora exposto.

Apoio uma mão na cabeça e me sento em uma das caixas com um longo suspiro visto que esta parte é somente com ela. Aperto os olhos por um momento e deixo o som da tempestade me invadir limpando a mente.

Finn está a salvo... Puta merda, nós conseguimos!

Beatriz?—o rádio dá sinal de vida de novo e uma voz, que eu poderia reconhecer de qualquer lugar, chama pelo meu nome.

As meninas me encaram, esperando que eu responda. Mordo o lábio inferior negando com a cabeça relutante.

—Estou aqui, Kane.—digo inexpressiva.

Graças a Deus... Como você está?—demonstra necessidade em ouvir minha voz e eu me calo por alguns segundos.

Viva, obviamente.—ironizo com um sorriso amargo—Pode passar para a doutora? Agradeceria imensamente.—corto qualquer possibilidade do diálogo se estender.

Como ele está?—pergunta a Griffin mais velha retomando o controle.

—Ele deveria estar tão quente e pálido?—Raven questiona com preocupação, colocando a mão na testa do namorado.

—Ele perdeu muito sangue, precisamos dar tempo para se recuperar. Se Finn for tão forte quanto você, não terá problemas.

A mecânica sorri.

Com o veredito da doutora, consigo me tranquilizar, mas logo me recordo que possuímos um terrestre preso acima de nossas cabeças. Apoio as mãos nos joelhos e me levanto me dirigindo até a escada.

Passo pela escotilha e a encosto novamente.

Meu estômago embrulha na exata hora que meus olhos fitam o terrestre. Seu rosto possui cortes expelindo sangue, seus braços estão amarrados esticados por correntes presas em cada lado da nave e sua face é inexpressiva, apesar de tudo.

Se antes achávamos que não gostavam da gente agora temos certeza.

Octavia está sentada encolhida em um canto com cara de poucos amigos. Três delinquentes ocupam o local como guardas. Bellamy analisa um caderno repleto de desenhos e anotações à sua frente.

—Como está Finn?—pergunta ao notar minha presença.

—Aparentemente, bem...—me aproximo abraçando o próprio corpo.

Meus olhos evitam de mirar o terrestre.

—Ele disse alguma coisa?—questiono.

—Nada, é um inútil.—Bellamy encara o homem duramente.

A Blake se levanta e anda até nós irada.

—Se ao menos tivesse sido mais gentil, poderia ter tido alguma resposta!—exibe uma expressão desgostosa.

—Você viu o que eles fazem conosco lá fora, eles matam! Não tem como ser civilizado com assassinos, Oc!—gesticula com as mãos.

—Ele salvou a minha vida! O que você está fazendo é errado!—aponta para o terrestre exaltada.

Levanto meu olhar para ele com dificuldade. Seu olhar é vago e uma linha de sangue percorre sua testa, não parece nos entender ou sequer tentar.

—Eles virão atrás de nós, Bellamy.—dito em meio às palavras ácidas entre os dois.

—Não estavam no nosso caminho, você mesma viu que o grupo fugiu com o falso anúncio da névoa.—me viro para o ouvir.

—Claro, e eles não suspeitariam de nós, não é?—cruzo os braços arqueando as sobrancelhas—Sentirão falta dele e quando vierem estaremos perdidos! Devíamos tê-lo deixado em paz.

—Nós já estamos perdidos. Estamos em guerra desde que começaram a nos matar!—exclama e me mostra o caderno que estudava.

Linhas estão riscadas como em uma contagem, por uma coincidência incrível, numa quantidade semelhante ao nosso número de pessoas. Rabiscos borrados na forma de pessoas preenchem as páginas, assim como desenhos de rotas e lugares.

—Não temos chances contra eles. São guerreiros treinados e nós apenas adolescentes que não sabiam o que era chuva há dias atrás!—rio indignada inquieta sobre as próprias pernas.

Ele troca o olhar de mim para o terrestre, o analisando de cima a baixo.

—Não temos chances... se não lutarmos.

E de uma hora para a outra, aparecemos com uma guerra declarada.

Não portamos armas à altura, pessoas o suficiente ou agilidade para enfrentarmos uma mínima batalha. Será um derramamento de sangue gratuito. A mínima chance que tínhamos de estabelecer trégua com um acordo se desfez ao fazermos do terrestre um prisioneiro. Nós retaliamos praticamente na mesma moeda.

Octavia bufa irritadiça fazendo menção de descer, mas Clarke abre a escotilha com ar apreensivo. Porta a faca em uma das mãos.

—O que aconteceu?—pergunto com o cenho franzido.

—É o Finn, ele está convulsionando!

—Como? O que deu de errado?

Ela passa reto por mim, indo até o homem preso pelas correntes.

—O que há nisso? Existe um antídoto?!—posiciona a faca perto do rosto do terrestre perigosamente, disparando as palavras.

—Do que está falando, Clarke?—questiono me aproximando.

—A faca, ela estava envenenada!—volta sua atenção para ele—Sabia que ele iria morrer de qualquer forma, não importa o que fizéssemos! Me fala! Qual é o antídoto?

—Não vai adiantar, ele não nos entende.—digo e Bellamy se afasta.

—Ele deve ter um, qual idiota com venenos andaria sem?—retruca a loira vorazmente.

—Frascos...—o Blake fala um pouco mais distante.

Na sua frente existe uma espécie de estojo aberto. Em suas repartições, recipientes pequenos de vidro. É isso.

—Deve ser algum destes!—falo esperançosa—Por favor, nos diga qual...

O fitamos praticamente suplicando com o olhar.

Nada. Nenhum movimento.

—Diga! Qual deles?—Clarke aumenta o tom de voz, mas posso sentir sua fala trêmula—Você pode salvar a vida dele!

Silêncio.

Bellamy trava a mandíbula e cerra quase imperceptivelmente os pulsos. Sei a qual método vai recorrer e não consigo permitir que o faça. O moreno dá dois passos a frente e quando está prestes a erguer seu braço o impeço entrando na frente.

Merda.

—Para!—me mantenho firme—Não somos assim, tem de haver outro jeito!—engulo em seco adiando seu plano.

—Beatriz, sai da frente.—ele pede. Octavia se coloca ao meu lado em oposição ao irmão—O que querem que façamos? Finn está morrendo lá embaixo enquanto protegem ele!

—Clarke...—peço por ajuda, mas as palavras finais do Blake demonstram surtir efeito na loira.

Ele a olha.

Todos esperamos que ela se pronuncie.

—Faça o que for preciso para ele falar.—dita séria.

Os outros delinquentes presentes nos tiram a força da frente do terrestre, dando espaço o suficiente para que Bellamy o acerte com um soco sem piedade.

—BELLAMY, NÃO!—Octavia se desvencilha por um momento do garoto, quase impedindo o irmão, mas não é o suficiente para alcançá-lo—Ele me ajudou! Não faça isso!—seus olhos estão perto de transbordar.

Não consigo observar a cena. Puxo meus braços do delinquente e consigo me soltar pelo seu leve aperto, andando para o lado oposto da sala.

Não importa o que eu faça, ele não vai parar. E Finn... precisamos ajudá-lo, mesmo que esta seja a única maneira. O barulho do contato do punho de Bellamy com a pele do terrestre é tudo o que posso ouvir neste momento agonizante. Octavia também parece se render da tentativa de ajudá-lo.

A escotilha se abre novamente. Dessa vez é Raven.

—Ele está piorando!—avisa em desespero—Por que está demorando tanto?!

—Ele não quer revelar o antídoto.—explico encarando o chão com os braços cruzados.

E pela primeira vez, presencio Raven furiosa; mais ainda do que quando ameaçou Bellamy na floresta. Ela anda até o terrestre e crava seus olhos neste, como se fosse apagá-lo da face da terra. Pega dois fios desencapados que estão no canto e encosta as pontas, fazendo sair faíscas.

—Vou mostrar algo novo pra ele...—repuxa os cantos da boca com infelicidade—Nos dê o antídoto!—grita encostando as pontas dos fios nele.

O terrestre se contorce e grita em dor diante a forte descarga elétrica. Não lhe restando forças para se sustentar ao final dela, seu corpo é pendido pelas correntes.

—Ele é a única pessoa que tenho!—encosta os fios novamente, seus olhos marejados.

Nada.

Raven repete a dose sem remorso.

A Blake se demonstra inquieta com a situação.

Choque novamente.

—PAREM COM ISSO!—Octavia grita e se aproxima deles. Pega a faca do terrestre que estava jogada no chão e segura contra o antebraço.

—Octavia não pense em fazer isso!—o Blake exclama, mas já é tarde demais. Oc faz um corte superficial no local com a faca, ou seja, a mesma faca que envenenou Finn.

—Droga, Octavia!—corro até ela e seguro em seu antebraço para visualizar o ferimento.

O que quer que seja, já está em seu organismo, nos fazendo iniciar outra corrida contra o tempo. Precisamos de respostas a qualquer custo.

Quando a sessão de tortura dá indícios de retorno, a Blake se solta de mim e pega os frascos do terrestre, posicionando eles ao chão ordenadamente de maneira que ele possa visualizar.

Fito o homem, e por meio de sua expressão de dor, algo o deixa inquieto, como se estivesse preocupado com Octavia e sua atitude repentina.

Mas o quê?—falo sozinha parada no lugar em que ela me deixou.

—É esse?—ela pergunta apontando para um frasco com a faca.

Ele não se pronuncia, mas mantém a face.

—Esse então?—direciona a lâmina para um que está na ponta.

E como um milagre, o terrestre meneia positivamente com a cabeça demonstrando um pouco de relutância.

Talvez ela esteja certa. Talvez ele tenha salvado sua vida, e talvez... se importe com ela.

Eu e Bellamy nos encaramos, nem ele parece acreditar no que aconteceu. Desvio o olhar para Raven e ela seca suas lágrimas em silêncio com um mínimo sorriso de vitória.

Octavia sorri pegando o frasco e entregando para mim.

—Vá salvar Finn.—pede e seu sorriso se desfaz enquanto ela caminha até o fundo do piso.

Desço correndo com Raven e Clarke e damos o antídoto para o garoto, deixando um pouco para Octavia tomar logo em seguida.

ׂٜ֗̇◍̸ׅ֯٠

—Obrigada.—Clarke me agradece sem motivo algum.

—Agradeça à Octavia.—comprimo os lábios desviando o olhar e me sento ao lado de Raven.

Ela por sua vez, segura uma das mãos de Finn e a acaricia.

—Acha que ele vai melhorar?—pergunta observando o namorado, atenta a cada vez que seu peito sobe e desce com calma.

—Sim, ele é durão.—respondo leve com um toque de humor.

Ficamos um tempo em silêncio, reorganizando pensamentos e acalmando os ânimos depois do episódio. Um problema havia sido sido superado, mas ainda nos resta o mais complexo de todos.

A tempestade tinha passado neste meio tempo, deixando espaço somente para eu, Clarke, Raven e Finn.

O garoto parece ter apresentado melhora, mas permanece adormecido.

Raven acaba caindo no sono por não deixar o posto, então decido falar com Clarke. A loira não tira os olhos um segundo sequer de Finn, me fazendo sentir que realmente se importa.

—Clarke, eu sinto muito pelo Finn e pela...—começo calmamente, mas ela não me deixa terminar.

—Não, está tudo bem, Bia. A Raven é uma boa namorada para ele.—dita olhando para a Reyes adormecida—Quero o ver feliz, mesmo que eu tenha de estar longe.

Suas palavras me ferem como arranhões de espinhos e corro meu olhar por seu rosto sem saber no que ajudar. Sinceramente, não sei o que faria se fosse comigo, mas acredito que não saberia lidar de forma tão madura quanto.

Algo me diz que preciso dar um tempo para ela assimilar tudo, portanto me afasto alguns centímetros.

—Tudo bem se eu for lá em cima por um tempo?

—Claro, pode ir.—responde com um sorriso ensaiado.

Faço uma feição amigável e caminho até a escada, então vejo Octavia Blake sentada ao lado dela tomando o resto do antídoto em um único gole.

—Sem chance, meu irmão não está deixando ninguém entrar.—diz negando com a cabeça.

—Hum, ótimo. Vem comigo.

Bellamy não ia me proibir de passar.

Pode conseguir dobrar a Oc, mas a mim não.

Subo as escadas e Octavia me segue. Dou duas batidas fortes e audíveis na escotilha para não se fazer de surdo.

—Blake, abre essa merda!—falo alto o suficiente para ele ouvir.

Então escuto o barulho da escotilha destravando segundos depois.

—Por que trancou?—pergunto enquanto ajudo Oc a subir.

—O que ela faz aqui?—joga de volta se referindo à irmã.

—Você não manda mais em mim, Bellamy.—ela fala firme e caminha até um pano úmido, pega o mesmo e vai até o terrestre para tentar limpar seus ferimentos.

—Hey, Oc!—ele tenta impedir a irmã, mas seguro seu pulso.

Miro minha mão em sua pele e levanto os olhos para o moreno.

—Ela sabe o que faz.

—Não, não sabe! Eles são perigosos, Beatriz.— fala se soltando de mim—Quer saber?—diz e anda até a escotilha, abrindo-a.

—O que vai fazer? Ela não é mais uma criança, Bellamy!—digo observando seus movimentos.

—Octavia. Lá para baixo com os outros, agora!—ordena autoritário com a postura rígida.

A Blake o fita incrédula de cima a baixo com uma das mãos pressionando o pano no braço do terrestre. Insiste em não mover nenhum músculo.

—Eu não vou repetir.—impõe a encarando no fundo dos olhos até que desista.

—Que se dane.—ela grunhi. Arremessa o pano no chão e desaparece na escada.

—Miller, fique de guarda aqui em cima. Não deixe ninguém mais entrar!—o Blake diz e começa a descer as escadas—Principalmente a Octavia.

O garoto assente com o pedido, sentando-se em uma caixa.

—Você é um puta babaca, sabia?—falo séria.

—Já disse isso, faísca. Que tal comprar briga aqui embaixo?—dita com sarcasmo e fecha a escotilha.

Rolo os olhos e suspiro raivosa com as mãos na cintura.

Miller calcula meus passos e eu o ignoro, me aproximando do terrestre.

O homem mal se aguenta sobre os próprios pés. Seus olhos parecem exercer um certo esforço para me olhar diante os machucados e incrivelmente ele não abre a boca para nada, nem para me ameaçar ou soltar frases desconexas.

O que nos tornamos?

—Obrigada.—digo mesmo presumindo o desentendimento dele no agradecimento.

Não tinha apreciado sua sessão de tortura, e me sinto pior ainda em ver que era o necessário.

O olho mais uma vez, viro e saio antes que o delinquente abra a boca para me expulsar.

Quando desço, olho primeiramente para a maca de Finn.

O garoto não está mais lá, nem mesmo Raven. Apenas Clarke preenche o ambiente se comunicando ao rádio. Acredito que a mecânica tenha o arrumado, não possui mais os chiados que atrapalhavam na comunicação.

—Estava esperando por você.—fala e eu me aproximo com o cenho levemente franzido—O Co-Chanceler está aqui.

Rio com a petulância. Não é tão difícil assim fingir que não existo.

—Diz que eu saí.—falo não muito alto começando a recuar.

Eu ouvi isso, Pierce.—Kane diz e eu paro repuxando um canto da boca.

Dou meia volta e me apoio com as mãos na mesa de metal.

—O que aconteceu?—pergunto.

—Nós estávamos conversando sobre outro abrigo, um mais próximo do que Mount Weather.—Clarke avisa com um entusiasmo sutil—Podemos achar armas e comida lá. Jasper encontrou umas nozes, mas acho que não será o suficiente para nos manter.

Por uma notícia dessas até consigo me fazer paciente. Um novo abrigo a essa hora pode ser tudo o que precisamos. É tudo o que precisamos.

—Onde ele fica?—pergunto a Kane.

Pelo que vemos aqui de cima, fica a seis quilômetros do acampamento de vocês, ao Norte.—responde procurando ser o mais claro possível.

—Ótimo, vou ir lá agora.—declaro querendo me afastar.

Tome cuidado, Beatriz.—o Co-Chanceler fala, fazendo eu parar de me mover.

—Obrigada, mas não precisa fingir que se importa.—falo—Vou levar duas mochilas comigo, Clarke.

—Tem certeza disso?—ela questiona. Sei que se preocupa com os perigos a fora.

—Sim, tenho. Quanto antes formos, melhor.

Ela me olha e concorda com a cabeça. Pego o que preciso em um baú da nave e vou para o lado de fora.

—Hey, Bia!—Jasper me chama e joga um negócio na minha direção.

Por sorte pego e olho o que é. Parecem ser as nozes que Clarke tinha falado, abro o pacote e provo uma. Tem um gosto estranho, mas não tão ruim.

—Pode me arrumar mais alguns pacotes?—pergunto.

—A faísca vai fugir, é?—diz rindo e eu fico séria ajeitando a alça de uma mochila no ombro—Claro... Vem comigo.—o acompanho.

Enquanto isso, o coloco a par do que aconteceu.

—E esse abrigo, será que é seguro?

—Provavelmente o lugar está caindo aos pedaços, então acho que não.—respondo realista e coloco uns três pacotes daquelas nozes na mochila.

—Você vai querer companhia?—ele pergunta abrindo outro pacote para comer.

—Ahn, eu...—sou interrompida.

—Eu vou com ela.—Bellamy, que parecia nos escutar, responde.

—Não. Nem pensar.—me viro para ele impaciente.

E como se eu falasse sozinha, ele toma uma das mochilas do meu ombro, enchendo com mais pacotes.

Pacotes até demais.

—Você não tem escolha.—fala com um sorriso cínico.

Olho para Jasper como quem diz "socorro, o que eu faço?", porém ele esconde muito mal uma risada da situação.

—Vamos, faísca.

Aperto os olhos e ajeito a faca na cintura.

_______________________________
Revisado!

—Anna ♡

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